Peregrino
Nem todos os meus sonhos têm início, meio e fim, alguns foram pesadelos, porém, este último que me acompanha até hoje, teve o seu início alguns anos atrás, o meio desenrolou de maneira complexa, não entendia muito bem os sinais, assim como peregrino me perdi no caminho, desviei atalhos, prossegui na estrada e descobri que não terá fim, porque este sonho é a minha vida ali registrada, como numa tela mental, eu a vejo estampada bem à minha frente, e no entanto, eu não posso fazer nada, ainda, não posso. Tudo que tento fazer é ficar olhando, refletindo, tirando conclusões, se desempenhei bem meu papel, ou se devo melhorar da próxima vez. As cenas se desenrolam aos poucos em "câmera-lenta", tenho ânsia de continuar para descobrir mais além, recebo mensagens que posso, e nessa ânsia fica tudo mais tumultuado, eu me apresso e não consigo ultrapassar as cenas, elas vêm em "PÁGINAS preenchidas" ou poesias, crônicas e nada posso fazer, a não ser continuar meu desempenho... Preciso, como qualquer personagem me instruir, melhorar detalhes, performances, ora rio, ora choro, ora estou muito bem, ora estou muito mal, "minhas emoções eclodem, minhas percepções elucidam"(*), e as cenas teimam a continuar no ar...
"Não entendo, simplesmente vivo..." (*). Quero desligar o botão, mudar de canal, mas a tela mental insiste em não parar e esperar o tempo de nos dar às mãos... "Acreditar... Resignar... Amar... Amadurecimento precoce. Substancialmente ameno. Acreditando tenho posse. Resignando sereno. Amando compreendendo. Vivo sonhando, Sinto emoções, Tento acreditando" (*). E fico com minhas mãos "atadas" nada faço. Eu não entendo esse sinal de que tempos estão falando? Do passado, do presente ou do futuro? Onde posso situar-me nesse contexto? O que querem de mim esses produtores invisíveis e condutores de nossa conduta cinematográfica? Ah! Agora percebi um sinal dos tempos passados... Minha outra vida. E você estava lá, bem à minha frente querendo pegar minha mão, mas não tivemos tempo eu desapareci muito cedo eu ..... "Acordada sonhei... Sonhando acordei. Sozinha mas compreendi e a mensagem registrei. No sonho junto a mim, eu te vi. Na Tua vida, eu adentrei. Fomos a vida afora bradar nosso canto e mais que um encanto estamos unidos agora..." (*) Bem, hoje estou aqui, não entendo muito o que quero fazer, meus ideais se confundem em minha mente, mas parece que há uma corrente, algo muito forte, estranho que me acompanha e não me deixa mudar de caminho, por mais que eu não perceba o que estão fazendo me vejo ali no mesmo lugar, às mudanças até acontecem, mas são vagarosas, silenciosas, e às sensações, estas são fortes, tremendas, nunca passei por tanta "agitação", tanto êxtase, tanta alegria... Sempre me vi em sonhos, e sempre reagia de alguma forma, mas nesse atual momento não consigo reagir quando quero fazer algo, faço diferente do que pensava fazer, isso está me enlouquecendo. Será por quê? Quisera ser uma artista de verdade. Sentir o papel da protagonista em tela e não ser a realidade, para ver depois as conclusões, possíveis soluções, que poderiam ocorrer, mas é só um papel a seguir, está escrito, não poderia mudar... Mas eu posso, creio nisso. Se posso, também devo e quero. Nossa ! Tanta convicção junta. Posso, devo e quero. Não, o tempo ainda não chegou, só poderei agir quando no meu devido tempo... Até lá, Senhor Tempo, me dê tempo para pensar em quando mudar, não deixando de ser eu mesma (espírito consolador)... Encontrando-me assistirei minhas cenas, aplaudirei, meus acertos e serão parte de um aprendizado a ser novamente aplicado, nesta ou em outras vidas, como tem sido em todos os tempos dessa existência que não finda... "Acordei, depois do sonho sonhado, e eu vivo este sonho acordado".
Valdea Sianna, em 25.06.2012. |
