CAVALO DE PEDRA
Pelas escadarias do palácio
O sol já adormecera
Jogado pelos degraus
Como um adolescente
E as estátuas sonhavam
Um sono leve de sábio
Quando ao sopro do vento fascinado
Acordam com cara de loucas
Mescladas ao aroma do passado...
Agora semi-acordadas
Só se acalmam pela sombra
Que os caminhos arborizados dão
Porque os lagos, esses
Em cujo fundo se refestelava o céu azul
Brilhavam como olhares fustigantes
E contavam toda a verdade
Como a brisa que se desprendia
Era incenso que perfumava
Alimentado do sol fraco
Que nascia pelos vasos
Repletos de ardor de primavera...
E as colunas nobres, graciosas
Coravam como meninas apaixonadas
Que suspiravam despidas
Sob um céu que a tudo assistia
E revelava, segredando
Que de um galope doido
Lançaram as coxas fortes
Em pés de mármore
O cavaleiro-estátua
Que não saía do lugar!
Miguel Eduardo Gonçalves |