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Ensaios-->AS CORES DO BRASIL - ensaio sátiro-poético-atualizado -- 23/06/2006 - 19:57 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


AS CORES DO BRASIL
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Quando próximo a janeiro. Com a esperança renovada. Janeiro é sempre verde. A promessa reiterada. O começo de um futuro. Início de nova jornada. Abrem-se todas as gavetas. Rasgam-se toda papelada. Escritos há muito tempo. Anotações não lembradas. Como fotos amareladas. Surgem planos e projetos. Amores antigos desfeitos. Novas leis, novos decretos. Tudo pelo social. Assume o novo governo. A manchete do jornal. Viva o povo brasileiro. Viva o verde do Brasil. Viva nosso companheiro. Viva quem assumiu. Viva o novo presidente. E a promessa de sempre. Desta vez, é pra valer. O país irá pra frente. Janeiro verde, de novo. Acreditem, minha gente.

E o tempo implacável. Avançou por fevereiro. Serpentina é o cheiro. Lança perfume no ar. Entramos no Carnaval. Promessas são adiadas. Em nome da alegria. Agora é festa e bonança. Damos vivas à folia. O batuque contagia. Escolas de samba e de frevo. Carnaval de muitos dias. Mulheres extravagantes. Bonitas e quase nuas. Desfilam em carros abertos. Por todos os cantos das ruas. Mulatas, louras e morenas. E outras um pouco amenas. Desfilo de brilho e de cores. Movimentos de corpos sadios. De mentes, um tanto, vazias. O resto não se vê defeito. Corpos quase perfeitos. Verdadeiras aquarelas. O Carnaval não vive sem elas. Fevereiro de todas as cores. Das musas na passarela. Qual a cor de fevereiro? Quem de fato arriscaria. Que jogue a primeira pedra. Que tal a cor da magia?

Março aponta lá longe. As chuvas de São José. Inundam lares e rios. Barreiras são derrubadas. Pessoas são soterradas. São manchetes de jornais. A população assombrada. Mortes são anunciadas. Famílias abandonadas. O governo é chamado. A primeira comissão. É de pronto instalada. E começam as promessas. Outra vez anunciadas. Bombeiros, defesa civil. Organizações convocadas. Pessoas acomodadas. Apelo à fraternidade. Alimentos arrecadados. Roupas e agasalhos. Choros e lamentações. Mês de março, das enchentes. Mês do cinza, aparente. Mês das águas esperadas. Por São José autorizadas. Mês de nuvens carregadas. De sofrimento da gente. De barrancos nas estradas. Mês também de alegria. Paradoxo brasileiro. No Nordeste, quem diria? Mesa farta o ano inteiro. Início da plantação. Do arroz e do feijão. Para quando chegar junho. Mês de São Pedro e São João. E Santo Antonio casamenteiro. Alimentar a festança. Com quentão e muita dança. Em volta da fogueira. Renovando a esperança.

Começa o mês de abril. Assim é nosso Brasil. O verde, o amarelo e o anil. Logo é anunciado. O verde ficou pra trás. O amarelo sumiu. O ouro foi retirado. Do solo abençoado. Pela mão do estrangeiro. Vale dizer, o banqueiro. O dinheiro arrancado. Pra pagar o emprestado. Com juro especulador. Do sistema financeiro. O mês é de cobrança. Da reforma que não vinga. Terra, tem muita e até sobra. E gente pra trabalhar. Só falta o governo deixar. A reforma agrária implantar. A favor do homem do campo. Que precisa trabalhar. Fim da especulação. Tanta terra improdutiva. Esperando plantação. No campo nada se planta. À espera da valorização. Pra mais tarde, o tal do grileiro. Aprendiz de feiticeiro. Vender tudo pro governo. Ao custo de muito dinheiro. Por isso se perde a cabeça. E acontece a invasão. Abril, o sinal foi dado. A cor do mês é o vermelho. A luta que corre nas veias. No sangue da população. A cor do Santo Guerreiro. São Jorge contra o dragão. Governo andando pra trás. Governo da indecisão. Governo que é incapaz. De apresentar solução. Governo que se preocupa. Com a tal da inflação. Que diz que está morta. Com a espada na mão. A mesma espada que fere. O futuro da nação.

