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Ensaios-->PERDÃO DOROTHY -c/atualização -- 19/11/2005 - 22:36 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

PERDÃO, DOROTHY
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Quem teve a oportunidade de ler “A Crônica de Uma Morte Anunciada”, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, não pode deixar de traçar um paralelo entre a ficção e a realidade - trágica e rotineira -, da violência, sem preconceito, que grassa neste país.

Mais uma vez, mancharam o verde de nossa bandeira com o vermelho da ousadia: assassinaram, de forma brutal e covarde, com seis tiros à queima-roupa, a missionária Dotothy Stang; e, no mesmo embalo, o colono Adalberto Xavier Leal.

Não é a primeira vez, infelizmente, que o roteiro de crimes com requintes de barbárie acontece: alguém lutando por justiça; em favor da dignidade do ser humano; em busca da preservação de nossas florestas; de nossa fauna; dos que trabalham; dos menos favorecidos; dos indefesos e abandonados à própria sorte; dos que vivem no meio da mata, derramando o suor de suas esperanças por dias melhores; e, vez por outra, as lágrimas da indignação, que molham a terra de onde brotam o sustento para si e sua família.

O roteiro é o de sempre: Tentativas de ameaça. Pedidos de proteção e ajuda. Ameaças anônimas. Ameaças explícitas. Denúncias. Promessas e mais promessas. Sem soluções. E tudo volta à normalidade. Até que surge a notícia, na telinha da TV, nas rádios e nos jornais. E o fato toma corpo, com repercussão internacional. A morte ganha destaque. Passa, num segundo, a ser o tema do dia.

Começam, imediatamente, os depoimentos. Ministros e autoridades em geral, todos clamam por justiça. Prometem esforços para elucidar o crime, com todo o rigor da lei. Surgem os discursos inflamados. Providenciam reforço policial e comissão é enviada para o local do crime. Ministério Público entra em cena. Volta-se a falar na necessidade de aumentar o efetivo da polícia, e outras providências afins. Tudo isso regado a pedidos de “um minuto de silêncio” em homenagem ás vítimas.

Convenhamos, senhores! É muito descaso para com o ser humano. Verdadeira indiferença para com o direito à vida, conforme preceituado em nossa Constituição, elaborada pelos senhores parlamentares, e que nossos presidentes se obrigam a cumprí-la. É uma vergonha para todos nós: não temos capacidade de criar condições mínimas para conter à ganância e a especulação fundiária e financeira que sobrevivem graças ao desordenamento jurídico alimentado, em alguns casos, pela conivência e omissão de algumas autoridades; que só pensam em reeleição, cargos, vantagens, benefícios e perpetuação no poder. Como se o nosso país fosse uma grande banca de negócios; e eles, seus eternos donos, e únicos beneficiários. E o povo servindo, apenas, como álibi: emprestando-lhes legitimidade através do voto. Para depois olhar a banda passar, desafinada ou silenciosa.

Um minuto é muito pouco. Precisamos de muitas horas; e até meses de silêncio e de reflexão. Reflexão sobre os crimes que são cometidos, muitos dos quais em silêncio, nos bastidores do poder. Crimes como a CPI do Banestado, que perdeu para a impunidade e para o descaso, indiferente à moral e à ética. Crimes praticados sob a égide da especulação e da mentira, mas que enriquecem poucos, às custas da miséria da grande maioria. Ilícitos praticados pelos que militam, impunemente, no contrabando de drogas, de armas, jogos-de-azar, prostituição infantil, desvio de recursos orçamentários, enfim.

Enquanto crianças, adultos e idosos tombam (mortos, mutilados ou feridos) nas ruas, parques e calçadas das cidades, vitimadas pelo desemprego, pela falta de segurança, de assistência, de proteção, de escolas, hospitais, etc.

Um minuto de silêncio é muito pouco. Que tal aproveitarmos os quarenta dias dedicados à Quaresma para refletirmos sobre tudo isso? Seria um bom começo. Até porque, está em curso a campanha “Solidariedade e Paz!. Paz, que a rigor não depende de leis especiais; ou de recursos financeiros; mas, sobretudo, de atitude que deve começar, necessariamente, dentro de cada um de nós. Só dessa maneira poderemos valorizar cada minuto de nossas vidas.


15 de fevereiro de 2005

Em fevereiro de 2006, este crime completará um ano. E, a exemplo de tantos outros, nunca mais se falou do caso. As eleições tomaram conta das páginas dos jornais. E não há perspectivas de mudanças no final do túnel. Que continua apagado, sem futuro. Indiferente às questões que mais de perto interessam ao povo brasileiro. O bem-estar de suas crianças, jovens, adultos e idosos. O respeito à natureza e o desenvolvimento com justiça social. A propósito, vale aqui a lembrança e o apelo: nossa Amazônia está doente. Precisamos cuidar dela. O que o governo tem feito para preservá-la dos males que a acometem?
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