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Poesias-->PÁTINA & CIA -- 13/02/2003 - 11:46 (Anderson Christofoletti) |
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PÁTINA & CIA.
O tempo
Talhou
Tortuosas
Esculturas,
Fez
Fendas
Finas
Nas alturas.
Uma delas surgiu, ainda ontem,
E por ela se derrama uma cascata de lume.;
Um véu de betume
Que cobre os objetos adormecidos por sobre a mesa.
Alguns livros, um copo, uma caneta estendida
E um poema mal começado
Elaboram um labirinto
Para os pequeninos seres
Que me fazem companhia.
A epiderme
Revela traços finos
-Filhos de mãos abstratas-.
Na gaveta,
Cartas adormecidas
E folhas amareladas
-Com letras caídas
E linhas desocupadas-
Pedem releitura.
Súbito
Sou tomado
Pela paz serena
E capturado
Pelo silêncio das horas.
Volto
E uma vela
Me revela
Um novo cenário:
É noite
E pelo que me lembro
Pouco senti do açoite
Irrevogável do tempo.
Meu universo particular dorme
Em estado de latência absoluta.
Em meio à luta
Entre lua e escuridão,
O espelho da velha cômoda
Denuncia que há uma face mutante
Neste cenário.
Uma lívida luz itinerante
Me traduz com assustadora precisão.;
Uma imagem que me atravessa
E que arremessa
Meu futuro
Inesperado e obscuro
Num presente
Que o instante
Transforma em passado.
Com a certeza de estar caminhando para o meu fim,
Fecho os olhos e finjo estar sonhando. E ,assim,
Durmo sabendo que o tempo sempre estará acordado.
©Anderson Christofoletti
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