Tenho feito críticas aos procedimentos de alguns institutos de pesquisas, que não primam pela informação de qualidade que, ao meu ver, deveria ser melhor trabalhada e mais divulgada junto aos eleitores, tendo em vista, principalmente, a importância de que se reveste, para a democracia que pretendemos construir, uma eleição de caráter geral, como esta, que ocorrerá muito em breve.
Informar, tão-somente, quanto ao sobe-e-desce de percentuais obtidos pelos candidatos, ao sabor do troca-troca de nomes, tal qual a tabela de um campeonato de futebol, não faz o menor sentido. Ainda mais quando tudo é realizado sob a ótica condicional do “se a eleição fosse hoje, quando todo mundo sabe que não é.
Ainda bem que existem órgãos da imprensa que, de alguma forma, preenchem o vazio deixado pelos institutos de pesquisas, e pelos marqueteiros de plantão, melhorando um pouco a compreensão do eleitorado acerca do que pensam e pretendem alguns dos candidatos à presidência da república.
Numa excelente reportagem sobre a temática da violência, que retorna às páginas dos jornais com força redobrada, posto que, desta vez, atingiu em cheio a classe política, além de avançar, a passos largos, na direção do grande empresariado, alcançando e ferindo de morte membros do Ministério Público, o jornal Correio Braziliense, de Brasília, nos fornece uma interessante amostra, sob a ótica da violência.
De modo geral, a questão, salvo melhor juízo, causou decepção. O Lula restringiu-se a proibição de armas no Brasil, com exceção aos colecionadores e desportistas, colocando-se, ainda, a favor de proibir a exportação de armas para países que fazem fronteira com o Brasil; é a favor, também, da unificação das polícias.
Ciro Gomes é a favor do estímulo às polícias comunitárias e de tornar os crimes de contrabando de armas, narcotráfico e crimes cometidos contra policiais e a administração pública, como crimes federais.
Garotinho é a favor de mudanças na política econômica, da presença das forças armadas no combate ao contrabando de armas e drogas, do aumento do nível de emprego, e de uma política de inteligência com participação das forças armadas e da polícia federal.
José Serra disse que seu programa sobre violência ainda estava em fase de elaboração.
A candidata Roseana Sarney, é a favor de se criar polícias regionais, criar uma Secretaria de Segurança, vinculada ao Ministério da Justiça, formar um pacto nacional para a segurança, dar prioridade à juventude nas áreas de cultura, lazer e esporte e geração de empregos, criar um piso salarial nacional para os policiais, dar autonomia aos órgãos de perícia legal, criar um núcleo de altos estudos sobre segurança pública, criar uma Secretaria Nacional de Inteligência, criar uma Secretaria de Planejamento operacional para ações objetivas, criar centros de segurança comunitária, criar um serviço de apoio ao policial, e finaliza dizendo que está sendo estudada a possibilidade de propor a criação de prisão perpétua para seqüestros seguidos de morte. Ufa!...
Pelo visto, e sem pretender criar polêmica em torno do assunto, em termos de violência todos foram reprovados. Neste particular, estamos mal de candidatos. Seria bom que a imprensa questionasse outros assuntos.
Domingos Oliveira Medeiros – 02 de março 2002.
Com correções e atualização
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