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Artigos-->INSTRUÇÃO 61 NA ESCOLA DE MÚSICA DE BRASÍLIA -- 25/07/2012 - 17:55 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


INSTRUÇÃO 61 NA ESCOLA DE MÚSICA DE BRASÍLIA



 



L. C. Vinholes



  



Seguindo uma tradição que, no Brasil, teve início em 1952 com o Primeiro Curso de Férias da Pró-Arte, em Teresópolis, RJ, o Centro de Educação Profissional da Escola de Música de Brasília realizou, entre 9 e 22 de janeiro de 2011, o seu 33º Curso Internacional de Verão, reunindo professores e alunos vindos não só dos estados mas também do exterior, contando com o apoio da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal e das embaixadas da Argentina, Cuba, Eslovênia, EUA, França, Hungria, Itália, Portugal, Romênia, Rússia e Venezuela.



 



Como um dos destaques deste curso mereceu ser mencionada a participação da Orquestra Juvenil de Contagem, MG, fundada em 1997 pelos professores Renato Almeida e Rosiane Souza Reis Almeida, visando a “promover a inclusão social de crianças e adolescentes através da música”. Seus 45 membros que tem como padrinho o festejado pianista João Carlos Martins, constituíram a maioria dos integrantes da Orquestra Contemporânea do curso, organizada e dirigida pelo maestro Jorge Lisboa Antunes. A referida orquestra mineira que já participou de festivais na França, Espanha, Itália, Holanda e Áustria e é detentora de inúmeros prêmios nacionais e internacionais, impressionou pela vibração, dedicação e competência de seus membros, a maioria do sexo feminino, que tanto no repertório clássico de diferentes épocas quanto no mais popular segue, de maneira exemplar, a regência da maestrina Rosiane Reis.



 



Do programa do Concerto de Encerramento do 33º CIVEBRA, dia 21 de janeiro de 2011, no Teatro da Escola de Música de Brasília, figuraram as seguintes obras: Aus den sieben Tagen (Dos Sete Dias), de 1968, de Karlheinz Stockhausen (1927-2007); Instrução 61, de L. C. Vinholes (1933- ); Tango M46, de Emilio Terraza (1929-2011); Quatro Momentos Cromofônicos e Nec Plus Ultra, de Jorge Antunes (1942- ).



 



Na obra de Stockhausen, de 1968, o maestro Jorge Lisboa Antunes, que na época cursava mestrado em Caracas, contou com a colaboração das maestrinas Rosiane Reis e Lívia Miranda Quaresma; é a 26ª obra no catálogo da sua produção caracterizando-se como “música intuitiva” produzida “mais pela intuição do que pela razão dos intérpretes”[i].



 



As obras de Jorge Antunes, pai do regente, como sempre despertaram o interesse do público pelo que de novo trazem na sua concepção e linguagem. A primeira, como se fosse uma suíte, tem as seguintes partes: I - Brilhâncias sobre fundo azul-violeta; II - Vermelho desmanchando no amarelo com bolhas azuis e violetas; III - Turbilhão azul sob flashs e faíscas; e IV - Pingos amarelos, pontos azuis tracinhos amarelos, tiquinhos verdes, pontinhos violetas, pinguinhos laranja. Jorge Atunes é professor do Departamento de Música da UnB, doutor em estética musical pela Sorbone, “precursor da música eletrônica no Brasil, em 1962, e criador da técnica cromofônica de composição musical que utiliza a correspondência sonora entre os sons e as cores”. Com ela escreveu os Quatro Momentos Cromofônicos. A outra obra de Antunes, Nec Plus Ultra, é de 1976 e para entendê-la vale a pena ler o que ele escreveu e está registrado nos Anaes do VIII Encontro Anual da Anppom, de 1995.



 



A inclusão da obra de Emílio Terraza no programa do concerto de encerramento do Curso teve um objetivo muito especial: uma homenagem póstuma ao compositor e pianista, nascido na Argentina em 1929 e falecido em 14 de janeiro durante a vigência do Curso. Naturalizado brasileiro, residindo no Brasil desde 1959 e, há décadas, professor da Universidade de Brasília, teve sua obra para fagote solo executada pelo professor Hary Schweizer, colega do corpo docente da UnB, a quem fora dedicada.



 



A Instrução 61[ii], que não é uma obra com autor, mas sim um conjunto de parâmetros a serem seguidos e que permitem a criação de músicas aleatórias, foi idealizada para quatro instrumentos quaisquer e utilizada nos últimos cinquenta anos por conjuntos com combinações instrumentais as mais variadas. A primeira vez que ela foi usada por uma orquestra foi com a Sinfônica Nacional de Seul, em janeiro de 1964, regida pelo maestro Mon Bok Kim, em transmissão ao vivo pela Rádio Cultura da Coréia, HLKT. A segunda vez ocorreu 47 anos depois da primeira, no âmbito do 33º Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília, a Orquestra Contemporânea regida por Jorge Lisboa Antunes. Comparando a maneira com que os cem cartões da Instrução 61 foram usados em Seul e em Brasília verificou-se marcante diferença nos resultados sonoros obtidos: na primeira a presença de uma quantidade bastante significativa de silêncios fazendo parte da estruturação do complexo sonoro obtido e a segunda mostrando a predominância de densos complexos sonoros e a quase ausência de silêncios. Em Seul, a manipulação dos cartões da Instrução 61 contou com colaboradores, figura indispensável, que tem a atribuição de apresentar os cartões a serem lidos pelos músicos. Na Escola de Música de Brasília os membros da orquestra foram divididos em grupos e a manipulação dos cartões esteve a cargo apenas do regente, fazendo com que as leituras de cada um dos grupos se tornassem afim uma com as outras, pois nos mesmos tempos os grupos liam os mesmos cartões, assim diminuindo as oportunidades de diversidade, fazendo com que os resultados sonoros se assemelhassem. Ao cotejar os resultados sonoros obtidos nas duas ocasiões é mister afirmar que cada um deles, sendo uno em si mesmos, é igualmente válido, não admite análise, uma vez que para esta não foram criados e nem são viáveis parâmetros pré-estabelecidos que permitam comparações com atribuição de valores.  









[i] Segundo a enciclopédia livre da Wikipedia.





[ii] Texto e modelos dos cartões das Instruções 61, e 19671, poderão ser solicitadas pelo endereço leceleve@gmail.com que serão oferecidos graciosamente.




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