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Cordel-->MELHORES MOMENTOS DO SHOW DE IMPROVISO – Parte I -- 04/11/2003 - 16:29 (José de Sousa Dantas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MELHORES MOMENTOS DO SHOW DE IMPROVISO – Parte I

27º CONGRESSO NACIONAL DE VIOLEIROS
Campina Grande – PB, em 24, 25 e 26/10/2003

TEMAS DESENVOLVIDOS PELOS REPENTISTAS

Dia 25/10/2003 (sábado)

·Os sindicatos
·Tem gente ganhando a vida vendendo religião
·Me deitei pra chorar, perdi o sono, quando vi seu retrato em minha frente
·Um casal separado
·Mãe solteira
·Estou honrando a coroa de rei da sabedoria
·Se eu soubesse pintar, eu pintaria o retrato da dor do nordestino
·Eu vou levar meu amor pra um lugar excelente
·A fama só tem valor quando é bem adquirida
·Fui atrás de serviço, não achei, eu não tenho um tostão pra comprar nada
·O mendigo
·Viver com dignidade
·Matei a sede bebendo na fonte da inspiração
·Já cortei o Brasil de ponta a ponta, defendendo a cultura brasileira
·Quem merece a minha ajuda
·A importância do cordel
·Só sabe DEUS, eu e ela, como o nosso amor nasceu
·Chico Mendes também perdeu a vida em defesa da nossa ecologia
·Por que sou feliz!
·Eu passo fome e não vendo meu boi do cultivador
·Quero a minha família reunida este ano na ceia do Natal
·O cachaceiro

Dia 26/10/2003 (FINAL NO DOMINGO): Os versos dos temas abaixo estão sendo compilados e serão incluídos na USINA brevemente, na PARTE II

·O deficiente
·Chorei olhando o retrato da primeira comunhão
·Só pena de morte evitaria a seqüência do crime organizado
·Quando eu ia pra escola
·O que tem na feira livre
·Quer saber se eu sou sabido, teste meu conhecimento
·A mulher heroína do sertão, faz as lutas da casa e do roçado
·Objetos antigos
·A distribuição de renda
·A cantoria da feira também divulgou a gente
·Quando o sol despontou por trás do monte, eu já vinha voltando do curral
·O pescador
·O futebol atual
·Cinco séculos de história do nordeste brasileiro
·João Paulo Segundo vem mostrando o exemplo de amor à humanidade
·As crianças da FEBEM
·Por favor não faça mais telefonema pra mim
·A ganância de Judas por dinheiro, fez vender o divino Salvador
·Depois que a festa acabou
·O preguiçoso
·Nunca deixou de existir preconceito racial
·Severino Ferreira hoje é saudade no cenário da nossa cantoria
·Aonde tem união

É de se admirar o trabalho desses mestres do improviso, OS POETAS REPENTISTAS, que sob inspiração divina, talento e experiência, arranjam palavras adequadas e desenvolvem, com criatividade e rapidez (são 17 segundos em média para cada estrofe), os temas inéditos, sorteados no ato, pensando, tocando, cantando e gerando versos singulares edificantes, com RIMA, MÉTRICA, COERÊNCIA, CADÊNCIA, em várias modalidades da cantoria.
E para saborear e comprovar essa grandeza, leia com atenção e paciência o show de versos selecionados, mesmo sendo extenso o texto, mas vale a pena ler e conhecer.
BOA SORTE!

OS SINDICATOS
Edmilson Ferreira (EF) e Antônio Lisboa (AL)

EF
Aos lugares mais diversos,
os SINDICATOS têm ido,
lutando pelo direito,
quando é mal distribuído,
e quando se tornam pelegos,
podem perder o sentido.

AL
SINDICATO é conhecido
pra deixar independente,
copiaram o da Itália,
trouxeram ao país da gente,
mas foi no dos metalúrgicos,
que criaram o Presidente.

EF
SINDICATO atualmente
busca trabalho e cachê,
as greves mais conhecidas,
foram as do ABC,
projetaram INÁCIO LULA
e deram mais nome ao PT.

AL
No quadro da CGT,
tem um grupo conhecido,
a CUT é quem mais trabalha,
pelo SINDICATO unido,
quanto mais for combativo,
tem direito exigido.

EF
O SINDICATO é unido,
pra defender os seus atos,
VARGAS o legalizou,
durante seus dois mandatos,
mas colocou espiões
no centro dos SINDICATOS.

AL
Em passeata e atos,
o SINDICATO tem vida,
Santos Dias em São Paulo,
foi morto numa avenida,
e foi aqui na Paraíba,
que mataram MARGARIDA.

EF
O SINDICATO tem vida,
quando luta e está querendo,
os de servidores públicos
têm um poder estupendo,
pra combater as reformas,
que o governo está fazendo.

