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Artigos-->Resumo de Estratégias para manutenção de uma boa interação l -- 01/05/2012 - 21:02 (ALZENIR M. A. RABELO MENDES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Resumo da obra: Estratégias para manutenção de uma boa interação lingüística, de Selma M. Meireles (Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Língua e Literatura Alemã da FFLCH/US).



Por: Maria Alzenir Alves Rabelo Mendes

(Atividade realizada no curso de Especialização em Didática e Docência do Ensino Superior, na disciplina Comunicação Oral, sob a orientação do Prof. Msc Marco Antônio Brandão Lopes)



O estudo sobre a expressão da Dissensão (atitude proposicional de desacordo por parte do falante frente ao seu interlocutor), do trabalho de face (interação lingüística) e das estratégias mais usadas para a expressão do desacordo em cada cultura, parte do pressuposto que o homem, como ser social, busca o equilíbrio entre a manutenção da individualidade e o desejo de integração junto ao grupo. Por isso, cria estratégias para evitar situações que ponham em risco a sua imagem ou face social. Mas, por se tratar de um tema abrangente, o estudo centra-se na expressão da dissensão em diálogos falados do alemão, com relação ao Trabalho de face dos interlocutores. A fundamentação teórica baseia-se em estudos sobre Dissensão e Trabalho de Face (conceitos e estratégias), realizados por ingleses e alemães. A introdução do assunto é feita com a citação do artigo “Modos brasileiros de escapar do ‘não’”, publicado no jornal Folha de São Paulo de 25 de fevereiro de 1996, de Michael Kepp. Este faz comparação entre os modos de expresão dos brasileiros/corteses (católicos que atribuem a salvação à redenção) e americanos/bruscos (protestantes, que atribuem a salvação à conduta pessoal). O autor especula que a orientação religiosa contribui para que os modos de expressão sejam diferentes nos povos citados. (P 01).

No entanto, as divergências no modo de expressão ocorrem também entre membros de uma mesma cultura e em comunidades de orientação religiosa igual. Isso é demonstrado através da diferença existente entre americanos e alemães, ambos protestantes. Os americanos/grosseiros, em relação aos brasileiros, são considerados corteses frente aos alemães/rudes. Todavia tanto os alemães como os americanos “queixam-se” da aparente dificuldade do brasileiro em utilizar expressões negativas nas situações que requerem uma tomada de posição, o que implica no uso de diferentes Estratégias de trabalho de Face em contextos diversos e cultura diferente. Essa constatação motivou a abordagem em uma Dissertação de Mestrado do uso dos elementos sintáticos negativos que implicam em discordância na língua do alemão e na do brasileiro. Dessa investigação surge a indagação: os brasileiros optam por uma dissensão menos explícita, devido a diferentes regras culturais e visando minimizar a possibilidade de conflitos...? O estudo sobre a expressão da Dissensão entre falantes alemães com relação ao Trabalho da Face desenvolvidos pelos interlocutores, com base nos estudos de GOFFMAN, é o primeiro passo para responder essa pergunta (p.02 - 04).

O estudo está organizado da seguinte forma:

Capítulo I: A Dissensão – consiste em resenhas de quatro estudos sobre Dissenção; Conceito e as quatro categorias de Dissenção; e freqüência de ocorrência dessas categorias; O Trabalho de face – Conceito; as Máximas de conversação; o princípio da Relevância; As máximas da polidez; e as Regras de competência pragmática.

Capítulo II: As Estratégias do Trabalho de Face; A seleção delas pelo falante, a realização das Estratégias na comunicação; e a Dissenção como ameaça potencial à Face.

Capítulo III: Resultados e Corpus da pesquisa.- O gênero “Discussão”; A Dissenção em discussões; A Dissensão e as super-estratégias de Trabalho de Face; A Dissensão e as Estratégias formais.

Quanto às Considerações Finais, consistem na síntese dos ítens principais do estudo realizado.

Esquema do livro:

Conceito e as quatro categorias de Dissenção; Freqüência de ocorrência das categorias de Dissensão; O Trabalho de face – Conceito; as Máximas de conversação; o princípio da Relevância; As máximas da polidez; e as Regras de competência pragmática.

Capítulo II: As Estratégias do Trabalho de Face; A seleção delas pelo falante, a realização das Estratégias na comunicação; e a Dissenção como ameaça potencial à Face.

Capítulo III: Resultados e Corpus da pesquisa.- O gênero “Discussão”; A Dissenção em discussões; A Dissensão e as super-estratégias de Trabalho de Face; A Dissensão e as Estratégias formais; Dissensão off record; Dissensão on record; Dissensão direta com estratégias de compensação negativa; As categorias e Dissensão e Estratégias de Trabalho de Face; A Dissensão referente à expressão lingüística; A Dissensão referente à parte de uma proposição; A Dissensão referente à totalidade; A Dissensão referente ao rumo da interação; As Estratégias de Trabalho de Face na expressão da Dissensão no corpus da pesquisa; As Estratégias de compensação positiva; As Estratégias de compensação negativa; Exemplos de análise de ocorrência de Dissensão no corpus; Elementos sintáticos negativos; Outros elementos sintáticos negativos; A Dissensão direta sem compensação; A Dissensão direta com compensação positiva; A Dissensão direta com compensação negativa; Uso de Estratégias Off Record; como auxiliares em Dissensões diretas;

Nas considerações finais encontram-se uma síntese dos ìtens principais do estudo realizado sobre as Estratégias para manutenção de uma boa interação lingüística.

