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Ensaios-->A 3ª tentativa de tomada do poder: Os anos da matraca -- 05/06/2007 - 17:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A 3ª tentativa de tomada do poder: Os anos da “matraca”

Félix Maier

Após o movimento de 31 de março de 1964, inicia-se a chamada “Operação Limpeza”. O Congresso Nacional empossou, no dia 2 de abril, o Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, do PSD de São Paulo, como Presidente Interino do Brasil. Três governadores foram cassados: Miguel Arraes (Pernambuco), Seixas Dória (Sergipe) e Badger Silveira (Rio de Janeiro). Enquanto Jango tentava, no Rio Grande do Sul, obter asilo político no Uruguai, a “Operação Limpeza” incluía ainda expurgos de pessoas ligadas à corrupção e à subversão. Em Porto Alegre houve um atentado contra a vida do brigadeiro Lavanère-Wanderley, ocasião em que foi morto o agressor.

No dia 9 de abril, o Comando Revolucionário (Costa e Silva, Rademaker e Correia de Melo) assinaram o Ato Institucional (AI): estavam suspensos por 10 anos os direitos políticos de João Goulart, Jânio Quadros e Luiz Carlos Prestes. No dia 10 de abril, foi publicada lista com 1 centena de nomes punidos, entre os quais 40 membros do Congresso Nacional, muitos dos quais líderes da Frente Parlamentarista Nacionalista. No dia 11 de abril, o Comando Revolucionário transferiu 122 oficiais das Forças Armadas para a reserva.

O AI estipulava que, 2 dias depois de sua promulgação, o Congresso elegeria um Presidente e um Vice-Presidente da República, numa eleição em que não haveria inelegibilidades. Os projetos apresentados pelo Executivo se tornariam leis se não fossem votados dentro de 30 dias; os orçamentos propostos pelo Presidente não poderiam ser majorados pelo Congresso; essas estipulações, além de uma que permitia ao Presidente propor Emendas Constitucionais a serem aprovadas pela maioria simples, deveriam expirar, juntamente com o AI, no dia 31 Jan 1966.

Na votação para Presidente, Castello Branco recebeu 361 votos (123 do PSD, 105 da UDN e 53 do PTB), enquanto Juarez Távora recebeu 3 votos e Gaspar Dutra 2. Houve 72 abstenções, em grande parte de representantes do PTB, e 37 ausências (por causa do atraso na posse dos suplentes dos congressistas cujos mandatos haviam sido cassados). O Senador Kubitschek deu seu voto a Castello. O antigo Ministro da Fazenda, José Maria Alkmin, foi eleito Vice-Presidente. No dia 15 de abril de 1964, Castello assumiu a Presidência da República. Ainda em 1964, o AI-2 institui o bipartidarismo no Brasil: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que apóia o Governo militar, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição (Cfr. DULLES, 1979).

As diretrizes seguidas por Castello Branco, primeiro general-presidente pós-1964, com ênfase no lema “segurança e desenvolvimento, de inspiração da Escola Superior de Guerra, já foram abordadas neste ensaio. Refeita a ordem, os militares haveriam de criar medidas e instrumentos legais ao longo da “Revolução”, de modo a promover o desenvolvimento nacional com um mínimo de ordem. A ameaça comunista não iria findar sob um passe de mágica, pois “a guerra ideológica” – como afirma J. F. Revel, “é uma necessidade para o totalitarismo e uma impossibilidade para a democracia. Ela é consubstancial ao espírito totalitário, inacessível ao espírito democrático” (Cfr. AUGUSTO, 2001: 160).

Assim, logo as esquerdas começaram a se rearticular, para voltar a promover a baderna, seja em movimentos internos ou a partir do estrangeiro. Isso é próprio da ideologia socialista, assim como cacarejar é próprio da galinha, zurrar é próprio do burro.

