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Artigos-->A MINIANTOLOGIA DE NANCY PASSY -- 29/06/2012 - 17:14 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A MINIANTOLOGIA DE NANCY PASSY



 



L. C. Vinholes



 



Depois de uma segunda estada em Tóquio, chegando a Ottawa, em agosto de 1977, procurei conhecer o ambiente cultural canadense, concentrando meu interesse especialmente no relativo à música e à poesia. Não foi por acaso que escolhi estas duas áreas. Sempre foram as de meu maior envolvimento e nelas, nos quatorze anos vividos no Japão, obtive resultados gratificantes. Acreditei que seria viável repetir com eventuais parceiros canadenses o que havia conseguido com os japoneses. Claro que, com o tempo, me dei conta da enorme diferença na maneira como o Brasil, suas artes e cultura eram aceitas e apreciadas nos dois países.



 



No Japão, nos anos 1960, teve destaque a divulgação não só da música de concerto, mas também da música popular, em especial modo da nascente “bossa nova” que influenciou aos músicos japoneses. A poesia concreta resultante das idéias e ideais do Grupo Noigandres dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari e Ronaldo Azeredo, com marcante impacto na produção dos poetas japonesas possibilitando criar a poesia concreta japonesa, com características próprias e marcantes, o que ficou evidenciado na produção dos membros da Associação para Estudos da Arte - ASA. Marco importante foi a Exposição de Poesia Concreta Brasileira, em abril de 1960, no Museu de Arte Moderna de Tóquio, a primeira do gênero no exterior. Registre-se ainda a antologia de peças de teatro brasileiro traduzidas para o japonês que mereceu duas edições (1977 e 1995) e a filiação de gravadores e pintores brasileiros da Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Áudio Visuais (ISPAA) participando das mostras realizadas no Japão e Coréia.



 



No Canadá verificou-se marcante apreciação das obras dos artistas plásticos brasileiros nas inúmeras exposições não só na capital, mas também em outras cidades, com apoio de instituições tais como a Universidade de Ottawa, a Universidade de Toronto e a Biblioteca Nacional do Canadá quando foram apresentadas obras de Carlos Martins, Lourdes Cedran, Leda Watson, Aldemir Martins, Armando Matos, Athos Bulcão, Claúdio Kuperman, Doris Nogueira Rogers, Eduardo Iglésias, João Batista Pinheiro, Odetto Guersoni, Paulo Cheda Sans, Roberto Lúcio, Ronaldo Miranda, Carlos Scliar, Takashi Fukushima, Berenice H. Vasco de Toledo, Carmen Bardy, Elizabeth Etzel, Luiz Gallina Neto, Lyria Palombini, Marilha Rodrigues, Wagner Hermuche, Walter Ponte, Kazuo Walabayashi, Siron Franco e Antonio Henrique Amaral, entre outros. A exposição de poesia concreta brasileira nas universidades acima citadas; a exposição das obras de Jorge Amado acompanhadas as traduções para diversas línguas na Biblioteca Pública de Ottawa e na Robartsda Universidade de Toronto; e as transmissões dos programas Mosaico com música e poesia brasileira dirigidos por Lloyd Stanford da rádio da Universidade Carleton, de Ottawa, ganharam numeroso público e prenderam a atenção dos ouvintes canadenses.



 



Contando com a colaboração de Janet Mcgregor, bibliotecária da Embaixada do Brasil, consegui, com facilidade, conhecer os nomes dos poetas canadenses mais em evidência dentre os quais não podem ser esquecidos Earle Birney, bill bissett, Craig Campbell, Judith Copithorne, Andrew Suknaski, Kimberley Jordan, Susan Musgrave_edn1" name="_ednref1" title="">[i], Mark Frutkin, James Hearst, Linda Sandler, Judith Fitzgerald, Hans Johnsen, Joseph Mcleod, Irving Layton, etc. Também por intermédio dela consegui exemplares de antologias importantes, recolhidas em sebos, tais como Four Parts Sand com poesias de Birney, bissett, Copithorne e Siknaski; e “the cosmic chief, an evening of concrete”, de bp Nichol_edn2" name="_ednref2" title="">[ii]. A prestigiosa revista mensal Canadian Forum permitiu-me conhecer a produção mais recentes dos poetas em voga como também de autores em ascensão. Assim como fazia no Japão traduzia a produção dos canadenses e, identificando-me apenas com minhas iniciais lclv, quase anonimamente a todos enviava texto bilíngue. Dos contatos epistolares que fiz apenas um se mantém vivo até hoje e é justamente com o poeta mais ousado e controvertido no mundo literário canadense desde as últimas décadas do século XX: bill bissett_edn3" name="_ednref3" title="">[iii], com minúsculas como pede o poeta.



