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Ensaios-->DE VOLTA ÁS ORIGENS ...OU -- 01/12/2006 - 21:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

DE VOLTA PRA CASA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Todo dia, nos jornais, notícias parecidas. Quase sempre, se repetem; e dão o tom dos novos tempos. Novos, não mais que isso. Sem que, com isso, e só por isso, ou nessa simples condição, o contemporâneo seja sinal de moderno, de colosso, eis a questão; principalmente, se comparada, tal premissa, com o tempo em que éramos mais moço. Tempos idos, tempos velhos, sem que, também e só por isso, ao contrário do novo, conforme acima foi dito, o velho seja confundido com estragado; pintura de carro riscado, motor barulhento, engasgado; ou goteira no telhado. O velho, no caso, é o novo. O moderno ficou no passado. O futuro, tudo indica, parece que andou para trás. E tudo que foi inventado, até agora, custa caro e, nem por isso, se garante o benefício. A televisão, o melhor exemplo, tem sido aquele tormento. A grade de seus programas, não agrada muita gente. Pornografia evidente, travestida de erotismo inconseqüente. Sexo, violência, banalidades, mesmices. A TV mais voltada para o comercial, o lucro fatal. O lado lúdico, dos sonhos e da democracia, da participação, da utopia possível, da opinião popular, e da interação entre cultura, artes e entretenimento, ficou no esquecimento. Aguardando a TV digital. Será que haverá mudanças, afinal? Por enquanto, estamos condenados ao sobe-e-desce diário das bolsas, e das recaídas do dólar. O tempo, a chuva e a enchente. Além de queda, coice. Enchendo a cuca da gente. Nada de novo, nada de diferente. Fim de semana, então, nem se fala. Sábado é dia de “Sabadão”; e domingo é dia de pegadinha do nosso amigo Faustão. Fantástico, extraordinário, e encerram a sessão. Fastidioso e desinformado, vai dormir o cidadão. Festival de repetição. Aqui, acolá, um pouquinho, quem procura acha boa informação. Prevalece, no entanto, a pasteurização. Falta mais cultura e mais educação. E melhor qualidade na pauta de entretenimento. Sal e pimenta, ao dente; e participação, qualidade e diversidade de informação. Menos conivência, e mais isenção.

Educar pelo exemplo. De volta às origens. Saudosismo? Pode até ser. Mas que faz por merecer. Diante de tantos absurdos. Escândalos e falcatruas andam soltos pelas ruas. Ninguém é preso, ou contestado. Ao contrário, são premiados. Respondem a processos no Judiciário e voltam de novo ao cenário. A Câmara e ao Senado. Alguns, supostamente, o fazem, procurando proteção garantida pelo foro privilegiado. Ainda que réu-confessos. Ainda que na condição de culpados. Vistos, lidos e relatados. Culpa dos partidos, das leis e do sistema; e de parte do eleitorado. Que votam como quem torce, na geral, pelo time admirado, o time do seu coração. Que lhe tem dado tantas alegrias. E outras tantas quinquilharias. Ou cargos e ministérios para os mais chegados. Amigos e aliados. Assim dizem, os indignados. Por conta, supõe-se, da tal da governabilidade. Que se pretende com a palavra de ordem, a ordem dia: coalizão em torno do nada. A unanimidade de que nos falou Nelson Rodrigues. Toda ela, por certo, não é nada inteligente. Ao decretar, ou permitir, o fim do contraditório, da suposição ou do supositório, como queiram. Pior: o fim da oposição fiel e responsável; como é de sua obrigação. Ninguém fiscaliza mais nada. Nem o leite, nem o ouro do Erário derramado.

Enterramos, assim, todos os problemas. Principalmente os que nunca foram esclarecidos. Vale praticar o perdão. Fazer o bem sem olhar a quem. Assim parece agir os omissos e os ausentes. Deputados, senadores e presidentes. E demais autoridades competentes. A proposta é minimizar, transformar o verdadeiro em aparente. Simples atitude inconseqüente. Ainda que estejamos diante de crimes hediondos, praticados com frieza e covardia. Crimes são vistos como traquinagens de escolares. Sem maldades. Deslizes tolerados pelos mais velhos.

Mais ou menos como era no passado. No tempo do meu tempo. Em que os alunos mal comportados eram punidos, pela professora, com castigos variados, conforme a gravidade do mal praticado; variando da simples repreensão até a humilhação de ficar, o infrator, de joelhos na porção de milho, passando pelo puxão de orelhas e outros castigos mais tolerados: cascudos, beliscões, empurrões e, em casos especiais, a obrigação de escrever mais de cem vezes, no quadro negro, depois de finda as aulas, frases do tipo “prometo não fazer mais isso ou aquilo”, até ficar com sua mão embranquecida, pelo giz, e adormecida, pela exaustão dos movimentos; tudo sob supervisão da professora, àquela altura, arrependida pela pena concedida. Afinal, o apenado não é mais que um menino, sujeito ao desatino, pensava o carrasco de plantão.