De Montevidéu, Brizola comanda seus “exércitos de brizoleone”, com apoio financeiro de Cuba. A revolução do caudilho dos pampas seria feita, principalmente, por militares cassados das Forças Armadas e da Brigada Militar do Rio Grande do Sul – a exemplo do ex-coronel da Aeronáutica, Emanuel Nicoll, o ex-coronel do Exército, Jefferson Cardim Osório, o ex-sargento da Brigada Militar, Albery Vieira dos Santos. Havia muitos “pombos-correios” que levavam dinheiro de Fidel Castro para Brizola, a exemplo de Herbert de Souza, o “Betinho”, mais tarde uma espécie de Madre Teresa de Calcutá brasileira arrependida, com sua campanha nacional contra a fome. Foi “Betinho” que confirmou o desvio de dinheiro cubano (200 mil dólares) feito por Brizola, que passou a ser chamado por Fidel de “el ratón” (Cfr. “Jornal do Brasil”, de 17/07/1996). “... em novembro de 1979, o “Coojornal” publicou uma entrevista concedida um ano antes pelo ex-sargento Albery, que declarou que o dinheiro para financiar a operação – um milhão de dólares – havia sido conseguido em Cuba e levado até Brizola por Darcy Ribeiro e Paulo Schilling. (...) Pouco depois da entrevista, em fevereiro de 1979, o ex-sargento Albery foi misteriosamente assassinado, em circunstâncias nunca explicadas” (AUGUSTO, 2001: 170). Provavelmente, foi mais um “justiçamento” praticado pelos comunistas (Veja “Os crimes do PCB” em www.ternuma.com.br).

Em 1966, a Ação Popular faz sua opção pela luta armada, em congresso clandestino realizado no Uruguai. É o ano que marca o início dos atentados terroristas no Brasil. No dia 31 de março de 1966, para “comemorar” o 2º aniversário da Contra-revolução, ocorre o primeiro atentado terrorista, sem vítimas, no Parque Treze de Maio, em Recife, PE. No dia 25 de julho, há uma série de três atentados a bomba, também em Recife. Um ocorre na União dos Estudantes de Pernambuco, outro nos escritórios do Serviço de Informações dos Estados Unidos (USIS). A terceira bomba explode no Aeroporto Internacional de Guararapes, e tinha como endereço o Marechal Costa e Silva, então candidato a presidente, previsto para passar no local. A explosão livrou Costa e Silva, que acabou indo de carro de João Pessoa a Recife, porém matou o jornalista Edson Régis de Carvalho e o almirante Nelson Passos Fernandes, além de ferir gravemente o guarda civil Sebastião Tomaz de Aquino, o “Paraíba”, que teve uma perna amputada, e o tenente-coronel do Exército, Sylvio Ferreira da Silva, que perdeu os dedos de uma das mãos. Outras onze pessoas ficaram feridas. “O ato de terrorismo indiscriminado, atingindo pessoas inocentes, como mulheres e crianças, ali perpretado e depois repetido inúmeras vezes, mostrava a frieza e o fanatismo de seus executores” (AUGUSTO, 2001: 183).

Os estudantes foram um dos alvos prediletos dos comunistas, insuflados ao enfrentamento do “regime militar”. “Em 1965, foram deflagradas as primeiras greves e manifestações de rua, praticamente sem a interferência da polícia e sem maiores conseqüências” (AUGUSTO, 2001: 192).

No período de 3 a 15 de janeiro de 1966, realizou-se em Havana, Cuba, a I Conferência da Organização de Solidariedade dos Povos da Ásia, África e América Latina (OSPAAAL), conhecida como “Tricontinental”. “À Tricontinental compareceram representantes de 82 países, dos quais 27 latino-americanos. A delegação do Brasil foi integrada por Aluísio Palhano e Excelso Ridean Barcelos, indicados por Brizola, Ivan Ribeiro e José Bastos, do PCB, Vinícius Caldira Brandt, da Ação Popular, e Félix Ataíde da Silva, ex-assessor de Miguel Arraes, na época residindo em Cuba” (AUGUSTO, 2001: 194). O tema dominante foi a pregação da luta armada, com Fidel Castro afirmando que “a luta revolucionária deve estender-se a todos os países sul-americanos” (AUGUSTO, 2001: 194).