 



Nos anos 1978 e 1979, na leitura diária dos jornais de Ottawa, atualizando-me quanto ao que ocorria na capital e no país, não perdia as oportunidades de conhecer a poesia que, com frequência, era publicada nas suas colunas. Foi principalmente no Ottawa Journal que me familiarizei com os nomes de S. J. Connell, Leonore A. Pratt, Harry Miller, Margaret Graham, Winnifred A. Horne, Stephen R. Guerin, Monica Maskell, Ruth E. Scharfe, Hazel Levere, Norma Ezri e daquela cujo nome aparece no título destas memórias, Nancy Passy. Com o tempo observei e achei curioso o fato de que muitos dos poemas destes autores versavam sobre temas relacionados à natureza.



 



No final de 1979, em uma miniantologia, reuni vinte e seis dos poemas dessa última autora e os dividi em quatro grupos buscando as afinidades que tinham com as quatro estações do ano do hemisfério norte. Daí o título escolhido Bosquejo dos Quatro Ventos. Claro que todos são de uma natureza distinta daquelas da poesia clássica japonesa conhecida como haikai, mas com esta tinham, e tem, marcante afinidade, não na forma, mas sim na leveza e no apego às características que permitem identificar  o período ao qual se referem e, como aqueles, no convite que fazem ao leitor a tomar parte na recriação do ambiente sugerido em seus versos. Na oportunidade que tive de conhecer a autora me foram entregues quatro desenhos de sua lavra, singulares pela simplicidade e economia dos seus elementos de composição. Passaram a inaugurar cada um dos quatro grupos da coletânea bilíngue que tomei a liberdade de compilar e que até hoje permanece inédita em caprichada “edição” datilografada. Foram providenciadas dez cópias xerocadas, cinco entregues à poetisa e cinco que guardo até o presente.



 



Graças às facilidades oferecidas pela tecnologia do nosso tempo, decidi divulgar poemas de Nancy Passy no sitio www.usinadeletras.com.br, no original em inglês e na tradução em português, para estabelecer um elo entre o presente, do qual desfruto, e aqueles dias que sempre me foram tão caros.



 



Os títulos dos poemas e os grupos, que formam a Bosquejo dos Quatro Ventos, são os que seguem: Primavera: Spring song - Canto da primavera, Spring down - Alvorada da primavera, April - Abril, Groundhog - Marmota, April - Abril, Spring walk - Passeio primaveral. Verão: Summer woods - Bosques de Verão, Dreams and shells - Quimeras e conchas, Listless day - Dia apático, Tumblers and dancers - Saltimbancos e dançarinos. Outono: Indian Summer - Veranico, Hurdy-Gurdy days - Tempos dos realejos, Storehouse -Armazem, Wild geese - Ganços selvagens, Two actors - Dois atores. Inverno: September - Setembro, September rain - Chuva de setembro, First snow - A primeira neve, Winter  sunrise - Solraiar de inverno, Novembro - Novembro, Lest we forget - Para que não esqueçamos, Snow scene - Cenário de neve, Canal skating - Patinação no canal, Winter evening - Entardecer de inverno, Winter window - Janela do inverno, Waiting for spring - Aguardando a primavera.



 









_ednref1" name="_edn1" title="">[i]Uma de suas obras que chama a atenção é Gullband, aventura de um gato e seus amigos e sua visita ao Brasil. Sobre a poetisa escrevi o artigo “A escritora e poetisa Susan Musgrave”, disponível no sitio www.usinadeletras.com.br.





_ednref2" name="_edn2" title="">[ii]Algumas das obras de bp Nichol: ABC The Aleph Beth Book (Oberon Press, 1971) e The Martyrology - Bool 5 (The Coach House Press, Toronto, 1982).





_ednref3" name="_edn3" title="">[iii]Algumas das obras de bill bissett: Pomes for Yoshi, Autor de Sailor (1978), what we have (1988), Northern wild roses/deth interrupts th dansing (2005), Sublingual (2008), todas publicadas pela editor Talonbooks, em Vancouver. Sobre este autor escrevi o artigo “Um novo poeta canadense: bill bissett”, publicado no Diário Popular de Pelotas (RS) em 22.08.1982, seção literatura, p.27.



 




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