Assim é nos tempos de hoje, guardadas as devidas proporções. Todavia, convenhamos, puxar a orelha de sanguessugas, consolar companheiros indiciados, repreender, com palavras amenas, ou dar beliscões em quem recebeu, “apenas”, dinheiro de origem duvidosa, quebrou sigilos bancários e fiscais de terceiros, sem prévia autorização judicial, como foi o caso do jardineiro, não me parece sensato. Os crimes, os devidos reparos, no caso, ficam de graça, barato. Igualar - os castigos que se aplicavam aos escolares de outrora- aos aplicados aos atuais presidentes de partidos políticos, tesoureiros, secretários, doleiros e marqueteiros em geral, que receberam ou movimentaram dinheiro de origem duvidosa, não me parece justo, e muito menos legal. Não rima com a boa ética e não é prosa condizente com a moralidade pública. Até a sanção mais forte, a condenação de ajoelhados no milho, ou a obrigação de registrar, no painel da Câmara dos Deputados, mais de cem vezes, a frase “prometo nunca mais receber dinheiro de origem duvidosa ou participar de ações que ponham em risco a democracia e o bem-estar do povo brasileiro”, também é pouco e dá pouco resultado.

Por outro lado, deixar de lado, tudo esquecido, todo o dinheiro que nos foi roubado, nunca esclarecido, nem devolvido, é zombar do eleitorado, do cidadão, do povo sofrido. Milhões e milhões de dólares e reais escondidos pelas cortinas do cinismo e da impunidade, andaram em hotéis, escritórios e aeroportos. Ninguém soube, ninguém viu, mitos viram e foram absolvidos pelos votos secretos, dos escondidos. E renovaram a matrícula. Voltaram para o abrigo da escola. Juntos com outros colegas antigos, que pra lá voltaram. Foram reeleitos. Alguns eleitos. E com algo em comum: envolvidos em questões judiciais. O que não é motivo para obstar o direito de participar de novos pleitos, logo em seguida. Até que a sentença seja transitada em julgado, vale dizer, até que o seu mandato expire.

Parece tudo piada. Não passa de simples palmadas. Beliscões em quem cometeu crimes hediondos. Delitos considerados, não de alunos, mas praticados por professores catedráticos, como requintes de crueldade. E para fechar o teatro dos horrores, a coalizão anunciada. Desejada. A estratégia final, pretende-se, o casamento interesseiro. Sem o devido esclarecimento da origem do dinheiro. E do mandante do crime, no caso do dossiê. O povo precisa saber. O caso do jardineiro. Será tudo esclarecido, primeiro? Por que anda triste o jardineiro. O que foi que aconteceu que ninguém caiu do galho, nem um suspiro deu. E por falar em suspiro, onde anda o Waldomiro? O Duda, o marqueteiro? E os dólares na cueca? Meninos levados da breca. Só dando umas boas chineladas! Em tantos alunos, tantos companheiros. Suficientes para montar vários times de futebol. Com direito a churrasqueiro. Um campeonato inteiro. Com atacante e goleiro, meio-de-campo e ponta esquerda, chutando com as duas, na ponta direita. Com o mesmo esquema tático da seleção passada. Época em que todas as estatais foram privatizadas. Todo o governo alugado.

Finalmente, meu entendimento acerca da posição do governo: Para mim, o presidente não foi reeleito. No sentido de, pelo povo, ter tido seu desempenho aceito. No meu modo de ver, o governo foi reprovado. Igual ao aluno faltoso. Que não gosta de ler, nunca foi estudioso. Por isso mesmo, é repetente. Obrigado a mais pum período letivo. Nada Serpa diferente. Vamos ver se haverá melhoras no desempenho. Nas aulas de matemática, estatística aplicada e um pouco de concordância, pelo menos. Concordância de métodos nominais e verbais. De expressões, de oratória, de literatura, de figuras de sintaxe, recursos lingüísticos, metáforas, aforismos, eufemismos, sofismas. Paradoxos em geral. Fome zero, anorexias do primeiro emprego. Anemia compulsória. Fastios e tonteiras. Desfile de bulimias. Parafraseando o Vinícius, as gordas que me perdoem, mas magreza é fundamental. Modelo para o mundo ocidental. O mundo neo-liberal. A fome como agregado natural. O artesanato e a renda. O trabalho e o capital. A distribuição das riquezas produzidas. A outra renda. Que não rende tanto assim. Nunca tantos ganharam tão pouco. Nunca poucos tanto ganharam e ganharão, enfim. Pior: não se envergonham ou a perderam em algum lugar incerto e não sabido; não se lembram mais de nada do tempo, nem que mentir já foi pecado capital. Quando ela, a capital, era no extinto Estado da Guanabara, na Cidade, então maravilhosa, do Rio de Janeiro, mais conhecida como a cidade de São Sebastião de muito sol, de praia e mar, de belas garotas, de muitos janeiros e alegres fevereiros. De Ipanema até Santa Cruz, seguindo de “maria fumaça”, pelas rotas do ramal de Mangaratiba, passando por Muriqui, Coroa Grande e coisa e tal.

Mas, descontada a inflação, há superávit primário. Tudo o mais é secundário. Por via das d´vidas, continua o viés da economia. A Selic segue, lenta, a sua corrida ladeira abaixo. Sem muita pressa de chegar ao fim do poço. Sem sonhar em ousar, em criar, posto que tudo isso, para alguns, é utopia. Pura fantasia. Sem acreditar que é preciso nadar nas águas da poesia, como diria minha querida e inesquecível dona Elisa Augusta Rodrigues. Que saudades da minha professorinha. Que me ensinou o mais importante be-a-bá de minha vida: a arte de ler, escrever e de sonhar.




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