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Ensaios-->THE SMITHS - THE QUEEN IS DEAD -- 03/12/2005 - 23:18 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
THE SMITHS - The Queen Is Dead (1986)
Morrissey é gay. Muito gay. Muito, muito gay.

No sentido mais direto do termo - o cara ama a si mesmo, e só. Não tem meias palavras para o que é diferente - odeia, odeia. O ego bate no teto. Umbigocentrismo. Afora a afetação, o cara têm um gênio terrível...O mau-humor é seu companheiro ideal. Quando não a melancolia desbragada, aí ele saía com esparadrapos nos mamilos (!) fazer suas entrevistas mandando meio mundo para aquele lugar.

Bom, esse cara aí, acreditem, fez História. Na Grã-Bretanha, poucos podem mais que o irascível Moz. Liderando os SMITHS, junto com o dândi fugido dos Hells Angels Johnny Marr, Moz botou fogo na velha ilha. Deu voz a legiões de tímidos, revoltados de portas fechadas, ambíguos sexualmente, românticos fin-de-siécle temporões, melancólicos sem lar e claro, os fãs de uma boa e britânica ironia provocadora. E criou alguns dos melhores discos de Rock N Roll desde Elvis, em apenas...5 anos. De 1983 a 1987.

The Queen is Dead, de 1986, foi o quarto lançamento oficial da banda (antes, dois discos, um EP-coletânea e muitos singles - muitos, muitos singles). Nele a banda (além de Moz e Marr, Andy Rourke no baixo e Mike Joyce na bateria) implodiu sua fórmula simples, mas impactante. Dedilhados assombrosos de tão melódicos na guitarra (sem solos), bateria Punk (só o mínimo necessário), baixo pós-Punk (lá na frente), canções de três minutos, temas polêmicos (letras herméticas, ambíguas ou simplesmente mortalmente irônicas) e aquele vocal afetado, expressionista, impossível de não provocar reações, de alguém que parecia não dar a mínima para reações que não as suas próprias. Moz sempre cantou para si mesmo - e dane-se o resto. Bom, o resto adorou.

Adorou ainda mais quando os SMITHS resolveram colocar cordas, arranjos grandiosos, teclados na moita e outras cositas más, quebrando sua receita minimalista para fazer um disco recheado de épicos. Talvez, o último disco, atormentado, em pranto, às portas do fim do mundo. Marlon Brando na capa não deixa esconder todo o torpor.

Moz & Marr (a última dupla dinâmica do Rock inglês digna do nome) compuseram dilacerantes canções emocionais. Uma carta de despedida de Moz para (quem? quem?) sua mãe ('I Know It s Over'), escrita com as próprias tripas. Em seguida, Moz canta o amor suicida ('There Is A Light That Never Goes Out'), talvez indo longe como nenhum outro porta-voz de sua geração. A dor vem mais sutil e suave na ingênua, mas magnífica 'The Boy With The Torn In His Side' (odiada pela banda, 'pop demais'). 'Never Had No One Ever' escancara o celibatismo de Moz, que o colocava à parte de todos - algo chocante tanto para o público gay quanto para o circo do Rock.

Mas os SMITHS também adicionavam humor à sua fórmula, sempre com toques peculiares. Assim, fizeram um afetado, mas divertido, manifesto da 'estética SMITHS' ('Cemetery Gates', cheia de exibições de erudição literária morrisseyniana). Uma canção ao violão, sátira à obsessão do Pop-Rock com o sexo ('Some Girls Are Bigger Than Others' - claro que há uma segunda ironia na letra, mas essa é óbvia né?). Tiraram sarro (bem ao estilo arrogante Moz) de todos os medíocres do planeta ('Frankly Mr.Shankly'). A bizarra 'Vicar In a Tutu' deixa claro o quão devoto do Rockabilly era Johnny Marr - mas Rockabilly com Moz no vocal nunca é algo muito comum.

Mas o melhor de tudo viria com as canções políticas, em que Moz encontrava o ápice de sua mordacidade. 'The Queen Is Dead' (uma cacofonia de guitarras prenunciando a Acid House fundida com Rock de herdeiros de Manchester como Happy Mondays e Stone Roses) é o manifesto do fim do mundo, começando pelo Palácio de Buckingham. 'Bigmouth Strikes Again' é o grande momento do disco, Moz trocando confidências (e socos) com a Dama de Ferro, Margareth Thatcher enquanto Marr acelera firme mas sem nunca lembrar a masturbação de um Malmsteen.

The Queen is Dead é isso, e muito mais. Confira. Afinal de contas, caras como Moz não são simplesmente muito, mas muito gays.
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