EF
É combatendo o patrão,
defendendo os moradores,
o cantador Pedro Costa,
criou o dos cantadores,
quem não é reconhecido,
não pode exigir valores.

TEM GENTE GANHANDO A VIDA VENDENDO RELIGIÃO

AL
Tem gente que até deseja
fazer tudo o quanto quer,
reunir com a mulher,
praciana ou sertaneja,
levar para sua igreja
qualquer pobre cidadão,
depois cobrar um milhão,
pra garantir a comida.
Tem gente ganhando a vida
vendendo religião.

EF
Tem gente que continua
dizendo de modo esperto,
que Jesus Cristo está perto,
igual os raios da lua,
mas só vai pregar na rua,
levando a Bíblia na mão,
pela contribuição,
que os fiéis dão em seguida.
Tem gente ganhando a vida
vendendo religião.

AL
Igreja é o ideal
que atinge o brasileiro,
e não tem quem conte o dinheiro
da Igreja Universal,
que reúne o pessoal,
em nome de amor cristão,
e canal de televisão
montou em toda avenida.
Tem gente ganhando a vida
vendendo religião.

EF
Vê-se mais de um avarento
dizendo ao fiel querido,
o Messias prometido
precisa de aposento,
um chega dá o cimento,
o outro já doa o chão,
com um mês de construção,
a igreja está erguida.
Tem gente ganhando a vida
vendendo religião.

AL
A religião é forte
por isso é que se inclina,
Frei Damião é no Pina,
famoso como o esporte;
no Juazeiro do Norte,
o Padre Cícero Romão
é trocado por feijão,
por arroz ou por batida.
Tem gente ganhando a vida
vendendo religião.

EF
Existem padres cruéis
fazendo dízimo em campanha,
tem muito pastor que ganha
alienando os fiéis,
e os fiéis andando a pés,
o dono do templo não,
e quem possui avião
é quem vende a Concebida.
Tem gente ganhando a vida
vendendo religião.

AL
Tem religião que eu louvo,
tem igreja que eu não entro,
mas tendo um Santo no centro,
pode ter projeto novo,
QUANTO MAIS FAMINTO O POVO,
MAIS CRESCE A EXPLORAÇÃO,
não esquece a oração,
mas a fome é esquecida.
Tem gente ganhando a vida
vendendo religião.

ME DEITEI PRA DORMIR, PERDI O SONO, QUANDO VI SEU RETRATO EM MINHA FRENTE

EF
Quando eu olho a beleza do seu rosto,
num bater de pestana o tempo passa,
que um sorriso espontâneo tem mais graça,
e o amor voluntário tem mais gosto,
seu desprezo seria o meu desgosto,
eu dizia comigo simplesmente,
se um dia você ficar ausente,
vou sofrer solidão e abandono.
Me deitei pra dormir, perdi o sono,
quando vi seu retrato em minha frente.

AL
Apesar de poeta e de ter fama,
fui dormir sossegado em meu recato,
mas no quarto, ao olhar o seu retrato,
eu fiquei só pensando em minha dama,
toda a noite eu me rolo em minha cama,
como alguém que se sente até doente,
seu retrato deixou-me mais contente
do que rei que se torna o rei do trono.
Me deitei pra dormir, perdi o sono,
quando vi seu retrato em minha frente.

EF
Eu lhe dou meu carinho em alta dose,
ela dá-me o amor que eu necessito,
se paixão fosse droga, eu acredito,
que eu podia morrer duma overdose,
minha vida sofreu metamorfose,
ao perder a mulher do ambiente,
eu senti um fantasma em minha mente,
parecendo com japa de quimono.
Me deitei pra dormir, perdi o sono,
quando vi seu retrato em minha frente.

AL
Eu fiquei até alta madrugada,
só olhando para a fotografia,
que encheu minha alma de alegria,
minha vida ficou fantasiada,
sua foto já estava desbotada,
mas o rosto pra mim estava contente,
e se você me deixar futuramente,
o seu corpo ao meu lado ainda clono.
Me deitei pra dormir, perdi o sono,
quando vi seu retrato em minha frente.

EF
Nosso amor foi sem dúvida parcial,
que cupido falhou no arremesso,
era mais do que lindo no começo
e ficou mais que ridículo no final,
a tristeza em meu peito foi fatal,
ao faltar no colchão seu corpo quente,
o rancor de alguém intransigente,
transformou o destino dum colono.
Me deitei pra dormir, perdi o sono,
quando vi seu retrato em minha frente.

AL
Fui dormi, mas não pude ressonar,
só porque avistei minha querida,
numa foto pequena e colorida,
que serviu para mais me apaixonar,
e como era uma foto em seu lugar,
eu fiquei muito mais impaciente,
fui beber um dose de aguardente,
que é bebendo que mais me apaixono.
Me deitei pra dormir, perdi o sono,
quando vi seu retrato em minha frente.

