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Artigos-->POR TRÁS DA MARCHA DE JESUS -- 16/07/2012 - 22:50 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



POR TRÁS DA MARCHA PARA JESUS 





 





Délcio Vieira Salomon





 





  O  noticiário lido na Folha de São Paulo em 16/07/2012 deu a entender que a Marcha para Jesus, ocorrida na véspera, liderada pela Igreja Renascer, no centro de São Paulo, misturou empolgação religiosa com propaganda política.





No Brasil, misturar religião com política tem sido uma das práticas mais vergonhosas dos evangélicos nos últimos tempos.





Dado curioso fornecido pela própria Folha de São Paulo: durante a marcha foi feita pesquisa de  opinião, nos mesmos moldes em que se fazem as pesquisas eleitorais.





Pergunta pertinente: por que escolher a marcha para tal tipo de pesquisa? Alguém ouviu falar que inquérito desta natureza já foi feito em templo religioso, durante o culto?





É de se deduzir pois que a manifestação de rua tinha conotação político-religiosa, sobretudo, se se levar em conta o clima eleitoral que já vivemos em relação à próxima escolha de prefeitos e vereadores.





E a referida pesquisa nos forneceu informação importante: 31% declararam, na pesquisa feita, durante a marcha que o apoio dos pastores de sua igreja a um candidato a prefeito com certeza os levaria a votar nessa pessoa. Já outros 34% dos entrevistados disseram que provavelmente escolheriam seu candidato a prefeito e a vereador, a partir da indicação dos pastores. Conclusão: 65% são direta ou parcialmente influenciados pelos comandos das igrejas nas eleições. 





Obviamente que o olho gordo dos políticos estará voltado para este rebanho de eleitores. Quem não vê nestas manifestações lugar e ocasião de se estabelecer os célebres conchavos corruptos, em que propinas e trocas de favores tanto do lado da política quanto das igrejas evangélicas se fazem às escondidas, para carrearem votos para os inescrupulosos? 





Só os alienados não têm acompanhado nos últimos tempos o enriquecimento astronômico de tantos desses pastores evangélicos. Montar uma igreja evangélica já se tornou uma das mais rendosas indústrias neste país.





Aqui importa assinalar um dado histórico.





Desde tempos remotos, através de Concílios e leis, tanto quanto de recomendações pastorais, foi proibido pela Igreja Católica, enriquecimento do clero, a ponto de a implantação do celibato visar justamente a impossibilidade de padres e bispos constituir família e em decorrência proporcionar a descendentes o direito de herança.





A reunião de tais leis e normas pastorais no Código de Direito Canônico, promulgado por Bento XV em 1917, apenas veio sacramentar as obrigações e os deveres que a Igreja já impunha ao próprio clero.





Parênteses: apesar do rigor das leis eclesiásticas, sempre houve desvios de conduta e o desrespeito a tais leis e recomendações.





Até nossa história brasileira, mesmo no tempo em que a Igreja estava unida ao Estado (ou seja: de 1500 até 1889) relata fatos de padres, religiosos, bispos que deixaram descendentes.





No decorrer do tempo o patrimônio da Igreja tornou-se enorme. À vista grossa, ainda hoje podemos ter ideia de seu volume, se levarmos, em consideração, o número de paróquias, edificações, terrenos, templos suntuosos, conventos, escolas de todos os graus, grandes universidades, centros universitários, faculdades isoladas, hospitais, asilos, creches etc.





Certa vez li em algum lugar que mais de 40% do território da Polônia, antes de ser tomada pela União Soviética, pertencia à Igreja Católica.





Quando menino ouvia de meus velhos a frase: nada melhor que montar um prostíbulo ou uma paróquia para se ficar rico. Hoje, comparar um pastor evangélico com um pároco é o mesmo que comparar, em termos salariais, um Ronaldinho Gaúcho com um jogador recém saído da base no mesmo time. 





Quer queiramos, quer não, naquela época havia um fundo de verdade na colocação.





É de se deduzir que o enriquecimento da Igreja Católica, quando unida ao Estado constituiu a fonte histórica do aprendizado dos pastores evangélicos em procurar na pregação religiosa e na “catequização” de seus fieis a maior fonte de renda. Sobretudo, porque, além do patrimônio, há a isenção de impostos e incentivos fiscais advindos da separação da Igreja do Estado e todas as prerrogativas concedidas à Igreja Católica estão transferidas para qualquer seita religiosa.





Quem ainda duvida do acima afirmado está convidado a ver, na internet, matéria e vídeo sobre o assunto: Basta acessar no Google o tema: a riqueza dos pastores evangélicos. 





A riqueza do Bispo Macedo e de seus pastores da Igreja Universal do Reino de Deus é emblemática de como é fácil se enriquecer à custa da boa fé alheia! 





Outra questão a ser levantada: antes da segunda guerra mundial, praticamente não se ouvia falar em igreja evangélica como se consta hoje, sobretudo diante de sua expansão e multiplicação de seitas. 