“Em 16 de janeiro, um dia depois do término da Tricontinental, reuniram-se as 27 delegações latino-americanas para a criação da OLAS, proposta por Allende. Com o título ‘Que es la OLAS’, um folheto distribuído às delegações participantes definia a finalidade da organização: ‘Unir, coordenar e estimular a luta contra o imperialismo norte-americano, por parte de todos os povos explorados da América Latina’. Ou seja: uma nova e subdesenvolvida Internacional Comunista” (AUGUSTO, 2001: 195).

Assim, com a criação da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), sob influência direta de Havana, recomeçavam, com mais intensidade, os movimentos terroristas de esquerda em praticamente todos os países latino-americanos. Na Bolívia, onde fora implantar o foco terrorista, morre, no dia 8 de outubro de 1967, Ernesto “Che” Guevara, que passa a ser considerado o ícone comunista por excelência. No Brasil, passam a ser formados inúmeros grupos terroristas, recrutando, principalmente, estudantes. Inúmeros jovens sonhavam em ser um novo Guevara, dispostos a enfrentar o “martírio” do médico argentino. As conseqüências da criação da OLAS se mostraram surpreendentes no Brasil: já no ano de 1968, que marca o início dos “anos da matraca”, com a “revolução estudantil”, amplificada pela “Revolução Cultural” chinesa que também infernizava a Europa e os EUA, ocorrem uma série de atentados, como se pode observar abaixo:

No dia 28 de março, ocorre a morte do estudante Edson Luís, em choque de estudantes com a polícia, no Rio. A 31 Mar, uma passeata estudantil contra a Revolução deixa 1 civil morto e dezenas de policiais da PM feridos. Em 1º Mai, no comício na Praça da Sé, o Governador Abreu Sodré e sua comitiva foram expulsos da tribuna, que foi utilizada pelos agitadores para ataques à ditadura militar. A 19 Jun, liderados por Vladimir Palmeira, presidente da UNE, 800 estudantes tentaram tomar o prédio do MEC (Rio), ocasião em que 3 veículos do Exército Brasileiro foram incendiados. Em 21 Jun, 10.000 estudantes incendiaram carros, saquearam lojas, atacaram a tiros a Embaixada americana e as tropas da PM, no Rio, resultando em 10 mortos (inclusive o Sgt PM Nélson de Barros) e centenas de feridos. Em 22 Jun, estudantes tentaram tomar a Universidade de Brasília. A 24 Jun, em São Paulo, estudantes depredaram a Farmácia do Exército, o City Bank e o jornal “O Estado de S. Paulo”. A 26 Jun, a VPR explode guarita do QG do antigo II Exército, em São Paulo, com carro-bomba, matando o soldado do Exército Mário Kosel Filho. Em 3 Jul, estudantes portando armas ocuparam a USP, com ameaças de colocação de bombas e prisão de generais. Em 4 Jul, realiza-se a “Passeata dos 50 mil” com o slogan “só o povo armado derruba a ditadura”. Em 20 Ago, morte do soldado da PM/SP, Antônio Carlos Jeffery. Nos dias 2 e 3 Set, são proferidos discursos violentos contra as Forças Armadas, proferidos pelo Deputado Federal Márcio Moreira Alves. Em 7 Set, morte do soldado da PM/SP, Eduardo Custódio de Souza. Em 3 Out, choque entre estudantes da USP e Mackenzie ocasionaram a morte de um deles, baleado na cabeça. A 12 Out, assassinato do capitão do Exército norte-americano, Charles Rodney Chandler; no mesmo dia, durante o XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, SP, a polícia prendeu os participantes, destacando-se Wladimir Palmeira, Franklin Martins, José Dirceu de Oliveira e Silva – este último é o atual Chefe da Casa Civil do Presidente Lula da Silva); foram encontradas drogas, bebidas alcoólicas e o “Woodstock” caboclo deixou uma infinidade de preservativos usados – havia até uma escala de serviço de moças para atendimento sexual; alguns líderes, em acordo com Marighela e Cuba, haviam chegado à conclusão de que o estopim para a luta armada viria da prisão em massa de estudantes, envolvendo comunistas e inocentes úteis, jogaria essa “força de trabalho” nos braços da luta armada. Em 15 Out, estudantes tentaram tomar o prédio da UNE, queimando carros oficiais; Fernando Gabeira participou do ato terrorista. A 23 Out, estudantes depredam o jornal “O Globo”, visto como “agente norte-americano”. A 7 Nov, o Sr. Estanislau Ignácio Correa é assassinado por terroristas que roubaram seu automóvel.

