Interessante pensar nisso, porque o grande debate é sobre os direitos que se tem.
Com a Rio + 20, somos obrigadas a pensar no direito das gerações futuras. Quanto a gente não separa o nosso lixo, uma coisa simples, mas que muitas pessoas não fazem, mesmo se dizendo defensoras convictas do meio ambiente, taÍ ... esse é um direito que a gente não tem.
Essa discussão talvez se misture com a questão ética. Talvez.
Mas eu tenho enfrentado outra.
Minha mãe tem Parkinson. Quem sabe o que é Parkinson, sabe. Quem não sabe, é simples. Se observar a pessoa quem tem a doença e tiver um mínimo de senso de observação, vai perceber – tudo vai parando.
Quer dizer – a pessoa tem dificuldade para engolir, andar. Se tem pra isso, deve ter pra digerir. Então, se a pessoa for inteligente no nível mínimo que se espera, ela vai saber que quem tem a doença não pode ingerir grandes quantidades de alimentos.
Esse é o problema. Afaste seu familiar que tem Parkinson das pessoas boazinhas, elas vão matá-lo. Sendo boazinhas.
Vão enchê-las de doces, de coisas de difícil digestão e por mais que você as avise para não fazer isso, como elas são maravilhosas e boazinhas e amam seu ente querido, elas vão teimar.
No dia seguinte da visita, você , a pessoa malvada, horrorosa, que cuida do seu familiar diariamente, que leva ao medico, a fisioterapia, vai ter o resultado da visita daquela pessoa que ama seu familiar – ele não vai tomar aquela coalhadinha light com mel e ficará catatônico na sala de estar a manhã inteira.
Meu pai morreu de câncer. Morava comigo nos dias finais da doença e se recusou a fazer quimio e radioterapia. Tirei uma semana de férias – exatos cinco dias - e quando voltei, ele tinha recebido a visita da esposa de um grande amigo, que adorava ele. Então, eu levei meu pai pro hospital e, de lá, pro Campo da Esperança, porque a minha querida amiga, que adorava meu pai, havia feito ele feliz. Levou várias carteiras de cigarro para ele. Que amor de amiga.
Eu sou fumante, por isso, eventualmente, quando ele pedia, a gente dava o cigarro. Mas era raro ele pedir. Ela levou os cigarros e deixou a disposição dele.
Ela deve ter se sentido muito bem. Eu nunca disse isso a ela. Porque eu sabia que ele ia morrer. Mas ela não precisava se dar ao direito de abreviar isso.
SÃO DIREITOS QUE VOCÊ NÃO TEM. RESPEITE O FAMILIAR DO DOENTE QUANDO ELE, QUE CUIDA DELE, TODOS OS DIAS, LHE FALAR QUE ELE NÃOPODE COMER OU CONSUMIR ALGO.
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