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Ensaios-->Criamos Deus à Nossa Imagem e Semelhança. Mas na Umbanda... -- 09/07/2006 - 18:16 (Etiene Sales de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Criamos Deus à Nossa Imagem e Semelhança. Mas na Umbanda, também é assim?

A despeito do que se acredita em termos simbólicos Bíblicos (Velho Testamento ou a Torah Judaica), ou dos textos Védicos, ou da mitologia Yoruba ... Deus não moldou o homem do barro e lhe deu suas características, mas os homens deram a Deus suas próprias características humanas e formas de interpretar a deidade ao longo dos tempos, da história das civilizações e suas culturas.

As culturas religiosas acabam se repetindo em similaridades, pois elas lidam com o mesmo molde psicológico/mental que é a mente humana e nossas necessidades de negar ou se entregar a uma fonte religiosa e a concepções de Deuses.

Isso não quer dizer que Deus ou os Deuses não existam. Eles existem sim, mas como interpretações de cada arcabouço cultural das civilizações; Essas interpretações se estruturam em sistemas simbólicos de crenças e valores, para que possamos interpretar suas vontades, suas leis, sua maneira de pensar e de se manifestar.

Quando começamos a entender os vários conjuntos religiosos existentes nos damos conta que as manifestações de Deus ou dos Deuses apresentam similaridades, uma vez que estamos dentro da mesma espécie e mantemos os mesmos padrões mentais e psicológicos.

Entretanto, existem distorções, controvérsias, pontos totalmente discordantes e um básico em comum: na grande maioria dos escritos religiosos (Bhagavad-Gita, Torah, Bíblia, Corão, dentre outros ) é que aquelas palavras ditas sagradas de Deus ou dos Deuses, são as únicas verdadeiras, ou aquele Deus é o Deus verdadeiro entre os outros Deuses.

E se um está certo, os outros estão errados e vice-versa.

A questão da verdade única das religiões perde um pouco de sentido perante a Umbanda (o conjunto religioso da Umbanda), em decorrência, principalmente, do relativismo interpretativo e o sincretismo criado pelos Umbandistas ou por eles mantido.

Existe uma adaptação moral religiosa de conceitos que passaram desde os conceitos Católicos, absorveram os Espíritas, navegaram na essência das religiões de origem africana, receberam o hálito dos indianos e criaram raízes em solo brasileiro.

Os conceitos religiosos utilizados na construção do conjunto Religioso da Umbanda ou faz apropriações, ou adaptações ou torna relativa muita coisa.

Nesse sentido alguns se aproximam de maneira intestina do Cristianismo, mas tornam relativo Jesus, adaptando sua forma ou suas palavras e construindo uma ponte sincrética com os cultos africanos (Jesus = Oxalá). Onde resulta que a moral cultural histórica Cristã (Católica inicialmente, e, posteriormente da própria re-interpretação Espírita ou do Espiritismo Cristão) se sobressai e obscurece a moral religiosa africana (culto aos Orixás).

As divindades africanas e sua moral religiosa passam a ser vistas apenas como representações de características 'psicológicas' dos Orixás, suas oferendas votivas, seus gostos gastronômicos e de vestimentas, mas não se pondera a moral religiosa que ali está presente, pois a mesma foi sufocada pela moral sócio-cultural-cristã.

Em outros segmentos, a força dessa moral cristã é tão grande e se fundiu tão bem com as re-interpretações Espíritas, que a visão dos Orixás ou mesmo seu culto e moral religiosa, não existe ou é levemente aventado.

Nas formas de Umbanda que apresentam segmentos indianos de cultura religiosa, o misto sincrético prepondera em formas de ritos característicos, mas que ainda fazem reverência a moral cristã.

O que é interessante em toda essa relação é que o conjunto religioso da Umbanda, a despeito de outros conjuntos religiosas co-existentes (Cristão, Indianos, Islâmicos ...), não se colocou acima dos outros com suas verdades e nem que suas crenças são melhores que as outras, ou que suas visões de Deus são as únicas verdadeiras.

O conjunto religioso da Umbanda assumiu um Deus universal, mesmo que ainda não saiba defini-lo ou manifestar como Ele se reflete em seus cultos. Talvez isso ainda não seja observado devido a variedade de sincretismos existentes e as apropriações que ocorridas nos vários segmentos existentes de Umbanda.

Porém, na manifestação prática dos Guias e Orixás, esse sincretismo é posto à prova e o mesmo sucumbe e se fragmenta.

Na Umbanda ainda vemos Deus pelos olhos dos outros e isso é ruim, pois não encontramos nossa própria identidade, não sabemos precisamente quem somos e para onde iremos.

Carecemos de uma identidade singular.

Embora alguns Umbandistas digam que o importante para a Umbanda, na verdade, seja a caridade, e que ao se comentar a questão da identidade, essa mesma caridade acabe aparecendo como um princípio de fé, um objetivo e está muito longe de ser um princípio que norteie todo um conjunto religioso , muito menos possa vir a sustentar como seria a atuação de um Deus e os princípios de fé que rodeiam a manifestação desse Deus.

Embora a grande maioria dos Umbandistas (mesmo com tantos segmentos e doutrinas) acredite em um Deus único, tal deidade ainda não foi personificada dentro de uma visão de conhecimento religioso da própria Umbanda.

Essa deidade ainda é confundida com o Deus Judaico Cristão ou mesmo com Olorun, o supremo Deus da Cultura Yorubá, ou com o Deus Gnóstico dos Espíritas que trabalham em cima de 'Leis' (não claras), provações, expiações e consolações dentro de uma visão cármica (misturada com a visão cultural religiosa Cristã do sofrimento purifica e, no caso Espírita, faz o homem evoluir).

A Umbanda ainda está construindo Deus, ainda está conhecendo esse Deus e tentando identificar o que Ele quer e como deve ser compreendido em suas manifestações.

Autor: Etiene Sales – GhostMaster - http://reflexoes-reflexivas.blogspot.com/.
Apoio nas correções e formatação de texto: Robson Sciola (Binho - http://recantodovelhinhorabugento.blogspot.com/).
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