“Faremos um Vietnã em cada país da América Latina”, havia prometido Fidel Castro durante a criação da OLAS. Estava quase conseguindo isso no Brasil, porém, os militares contra-atacaram e editaram o Ato Institucional nº 5 (AI-5), no dia 13 de dezembro de 1968, que permitiu uma reação dura à onda de atentados terroristas que ainda viriam pela frente, muito mais ferozes. Até a decretação do AI-5, houve 84 atentados a bomba, que mataram e feriram militares e civis.

Muitos analistas afirmam que não havia a necessidade da edição do AI-5, que teria ocorrido devido ao destempero verbal do deputado Márcio Moreira Alves, cuja cassação de mandato, exigida pelos militares, o Parlamento negou. Porém, o ano de 1968 foi muito mais do que os impropérios proferidos por Moreira Alves contra as Forças Armadas, como visto acima. O AI-5 foi necessário para aquele momento, que marcou o ponto de inflexão do governo militar, transformando a “ditabranda” – no dizer do próprio Moreira Alves –, que até políticos de situação não acatavam e não respeitavam, em uma autêntica “ditadura”. Não tivesse o Brasil feito o seu elementar dever de casa, hoje estaríamos penando numa Colômbia continental, a exemplo do que ocorre no vizinho país, com os atentados das FARC que já duram mais de quatro décadas.

Para fazer frente à subversão comunista, foi criado em 1967 o Centro de Informações do Exército (CIE) (*), órgão de cúpula da Inteligência da Força Terrestre, para acompanhamento das organizações de esquerda no País, para levantar a estrutura, os líderes, os afiliados e simpatizantes e as organizações paramilitares que tentaram a tomada do poder via luta armada, visando a implantação do comunismo no Brasil. Em 1969, é criada a Operação Bandeirantes (OBAN), em São Paulo, órgão encarregado de combater grupos terroristas de esquerda, como a ALN, a VPR, a VAR-Palmares, depois da expansão da atividade terrorista no Brasil. Em maio de 1970, a OBAN passa a denominar-se DOI-CODI (Departamento de Operações e Informações-Centro de Operação e Defesa Interna). Porém, a OBAN manteve seu nome devido ao sucesso obtido e mística criada – motivo, até hoje, de a esquerda promover campanha de ódio contra aquele órgão de combate ao terrorismo.

Para libertação de terroristas e militantes de esquerda, grupos terroristas passam a seqüestrar diplomatas estrangeiros. O 2º Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), em “frente” com a VPR, celebrizou-se pelo seqüestro do Embaixador Americano Charles Burke Elbrick, em 4 de setembro de 1969, fato que deu origem ao livro “O que é isso, companheiro?”, de Fernando Gabeira (um dos seqüestradores, hoje deputado federal pelo PT), e filme de mesmo nome que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 1998. O nome “MR-8” é uma homenagem à data de 8 Out 1967, data da morte de Ernesto “Che” Guevara na Bolívia.

Outro grupo terrorista de destaque foi a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Teve como líder maior o ex-capitão do Exército, Carlos Lamarca, que desertou do 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, Osasco, SP, em 1969, roubando 63 FAL, 5 metralhadoras INA, revólveres e muita munição da Companhia onde comandava. O plano era levar mais 500 FAL do depósito de armamento do Batalhão, o que não ocorreu porque Lamarca teve que antecipar seu plano. No dia 22 Jul 1968, a VPR já havia roubado 9 FAL do Hospital Militar do Cambuci, em São Paulo.

