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Ensaios-->CRIANÇAS DIANTE DA TELEVISÃO -- 06/05/2007 - 12:48 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CRIANÇAS DIANTE DA TELEVISÃO

Reproduzo aqui o capítulo extraído do site 'Pós-modernidade' - em Google. Sua leitura será útil para todos pais, educadores e a todos que têm responsabilidade e se interessam pela educação de crianças e adolescentes.


A Pós-modernidade, da Televisão ao 'Tribalismo'
Uma grande quantidade de estudos científicos atuais, infelizmente de pouca repercussão, colaboram com o que foi dito no capítulo anterior. Neste capítulo apenas serão transcritos alguns ítens, ainda não mencionados, que sintetizam os pontos essenciais da transformação operada pela 'imagem'.
A) O Desânimo, o Cansaço e a Perda da Memória
Segundo o Dr. Marcel Rufo, professor de Psiquiatria Infantil da Universidade de Marseille e chefe do Inter-Setor I de Psiquiatria Infantil de Bouches-du-Rhone:
'Há um paralelismo inexorável entre o tempo passado a ver televisão e a queda do rendimento escolar, o declínio da capacidade de atenção, da concentração intelectual. Isto é verificável em todos os segmentos de idade e em todos os meios, promiscuamente.
O fracasso escolar, a falta de concentração, as dificuldades de memorização, a agitação das crianças estão diretamente proporcionadas ao tempo que elas passam diante do vídeo. É bem evidente que disto resulta um déficit de sono, com múltiplas reações em cadeia ... além de se tornarem agitadíssimas na escola e padecerem de insônia'.
Outro estudo reitera que:
'O superconsumo de televisão ... é certamente nocivo. A superinformação excedendo a capacidade de compreensão da criança é motivo de cansaço e desânimo. A identificação múltipla com heróis variados pode ser fonte de perturbação. A eterna procura de uma vida excitante e sensacional conduz ao risco de perder o contato com a realidade cotidiana.'
B) Guerreiro Medieval ou Neo-Bárbaro Pós-moderno?
Demonstrando bem a diferença entre a literatura antiga e a nova, comenta a Revista Catolicismo, em um artigo intitulado 'O Maravilhoso, O Real e o Horrendo na Literatura Infantil':
'As histórias, todos o sabem, são os primeiros contatos das crianças com a vida. Através delas, a inteligência infantil transpõe os limites do ambiente doméstico, e apreende as noções iniciais sobre a sociedade humana, com as inúmeras diferenciações que comporta, as atrações que oferece, os deveres que impõe, as decepções que traz, e o jogo complicado das paixões nos altos e baixos desta grande luta que é a existência, ... em que uns lutam por seus interesses pessoais, legítimos e ilegítimos, e outros lutam contra o mundo, contra o demônio, contra a carne, para a maior glória de Deus. As primeiras noções sobre esta ‘milícia’, as impressões mais fundas que o homem recebe relativamente aos aspectos essenciais dessa luta e à sua posição perante ela, recebe-as nos seus primeiros anos.
Daí haver importância essencial, para uma civilização católica, em proporcionar às crianças uma literatura profunda e sadiamente religiosa. Não falamos apenas do curso do catecismo e História Sagrada, que deve ser o centro de tudo, mas de histórias que fossem como que o comentário, o prolongamento, a aplicação do que a religião ensina.
[tais histórias evocavam no passado, por vezes,] o maravilhoso, indispensável nos horizontes infantis como meio de apurar o senso artístico, elevar o espírito, abrir o descortínio, estimular sadiamente a imaginação.
[outras, como as aventuras de Juca e Chico], esmeravam-se em representar a vida quotidiana, com seus aspectos calmos, caseiros, simpáticos, elemento essencial nos horizontes da literatura infantil, para despertar a atração, o interesse pela realidade e pela virtude.'
Essa literatura colocava, portanto, a criança diante de problemas universais, bem como de tipos humanos e situações que, pelo enredo, o mais das vezes se resolviam em recompensa para o bem e em punição para o mal.
