Enquanto em face da humanidade houver humanos a evocarem-se e daí a encimarem-se sobre outrem em nome de ideologias religiosas ou políticas, seja o desiderato do âmbito que for, mais tardará também a concretizar-se o sublime almejo da igualdade sobriamente substancial entre todos. O impositivo da subordinação, rigorosamente imperante em todos os ângulos, persiste em escalonar-se entre o 'eu-sou-e-tu-não-és' e se porventura uma das barreiras se desfaz logo uma outra se implanta a restabelecer o confronto.
Quem bem e objectivamente se debruce sobre a história da inteligência, haverá de reparar que os investigadores e os cientistas, aqueles que de facto aplicam seriamente grande parte da sua existência nas descobertas que tendem a melhorar as condições de vida dos indivíduos, acabam sempre por ver os seus inventos e labor submetidos à regulamentada e sub reptícia predação da Lei, cujo símbolo, de resto, está evidenciado e palpavelmente bem à vista das multidões subordinadas.
Trocado em miúdos, atrevo-me corajosamente a expor um ínfimo pormenorzinho de decorrente actualidade portuguesa, uma ninharia em face da monstruosa problemática que assola o mundo.
Constate-se que célere foi a condenação do sargento Luís Gomes, habilidosamente acusado do sequestro de uma criança que deveras protege, comparada com o tempo que hesita em punir, ou isentar, com o mesmo incontornável rigor os dirigentes desportivos Pinto da Costa e Valentim Loureiro ou os arguídos do ímpio-caso.
Outrossim, em mais longínquo exemplo, repare-se como foram tratados os deputados da Assembleia da República que se locupletavam ilicita e fraudulentamente (abotoavam-se tacitamente) sobre o herário público. Mais, a concluir: quem foi que firme, frontal e com legítima isenção apareceu a bater o pé a tão escandalosa bandalheira?