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Artigos-->CONTRASTE POLÊMIXO - BONITO x FEIO -- 12/05/2012 - 17:23 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


CONTRASTE POLÊMICO: BONITO x FEIO



 




    *Francisco Miguel de Moura

        



    Quem sabia muito bem de beleza e fealdade era minha mãe – que teve a fama de moça bonita. Ouvi dela, muitas vezes, um ditado importante, pertinente, que num segundo acabava com toda a polêmica entre fealdade (acho o nome mais correto, mais belo) e boniteza, quando se tratasse de pessoas. Dizia ela: “Gente é como chita, / uns acham feia/ e outros acham bonita.” 


 


    “A beleza é fundamental” foi uma frasezinha boba e infeliz de Vinícius de Morais, talvez dita no meio de uma cançãozinha das mais chinfrins do seu repertório. Mas o povo (que é besta, não sabe de muita coisa) pegou no dente como se fosse uma filosofia universal. Na verdade, numa época em que se valoriza tanto a imagem torna-se mais difícil uma mulher considerada feia, pelas colegas, entrar para o mercado de trabalho, especialmente na tevê. Neste caso muito especial, a beleza talvez possa ser fundamental. Mas, e daí? Mesmo assim, embora bela e atraente, se não possui outros dotes: estudo e talento, capacidade de atendimento a todos com elegância e simpatia, entre outros, a beleza não funciona mesmo. E se for chata, por exemplo?          


 


O preconceito veniciano contra o feio, que me perdoe o poeta, vem do seu tempo de Itamarati. Como sabemos, o nosso poeta Da Costa e Silva não se alçou à diplomacia porque foi considerado feio pelo Barão do Rio Branco. Mas isto foi naquele tempo, o tempo do “ronca”. Quem sabe se ele, Vinícius, também não tirou nota ruinzinha em beleza? Quem sabe se ele não foi (antes ou depois) ao cirurgião de plástica, se não usava uns pozinhos e pomadas etc. Hoje os preconceitos e discriminações devem ser totalmente abolidos de qualquer lugar, especialmente de uma instituição que se diz pública, que se diga oficial. Não só abolidos como castigados, abominados, criminalizados com justas penas. Não apenas isto caberia à discriminação contra o negro, a cor, o sexo, ou o que seja. Que eu saiba, ainda é suportado em concursos de misses e em nenhum outro lugar. Admitido tecnicamente - diga-se de passagem. Ao apreciar-se apenas o rosto da concorrente não há como eliminá-la do concurso. A Constituição Federal já consagrou que fere a dignidade humana quem usa ou abusa de preconceitos, registrando alguns com os próprios nomes e os demais numa expressão generalizada. 


 


Para a poesia, para os poetas, a beleza - claro que falo da aparência da pessoa, da aparência da coisa – não é fundamental. Isto significa dizer que nenhum poeta precisa ser bonito pessoalmente para que possa escrever bons poemas e também que não só a beleza é inspiradora de poesias. Outros fenômenos o são igualmente. Hoje já temos até a arte do kitsch, a arte do feio. Bonito e feio são subjetividades.  Há um outro ditado mais atual que o da minha mãe de que “cada balaio tem sua tampa”, que, no mínimo quer dizer: - nem sempre os iguais se dão bem, às vezes “as diferenças é que movem o mundo”, tanto o objetivo quanto o espiritual, tanto na vida prática quanto nas artes.


 


Quanto a mim, depois de muito tempo, sendo considerado um menino feio por minha tia Rosa, vim a saber detalhes do assunto. Meu nariz é reto, meus olhos são azuis, sou branco, cabelos estirados, rosto comprido (dolicocéfalo), não sou amarelo de forma alguma, tenho um riso sedutor – adjetivo de algumas garotas do meu tempo que quiseram manter namoro comigo...  E então, onde a fealdade? Um maxilar, o superior, mais elevado, defeito que, se fosse hoje, teria muito bem sido consertado por médicos e dentistas.  Ora, ora, nunca tive problemas com o “belo sexo”. Elas, se se afastavam algum tempo de mim, nem sempre era em razão da falta de “boniteza”, mas porque eu era muito medroso, desconfiado, calado, de forma que os namoros demoravam pouco tempo. Na verdade, eu é que me afastava da moçada.  Medo de responsabilidades, sempre eu tive. E naquele tempo, quando se namorava era pra valer, era mesmo pra casar. De que tempo e lugares eu falo? Do século XX, até mais ou menos os anos 1960/1970, e do interior, que então se chamava de povoado, fazenda ou mesmo de “mato”. Quem lá vivia era apelidado de “matuto”, nome  pejorativo - uma pessoa sem conhecimento, sem traquejo, ainda não civilizada.

                                        

                                                                     ************

Nota Importante:  O quadro que ilustra esta crônica é um óleo do pintor Nonato Oliveira, que poderíamos até dizer que sua arte é kitsch, se não fosse tão bela como o que mostramos, cuja tela que tem o nome de "O donzelo e a donzela" e está sendo escolhido por mim para capa do meu romance "D. Xicote", cuja edição está sendo contratada  com a Editora Saramandaia, de Belo Horizonte - MG


 


 _______________________


*Francisco Miguel de Moura - Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, escreve no jornal O Dia, aos sábados, página de Opinião.

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