UM CASAL SEPARADO: Falta um boi nessa boiada

EF
Quando um casal se separa
é uma crise danada,
quando é da meia noite,
que entra pra madrugada,
se tem a cama forrada,
mas falta um monte de cheiro.
Falta um boi vaqueiro
no meio dessa boiada,
está faltando um boi
no meio dessa boiada.

AL
Quando um casal se separa,
fica triste a madrugada,
a mulher dorme sozinha,
mas a casa não tem nada,
e distante apaixonada,
chora pelo companheiro.
Falta um boi vaqueiro
no meio dessa boiada,
está faltando um boi
no meio dessa boiada.

AL
Depois da separação
a fortuna é retalhada,
um vai para cada canto
e outro para cada estrada,
e a criança abandonada
vai ficar no desespero.
Falta um boi vaqueiro
no meio dessa boiada,
está faltando um boi
no meio dessa boiada.

AL
O marido está sozinho
busca uma namorada,
e a sua ex também vai
procurar numa calçada,
alguém que lhe dê piada
ou então lhe dê um cheiro.
Falta um boi vaqueiro
no meio dessa boiada,
está faltando um boi
no meio dessa boiada.

MÃE SOLTEIRA
Sebastião da Silva (SS) e Raimundo Caetano (RC)

SS
Respeitamos mãe solteira,
sempre desejando o bem,
pra poder ter condições,
de criar o filho que tem,
que mesmo sem ser casada,
é filha de DEUS também.

RC
Todo dia é que ela tem,
em rua de interior,
de procurar um emprego
e ser tratada com amor,
e ao meu ver amor de mãe
sempre é da mesma cor.

SS
Ás vezes é abandonada,
por um erro cometido,
é o jeito sustentar
o seu filhinho nascido,
sem o apoio dos pais
e sem apoio de marido.

RC
O filho desprotegido
entra no mar de agonia,
sem ter um prédio no centro,
sofre na periferia,
sem poder dar a seu filho
respeito e cidadania.

SS
A mãe solteira devia
ser tratada toda vez,
com carinho e com respeito,
pelo pobre e por burguês,
e não ser discriminada,
só por um erro que fez.

RC
A esposa de burguês,
muitas vezes a fragela,
chamando-a de prostituta,
de catraia e de cadela,
mas morre do mesmo jeito
e nem é melhor do que ela.

SS
É grande o trabalho dela,
que o seu filho consola,
pra dá roupa e dá pão,
dá sapato e dá esmola,
pra não ver o seu menino
na rua cheirando cola.

RC
Essa pobre sem sossego
que pede tanto que cansa,
você deve dar amor,
dar respeito e confiança,
que é pra salvar duas vidas,
a dela e a da criança.

SS
Dê a ela segurança,
seu afeto, seu calor,
um emprego e dê guarida,
lhe oferte seja o que for,
mesmo sendo pecadora,
também é digna de amor.

ESTOU HONRANDO A COROA DO REI DA SABEDORIA

SS
Tenho boas intenções,
tou honrando no repente,
talento de Gil Vicente
e do famoso Camões,
todas suas criações
que o vate ali fazia,
transmitindo poesia
na capital de Lisboa.
Estou honrando a coroa
do rei da sabedoria.

SS
Como poeta de fé,
vou buscando nesse pinho
o nome de Zé Sobrinho,
que aqui andou a pé,
e Sebastião José,
um mestre da cantoria,
um cantador que vivia,
na capital João Pessoa.
Estou honrando a coroa
do rei da sabedoria.

SS
Estou honrando inda mais
todo o poder de Jesus,
que por nós morreu na Cruz
e foi julgado por Anás,
trocaram por Barrabás,
vejam lá que covardia,
mas o filho de Maria
inda é tão bom que perdoa.
Estou honrando a coroa
do rei da sabedoria.

RC
Porque depois do pernoite
a gente aumenta o cansaço,
e há estrelas no espaço;
porque vento dá açoite,
o gato vê mais de noite
e a gente vê mais de dia;
fazendo uma latomia,
cachorro corre e acoa.
Estou honrando a coroa
do rei da sabedoria.

SS
Estou honrando na viola,
o meu papel de artista,
o cordel de repentista,
o livro, o lápis, escola,
essa arte me consola,
é que me dá alegria
e essa platéia sadia
vendo meus erros, perdoa.
Estou honrando a coroa
do rei da sabedoria.

