Kdê Arte (Publicado em Maio/2001, jornal "A PALAVVRA" da Universidade Candido Mendes, RJ)
Vinha ingressando pelo Hall de entrada da Universidade Candido Mendes, a passos calmos porém impetuosos. Com algum recentimento de minha figura exótica e solitária, tropeço em meus próprios ímpetos, cambaleio, apoio-me na parede para esperar a tonteira passar…
Sigo em frente, temeroso em ser abordado, talvez reconhecido, jubilado, aclamado, ou até apedrejado. ‘’A incerteza é algo que me excita, desafia’’. Observo suas cores , formas e cartazes, em um ambiente cuja estética parece ser valor comum e significativo. Levo de supetão um leve toque nas costas. _ Bom Dia! _ Bom Dia. _ Observo-lhe há algum tempo. ‘’ Um calafrio subiu pelas minhas vértebras’’. _ Necessita de alguma ajuda? Você me parece perdido. _ Sim ou melhor não, sabe o que é meu senhor, vejo aqui uma área fértil a minha propagação, porém ainda estou muito longe de alcançá-la !! No mínimo o senhor que pelo traje era um segurança, deve ter me achado um louco recém liberado do manicômio, mas mesmo assim, desejou-me sorte e se foi.
Subo pelas escadas, quando sou atraído a espiar pelo vidro de uma das portas ali situada. ‘’ Necessito entrar, mostrar a que venho, expor a cara a tapa, LIBERTAR-ME’’. A fim de que minha intromissão não seja sentida, entro pela janela sorrateiramente. Por descuido, a cortina tremula despertando a atenção da professora que diz: _ Quem é você? Aluno novo. Enchi o peito não hesitando em responder: _ Sou a ARTE, algo que falta a esta Universidade. Sou música, poesia e teatro, a vida quotidiana exposta sem pudor. Algo inerente, a todos nós, expressão dos sentimentos, sendo assim inovadora, construtiva e existencial. Fico intrigado com uma evasão de talentos em potencial que some perante a uma epidemia cética e acultural.
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