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Ensaios-->Burrices que fazem homens sofrerem -- 11/04/2007 - 14:13 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Burrices que fazem homens sofrerem

Alamar Régis Carvalho

Certa ocasião eu escrevi uma frase em minha coluna do Jornal O LIBERAL, de Belém do Pará, que de vez em quando era repetida por outros jornalistas, que citavam: “como diz o Alamar”.

· Há pessoas que sofrem porque não sabem ainda administrar as fontes causadoras dos seus sofrimentos.

· Há outras que sofrem porque, de fato, as fontes causadoras lhes proporcionam um volume de dor não suportada por elas.

· Mas também há pessoas que sofrem porque são bestas mesmo.

Nesta matéria eu quero acrescentar outra categoria: Há pessoas que sofrem porque são burras.

Eu tenho um amigo muito querido, que já passou dos cinqüenta anos de idade, que hoje está enfrentando um problema terrível, um câncer de próstata, já em estado avançado, com metástase, totalmente irrecuperável dentro dos conhecimentos da Medicina, naquela fase em que os médicos já informam para os seus parentes quantos meses ou semanas de vida encarnada ainda lhe restam. Os sintomas são terríveis.

Coitado do meu amigo. Ele teve azar em acometer-se desta doença? Recebeu algum castigo de Deus para estar assim?

Não, ele chegou a esse estado por burrice.

Desculpem-me aquelas pessoas que acham que a gente tem sempre que vestir-se com a máscara de bonzinhos e fingindo para os outros que somos elevados, mas não sou adepto dessa postura. A sinceridade responsável deve ser exercida sempre e não podemos ser falsos para com os outros, principalmente com amigos.

O qualificativo que tenho que colocar é este mesmo: burrice.

Por que burrice, Alamar?

Porque muitos homens, falo em homens no sentido do masculino mesmo, continuam a manter certas tradições e culturas altamente ridículas, sem qualquer espaço para a racionalidade, que terminam por prejudicar os seus entes mais próximos, a sociedade e a eles mesmos.

- “Homem não chora! Onde já se viu homem chorar?”

Você já viu que conceito mais idiota?

Você sabia que esta é uma afirmativa de homens intimamente fracos, que se vêem na necessidade de mostrarem uma força que eles não têm, apenas para impressionar não se sabe quem?

Exatamente, nem tudo o que é manifestado exteriormente reflete ao que existe interiormente.

A insegurança masculina chega a níveis impressionantes.

Um dos grandes problemas que muito homem têm é o medo dos outros acharem que ele é homossexual. Ele é muito dependente dessa figura chamada “os outros”, e tem um verdadeiro pavor da língua do tal “os outros”.

Todos os esforços são feitos para mostrar para... os outros... que ele é macho e que não resta a menor dúvida.

Daí a necessidade que muitos têm de contar vantagens, de sair dizendo com quais e com quantas mulheres saiu, de se auto afirmar super-homem, com aquela célebre frase “eu dou 3, dou 4, dou 5, dou 10...” e por aí vai.

As pessoas mais esclarecidas acham graça diante destes, porque sabem que a Psicologia já comprovou que aqueles que fazem questão de dizerem isto geralmente enfrentam certa dificuldade para realizar até mesmo a única. Todo mundo sabe do que estou falando.

Voltando ao caso do amigo que está doente.

Sabe porque ele chegou a esse quadro?

Pela cultura ridícula de fazer aquela afirmação que muitos idiotas dizem: “Eu não vou deixar macho nenhum enfiar o dedo do meu...”, naturalmente fazendo referências ao indispensável exame de próstata que os homens devem fazer, periodicamente, a partir dos 40 anos de idade.

Geralmente diz isto nos botecos, nas arquibancadas de campos de futebol e em vários outros lugares onde têm vários outros homens, para que todos percebam que ele é “macho pra valer”.

Mas que imbecil. Não sabe também que a Psicologia tem estudos profundos sobre esta questão e já identifica os que mais fazem isto como os que mais têm as suas masculinidades comprometidas.

O exame Antígeno Prostático Específico, mais conhecido como PSA, que avalia como está a próstata do homem, deve ser feito por todos os homens e, na grande maioria dos casos, dispensa o chamado “toque” que, na linguagem mais popular, é a aplicação do dedo do Urologista.

Há homens que não querem fazer nem o PSA!!! Isto é um absurdo!

Foi o caso do meu amigo.

A burrice masculina é algo lamentável.

Um amigo meu, o Erik Galdino, que é homossexual assumido, fazendo parte de um grande movimento gay em São Paulo, um jovem de grande dignidade e caráter, que diz gostar muito dos meus escritos, perguntou-me se eu poderia escrever alguma coisa para ele publicar em um site gay.

Eu disse, tranqüilamente, que escreveria sem problema nenhum. Bastasse que ele me dissesse o tema preferido para abordagem.

Não quero ser superior a ninguém, todavia tenho certeza de que muitos, mas muitos homens, mesmo, jamais teriam coragem de se exporem com algum escrito num site gay. Afinal de contas, o que os outros poderiam pensar deles?