SE EU SOUBESSE PINTAR, EU PINTARIA O RETRATO DA DOR DO NORDESTINO

SS
Se eu tivesse uma tela preparada,
eu enchia de tinta o meu pincel,
pra pintar essa seca tão cruel,
que maltrata essa terra castigada,
e o homem que sofre na enxada,
enfrentando o calor do sol a pino,
padecendo igualmente um peregrino,
só comendo uma vez em cada dia.
Se eu soubesse pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

RC
Uma vida cercada de mister,
com tortura, castigo e desacato,
sem achar a comida no seu prato,
pra encher a metade da colher,
sem comprar um vestido pra mulher,
sem trazer um sapato pra o menino,
terra quente, com sede em sol a pino,
a barriga sem nada e mão vazia.
Se eu soubesse, pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

SS
Se eu pudesse, ficava mais feliz,
nordestino teria a fruta peca,
não seria tangido pela seca,
pois teria o que ele sempre quis,
não iria até o sul do País,
que é ingrato na porta do destino,
arrastando um moleque pequenino
e a mulher magra na sua companhia.
Se eu soubesse pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

RC
A principio ele é discriminado,
pelo povo do sul a cada mês,
quando é um caboclo camponês,
o seu sonho nem é realizado,
quando enterra a semente no roçado,
vai rogar pela chuva a DEUS divino,
e o verão causticante e assassino,
vai matando seus sonhos a cada dia.
Se eu soubesse pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

SS
Se eu pudesse pintava a nossa roça,
onde o homem trabalha no sol quente,
sempre calmo, tranqüilo, paciente
e arrastando o seu burro de carroça,
pé descalço e a mão bastante grossa,
bucho seco e o pescoço muito fino,
pra pedir e tornar-se peregrino,
só lhe falta o bastão e a bacia.
Se eu soubesse pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

RC
Quem possui um casebre, é sem mobília,
sem riqueza que encha a sua mão,
sem apoio, sem emprego e sem o pão,
que garanta o sustento da família,
foi quem fez a cidade de Brasília,
pra dar mais gabarito a Juscelino,
faz um prédio e não pode tirar fino,
que recebe os tabefes de um vigia.
Se eu soubesse pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

SS
Se eu pudesse pintava essa pobreza
do campônio, que sofre no roçado,
muitas vezes trabalha de alugado,
mas não ganha o dinheiro da despesa,
não tem roupa, nem bife a milanesa,
pra comer com a esposa e o menino,
sem tomate, sem couve e sem pepino,
que só come marmita pouca e fria.
Se eu soubesse pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

RC
Se eu pudesse, criava condição,
para o homem viver da agricultura,
sem sofrer lastimando de amargura,
nem ficar dependente de patrão,
é preciso um projeto da nação,
produtivo, seguro e genuíno,
em defesa do homem campesino,
que padece na sua sertania.
Se eu soubesse pintar, eu pintaria
o retrato da dor do nordestino.

EU VOU LEVAR MEU AMOR – Em coqueiro da Bahia

RC
Vou levar meu bem comigo
pra um lugar que tanto sonha,
pra Fernando de Noronha,
pra ver por dentro e por fora,
onde a natureza mora,
nas mãos da ecologia.
Coqueiro da Bahia
quero ver meu bem agora
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora.

SS
Eu vou convidar meu bem
a mulher que eu tanto adoro,
pra ir pra casa onde moro
pra morar na minha flora,
onde estou morando agora,
minha cama está vazia.
Coqueiro da Bahia
quero ver meu bem agora
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora
quer ir mais eu vamos,
quer ir mais eu vambora.

A FAMA SÓ TEM VALOR QUANDO É BEM ADQUIRIDA
João Furiba (JF) e Fenelon Dantas (FD)

JF
Quando Pinto de Monteiro
me convidou pra cantar,
eu não quis lhe acompanhar,
com medo do seu roteiro,
mas devido ao dinheiro,
fiz a matéria vencida,
lhe acompanhei toda vida,
findei sendo cantador.
A fama só tem valor
quando é bem adquirida

FD
Luiz, o Rei do Baião,
que tanto cantou na voz,
ele foi um dos heróis,
na sanfona e na canção,
deixou a recordação
a sanfona protegida,
no museu é exibida,
em Exu, no interior.
A fama só tem valor
quando é bem adquirida

JF
O meu primeiro programa
foi na Rádio de Sumé,
aí aumentou a fé,
foi crescendo a minha fama,
hoje em dia alguém me chama,
pra terra desconhecida,
já tenho questão vencida
e medalha de lutador.
A fama só tem valor
quando é bem adquirida

FD
Eu sou repentista forte,
eu nunca pude mudar,
se eu nasci pra cantar,
vou cantar até a morte,
ninguém sabe a minha sorte,
essa idéia construída,
foi Maria Concebida
e Jesus, meu professor.
A fama só tem valor
quando é bem adquirida

JF
Relativo a casamento,
eu tive felicidade,
logo na primeira idade,
registrei meu documento,
comprei um apartamento,
convidei minha querida
que comigo é bem unida,
no nosso lar de amor.
A fama só tem valor
quando é bem adquirida

JF
Fiquei hospitalizado
aqui mesmo em Campina,
mas tomei uma vacina
e fiquei recuperado,
disse ao médico obrigado,
por curar minha ferida,
que a matéria combalida
escapou por um doutor.
A fama só tem valor
quando é bem adquirida

