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Contos-->Olhos verdes -- 21/07/2000 - 03:17 (Marcia Lee-Smith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ela foi até a janela e olhou. O homem continuava lá fora, tentando se esconder do vento frio junto do muro.
Ela abriu a porta e deslizou silenciosamente pelos degraus de pedra. Ele continuava tentando se embrulhar no casaco roto.
Aceita um chá?
Ele apenas acenou, um sim tímido.
Ela tomou sua mão e o conduziu para dentro da casa.
Tudo estava nos mesmos lugares. Tinha sido apenas um ano antes. Escorregou seu corpo gelado numa uma poltrona, e olhou em volta. Tudo tão familiar, tudo tão quente, tão aconchegante. Como ela, como a vida que tivera.
Ela entregou-lhe a xícara com o líquido quente. Ajoelhou-se em frente a seus joelhos, e murmurou: Bebe…
Ela colocou as mãos quentes em suas pernas, e alisou-as.
Lembra?
Ele balbuciou: Não me torture…
Ela estava linda. Seria linda para sempre.
Arriscou-se a alisar seus cabelos. Ela sorriu como um gato acariciado. Estava feliz. Isto era visível.
Talvez feliz por razões que ele não soubesse. Quem sabe feliz por estar se vingando dele assim, tão sutilmente? Ou, mas não acreditava nisso, quem sabe ela ainda o amava?
Ela continuava sentada no tapete, com a cabeça em seus joelhos.
Margarida, o que posso fazer?
Os olhos verdes encheram-se de lágrimas enquanto ela respondia:
Nada, e tudo…
Sua boca parecia um coração, morna, úmida, ao dizer:
Você voltou…
O peito do homem parecia querer explodir. Então era isso, ela o queria de volta.
Tocou seu rosto e abaixou a cabeça para beijá-la.
O beijo foi doce e selvagem, fez seu corpo vibrar e sentiu de novo aquele fogo queimando dentro de si. Margarida, pensou, por que eu fiz aquilo?
Ela apenas sorria docemente.
Levantou-se do tapete e puxou-o para o quarto. Deitou-se a abriu os braços num convite.
Ela era mais que uma mulher, era uma visão dos céus. E ele desejou morrer pelas tristezas que lhe causara.
Amaram-se todo o dia, a cama era tépida, e cada gozo mais intenso que o outro.
No final da tarde ela disse:
Vou fazer algo para jantarmos, venha comigo…
A cozinha lhe trouxe mais lembranças, do cheiro gostoso de bolos assando no forno, do odor irresistível saindo das panelas.
Ela pediu:
Vá lá embaixo buscar um vinho.
Ele desceu as escadas. Aquele porão era onde ele tinha seus equipamentos de quase tudo, seu mundo particular, suas bebidas.
Estava quase tudo como antes, exceto por uma abertura no chão, com duas portas de correr horizontais.
Pegou uma garrafa de vinho, estava quase gelado.
Margarida, o que é aquele armário no chão?
O olhar doce de olhos verdes fitou-o:
Ah, vi numa revista, é melhor guardar os vinhos em contato com a terra…
Ele perguntou:
E tem vinhos lá agora?
Margarida sorriu: Não, mas podemos colocar, não?
O jantar ficou pronto, comeram e beberam.
Ela foi buscar um licor depois do café, e colocou música. A música deles.
Ele tomou o licor, e quis chamá-la para dançar. Mas o sono era tanto, ele pensou...O esforço de terem feito amor a tarde toda...
Dormiu, e o mundo se apagou.
Margarida abriu a porta, e beijou o homem.
Foi tudo bem, amor?
Foi, tudo perfeito.
O homem olhou o infeliz na poltrona e perguntou:
Ele teve ao menos um jantar decente?
Margarida sorriu, e seu sorriso de olhos verdes era agora não tão doce:
Teve um jantar maravilhoso.
Foram para a cama, ainda revolta da tarde de amor.
Margarida disse:
Amor, amanhã cedo, sem falta, vamos fechar o armário no porão, certo?
Ele podia ouvir, mas não podia se mexer, nem falar. Agora ele sabia o que estava acontecendo.
E soube quando arrastaram seu corpo gelado para o buraco no fundo do porão, e sentiu o cimento fresco sendo jogado em seu rosto, em seu corpo, mas não pode mais ver o olhar verde de Margarida.






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