O Brasil é um país com uma forte vocação para a agricultura, pois aqui nós encontramos vastas extensões de terra fértil, um clima extremamente favorável, disponibilidade de mão-de-obra e um outro aspecto extremamente importante, nós temos tecnologia e técnicas apuradas em tudo que se está relacionado à produção agropecuária.
Os números da produção agropecuária brasileira são surpreendentes. Anualmente, nós produzimos bilhões de toneladas de soja, milho, arroz, feijão e mais de uma centena de diferentes itens, gerando um volume de rendimentos extraordinários.
Mas nós devemos ter consciência de que as atividades agrícolas, além dos seus inúmeros benefícios ao país, também podem gerar riscos ao meio ambiente. Existem diversos impactos negativos associados a essa atividade, dentre os quais: desmatamento e queimadas ilegais, assoreamento dos cursos d’água e poluição do ambiente a partir do uso de agrotóxicos.
Hoje, o uso indiscriminado de agrotóxicos tem preocupado cada vez mais a nossa sociedade, pois ele é considerado uma das principais ameaças à perda da biodiversidade global. Nós sabemos que ainda existem muitos proprietários rurais que não tomam os devidos cuidados com relação ao uso de agrotóxicos, especialmente em relação à destinação das embalagens usadas.
O principal motivo para se dar uma destinação final correta para as embalagens vazias dos agrotóxicos é diminuir o risco para a saúde das pessoas e de contaminação ao meio ambiente.
Existem dois tipos básicos de embalagens de agrotóxicos: (1) ‘laváveis’ e (2) ‘não laváveis’. As embalagens ‘laváveis’ são aquelas que devem ser lavadas. Elas são feitas de plástico rígido, lata ou vidro e, geralmente, possuem produtos que devem ser diluídos em água numa etapa anterior à pulverização do produto na lavoura. Como a maioria das embalagens é lavável, é fundamental a prática da “lavagem tríplice” para a devolução e destinação final correta.
Já, as embalagens ‘não laváveis’ são aquelas que, conforme indica o nome que recebem, não podem ser lavadas. Essas embalagens podem ser “contaminadas” ou “não contaminadas”. As embalagens “contaminadas” são aquelas que entram em contato direto com o produto e não podem ser lavadas. As embalagens “contaminadas não laváveis” são feitas normalmente de material flexível, como saquinhos plásticos, sacos de papel ou sacos plásticos metalizados. Já, as embalagens “não contaminadas” são aquelas que não entram em contato direto como produto agrotóxico, por exemplo: caixas secundárias de papelão, que são usadas para transportar outras embalagens.
A compreensão dos tipos diferentes de embalagens deve ser levada em consideração na adoção dos procedimentos relacionados ao seu acondicionamento e à sua devolução para as “Unidades de Recebimento e Armazenamento de Embalagens Vazias”. Tanto o vendedor, quanto o produtor rural devem estar atentos às exigências técnicas de manipulação e armazenamento de cada item e produto.
O NATURATINS (Instituto Natureza do Tocantins) é o órgão responsável pelo cadastro e licenciamento dos estabelecimentos que comercializam agrotóxicos. Ele é também quem autoriza a instalação das “Unidades de Recebimento e Armazenamento de Embalagens Vazias”. Mas como os problemas associados ao uso de agrotóxicos podem afetar a todos, os profissionais desse Instituto alertam que toda sociedade deve estar atenta, consciente que para protegermos o meio ambiente, todos devem estar envolvidos.
Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 219, p. 06, de 06/07/2007. Gurupi – Estado do Tocantins.
Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