JF
Eu saí a vagar de rua em rua,
procurando um emprego na cidade,
pra sanar a maior necessidade,
que na minha casinha continua,
vendo a minha família quase nua,
e a mulher sofrendo adoentada,
uma filha, com fome agoniada,
tenho tanto sofrido que nem sei.
Fui atrás de serviço, não achei,
eu não tenho um tostão pra comprar nada

FD
Eu sozinho igualmente a um borrego,
eu saí de São Paulo fui pra o Rio,
procurando enfrentar um desafio,
passei dias sem ter um aconchego,
e o pior que voltei sem ter emprego,
pois estava dormindo na calçada,
sem ter pão, sem apoio, sem morada,
sofri tanto na rua que chorei.
Fui atrás de serviço, não achei,
eu não tenho um tostão pra comprar nada

JF
Fui bater lá na casa do prefeito,
aumentou minha dor, minha amargura,
e depois quem saí da prefeitura,
fui pra casa sofrer do mesmo jeito,
quando eu vi o meu beco muito estreito
e minha casa também esvaziada,
a mulher lastimando aperreada,
eu fui forte e na hora consolei.
Fui atrás de serviço, não achei,
eu não tenho um tostão pra comprar nada

FD
Minha gente eu estou desempregado,
trabalhei, viajei, lutei bastante,
comecei a lutar quando era infante,
hoje velho eu estou muito cansado,
com o rosto sofrido e engelhado
eu não sei o que faça na morada,
todo mundo me expulsa da calçada,
até mesmo quem tanto eu ajudei.
Fui atrás de serviço, não achei,
eu não tenho um tostão pra comprar nada

O MENDIGO: Em Gemedeira

FD
Todo mendigo na rua,
fica só perambulando,
sem ter abrigo e sem sombra,
não diz onde está morando,
quando se deita é com fome
ai, ai, ui, ui,
se se levanta é chorando.

JF
Um maldoso criticando
sem ter dó do seu castigo,
sem dar um pão quando sobra,
sem lhe chamar de amigo,
trata melhor um cachorro,
ai DEUS, ui, ui,
mas não gosta de mendigo.

FD
Mas o pobre do mendigo
sofre tanto e se consola,
já chega em casa de noite,
trazendo só a sacola
só come um taco de pão,
ai, ai, ui, ui,
se alguém lhe der de esmola.

JF
Vendo vazia a sacola
e uma fome terrena
ninguém lhe dar uma esmola,
nem maior e nem pequena,
ele passa a ficar triste,
ai, ai, ui, ui,
que às vezes choro com pena.

FD
Chorando, lamenta a cena,
achando a vida infeliz,
saiu da casa dos pais,
está no sul do País,
dizendo mãe é culpada,
ai, ai, ui, ui,
papai me fez, mas não quis.

JF
Achando a vida infeliz,
seu sofrimento é sem fim,
dorme em ponta de calçada,
dorme em banco de jardim
enquanto lastima a vida
ai, ai, ui, ui,
Jesus se esqueceu de mim.

FD
Todo pedinte é assim,
não se traja nem se ajeita,
bate na porta dos outros,
mas ninguém nunca lhe aceita,
pega os trapos de jornal,
ai, ai, ui, ui,
faz uma cama e se deita.

FD
Não pode viver em paz,
não conversa, não namora,
não assiste a cantoria,
com desgosto se apavora,
tem deles que pede a DEUS,
ai, ai, ui, ui,
pra morrer antes da hora.

JF
O mendigo às vezes chora,
sem ter o pão pra comer,
vê tanta riqueza perto,
sem ele nada a obter
e lamentando ainda diz:
ai, ai, ui, ui,
nem vale a pena nascer.

JF
Hoje tenho um armazém,
que comprei de um amigo,
tem batata, milho, arroz,
feijão, fava, carne e trigo,
eu amanhã vou abri-lo
ai, ai, ui, ui,
e dar de presente a mendigo.

JF
Em nome de DEUS, eu juro,
e em nome da mãe rainha,
quando eu vejo um mendigo,
sem pão, sem carne e farinha,
penso que a alma dele
ai, ai, ui, ui,
é melhor do que a minha.

FD
Andando perto da linha,
maltrapilhos seus perfis,
às vezes não tem morada,
não tem mulher nem guris,
toda a hora pede a DEUS,
ai, ai, ui, ui,
dai-me um futuro feliz.

JF
Vejam que agora eu fiz,
abri o meu armazém,
dei a semente que tinha
e vou dar o resto que tem,
e ficar no meio deles
ai, ai, ui, ui,
pra ser mendigo também.

VIVER COM DIGNIDADE
Moacir Laurentino (ML) e João Lourenço (JL)

ML
Viver com dignidade
é não ser ignorante,
é procurar um trabalho,
ter um salário importante,
respeitar a natureza,
a DEUS e seu semelhante.

