Sou um convicto relacionista, após muitas e muitas agradáveis horas de tranquíla meditação sobre o vazio cerebral onde o meu raciocínio não encontra qualquer hipótese de referência inteligente. Nesses esplendorosos mergulhos para dentro de mim sinto que meus olhos vêem tudo e nada em integral irmanação, esse tudo e nada, ainda, que são os extremos polos da razão presa ao estado físico, porque, afinal, tudo e nada, concluo racionalmente, são a mesma coisa. Descobri isto na pose de um bebé que ora chorava ora ria ao colo de sua mãe, logo que num ápice o imaginei morto.
Uma simples pedrinha, meus caros, domina por completo, em constatação sincera, o mais presumido dos sábios e sequer vale a pena efectuar o ensaio crucial: engolir a pedrinha e expulsá-la centenas vezes até que enfim desapareça, transformada no tudo e nada que ninguém sabe onde está ou o que é, o sublime zénite onde todos os microscópios e telescópios são cegos.
Pois, se no engendrado lugar da pedrinha colocar uma bolinha de aço, de imediato deparar-se-me-à o tempo, quiçá algo como a distância entre a Terra e Plutão...
Assim, tenho-me por ser positivo e negativo, consoante as circunstâncias que sucessivamente me vão rodeando, espécie de energia eléctrica contraproducente que a maioria dos humanos em si desconhece e não sabe dominar. Por consequência, salvo em curtíssimos e magníficos lampejos, a humanidade permanece em curto-circuito.
Oh... Como enlevado me dou ao propósito de sentir-me filamento ligado entre os dois polos. Tenho no entanto um nefasto defeito genético: acendo-me de mais e fundo-me. Todavia persisto em tornar-me na singela lâmpada ideal... À vela!... |