Atualmente, dificilmente se encontram tais histórias nas cenas de televisão, são quase tão somente filmes e desenhos animados malfazejos, que apresentam cenas de 'murros, tiros, assaltos, agressões, vibração exagerada, narração melodramática, corre-corre, sangue, morte, ‘super-homens’ que voam, que transpõem muralhas, que manipulam raios. É toda uma sinistra e ridícula contextura de inverosimilhanças, de crueldade, de grosseiros artifícios de sensacionalismo'.
Ou então, como diz o Prof. Pfromm Neto,
'uma dieta ... onde predominam o grotesco, as guerras interplanetárias, os robôs, andróides e ‘transformers’, os super-herois - personagens de uma ficção científica mais ou menos imbecil, cujas fórmulas pertencem mais ao reino do pensamento mágico e da superstição do que ao da ciência e da tecnologia, quando não projetam uma imagem totalmente distorcida e daninha destas últimas'.
Continua o citado artigo da revista Catolicismo:
'Que horizontes assim se abrem para a infância? Os do crime. Que prazeres? Os da excitação nervosa tendente em certos casos quase ao delírio. Que ideais? Os da força bruta, e da vida de aventura sem eira nem beira. Com isso não se forma um homem, e muito menos um cristão. O produto próprio dessa literatura é o neo-bárbaro.'
Esse artigo que acaba de ser transcrito sintetiza bem a metamorfose operada na literatura mundial.
Em um artigo do Correio Braziliense de 6/9/94, intitulado ‘EUA Debate de Novo Violência na Televisão’, o colunista assim se exprime:
'No espaço de apenas uma semana, uma sucessão de fatos chocantes - dois deles em Chicago, uma das maiores cidades do país - atrai de novo a atenção dos EUA para a violência envolvendo crianças - em especial gangues juvenis.
Primeiro foi a caçada policial a Robert Sandifer, de 11 anos, que num tiroteio de gangues matou uma garota de 14.
Ainda em Chicago, após investigar um ano, as autoridades concluíram que o assassino de uma mulher de 84 anos que tivera a garganta cortada com faca de cozinha, em seguida a brutal espancamento, fora o vizinho dela ‘Frog’, então com 10 anos, que ainda desviara a polícia para outro suspeito, supostamente visto por ele no local.
Em seguida, ocorreu (em) uma pequena cidade de Nova Jersey, o assassinato de (um) menino de 11 anos por outro de 14.
São três entre muitas histórias semelhantes. Todos se perguntam até que ponto a violência dos meios de comunicação, em especial as imagens da televisão e no cinema, vêm influindo negativamente no comportamento dessas crianças.'
Nesse sentido, escreve o Dr. Michael M. Miller, professor de Psiquiatria na Howard School of Medicine e ex-diretor de pesquisa do Instituto Psiquiátrico da Columbia University, em sua obra ‘A Saúde Mental das Crianças’:
'Se o sadismo é apresentado como heróico, e a crueldade, a rudeza e a falta de compaixão perpetradas por esses heróis são tratadas como ideais, para muitos jovens, isso se torna um modo de reação aceitável.'
Comenta o Prof. Franz-Dietrich Poelert, citando a psicóloga alemã Sabine Joerg, a respeito da diversão eletrônica.
'Essa diversão apodera-se das sensações infantis. Deforma-as e as faz definhar ... Imagens confusas de horror e de felicidade ocupam a mente da criança e permanecem obstinadamente coladas como se fossem experiências vividas por ela mesma. ... A comunicação com o mundo fica obstruída, os órgãos dos sentidos fornecem informações fragmentadas.'
Viciadas nos prazeres fáceis de uma imaginação solta e de soluções mágicas para os problemas, as crianças teledependentes perdem qualquer interesse pelo esforço intelectual. Com razão comenta a psicóloga francesa Marie-Josée Chombart de Lauwe, a respeito do escolar assíduo à TV:
'Sua inteligência é cada vez menos solicitada. O sucesso escolar não lhe interessa mais, uma vez que o herói possui a capacidade de solucionar as situações difíceis...'