Somente este dado: através da internet, procurei contar as igrejas protestantes de um lado e as chamadas evangélicas de outro. Honestamente não encontrei o número dessas igrejas e suas seitas. Houve um momento em que minha soma já tinha registrado mais de 100 protestantes e seus desdobramentos e mais de 300 evangélicas. E chamo a atenção que, nesta contagem, não entram os templos, mas os nomes diferenciados das seitas religiosas.





Tentei em vão descobrir a origem da primeira igreja evangélica no mundo e como se espalhou e se multiplicou sobretudo no Brasil. Tinha tido informação que tudo começou nos Estados Unidos (dizer que sempre pensei que tudo começou aqui no Brasil e se espalhou pelo mundo).





Há muita controvérsia. Uma coisa parece comumente aceita pelos especialistas e historiadores: sua origem se prende ao protestantismo, notadamente desde o momento em que Lutero rompeu com a Igreja Católica e foi excomungado por Leão X em 1521, após ter recusado em retratar-se de seus escritos – episódio que ocorreu com a interferência de Carlos V, - a célebre Dieta de Worm em 1521. Então Lutero foi considerado pelo Sacro Império Romano, um fora da lei. Protegido por Frederico, o sábio, recolheu-se durante um ano no Castelo de Wartburg, em Eisenach. Aos poucos, cessada a perseguição, o protestantismo foi ganhando terreno, sobretudo na Alemanha, Inglaterra, Holanda e outros países europeus e tomou força para se espalhar pelo mundo.





Na esteira do protestantismo é que se deve o surgimento das igrejas evangélicas.





Dado interessante a confirmar a hipótese acima levantada, encontro nesta informação colhida na internet: por causa da Guerra Civil Americana de 1865, confederados do Sul dos Estados Unidos (confederados estes que eram esmagadoramente da Igreja Batista), começam a buscar outras terras de potencial agrônomo. O Brasil é um dos países escolhidos. Logo, em 1867, grupos de estadunidenses que somaram mais de 50.000 pessoas desembarcam nos portos brasileiros, em busca de refúgio e terra fértil, vasta e barata. Avançando para o continente, escolhem a cidade de Santa Bárbara d`Oeste, para adquirirem terras e fixarem residência. Entre os emigrados, a maioria professava o protestantismo e entre esses, muitos eram Batistas. Já em 1870 fizeram publicar um "Manifesto para Evangelização do Brasil". Tal manifesto, assim que publicado, contou com assinaturas de Presbiterianos, Metodistas, Congregacionais e, por um batista, o jovem Pastor Richard Raticliff, um dos emigrados, cuja família havia se convertido, através de Thomas Jefferson Bowne nos Estados Unidos. 





Em 1871, batistas emigrados dos Estados Unidos organizam a priImeira Igreja Batista do Brasil em Santa Bárbara d`Oeste. Anos mais tarde, em 1879, outro grupo de emigrados faz surgir a segunda Igreja Batista em solo brasileiro em Santa Bárbara d`Oeste no bairro da Estação, onde atualmente se localiza a cidade de Americana .





A aceitar tal informação, é de se supor que a origem dos evangélicos, tal como o conhecemos hoje, têm aí sua origem no Brasil.





Simples a inferência: ao se opor ao catolicismo, até então igreja e/ou religião única no ocidente, o protestantismo abriu as portas da dissidência.





Cabe estabelecer esta equação analógica: se, desde aquela época, houve a libertação da doutrina única, do dogma, do autoritarismo, enfim da religião única, dona da verdade, nada haveria de impedir a multiplicação das associações a defenderem a liberdade de pensamento, ainda que este seja o religioso. Vencido o medo, não há empecilho para a livre escolha. 





O mal ou o pior estava escondido nas dobras dessas decisões: o surgimento daqueles que se julgavam os novos donos da verdade, os enviados ou inspirados por Deus a substituírem os padres e os bispos católicos. Tanto quanto esses se tornam apropriadores da “fala de Deus” estampada nas Escrituras, e procuram, com seu exercício, manipular a consciência e a simplicidade, quando não o infortúnio, dos que procuram agregar em seu redor. Daí a proceder com métodos de lavagem cerebral é um só passo.





Ao término, cabe-me confessar: não tenho preconceito algum contra os evangélicos, como não tenho contra a igreja, seja esta cristã (católica, protestante, evangélica), ou outra qualquer, mas me indigna como os lobos travestidos de cordeiros aproveitam a laicidade do estado, para ampliarem seu campo de livre iniciativa e nesse terrenos arrebatarem para si, em nome da falácia e da hipocrisia, a crença de um povo que, por causa de sua história, se tornou anestesiado e marcado pelo conformismo, como é o povo brasileiro.





Tinha ou não razão Cristo quando nos alertou: “attendite a falsis prophetis, qui veniunt ad vos in vestimentis ovium, intrinsecus autem sunt lupi voraces”?(Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes). (Matheus: 7,15)?



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