O MEU LUGAR
Foi ele quem criou Mais rosas depois de Deus Sei porque é de nascença
Depois fui contaminado Pelo poente de sol maravilhado Das agitadas tardes paulistanas E o tempo me fez nômade
Assinalaram-me as horas da natureza E à sedução pelo mato arrebatada Corri pelo calendário atrás do quadro verde Que somente a mata pura dá Com sóis luminosos sem claridade Por entre a vegetação espessa
Mas também a singular fascinação do mar Com seus luares fazendo até chorar Que tanto me fizeram delirar
Hoje, tanto quanto o tempo muda E a vida continua certamente Sinto-me sendo o que sempre fui Dia que o incêndio da liberdade irradia Como saciedade que vem antes da posse Num crepúsculo próprio de sonho Mas consciente testemunha Da maravilha que é estar Num lugar qualquer ao sol Desde meu Brasil de que me ufano Porque sua beleza mais real está Porventura no desejo De brasileiro estar Bem assim mesmo Neste meu lugar
Miguel Eduardo Gonçalves
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