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Ensaios-->Síndrome do marido aposentado -- 08/02/2007 - 16:45 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Síndrome do marido aposentado

Félix Maier

Pode levar um tempo enorme, mas, um belo dia, o marido se aposenta. Muitas vezes, o que deveria se tornar um prazeroso período na vida do casal, com novas programações a dois, viagens, visitas a amigos e parentes, vira um festival de baixarias, com o marido e a mulher tendo verdadeiros ataques de nervos. No Japão, devido ao sistema patriarcal ainda arraigado na população, a mulher é quem mais sofre depois que o marido põe os pijamas em definitivo. O problema em alguns países avançados se tornou tão grave que até passou a ter uma denominação especial: “síndrome do marido aposentado” (em inglês, retired husband syndrome).

Na verdade, principalmente para a mulher que não trabalha fora de casa, ter, de um dia para outro, um marido perambulando pela casa o dia todo, todos os dias, sem fazer nada, a não ser assistir televisão, ler jornal, sujar a sala e reclamar da comida, não deve ser coisa fácil de engolir. Há casos em que a mulher não agüenta e brada: “Dois vagabundos em casa não dá, pelo menos um tem que trabalhar fora. Amanhã eu volto a trabalhar!” Nem que seja para colocar um guarda-sol na frente da casa, na calçada, para vender sacolé.

Por outro lado, há maridos que também não agüentam a nova rotina e, depois de fazer aquelas tão sonhadas viagens pelas praias do Nordeste, voltam à lida antiga, muitas vezes retornando ao velho endereço de trabalho. Participar desses grupos animados da “melhor idade”, com danças e festas sem fim, onde abundam velhinhas assanhadas, nem pensar!

Muitos casamentos acabam quando o marido se aposenta. A rigor, o casamento já havia acabado há muito tempo. Ocorre que, cada um seguindo com sua vidinha em particular, os cônjuges nem haviam se dado conta disso.

A aposentadoria deve ser programada com alguma antecedência, tanto pelo homem, quanto pela mulher. Mesmo aposentado, há necessidade de haver algum tipo de ocupação, por menor que seja, pois não há um ser humano sequer que consiga ficar sem fazer nada, exceto os vagabundos. O que fazer da vida quando começa a aposentadoria não deve ser decidido quando o sujeito entra em férias permanentes. Começar uma atividade paralela enquanto ainda se está trabalhando é a melhor solução, especialmente porque se pode redirecionar a futura atividade se a coisa não der certo durante o “teste”, e partir para outra ocupação, que dê melhor resultado e maior alegria.

Muitos poucos terão sucesso como empresário, p. ex., se apenas se dedicarem aos negócios depois da aposentadoria. O empreendedorismo é uma coisa inata, nem todos têm o dom de multiplicar os talentos de que fala a Bíblia. Se você até agora nunca foi um bom comerciante, se muitas vezes foi deixado para trás por espertalhões em negócios particulares, não arrisque em aplicar todo seu fundo de garantia numa atividade que desconhece. Se, porém, o tigre do capitalismo de repente se instalou no seu corpo, pronto para dar o bote certeiro na praça, comece devagar, quem sabe comprando uma carrocinha de cachorro-quente para começar e ver no que vai dar.

Eu me aposentei em 2002, porém desde algum tempo antes, principalmente a partir de 1999, passei a me dedicar à literatura em geral, escrevendo artigos e ensaios que foram publicados na internet, especialmente em Usina de Letras, que hoje é também, para mim, uma espécie de back up informal, pois tudo o que escrevo lá publico, sem favores do editor, bastando digitar meu login e minha senha e “colar” os textos escritos no Word. Por isso, antes de colocar o pijama que a rigor nunca vesti, passei a ler e escrever muito, para aprimorar o estilo. Li alguns livros de teoria literária, já tenho alguma noção do que venha a ser, p. ex., o tal “fluxo de consciência” dos modernos, como James Joyce e Clarisse Lispector, porém ainda não me arrisquei na ficção, apenas nos ensaios. Meu sonho é escrever, no futuro, uma novela histórica, uma trilogia, tendo como fundo a história dos últimos 200 anos de Santa Catarina, meu Estado natal, misturando ficção e realidade, algo semelhante a O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo.

Há vários tipos de ocupações que podem ser feitas durante a aposentadoria: continuar as caminhadas diárias, participar de alguma associação literária, fazer parte de um grupo de atividade social da igreja, fazer um curso de graduação ou pós-graduação, cuidar do jardim de casa, levar os netos para brincar, sair com os cachorros etc. Há ainda tantos hobbies para seguir, como ler, ouvir música, viajar pela internet.

Porém, nunca diga a um escritor que a atividade de escrever é um mero hobby. Hobby uma ova! Quem escreve é, antes de tudo, um pensador. Está em contato permanente com o que ocorre no mundo todo, tentando decifrar o mistério que é o universo e a vida pensante que nele há.




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