Em 26 Jun 1968, a VPR explodiu um posto de sentinela do QG do então II Exército, em São Paulo, matando o sentinela, soldado Mário Kozel Filho. Em 12 Out 1968, a VPR assassinou o capitão do Exército dos EUA, Charles Chandler, projetando-se perante as organizações terroristas nacionais e internacionais. Em 1970, a organização terrorista seqüestrou diplomatas estrangeiros: o Cônsul-Geral do Japão em São Paulo, Nobuo Okuchi, no dia 11 Mar 1970, para libertação do terrorista “Mário Japa”; o Embaixador da República Federal da Alemanha no Brasil, Ehrenfried Anton Theodor Ludwig von Holleben, no dia 11 Jun 1970; o Embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, em 07 Dez 1970, libertado em troca de 70 presos terroristas enviados ao Chile do Presidente marxista Salvador Allende (24 desses terroristas eram da VPR), onde foram recebidos de braços abertos no dia 13 Jan 1971. Nesse seqüestro, participaram Carlos Lamarca e Alfredo Sirkis; Lamarca desfechou 2 tiros à queima-roupa contra o agente Hélio Carvalho de Araújo, que veio a falecer no dia 10 Dez 1970. O seqüestro durou 40 dias e seria o último realizado por organizações terroristas no País.

A VPR possuía sítio em Jacupiranga, SP, próximo à BR-116, para treinamento de guerrilha, depois desmobilizado, quando passou para a área de Registro, no Vale da Ribeira. Uma das ações mais covardes desta organização, ocorrida durante a “Operação Registro”, foi o assassinato a golpes de fuzil do tenente da PM/SP, Alberto Mendes Júnior, em Registro, SP, depois que o mesmo se entregou como refém a um grupo de terroristas, em troca da vida dos soldados de seu pelotão (10 Mai 1970). No mês de setembro, descoberto o crime, Carlos Lamarca emitiu um comunicado 'ao povo brasileiro', onde tenta justificar o frio assassinato, no qual aparece o seguinte trecho:

'A sentença de morte de um tribunal revolucionário deve ser cumprida por fuzilamento. No entanto, nos encontrávamos próximos ao inimigo, dentro de um cerco que pôde ser executado em virtude da existência de muitas estradas na região. O tenente Mendes foi condenado e morreu a coronhadas de fuzil, e assim o foi, sendo depois enterrado'.

No início de 1971, a VPR tinha mais militantes no exterior (Cuba, Chile e Argélia – banidos e foragidos) do que no Brasil. Carlos Lamarca morreu em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia, em 17 de setembro de 1971, ao resistir à prisão. Como recompensa por estes e muitos outros atos criminosos, a família de Lamarca, embora já recebesse pensão do Exército Brasileiro, foi “presenteada” com uma indenização de mais de 100 mil dólares (11 Set 1996), doada pela famigerada “comissão dos desaparecidos políticos”, criada no primeiro Governo FHC. Com essa ignomínia, o 11 de setembro deveria ser instituído como o “dia da traição”, como já sugeriu o Deputado Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército, que se notabilizou na década de 1980 por ameaçar colocar bombas em quartéis, devido aos baixos vencimentos dos militares.

A Ação Libertadora Nacional (ALN) – uma lembrança da antiga Ação Nacional Libertadora (ANL), de Prestes, que promoveu a Intentona Comunista, em 1935 – era um grupo terrorista, cujos fundos eram obtidos por assaltos e dinheiro recebido de Cuba. Somente a partir de 1969 o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP) passaria a utilizar a denominação Ação Libertadora Nacional.