ML
Não levar uma vida torta,
brincando pela cidade,
respeitar a vizinhança
e zelar a integridade,
e se entrar na comissão,
julgar com dignidade.

JL
Não achar a vida ruim
e ter um jeito de viver,
procurando trabalhar,
ter seu espaço e vencer,
e não querer fazer escadas,
pra subir sem merecer.

MATEI A SEDE BEBENDO NA FONTE DA INSPIRAÇÃO

JL
Meu DEUS deixei de estudar,
que saí da fazendola,
pai comprou uma viola,
disse comece a cantar,
comecei a viajar,
passando pelo sertão,
com a viola na mão,
fiz o que estava querendo.
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

ML
Eu deixei a área urbana,
pra colher mais poesia,
a fim de passar um dia,
distante de farra e cana,
demorei uma semana,
no recanto do sertão,
só escutando o trovão
na montanha estremecendo.
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

JL
Eu não quis ser professor,
nem político em Brasília,
disse pra minha família,
não quero ser escritor,
meu sonho é ser cantador,
pra cantar minha emoção,
de repente e de canção,
meus filhos estão vivendo.
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

ML
Deixei a cidade ingrata,
onde a luta não se encerra,
fui passar num pé de serra,
sentindo o cheiro da mata,
vi a água na cascata
descendo de borbotão,
vi insetos pelo chão,
correndo e se remexendo.
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

ML
Fui ouvir papai cantar,
no tempo da mocidade,
olhei a espontaneidade,
da expressão popular,
em galope a beira mar,
em sextilha e em quadrão,
disse a mim e a meu irmão,
ouçam o que estou dizendo,
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

JL
Eu saí de madrugada,
pensando no meu amor,
pra acabar com minha dor,
fiquei na sua calçada,
dizendo pra minha amada,
me mate de ilusão,
venha, quem lhe chama é João,
me ajude que estou querendo.
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

ML
Fui passar na roça dela,
pra o trabalho de um dia,
lá tive tanta alegria,
que quase não deixo ela,
botei fogo na panela,
reacendi o tição,
e os caroços de feijão,
uns subindo, outros descendo.
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

JL
Vou fazendo o meu repente,
contemplando a natureza,
recebendo com certeza
a lição do onipotente,
que eu me sinto mais contente,
trabalhar com perfeição,
faço a composição,
sem faltar nenhum remendo.
Matei a sede bebendo
na fonte da inspiração.

JÁ CORTEI O BRASIL DE CANTO A CANTO, DEFENDENDO A CULTURA BRASILEIRA

ML
Fui até Fortaleza e Teresina,
Rio, Acre, Brasília, São Luiz,
Maceió, Itabuna, Imperatriz,
a São Paulo, Bahia, Jacobina,
João Pessoa, sapé, Patos, Campina,
Conceição e Santana de Mangueira,
Guarabira, Recife e Catingueira,
Mossoró, Pau dos Ferros e Encanto.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

JL
Eu também fui à Santa Catarina,
a São Paulo e ao Rio de Janeiro,
com viola, sanfona e com pandeiro,
defendo a cultura nordestina,
quantas vezes cantei em Teresina,
em Monteiro, Sumé, Sousa e Teixeira,
em Natal, Mossoró, Picos, Pesqueira,
Picuí, Cajazeiras e Alto Santo.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

ML
A viagem pra mim foi mais de mil,
lugarejo, sítio, localidades,
eu não conto os nomes das cidades,
que eu passei muito filme tão sutil,
percorri as estradas do Brasil,
enfrentando uma nuvem de poeira
sustentando a viola de madeira
e rezando ao divino Espírito Santo.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

JL
Já cantei em Tabira e São Luiz,
Teresina, Cuité, Cedro, Natal,
São Mamede, Iguatu, Junco, Pombal,
Quixadá, Ouro Velho e Mauritis,
em diversos lugares, fui feliz,
bar, igreja, salão, praça e feira,
João Pessoa que é minha ribeira,
se chamar, sem pagar, ainda canto.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

ML
Quando a rima não era divulgada,
só ouvia o sujeito camponês,
visitei um recanto português,
comecando a cantar pela estrada,
pela praça, em igreja e em vaquejada,
de manhã, pela tarde e a noite inteira,
indo a pé, caminhão, misto de feira,
pra vencer nessa arte, inda garanto.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

JL
Em Recife fiz apresentação,
quando eu vim de Pilar e Caicó,
eu de lá fui cantar em Maceió,
conduzindo a viola em minha mão,
em Sergipe que é a região
de caju, de goiaba e mangabeira,
quantas vezes eu já cantei na feira,
que de sol, chuva, frio, eu não me espanto.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

ML
Fiz da velha viola o ganha pão,
percorrendo as estradas do Brasil,
dei passada segura e tão sutil,
fui até Piauí e Maranhão,
já cortei os recantos da nação,
viajei de ribeira pra ribeira,
era um dia de folga, um de canseira,
era um dia de riso, outro de pranto.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

JL
Já cantei pra político e professor,
estudante, juiz, veterinário,
delegado, prefeito e empresário,
viajante, artesão e agricultor,
humorista, servente, aboiador,
para o povo que vai vender na feira,
já cantei até para macumbeira,
que quem canta, não canta só pra santo.
Já cortei o Brasil de canto a canto,
defendendo a cultura brasileira.

