Diário de um pseudônimo (095)(2006/01/26)
Penfield Espinosa
26/01/2006
Pequeno Pônei é o nome de um personagem do cartunista e quadrinista Caco Galhardo. Um publicitário, creio eu.
Galhardo começou sua carreira na grande imprensa (leia-se Folha de S. Paulo) com a série Pescoçudos, sobre a burocratização do ser humano, mesmo em atividades criativas como a publicidade. Depois colocou-se (e a seu cachorro) nas séries -- um recurso usado, por exemplo, em Garfield, série sobre conhecido gato rabugento e comilão.
Hoje tem uma série chamada Pequeno Pônei, onde animais de contos de fada tentam se comportar da forma transgressiva e romântica de nossos ídolos do rock e do jazz. Dramáticos, autodestrutivos e drogados.
Mas esta é uma barra vivida apenas por eles: John Coltrane, Chet Baker, Syd Barrett e outros loucões.
Nós, pequenos burgueses, nos viciamos em limonada, em vez de heroína.
Pequeno Pônei tenta dar valor dramático a suas dores, ou tenta ter dores dramáticas.
Mas em vez de um artista junkie e de vida dramática, é apenas um animal de histórias infantis -- uma criança apenas.
Talvez Pequeno Pônei seja a forma de Caco Galhardo rir de suas próprias dores, que deveriam ser trágicas, mas são apenas cômicas.
E, rindo de si, é claro que Galhardo ri também de todos nós, leitores de sua geração.
S. Paulo, 26 de janeiro de 2006
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