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Contos-->Além da história e da lenda -- 02/12/2002 - 21:12 (Clarice Barcellos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










Nasceram com meses de diferença. Viveram na mesma cidade mas em pontos diferentes, conheceram pessoas diferentes, nunca haviam se encontrado antes.
Mais de quarenta anos se passaram para os dois nesta vida, até que bastou um olhar, umas poucas palavras em linguagem poética e um abraço que ninguém sabe dizer quanto tempo durou, mas foi o suficiente para sentirem o sangue correndo mais rápido em suas veias. Seus corações batiam descompassadamente e ela não tinha mais vontade de perder o contato com aquele corpo que a fazia sentir em casa. Ela sabia que estava em casa. Algo lhe dizia que não estava conhecendo aquele homem agora; já o conhecia há muito, ele havia sido importante em sua vida em uma época muito distante.
As duas grandes buscas da vida dela eram um grande amor para transcender essa vida que ela achava tão cheia de lacunas. É como se a vida dela tivesse sido interrompida em um momento de crescimento e desenvolvimento dos poderes mentais, mas não sabia explicar como nem porquê. Essa sensação a fazia procurar entender o fato de se sentir muito mais velha do que aqueles quarenta e poucos anos. Sabia que havia vivido muito tempo antes, muito antes desse nosso século. Naquela época ela era dotada de poderes que agora desconhecia mas sentia estarem ali, esperando para serem despertados novamente.
Suas buscas foram respondidas no curto espaço de tempo que durou aquele abraço. Foi o momento do reconhecimento mútuo, embora ainda não compreendessem como isso podia estar acontecendo se nunca haviam se visto antes. A sensação que tiveram foi de choque. Era como se uma forte carga elétrica percorresse seus corpos, atraindo-os.
Essa eletricidade fazia parte do que eles haviam sido naquela época em que tinham poderes destinados a poucos –aos que eram chamados magos, fadas, druidas e feiticeiras. Não era coincidência. Ela precisava novamente de seu mestre e ele precisava que ela o ajudasse a buscar oportunidades para pôr em prática seus poderes de mago e encontrar algum estímulo de vida no mundo que agora o sufocava. A missão dele agora era pegá-la pela mão e conduzi-la de volta ao mundo da magia, da natureza, daqueles que por possuírem um poder especial, vivem mais...e vivem mais porque lutam com mais garra, sem medo de seguirem seus impulsos e emoções que significam a liberdade inerente a esses seres.
Depois daquele abraço nada mais foi igual. Transformações haviam ocorrido e ainda ocorreriam. Mas eles evitaram deixar claro que sabiam quem eram por estarem conscientes de que não eram mais os mesmos e que seus verdadeiros nomes pertenciam àquele passado longínquo. Outras vidas, outras experiências, outros momentos haviam modificado suas pessoas, mas não suas almas.
Havia tanto a dizer, a lembrar, a aprender e a ensinar em um tempo tão curto; seus momentos juntos eram tão escassos que algo aconteceu. Primeiro foi ele que chegou no meio da noite enquanto ela dormia e, parando frente a ela com um sorriso nos lábios e aquele olhar penetrante que ela conhecia de há muito tempo,disse: - “eu sei quem você é”. Aproximou-se, puxou-a pela cintura e beijou seus olhos, enquanto em sua mão direita afagava os cabelos dela reclamando: -“você não deveria tê-los cortado. Eu a teria reconhecido com mais facilidade”.
Ela abriu os olhos, mas ele já tinha ido, deixando somente o calor de sua presença. Ela havia reconhecido não só o olhar, mas a barba. Ele sempre teve aquele desenho mais branco exatamente no meio do queixo. Foi quando decidiu que deveria mostrar a ele que estava pronta a compartilhar sua vida novamente. Em uma noite de luar, iluminada pelas estrelas, ela surpreendeu-o marchando direto para dentro do quarto dele, de cenho franzido, olhos brilhando pelas lágrimas que desciam pelo rosto, reclamando: - “você não deveria ter me abandonado como uma obra inacabada. Quando fui má e me voltei contra você, deveria ter reagido e me guiado pelo seu caminho. De nada adiantou termos perdido esse tempo precioso pois é inevitável. Temos que continuar o que foi iniciado há muito tempo.”
Voltaram a se complementar através do poder dos sentidos e obtiveram desta época moderna e materialista um conhecimento e prazer que não lhes havia sido permitido antes – o prazer de unirem-se em corpo e mente. Ainda aprendendo um com o outro, sabem que este ainda não é o momento definitivo, que ainda terão que recuperar a lacuna que ficou enquanto estavam separados.
A forte emoção que sentiram naquele dia em que se abraçaram pela primeira vez fez com não ouvissem o recado que lhes trazia o vento sussurrante: “Merlin...Morgana...vocês têm muito ainda a fazer, muitas batalhas a travar, decepções a enfrentar em outras vidas, para que lhes seja permitido voltar às florestas de Avalon.

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