C. Efeitos Semi-Hipnóticos da TV Assemelham-se aos da Droga
Comenta o criterioso estudo da já citada associação 'O Amanhã de Nossos Filhos': 'Mary Winn, nos estudos que fez dos efeitos da televisão sobre a infância, sustenta que a TV provoca reações próximas aos efeitos da droga. Sob o efeito direto da televisão, nota-se um estado de passividade quase nirvânica do ‘paciente’, semelhante ao hipnotismo.
'Cessado este, quando o paciente acorda para a realidade, as reações são de frustração e amargura, que podem chegar a explosões temperamentais até mesmo convulsivas'.
Em um artigo da revista 'Rainha' sobre os estudos de Mary Winn, lemos:
'alguns pais - adverte Mary - colocam os filhos diante da televisão para acalmá-los. Contudo, as manifestações de nervosismo... - gritos estridentes, pulos nos estofados, desobediência às ordens dos pais na hora de comer, dormir ou estar quietos etc. - quando a televisão, por algum motivo é desligada, prova que o estado de descontração que se supunha na criança é puramente fictício ... Analisando as razões dessa irritabilidade - por vezes incontrolável - diz Mary que ela é, muito possivelmente, o efeito da transição de um estado de inconsciência para outro de consciência, como a passagem do estado de sono para o de desperto. Mary também compara a experiência da televisão à experiência da droga, que leva o seu usuário a uma ‘viagem’, no fim da qual, ao tocar os pés o mundo da realidade, se torna irritadiço e insuportável. E conclui: 'A impressão que logo se tem, quando a criança se afasta subitamente do seu pólo de atração (televisão), reforça a idéia que seu estado mental é de natureza hipnótica'.
O Estado de São Paulo, em entrevista com um ‘agitador cultural dos anos 70’, Timothy Leary (ex-professor de psicologia em Harvard, expulso por uso de LSD), cujo título do artigo é sugestivo: Leary Troca LSD por Alucinação Eletrônica, comenta o seguinte:
'Leary continua pregando a alucinação, só que agora eletrônica. Entrou na realidade virtual, na criação de mundos por meio de computadores carregados de software interativo e ligados a fones de ouvido estério e telas de video-goggles - óculos especiais que contêm minúsculas telas de vídeo criadoras da ilusão de um ambiente em três dimensões...'.
D) A Geração X
Em entrevista ao mesmo jornal, Leary afirma:
'Nosso trunfo [da geração X - geração educada pela imagem], porém, não é a inteligência de armazenar [memória], mas a de processar. (...) O movimento das drogas psicodélicas dos anos 60 e o movimento dos computadores pessoais, dos anos 80 são reflexos internos e externos de cada um de nós. Simplesmente não se pode entender drogas psicodélicas a não ser que se entenda alguma coisa sobre computadores.'
Ainda segundo o Estado de S. Paulo, comentando a chamada 'Geração X':
'Cada geração tem sua própria arte, seu próprio meio para expressar seu fascínio pela publicidade, pelo sexo, pelo significado da vida. Há 15 anos, era lama; há 25 anos, eram bandas de rock; há 35 anos, eram poetas guerrilheiros em bares beatniks. Hoje, cibercultura. Eles circulam em ambientes de arte abstrata a extremos. (...) Cada um vivendo sua fantasia'.
Na mesma edição, mas em outro artigo, comenta a articulista Sônia Nolasco:
'Eles têm 20 e poucos anos, os ‘twentysomethings’. Os mais velhos os vêem como um bando de Bart Simpsons, mal educados, ignorantes, que não sabem onde fica o Vietnã. Passam horas assistindo MTV, único entretenimento a que eles dedicam mais do que três minutos, o tempo de um vídeo clipe. Não votam e não querem saber de política. Mas entendem de computador e cibernética como se fossem gênios. Manejam videogames e vídeos de realidade virtual sem precisar maiores explicações. Essa é a juventude que vai chegar ao século 21. Os que herdarão a Terra. (...)
Esta é a primeira geração que cresceu junto com o desenvolvimento dos computadores. Para os Slackers [o mesmo que geração-x], a tecnologia transformou o mundo numa aldeia global.
Esses adolescentes são maníacos por mídia. A geração X foi criada na sociedade mais supercomunicada do mundo'.
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