O AC/SP havia sido criado em 1967 pelo terrorista Carlos Marighela, após este ser expulso do PCB, depois da Conferência da OLAS, em Cuba. Sua obra “Minimanual do Guerrilheiro Urbano” foi traduzida para vários idiomas e foi o “livro de cabeceira” dos grupos terroristas “Brigadas Vermelhas”, da Itália, e “Baader-Meinhoff, da Alemanha (“... os “tiras” e policiais militares que têm sido mortos em choques sangrentos com os guerrilheiros urbanos, tudo isto atesta que estamos em plena guerra revolucionária e que a guerra só pode ser feita através de meios violentos”. - trecho do “Minimanual”).

Marighela foi morto pela polícia em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969, depois de resistir à ordem de prisão. A morte do terrorista repercutiu no Brasil e no exterior. Com a morte de Marighela, assumiu o comando Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”, que viajou a Cuba com Zilda Xavier para receber instruções de Fidel Castro.

Junto com o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), a ALN assassina o industrial Henning Albert Boilesen, diretor do Grupo Ultra, no dia 16 de abril de 1971 (Sebastião Camargo, da empresa Camargo Correia, era também alvo para seqüestro e “justiçamento”, mas prevaleceu a escolha de Boilesen, porque era considerado “espião da CIA” e patrocinador da OBAN). Terroristas da VAR-Palmares, da ALN e do PCBR assassinam o marujo da flotilha inglesa que visita o Rio de Janeiro, David A. Cuthbert, de 19 anos, no dia 08 de janeiro de 1972; nos panfletos, os terroristas afirmaram que a ação era em solidariedade à luta do IRA contra os ingleses.

Em 1971, a ALN divide-se em duas facções: o Movimento de Libertação Nacional (MOLIPO), fundado pelo serviço secreto cubano (José Dirceu de Oliveira, atual Chefe da Casa Civil do Governo Lula, era um dos integrantes), e a Tendência Leninista (TL). Em 1972, a ALN/SP assassina o gerente da firma F. Monteiro S/A, Valter Cesar Galatti, ferindo ainda o subgerente Maurílio Ramalho e o despachante Rosalino Fernandes. Em 1972, terroristas da ALN/GB, do MOLIPO e da ALN/SP assassinam o investigador Mário Domingos Pazariello, o soldado da PM/GO, Luzimar Machado de Oliveira e o cabo da PM/SP, Sylas Bispo Feche; a ALN/GB assassina em 1972 Íris do Amaral. No dia 21 de fevereiro de 1973, a ALN formou um grupo de execução, integrado por 3 terroristas, que assassinaram o proprietário do Restaurante Varela, o português Manoel Henrique de Oliveira, acusado de ter denunciado à polícia, no dia 14 de junho de 1972, a presença de 4 terroristas que almoçavam em seu Restaurante, 3 dos quais morreram logo após (na verdade, os terroristas mortos estavam sendo seguidos pelo DOI-CODI). No dia 25 de fevereiro de 1973, terroristas da ALN, da VAR-Palmares e do PCBR assassinaram em Copacabana o Delegado Octávio Gonçalves Moreira Júnior.

Pelo extenso “currículo” de Marighela, seus familiares receberam mais de 100 mil dólares de “indenização”, outorgada pela “comissão dos desaparecidos políticos”. Além de Marighela, outro terrorista de destaque foi Carlos Eugênio Sarmento da Paz, que confessou ter praticado em torno de 10 assassinatos. Jessie Jane Vieira de Souza, outra “militante” da ALN, que participou do seqüestro de um avião, é hoje diretora do Arquivo Público do Rio de Janeiro. Com o auxílio do Movimento Comunista Internacional (MCI) e de padres dominicanos, como Frei Beto – atual guru do MST, de Lula da Silva e de Fidel Castro –, a ALN tinha um sistema de propaganda no exterior, a Frente Brasileira de Informações (FBI), que fazia sistemática campanha difamatória contra os governos militares do Brasil.

Os exemplos citados (MR-8, a VPR e a ALN) foram importantes grupos terroristas que atuaram no Brasil, principalmente na área urbana, porém muitos outros se destacaram durante os “anos da matraca”, que podem ser acessados no site do TERNUMA (www.ternuma.com.br). Os nomes dos militares e civis mortos pelo terrorismo de esquerda podem ser vistos no livro de Ustra, “Rompendo o Silêncio”, site http://www.livrorompendosilencio.hpg.ig.com.br/index.htm

Na área rural, tem destaque a Guerrilha do Araguaia. “Já nos idos de 1969, os Órgãos de Segurança que combatiam as ações do MCB nos grandes centros urbanos, suspeitavam da existência de um ‘Trabalho de Campo’ que estaria sendo realizado pelo PC do B na região Norte do Estado de Goiás, hoje Estado de Tocantins, e conhecida como ‘Bico do Papagaio’ ” (SOUZA, 2002: 131).

“A propósito, como relata Gorender em seu ‘Combate nas Trevas’ (pg. 207 e 208), ‘o PC do B, a partir de 1967, fixou à margem esquerda do Rio Araguaia um grupo de militantes com treinamento na China: Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão), João Carlos Haas Sobrinho, André Grabois, José Humberto Branca e Paulo Mendes Rodrigues. Paulatinamente, sobretudo a partir de 1970, chegaram outros militantes e o total atingiu 69, dispersos ao longo de um arco, estendido de Xambioá até Marabá’ ” (AUGUSTO, 2001: 415-6).

Para desbaratar o foco guerrilheiro, neutralizado definitivamente em 1974, foram realizadas pelas Forças Armadas duas operações de Inteligência e duas operações militares. Durante a primeira operação militar, foi preso, no dia 18 de abril de 1972, José Genoino Neto (“Geraldo”), atual presidente do Partido dos Trabalhadores (PT).

Desertaram do Araguaia Elza de Lima Monerat e João Amazonas de Souza Pedroso, ambos em 04 de abril de 1972; Angelo Arroio e Micheas Gomes de Almeida em meados de janeiro de 1974. Quatorze guerrilheiros foram presos e cinqüenta e oito foram considerados mortos, pois os corpos de muitos deles jamais foram encontrados. A esquerda sempre gostou de fantasiar seus feitos na Guerrilha do Araguaia. Leia em Ternuma “Os 10 mitos do Araguaia” (www.ternuma.com.br/araguaia.htm).

Como vimos, durante as três tentativas de tomada do poder, os comunistas aliciaram muitos militares brasileiros. Para a Intentona Comunista, em 1935, foram adestrados, principalmente, os “tenentes” revolucionários das décadas de 1920 e 30, que assassinaram, friamente, colegas de farda enquanto dormiam. Durante o conturbado Governo Goulart, foram aliciados tanto oficiais-generais (“generais e almirantes do povo”), quanto militares de baixa patente, como subtenentes, sargentos, cabos e soldados. O resultado foi a mais completa desmoralização da hierarquia e disciplina militar jamais vista no Brasil. Porém, deve-se ressaltar que esses desordeiros, pelo menos, não chegaram a manchar suas mãos de sangue. Durante a terceira tentativa de tomada do poder, porém, muitos militares das Forças Armadas se mostraram tão sanguinários quanto os “tenentes” em 1935, a exemplo do capitão do Exército, Carlos Lamarca, provando quão terrível pode ser uma ideologia assassina por natureza, como é a ideologia comunista.


(*) Atualmente, a mesma sigla, CIE, designa o Centro de Inteligência do Exército.


Bibliografia consultada:

AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. “A Grande Mentira”. Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 2001.

DULLES, John W. Foster. “Castello Branco – o caminho para a Presidência”. Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1979.

SOUZA, Aluísio Madruga de Moura e. “Movimento Comunista Brasileiro – Guerrilha do Araguaia – Revanchismo – A Grande Verdade”. abc BSB Gráfica e Editora Ltda, Brasília, 2002.

USTRA, Carlos Alberto Brilhante. “Rompendo o Silêncio”. Editerra Editorial, Brasília, 1987.

TERNUMA (Terrorismo Nunca Mais): www.ternuma.com.br.


Brasília, maio de 2003.


P.S.: Texto extraído do ensaio 'Nacionalismo e esquerdismo nas Forças Armadas', de minha autoria (F.M.).





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