Essa submissão que as pessoas têm em relação a “os outros” é algo lamentável e que tem que acabar. Ou seja, quando a pessoa é autêntica, se garante, tem segurança naquilo que realmente é e tem identidade própria, jamais teme a língua de quem quer que seja.

Quer dizer: Eu não sou o que realmente sou, sou o que os outros acham que eu seja. Não é uma tremenda maluquice?

Ainda dentro desse conceito absurdo, lembro de outro amigo... ou melhor, de um conhecido, já que não tenho porque qualificá-lo como amigo... que fazia questão a vida inteira de dizer que não suportava homossexuais, que se pudesse mandaria matar todos os homossexuais, fazia gozação e humilhação em cima deles e gozava também outros homens que tinham filhos homossexuais. Foi uma vida inteira assim e todo mundo que o conhecia, em Belém, o identificava por essa ojeriza aos homossexuais.

Mas como a Justiça Justa é infalível, aquela da vida e da natureza, e não essa ju$ti$$a dos fóruns, não deu outra coisa. O filho dele, que na sua auto afirmação era um “machão”, como ele se supunha ser, foi descoberto ser homossexual, quando tinha 19 anos de idade.

Você já imaginou a piração que isso significou na vida desse indivíduo?

Aí ele quis meter uma bala na cabeça, quis se jogar do alto de um edifício, começou a encher a cara de cachaça e se viu desesperado da tamanha “vergonha”.

Vergonha de quem, da língua dos outros diante do novo quadro que surgia?

Sim, também isto, já que a sua submissão à figura chamada os outros não se extinguia por aquela situação, mas a maior vergonha e conflito interno eram em relação à sua própria consciência.

É quando a pessoa ser percebe diante das contradições e hipocrisias.

Sei do caso de outro que, durante muito tempo, comportava-se também do mesmo jeito: “não suporto bichas, viado comigo é na bala” quando, depois de muito tempo de casado, a própria esposa descobriu que ele também era.

Há outra questão, também, dentro dessa burrice masculina, que vale abordar.

Está comprovado cientificamente que quase a totalidade dos homens, quando passa dos quarenta ou cinqüenta anos, começa a entrar no período absolutamente natural da disfunção erétil. Uns mais outros menos, principalmente quando tem um histórico de tabagismo e ao consumo de bebidas alcoólicas, onde a incidência é bem maior. Existem casos raros de homens com 70 anos que ainda “dão no couro”, como se fosse um jovem. O Fantástico, da Globo, recentemente apresentou uma reportagem mostrando alguns. A matéria foi bastante interessante.

Só que ninguém quer assumir isto não! Fica aí um monte de idiota fingindo que ainda tem virilidade de rapazinho de 18 anos e recusa-se a procurar um tratamento, mesmo sabendo que hoje existem recursos médicos eficientes e maravilhosos que fazem verdadeiros milagres. Para os casos mais graves, daqueles que não levantam mais nem com “reza braba”, existem próteses fantásticas que fazem a coisa funcionar com o acionamento de um simples botãozinho, oferecendo conforto, sem qualquer contra indicação.

Mas tem muito homem idiota que não quer nem saber disso.

Você quer ver muito homem corar de vergonha e constrangimento? Basta que um grupo de amigos, em gozação, diz que ele usa o famoso Viagra. Misericórdia! sentem-se humilhados.

Eu tenho contatos com muitas mulheres, mas muitas mesmo, através de MSN, e-mail e pessoalmente em lugares onde tenho oportunidade de fazer palestras. Invariavelmente converso sobre sexo, já que o meu livro “Mulher, só é boba quem quer”, onde eu também chamo muita mulher de burra, abriu margem para muitas amizades, onde muita gente resolveu gostar da forma autêntica como abordo determinadas questões, e tenho ouvido coisas impressionantes. (Olha gente: não sou médico e não sou psicólogo, apesar de gostar de estudar a Psicologia).

Há mulheres que vivem desesperadas em perceberem que os seus maridos estão, há muito tempo, com o problema, sentem um desejo sexual enorme, não querem recorrer à solução fora de casa, procuram conversar com eles, eu sugiro que procurem abordar o assunto sempre com muito carinho, afeto, compreensão e dentro de uma concepção de absoluta naturalidade, mas não tem jeito. O cara cisma em se afirmar que não tem problema nenhum, o trem lá tá igual macarrão cozido, e não tem jeito dele procurar por um Urologista, mesmo tendo recursos financeiros para se consultar nos melhores consultórios, com os melhores médicos.

Falar em Cialis, Levitra e Viagra? Nem pensar! O idiota não dá o braço a torcer, nem a pau. (esse pau aí, refere-se a pauladas em cima dele).

Tem homem que é incapaz de abraçar e beijar uma amiga, na frente da sua esposa ou da tal sociedade. A insegurança é tanta que, na sua cabeça, a “sua” mulher pode pensar que ele está a fim da outra ou os outros podem pensar, também, que ele está dando em cima ou tem um caso com a mulher beijada.