Maio já acontece. A cor um pouco arrefece. O mês e de Nossa Senhora. Azul é a nossa prece. Levada aos céus do Brasil. O fiel já comemora. O mês é de reflexão. E de muita oração. Que Nossa Senhora ajude. Ilumine o governante. Que lhe acorde com o berrante. Do bom senso e da gratidão. Por ter tido a oportunidade. De ser nosso presidente. Desta bela e grande Nação. Maio,é o mês das mães. E das que ainda não são. È mês das noivas, também. Que tratam da criação. Maio é o mês do céu. Maio, portanto, é azul. Azul da cor de anil. Azul do nosso Brasil.

O frio logo aparece. Estamos perto do inverno. O mês de junho acontece. Muitas bombas e brincadeiras. De São Pedro e São João. Fogueiras, dança e rojão. Crepitam nossas fogueiras. Mês do quentão e da mulata. Casamento de brincadeira. Na raça e na roça acontece. Tudo vale pela troça. Junho assim vai terminando. Da cor da noite estrelada. Da comida e da quadrilha. Da batata doce assada. Da população encolhida. Com frio, agasalhada. Fica em volta da fogueira. Apelando a Santo Antonio. A menina que é solteira.

Chega julho e agosto. Muita coisa é lembrada. A morte do Getúlio. Era Vargas já passada. No planalto a seca aparece. A umidade decresce. E o cinza volta à cena. De volta do recesso. A Justiça e o Parlamento. Nada de novo acontece.

Setembro vem colorido. Muitas flores e promessas. Aqui acolá bate o sino. Já se fala em Natal. Já se fala no menino. O comércio não dá moleza. Põe suas cartas na mesa. Setembro é bem colorido. O mês de todas as flores. O mês de todas as cores. Mais pra verde e pra louro.

Assim vem outubro e novembro. O povo já meio cansado. Preparando suas malas. Vem o novo feriado. Dia de todos os santos. E o dia de finados. Onde se fazem visitas. Quando os mortos são lembrados. São meses escurecidos. Por lembranças e saudades. As flores volta a cena. Repetem-se as mesmas cores. Do mês de setembro passado.

Enfim, chega o fim do ano. Dezembro, mês do Natal. Bate o sino pequenino. Na manchete do jornal. Nascimento do menino. No Congresso e na capital. O recesso é normal. Muito serviço atrasado. Deputado ganha mal. E assim é convocado. Ganha mais um capital. Pra votar o orçamento. Que no ano que findou. Como sempre, não deu tempo. E tudo assim recomeça. Desculpas e mais promessas. Pro ano que chegará. Muito dinheiro no bolso. Saúde pra dar e vender. Só não se sabe pra quem. Quem dessa vez vai comprar. Pois é grande o desemprego. E o país tende a parar. Pois desta vez, minha gente. Teve outro componente. A eleição de outubro. Do ano de 2006. Que já se sabe o resultado. Segundo diz a pesquisa. A pesquisa de opinião. E elas acertarem. Não precisa inventar. Tudo de novo acontece. Não fato novo no ar. Volta todo o bla-blá-blá. Enche de tédio a nação. Escândalos desenterrados. Volta à tona o mensalão. CPI do Banestado. A cueca e o cuecão. O aumento de impostos. E o controle da inflação. Às custas de juros altos. A quadrilha de plantão. CPIs são instaladas. Discussões não dão em nada. Ironias e trapalhadas. Propinas anunciadas. O silêncio dos inocentes. Dizem todos os presidentes. Não vi, e não sei de nada. Até que se prove o contrário.






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