Não, não se trata de ensaio literário. Tal, sobre o assunto em apreço, requereria uma outra atitude e mais rebuscados elementos. No ensejo, intento apenas ensaiar o meu raciocínio, esperando que os factos se confirmem ou não. Ensaio-me pois para ver como me saio.
Ao meu redor dia a dia, nos diversos eventos em que tenho participado, através de jornais e revistas, da rádio, da televisão e da internet, no que às eleições presidenciais concerne e que terão lugar amanhã, domingo, 22 de Janeiro de 2006, em Portugal, formei a convicção de que o prof. Aníbal Cavaco Silva será eleito Presidente da República de imediato.
Ora, desde que o ex-primeiro ministro se declarou publicamente candidato, os demais concorrentes, à excepção de Garcia Pereira, que nunca pisou o risco do insulto ou do verbo rebaixante, não têm cessado de atacar em acerada permanência e estúpido frenesi Cavaco Silva. Mário Soares, por exemplo, não teve o mínimo pejo em ofender, com descaro de vulgar peixeira, a dignidade intelectual e pessoal de um homem íntegro que não tem de facto por onde se lhe pegue. Mário Soares, quanto a mim, suicidou-se política e pessoalmente na memória dos portugueses.
O quarteto do palavreado de lata-aberta, usando da consabida verborrência para convencer otários, acabou a proclamar que, em favor de cada qual, irá surgir um resultado surpreendente. Ah... Lá isso vai!
A Universidade Católica, que se tornou deveras eficiente e credível nas diversas sondagens que tem levado a efeito, no último desiderato, fez saber:
52% = Cavaco Silva
19% = Manuel Alegre
15% = Mário Soares
07% = Jerónimo de Sousa
06% = Francisco Louçã
01% = Garcia Pereira
... Deixando a hipótese de 2,5 pontos oscilantes, o que dá lugar à possibilidade de haver uma 2ª. volta eleitoral, dentro de três semanas e entre os dois candidatos mais votados, o que, no caso, será sempre Cavaco Silva contra Alegre ou Soares.
Quanto a mim, tomando tão-só por premissa a decepção que o actual governo socialista vem cavando desde o seu inopinado rodopio programático, o que causou natural encolhimento entre suas habituais hostes, só por isto, estou persuadido que Cavaco Silva logrará mais de 60% e aí é que estará a 'surpreendente surpresa'.
De resto, o governo de José Sócrates, ainda que com maioria e sem que Cavaco Silva mexesse um dedo para isso, só não cairá mais adiante porque Marques Mendes, sem o querer, será o seu principal sustentáculo, espécie de tangerina entalada na garganta do partido. O PSD não avançará decididamente para a liderança enquanto não se fizer encabeçar por uma figura com peso e credibilidade política.
Então, começaremos a ver se os portugueses estão fartos ou não de tanta risota, batota e até da Ota...
Os que fruem a sério o partido da rosa, desde há meses que adormecem a pensar em José Seguro... Já que só por aí virá algo de novo para o povo gostosamente eleiçoar...
António Torre da Guia |