CONTRA -INDICAÇÃO
Elane Tomich
Confesso que se tivesse
Bula que me acompanhasse,
Falando da posologia
Certa do meu calor,
Não me aconselharia
Prá resfriados de amor.
Não sirvo de paliativo,
Pouco calor, curativo.
Sou mulher de dose única
Bebida em minha nudez,
Por quem me rasga a túnica
E toma-me de uma só vez...
Amo em paz de jardim
Mas ardo que nem gergelim,
E tenho curto estopim
Pimenta que ninguém atura,
Teimosa, cabeça dura,
Erro em tudo que faço,
Quando alguém me tritura...
O antídoto é um beijo, um abraço.
Então me retorno doce,
Como se sempre assim fosse.
É difícil a dose certa
De mim,há o que desconcerta.
Em certas ocasiões
Credulidade infantil,
Decepcionada, mimada
Cabeça girando a mil
Falo a sentença errada,
Amarga que nem babosa...
Com tanto e tantos senões,
Conforme o mal de ocasião,
Sem propaganda enganosa...
Sou só contra-indicação.
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