QUEM MERECE A MINHA AJUDA

ML
Já ajudei a quem é trabalhador,
que não gosta de rico e de empresário,
aumentei um pouquinho do salário,
pra quem luta e quem sofre no calor,
quem pediu-me uma dose de amor,
e as emoções que são sexuais,
e quem queria ter paz, eu dei a paz,
e ajudei de uma vez a redondeza,
botei massa na mesa da pobreza.
O que é que me falta fazer mais.

JL
Fiz remédios pra todos os xavantes,
quando eles estavam precisando,
professor quando estava reclamando,
fiz o mesmo estenderem os estudantes,
dei empréstimo para os comerciantes,
para a feira não ir mais para trás,
disse a LULA, você que é bom rapaz,
mate a fome do povo camponês,
e fiz de CÁSSIO, o governo de vocês.
O que é que me falta fazer mais.

A IMPORTÂNCIA DO CORDEL
Severino Feitosa (SF) e Louro Branco (LB)

SF
O cordel é importante
a cultura está de pé,
Manoel Camilo dos Santos,
o povo sabe quem é,
e cordel foi quem deu fama
a Patativa do Assaré.

SF
É a nossa faculdade,
que mostra nova estrutura,
além de pensar no verso,
a rima dá cobertura,
e J. Borges de Bezerros
cresceu na xilogravura.

SF
É o cordel estendido,
como pano de remendo,
ASTIER e outros mais,
no congresso estão vivendo,
e Antônio da Mulatinha,
numa banca está vendendo.

SF
PATATIVA DE ASSARÉ,
que foi uma liderança,
LEANDRO GOMES DE BARROS,
dessa nossa vizinhança,
e os versos desses poetas
servem de estudo na França.

SÓ SABE DEUS, EU E ELA, COMO O NOSSO AMOR NASCEU

LB
Lembro-me do que se fez,
esse amor que foi nascido,
eu já guardei o sentido,
a hora, o dia e o mês,
que foi a primeira vez,
na casa de um irmão meu,
na hora ela me mordeu,
também dei dentada nela.
Só sabe DEUS, eu e ela,
como o nosso amor nasceu.

SF
Eu nasci lá no sertão,
com a cara de recruta,
e ela simples matuta,
mas bonita de feição,
trabalhava no fogão,
um beijo meu recebeu,
outro beijo ela me deu,
debruçada na janela.
Só sabe DEUS, eu e ela,
como o nosso amor nasceu.

SF
Eu, um simples estudante,
cheio de necessidade
e tão longe da cidade
eu pensava a todo instante,
e porque estava distante
uma carta me escreveu,
inda perguntou se eu,
lhe achava muito bela.
Só sabe DEUS, eu e ela,
como o nosso amor nasceu.

LB
Ela de beleza farta,
minha amizade profunda,
a saudade na segunda,
apertou até a quarta,
escrevi logo uma carta,
com todo desejo meu,
e pedi ao irmão meu,
pra deixar na casa dela.
Só sabe DEUS, eu e ela,
como o nosso amor nasceu.

LB
Com um mês, eu encostado,
com dois, ela me beijou,
com quatro, me agarrou,
com cinco ,estava amarrado,
com seis, estava casado,
com sete, o bucho cresceu,
todo mundo percebeu,
depois nasceu a bruguela.
Só sabe DEUS, eu e ela,
como o nosso amor nasceu.

CHICO MENDES TAMBÉM PERDEU A VIDA, EM DEFESA DA NOSSA ECOLOGIA

SF
Muita gente até hoje inda protesta
que o campo era cheio de beleza,
mas quem fere a santa natureza,
dá a prova que para DEUS não presta
quem coloca o fogo na floresta,
vai sabendo que perde a freguesia,
onde a planta cresceu em água fria,
vem o homem e coloca um herbicida
Chico Mendes também perdeu a vida,
em defesa da nossa ecologia.

SF
Chico Mendes que foi um seringueiro
da divisa do norte do País,
que queria a Nação muito feliz,
porém viu-se num grande desespero
e na arma dum grande pistoleiro,
foi um alvo da triste pontaria,
e nem sequer chegou na delegacia
a palavra daquele homicida.
Chico Mendes também perdeu a vida,
em defesa da nossa ecologia.

