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Artigos-->DEPOIS DE TUDO, O QUE SOMOS? -- 01/07/2012 - 21:23 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


DEPOIS DE TUDO... O QUE SOMOS?



 






Francisco Miguel de Moura*


 


Euclides da Cunha escreveu uma frase monumental em “Os Sertões”, por isto poderíamos dizer que é eterna: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. “Antes”, bem podia ser. Acontece que, praticamente já não há mais o sertanejo-personagem de “Os Sertões”. A “raça” está praticamente extinta, absorvida pelos citadinos... Aqueles correram para cidade, em busca da televisão e de outras atrações que só existiam na cidade. Os governos brasileiros do passado, a partir Washington Luís, para quem “governar é fazer estradas”, abriram os caminhos (estradas). Não só para as capitais, mas para quase todas as pequenas cidades e vilarejos. Por aí, o “sertanejo” segue em busca de escolas e melhores meios de abastecimento, saúde e comunicação de todas as formas, as quais lhe propicie boa vida. Literalmente, a população interiorana correu para a cidade. Aqui, certamente, será visto, nem que seja apenas na hora do voto.


Nossas cidades cresceram (desordenadamente) e o campo estreitou-se. A zona rural já não existe como antigamente. Com eletricidade, televisão, rádio, carros, instrumentos agrícolas e domésticos sofisticados, para alívio do braço do agricultor e da dona de casa, as fazendas que podem produzir mais e se manterem com as rendas, estas - poucas - ficaram. As demais viraram “capoeiras”. As pessoas que não pensam nisto, ainda acreditam nas delícias da roça e dizem: “Vou tirar umas férias, não agüento mais essa zoada da cidade, de dia e de noite... Se a música fosse menos barulhenta!...” Fico pensando: “Estão redondamente enganados”. Os agricultores e criadores ricos adquiriram instrumentos e têm com que resolver os problemas com pouca mão-de-obra, ou seja, com trabalhadores qualificados. Os pobres (coitados!) deixaram suas lavouras de subsistência e estão todos na cidade, onde recebem bolsa família, bolsa escola e outras bolsas do governo. Aqui, os filhos vão estudar e ter melhor condição de vida. Mas, as escolas fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem, o que é lastimável. Sem contar o tipo de moradia que esses recém-chegados conseguem: nos bairros longínquos, sem condução suficiente, sem condições sanitárias, expostos à dengue e outras pragas. Porém, ficam satisfeitos com a “cestinha”, a tevê e a promessa dos políticos desavergonhados e viciados na compra do voto – políticos aliados com jogadores e traficantes de drogas de todos os tipos. (Lembremos que, no momento, estão lidando com o caso do Carlinhos Cachoeira, que veio à tona).


E a vida na cidade é assim: shoppings, restaurantes, bares, boates, cabarés, comprinhas no Centro às vezes (no mercado da classe média e pobre), uma viajinha ou outra nos feriados prolongados. É a rotina. Rotina de tevê, internet, futebol. Ninguém mais lê, as livrarias vivem com a venda de papel e outros instrumentos para escritórios: - são simples papelarias.


Assim, nosso país chegará ao “quase-nada”. Sem prêmios nobéis de ciência, de literatura, medicina, química, física; sem engenheiros... E sem grandes cineastas, atores no teatro, escritores, inventores, professores ganhando bem e escolas (especialmente as públicas) bem equipadas, que valham a pena serem chamadas de escola, ficaremos sendo um paísinho da América Latina, sem projeção, sem riqueza. Na verdade, do meado de séc. XX aos nossos dias, o Brasil não cresceu. O que cresceu foi a população. A distribuição da renda continua a mesma. Onde já se viu tornar um país rico com esmolas? Bolsa família e todas as bolsas que se inventaram nos últimos governos são esmolas. Onde já se viu um país tornar-se potência, abrigado em leis casuísticas, feitas para proteger quem as faz, e leis descumpridas a toda hora, porque permissivas e lenientes? Citem-se a “Lei Seca”, a “Lei da Ficha Limpa”, a “Lei da Palmadinha” e tantas outras. Indústria, ciência e cultura é que fazem qualquer país crescer. Com grandes universidades, além da expansão da escola fundamental e média a todos, mas com qualidade, aí, sim, poderíamos parafrasear Euclides da Cunha com a seguinte expressão: - “Depois de tudo, o brasileiro é um forte!”.



 

Entrementes, prefiro dizer que ainda somos “o país dos coitadinhos”, frase com que titulou seu livro o escritor Emil Farhat, famoso sucesso nos anos 1960. Intriga-me não ter sido reeditado.  Editores, vocês também estão alienados na onda dos partidos que formam a chamada “base aliada” do governo?


 


                  (Publicado no jornal "O Dia", edição de 9-6-2012)


 


*Francsco Miguel de Moura, poeta e prosador, mora em Teresina, PI, Brasil. Tem curso de Licenciatura de Letras e pós-graduação em Crítica de Arte, esta feita na Univesidade Federal da Bahia, na época em que morou lá.

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