eu sei que meu companheiro sofre
há um gosto de vitória
que se faz amarga
porque o desejo da aurora
tem a urgência
dos que não querem mais esperar
mas eu sei
- a vitória será doçura e mel
se construída
com a mesma ternura
será sol e lua
- porque não há antítese
há uma enorme, inesgotável possibilidade.
ah, continuemos construindo o amanhã,
porque ele chegou
e alguns de nossos olhos se fecharam
porque o sol todo ainda não chegou.
depende do nosso vento
para soprar as nuvens,
construir o dia
novo.
vem, companheiro,
trabalhar como sempre,
usando tua palavra doce,
que sabe ser dura,
mas se contrói o sonho
será o poema
que atravessará todos os muros.
vem, que o jogo mal começou.
vamos com a nossa ternura
descontruir as durezas do dia
construir a paz, a beleza,
o leve gosto do amor mastigado
é hora do sonho que precisa ser construído.
se atravessamos montanhas e abismos,
como não saberemos atravessar esse mar?
temos o barco, o remo,
a vontade e a poesia.
mas é preciso ter ternura.
o comandante é nosso.
e sabe o nosso rumo.
tão cedo o tempo,
não é hora de fortalecer o inimigo.
há tempo de avançar.
há tempo de recuo.
há templo de planejar.
não entender que depende de nós
é pular no abismo.
eu, que acredito na aurora
e preciso construir o novo dia,
só penso no sonho
e teimo.
vou construi-lo,
sabendo que tenho comandante,
tenho vontade, tenho tempo.
ah, que esse amor pelo mundo
nos faz hoje duros,
mas não serve ao mundo a dureza.
só serve teimar
em fazer sorrisos,
só serve teimar em ser
quem sempre fomos.
por que haveríamos de ser diferentes
se continuamos querendo construir o dia?
|