SF
Esse solo devia ser sadio,
para o povo ter boa cobertura,
o veneno que chega na verdura,
é quem faz para nós um desafio,
o vinhoto que atiram pelo rio,
invadindo a barragem e a bacia,
uma planta que nasce se atrofia,
quando a água se encontra poluída.
Chico Mendes também perdeu a vida,
em defesa da nossa ecologia.

POR QUE SOU FELIZ !
Edvaldo Zuzu (EZ) e Severino Dionízio (SD)

EZ
Eu sou um homem feliz,
como profissional,
vou abraçar meu amigo,
vou respeitar meu rival,
porque não deixo ninguém
me dar lição de moral.

SD
Pra cantar no festival,
por fazer o meu programa,
por cumprir o meu oficio,
não manchar a minha fama,
ter os filhos que me abraçam,
ter a mulher que me ama.

EZ
Sendo eu o dono da cama,
tenho a mulher do meu gosto,
para ajudar, eu sou bom
pra trabalhar ,sou disposto,
porque bebo, como e visto,
com o suor do meu rosto.

SD
Por ser um homem disposto,
pra dar pão a meus guris,
trabalhando no roçado,
de DEUS tenho a diretriz,
são essas coisas que fazem
meu viver muito feliz.

SD
Vou nadar na correnteza,
beber água e me banhar,
contemplar toda paisagem,
pela terra caminhar,
ter serviço pra fazer
e a viola pra tocar.

EZ
Eu sou feliz por cantar,
nesta minha profissão,
todo ouvinte é meu amigo,
todo vate é meu irmão,
porque tenho o dom divino,
coragem e disposição.

EZ
Sou muito feliz na vida,
ter condições pra manter,
ter um teto pra morar,
a fonte para beber,
congresso para assistir
e cantoria pra fazer.

SD
Ter a casa pra lazer,
a viola como lenho,
ter rapadura com água,
garapa e mel de engenho,
são por graças dessas coisas,
que felicidade tenho.

EU PASSO FOME E NÃO VENDO MEU BOI DO CULTIVADOR

EZ
Quem trabalha todo dia,
pra cultivar meu roçado,
pra puxar o meu arado,
nunca me falta energia,
eu deixo a tripa vazia,
o rosto mudar de cor,
e meu boi trabalhador,
todo dia lhe defendo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

SD
Todo dia eu faço assim,
passo por dentro da manga,
tiro do pescoço a canga,
e solto no meu jardim,
todo dia eu dou capim,
nascido no meu setor,
ele é meu trabalhador,
vigoroso e estupendo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

EZ
Quem vive pra trabalhar,
se utiliza um chocalho,
todo dia no trabalho,
da roça pra me ajudar,
pode a mulher não gostar,
o filho não dar valor,
mas esse boi lutador,
pra venda a ninguém atendo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

SD
Vou deixar aposentado
esse boi que trabalhava,
disposto, não se cansava,
mesmo estando estropiado,
que puxava o meu arado,
da maneira de um trator,
sofrendo frio e calor,
era subindo e descendo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

EZ
Acordo de madrugada,
boto no boi uma canga,
não reclama, não se zanga,
porque boi não fala nada,
na luta não se enfada,
sua força e de motor,
quem passa fome e calor,
sente sede e sai bebendo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

SD
Esse boi é meu amigo,
que trabalhou de alugado,
quem cultivou meu roçado,
quem construiu meu abrigo,
compro farelo de trigo,
para aumentar o sabor,
ele é merecedor
de tudo que estou fazendo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

EZ
Pega o serviço do eito,
pra maior disposição,
trabalhando num rojão,
que me deixa satisfeito,
não vendo ele a prefeito,
deputado e senador,
vigário nem a doutor,
se eu vender, me arrependo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

SD
Os serviços da fazenda,
meu boi me ajuda a fazer,
começa no amanhecer ,
no roçado ou na moenda,
não quero que ninguém venda,
nem venha botar valor,
pois somente o Criador
dá o destino, querendo.
Eu passo fome e não vendo
meu boi do cultivador.

QUERO A MINHA FAMÍLIA REUNIDA ESTE ANO NA CEIA DO NATAL

EZ
Pra lembrar o Jesus de Nazaré,
este ano eu não quero ter quizília,
vou passar o Natal com a família,
no meu lar, que alimenta a minha fé,
um pedaço de lombo ou de filé,
de peru, de galinha do quintal,
e um pouquinho de vinho especial,
que eu não quero tomar outra bebida.
Quero a minha família reunida
este ano na ceia do Natal.

O CACHACEIRO: Em quadrão perguntado

SD
Como vive o cachaceiro,
aborrecendo a família,
danificando mobília,
gastando todo dinheiro,
sem sair do desespero,
sem apoio e condição,
gasta o dinheiro do pão
na barraca do vizinho,
finda sofrendo sozinho;
Isso é responder quadrão.

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