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Artigos-->CARTAS QUE EU NAO MANDEI -- 04/08/2012 - 21:59 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




                            CARTAS QUE NÃO MANDEI



                 normal">Francisco Miguel de Moura, Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras



            Uma das minhas correspondentes, em sua última missiva confessava estar ficando “rabugenta” e dizia não gostar de que os jornais colocassem após sua matéria, títulos assim como: - escritor (a), professor (a), sócio (a) da sociedade literária tal, etc. E ainda reclamava até da obrigatoriedade de colocar-se o nome do autor abaixo (ou acima) do que havia escrito e estava sendo publicado. Realmente sua proposta me espantou. Por essa razão resolvi tecer alguns comentários sobre sua carta, documento outrora bastante usado, hoje quase substituído pelo e-mail.



Cartas são documentos de modo especial íntimos, podem também ser de negócios ou, ainda, literários, quando trata exclusivamente de literatura e vida literária. Como se sabe na carta sempre se deve ser maneiroso, cordial, amigável. Xingamento em tal documento é desproposital, descabível, palavras e frases grosseiras devem ser evitadas, a todo custo. Lembro de quando garotão e morava no interior, que me pediram para escrever uma, visto que o mandante não sabia ler nem escrever.  Nessa carta escrevi com referência ao destinatário a palavra “indivíduo”, já influenciado que fui pela conversa do mandante. Numa conversa normal a palavra não teria tanto valor conotativo. Mas pela solenidade com que se reveste o documento carta, atingiu profundamente o destinatário. Seria uma carta de cobrança? Não me recordo bem. Mesmo que fosse, não é tratando mal que se consegue o que quer, muito menos receber uma dívida.



Como crítico literário, tenho muitas cartas guardadas e algumas de críticas que não publicaria no jornal. Escrevi-as após a leitura do romance, poema, conto ou novela do autor e depois resolvi não mandá-la. Ninguém supõe os efeitos arrasadores que tal documento pode causar, se você quer ser sincero, mostrar alguma falha. Mas nem só isto acontece. Muitos se aproveitam para descarregar sua ira sobre a pessoa e não sobre o objeto.  De que servirá? Cartas não são instrumentos para crítica, a menos que sejam fictícias, o destinatário já tenha falecido e o autor queira guardá-las como documentos para sua futura história ou biografia (documento histórico).



Dou outro exemplo: O da carta de minha amiga “rabugenta” acima mencionada, a qual rasguei sem responder, e para não ter a tentação de fazê-lo noutra ocasião. A que escreveria e de fato escrevi em resposta (e não mandei nem mandarei) é assim: normal">“Prezada amiga, por que é que a gente usa o nome nos artigos que escreve, nos livros que escreve? Não seria melhor que tudo que escrevêssemos fosse anônimo? Acho que não. Acontece que o que nos diferencia não são os sentimentos grandes: generosidade, sabedoria, inocência, amor sem cobrança, etc. Cada pessoa se torna conhecida é pelo registro do que faz de bom ou de ruim. No caso, é ser escritor e querer ser conhecido como tal, contestado ou aplaudido, retificado, comentado, etc. Na verdade, de que vale um artigo anônimo? Quem lê os editoriais dos jornais? O povo deseja saber quem são os responsáveis e emitentes daquelas opiniões ou daquelas noticias. Não há notícias secas, todas elas contêm, em maior ou menor grau, a opinião, o dedo do jornalista - porque somos personalidades, não apenas indivíduos como deseja a grande mídia, e nunca conseguiu nem vai conseguir”.



“Pense por si mesmo e dê às outras pessoas o direito de fazer o mesmo”, disse Voltaire, o filósofo francês, da época do Iluminismo. E o que é isto, então, se não o direito de opinião?



 E em se falando de cartas, de que valem as cartas anônimas, se não para fazerem fuxicos, intrigas, provocar discórdias pessoais e familiares? E até crimes? Como brincadeiras têm muito mau gosto! “Todas as cartas de amor são ridículas”, verso infeliz que escreveu, certa vez, o poeta Fernando Pessoa. De tal opinião, eu e o escritor Joaquim de Montezuma de Carvalho, de Portugal, discordamos e escrevemos provando o contrário por A mais B. Todas as cartas devem ser de amor, todos os poemas também, afinal, são mensagens de amor, exceto as de cobranças (que são apenas um chamamento ao amor). E nada valem se são anônimas.


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