Ora! Que se dane o que os outros pensarem! Que se dane a língua dos outros.

Eu, por exemplo, tenho o hábito de beijar as mãos de todas as mulheres que me são apresentadas porque, além de ser um gesto carinhoso é também uma expressão de elevada cortesia, coisa rara nos homens de hoje (modéstia à parte). Ah, mas isto é coisa antiga! Dane-se, eu não sou escravo de modismos e não abro mão de manter as coisas boas que os antigos faziam.

Tem outro probleminha bobo, no campo da higiene:

Sentar-se num bidê ou usar um chuveirinho para lavar o nobre orifício situado no encontro das suas nádegas, após a evacuação, nem pensar. “Isto é coisa de viado!!!”. E assim vão deixando as cuecas fedorentas e podres para as mulheres lavarem.

O grande problema é que a burrice masculina é o fator que mais faz sofrer a maioria dos homens.

Quero encerrar este artigo, sugerindo a alguns homens que estão aí sofrendo, por burrice, que repensem esses conceitos idiotas e retrógrados que não levam a coisa alguma. Hoje muitas mulheres já mudaram os seus valores, principalmente as mais inteligentes:

Havia um tempo que revólver na cintura era sinônimo de homem valente, e impressionava mulheres. Hoje, a não ser os policiais, são considerados homens covardes.

Cigarro na boca não impressiona mais mulher nenhuma. Só mulher burra, o que existe também aos montes, dá valor a isto. Ouviram, meus caros rapazes, adolescentes?

Homem bêbado, nos dias de hoje, é considerado pelas grandes mulheres como ridículo e não como machão. Mulher inteligente, nenhuma, vai querer namorar e muito menos se casar com um animal pra viver bêbado, ao seu lado, vomitando na sua cama, expondo-se ao ridículo e ameaçando a própria segurança da família.

Ouviram, mais uma vez, meus caros rapazes adolescentes?

- “Ah, mas o meu pai bebe e fuma muito, há mais de trinta anos”.

O seu pai faz isto porque foi vítima de uma época de cultura equivocada e não teve o volume de informações que você tem hoje, daí ele não ter tanta culpa. Se você fizer o mesmo hoje, você é burro, imbecil e babaca.

Eu tive um outro amigo... amigo não, conhecido... que durante algum tempo viveu sugerindo e incentivando o seu filho, garotão adolescente, para que “desse em cima” das filhas da vizinha, usasse as filhas dos outros à vontade, como objeto sexual seu, sem a menor preocupação. Aliás, durante muito tempo a cultura machista praticou isto. Ele chegava a dizer para os outros: “prendam suas ovelhas, que o meu bode está solto”. De repente a sua filhinha ficou também adolescente e aos 16 anos, de repente deixou de ser virgem, porque foi também “usada” pelo filho de outro pai que, talvez, adotava a sua linha de pensamento.

Aí ele, revoltadíssimo, colocou revólver na cintura e quis sair atrás do “autor da façanha” para defender a “honra”. Qual honra, pelo amor de Deus, que um homem deste tem? Ele sempre defendeu isto, sempre disse que homens adolescentes poderiam usar a vontade as meninas. O seu pode usar a filha dos outros, mas ninguém pode usar a sua? Dois pesos e duas medidas?

Infelizmente a sociedade tem agido assim, em absoluta contradição e incoerência nos seus conceitos.

Que a máxima do maior Mestre da Humanidade prevaleça: “Não façamos a ninguém aquilo que não queremos que ninguém faça com a gente”.

Que os homens em geral dispam-se dos conceitos estúpidos e passem a repensarem os valores.

Homem chora, sim, porque não é de pedra e tem sentimentos. Um perfumezinho, (que não seja do Paraguai), um bom e gostoso desodorante no suvaco, cabelo bem penteado (não precisa brilhantina glostora nem palmolive), fazem bem.

Um Luftal e um Leite de Magnésia Phillips de vez em quando, não fazem mal nenhum. Pelo menos vai aliviar o nariz da pobre coitada da esposa. Em casos mais complexos, recorra ao velho purgante de óleo de rícino. (ao persistirem os sintomas, o médico deve ser consultado).

Por mais durão que seja, experimente ter a coragem de se encarar, frente a um espelho, no banheiro, olho no olho, e dizer:

“Cara, a partir de hoje, eu resolvi te amar, viu? Vou cuidar melhor de você, fazer uma faxina geral, inclusive na sua mente, pra ver se nós juntos conseguimos dar mais felicidade a nós mesmos e a esta família”.

Mas feche a porta do banheiro, porque alguém pode ver e dizer que você ta ficando maluco.

Desta forma, tenho certeza, a vida do homem tomará outro rumo, muita coisa poderá melhorar, ele deixará de ser besta e todo mundo o perceberá mais seguro, mais humano, mais amigo e bem mais feliz.

Carinhosamente.

Alamar Régis Carvalho

Analista de Sistemas e Escritor
alamar@redevisao.net
ORKUT 'alamarregis'





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