Usina de Letras
Usina de Letras
177 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62187 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50587)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->Um dos motes para a descoberta... -- 16/08/2006 - 00:16 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Viver para aprender a morrer...

LUANDINA LAPA

Um amigo, persuadido que à sombra das letras irmanaria duas interessantes pessoas com gostos afins, apresentou-me de sopetão uma pessoa, mulher assaz fora do comum que, consoante pouco a pouco se foi revelando, constitui uma personalidade deveras curiosa e apaixonante, embora o juízo tácito decorrente - o néscio sentido dos pacóvios espertalhões que reduzem mil a zero e vice-versa - não hesite considerá-la possuída de insólito comportamento, do género 'maluquinha ao quilo e fica assim', sem sequer fruir-lhe o aprazível e doloroso convívio.

Ao cabo de alguns dias de intenso relacionamento, contemplando profundamente o seu pendor espiritual e perfil físico, depararam-se-me os primorosos traços de Paula Rego, como se as criaturas femininas que a exímia pintora cria e expõe na tela se tivessem fundido em real estado físico.

Eis-me pois relançado na minha descoberta: Luandina Lapa, a pictórica tendência artística onde se prendem os pinceis de Paula Rego, algo de incoerente mentira que cerebralmente se rectifica em incontornável e profunda verdade, vinda dos escombros sexuais onde a humanidade chafurda incessantemente e acaba por soçobrar de ciclo em ciclo perante a majestática indiferença universal.

Quem, sob a predadora e cada vez mais evoluída tenaz da humanidade, não passa e perpassa pelo garrote do miserabilismo tácito em que os diversos tecidos sociais se entrelaçam? Quem, por mera sorte de origem ou lúcida inteligência precoce, se liberta do culminante instinto de egoística posse que de lés a lés assola o raciocínio colectivo? Quem?!... Até os que se presumem libertos, logo que se debrucem sobre o seu estado de ser, têm de concluir quanto sua existência está dependente, tal como da água e do ar, do sistema predador solidamente reimplantado, sejam quais forem as proclamações políticas e religiosas que o capeiem.

Quem é Luandina Lapa? É uma mulher que nasceu em Luanda e o 'dia da liberdade lusófona' obrigou seus pais a trazê-la para a terra onde deveria ter nascido. Reside na Lapa, bem defronte ao santíssimo ofício e nas traseiras de um mastodonte inepto que se mantém hurrando silêncios de belicismo épico. A Luandina, anda por aí, no meio de nós, buscando o balsamo entre os tojos do sofrimento e quiçá vivendo para aprender a morrer. Praza que sim!...

Porto, 15 de Agosto de 2006
António Torre da Guia
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui