Sobre o que nos conviria falar neste momento? Crises? Inconformismo? Fome? Preconceitos? Ou seria melhor fazer uma síntese, interagindo tudo, a fim de tirar algum proveito, quem sabe em prol de mim mesmo, na esperança de uma consolidação de intelectualidade? É muito difícil encontrar um orador, que se mostre espontàneo do começo ao fim, sem querer uma promoção, não importa de que tipo seja. Qualquer um dos assuntos acima mencionados implica em articulações políticas e, para mim, política é uma coisa tão hipócrita, na prática, que eu me dou por satisfeito com alguns conhecimentos teóricos sobre sistemas utópicos. Ou será que isto é apenas uma retórica oportunista da minha parte?
Eu não tenho remédio para nada e nem sei se existe alguém que, numa ousada produção independente, tenha conseguido a panacéia. Se ele existe, sou o primeiro a querer procurá-lo, para saber, entre outras coisas, com qual elixir se trata a angústia.
Para quase todas as pessoas, as atitudes são sempre as mesmas, ou seja, observar os erros dos líderes, colaborar com esmolas na caixinha do cego, dizer que isso ou aquilo está errado, apresentar soluções com as quais se beneficiem, ter esperanças em um futuro melhor que um possível neocristo irá trazer, etc. Obviamente, eu não vou me excluir, pois a minha "catequização" foi tão esmerada que, mesmo estando consciente da necessidade de remodelações, eu aponto-as, somente aponto-as.
Torna-se cada vez mais interessante ver a agonia dos seres humanos, entregues a alguns governantes que, quando sentem o seu poder ameaçado, fazem de tudo para preservá-lo, inclusive em nome de uma suposta democracia. O líder comum está disposto a destruir qualquer coisa, para mostrar que é um político sério, que cumpre as promessas de campanha, no fundo mais necessárias ao bem-estar da cúpula do que da população que o elegeu.
Mas estes assuntos não são suficientes para que entendamos todas as flechas que nos atingem. Na verdade, o que temos é a falta de uma sociedade suficientemente organizada, que assuma as responsabilidades inerentes a ela e que, ao mesmo tempo, tenha coesão suficiente para resolver tudo a que se dispuser. Não quero dizer que seja necessária a ação de todos os cidadãos o tempo todo, mas que se tenha um grupo representativo de pessoas, efetivamente capaz de representar a sociedade em que vive. Certamente, não é uma coisa muito fácil de se ver por aí. Fácil é ver alguns batalhões privilegiados de políticos e de politiqueiros, executivos sob pressão, sempre numa boa, até que os reprimidos de alguma maneira se manifestem.
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