A Dissensão é definida como uma atitude proposicional de desacordo por parte do falante, referente a conteúdos ou atitudes imputados por ele ao seu interlocutor. Um elenco de Estratégias de Trabalho da Face foi definido com base nas quatro super-estratégias propostas por BROWN & LEVINSON, a saber: expressão direta sem compensação, compensação baseada na polidez positiva, compensação baseada na polidez negativa e expressão off record, contemplando as adaptações necessárias ao nosso objeto de estudo.

A análise de nosso corpus levou a pesquisadora a uma categorização das Dissensões, quanto ao seu objeto, em quatro categorias: a Dissensão referente à Expressão Linguística utilizada pelo interlocutor, que, por sua vez, apresenta um uso especial, que denominamos Uso Estratégico da Dissensão referente à Expressão Linguística, a Dissensão referente a Parte da Proposição, a Dissensão referente à Totalidade da Proposição e a Dissensão referente ao Rumo da Interação, sendo que tais categorias provaram-se influentes quanto à seleção das Estratégias de Trabalho da Face utilizadas em situações de Dissensao.

Os resultados obtidos permitem concluir que aquilo que coloquialmente se entende por “discordância” e que aqui denominamos Dissensão tem sua forma prototípica na Dissensão referente à Totalidade da Proposição, categoria à qual pertence à imenso maio-ria das ocorrências do corpus. A categoria Dissensão referente ao Rumo da Interação é a segunda mais utilizada, pois o falante pode optar por interromper o rumo que o interlocutor vem imprimindo à interação.

A Dissensão referente à Expressão Lingüística e Dissensão referente a Parte da Proposição têm uma freqüência de ocorrência bastante reduzida, pois normalmente os participantes de Discussões na mídia estão preparados com os elementos necessários para discorrer sobre os assuntos em pauta, o que diminui a probabilidade de enganos quanto à forma de expressão e a elementos das proposições apresentadas.

Quanto à expressão lingüística da Dissensão, podemos afirmar que não há uma forma linguística específica para realizá-la. Sendo uma atitude proposicional de desacordo frente ao interlocutor, a forma básica de expressá-la é apresentar uma contribuição que apre;sente uma proposição contrária ou incompatível com aquela que o falante imputa ao interlocutor. A apresentação da opinião contrária, que representa a expressão da Dissensão por parte do falante, pode acontecer unicamente por meio da criação de implicaturas, através da manipulação do Princípio de Relevância (expressão por meio de estratégias off record), ou ser expressa diretamente através de elementos lexicais que se opõem semanticamente à avaliação do interlocutor sobre determinado conteúdo. Neste caso, quando a avaliação do interlocutor é apresentada ou imaginada positivamente, o falante pode utilizar-se de elementos semanticamente negativos, os quais configuram o protótipo da expressão da Dissensão.

No que se refere ao Trabalho da Face, as quatro super-estratégias desenvolvidas por BROWN & LEVINS0N foram detalhadas em diversas estratégias formais, com um elenco de 37 possibilidades, resultante da análise do corpus da pesquisa. Para evitar as conotações evocadas pelo uso coloquial do termo “polidez”, preferimos o termo Compensação Positiva ou Negativa, para designar as Estratégias de Trabalho da Face baseadas, respectivamente, na polidez positiva e negativa, conforme descritas por BROWN & LEvIN50N.

Tanto no que se refere às super-estratégias quanto às estratégias formais, percebe-se que as Estratégias de Trabalho da Face orientam-se com relação aos conceitos de respeito às Faces positiva e negativa dos participantes da interação. Desse modo, nota-se que existe uma gama de possibilidades organizada em uma escala entre os pólos de “identificação” (polidez positiva) e “afastamento” (polidez negativa) do falante frente ao interlocutor, o que, com relação à Dissensão, parte da busca da afirmação de afinidade entre falante e interlocutor, com o uso de recursos para a aproximação entre ambos e passando paulatinamente ao afastamento, por parte do falante, frente ao interlocutor e/ou à Dissensão, até a sua completa dissociação desta última, através do uso das estratégias off record.

Uma análise das estratégias de compensação mais utilizadas mostra uma preferência pelo uso de estratégias centradas na relação entre os participantes da interação e a Dissensão em si (seja aproximando os participantes no que se refere a seus pressupostos e ao raciocínio que a motivou, seja afastando o falante e/ou o interlocutor da Dissensão a ser expressa), em detrimento de estratégias de compensação centradas no relacionamento entre os participantes da interação. Embora a pesquisa não tivesse por objetivo uma análise cultu-ral do uso de tais estratégias, gostaríamos de indicar a possibilidade de que esta preferência por estratégias de compensação mais “objetivas” poderia ser uma das causas da avaliação dos falantes alemães por outras culturas como “excessivamente diretos e objetivos”.

Alguns expedientes lingüísticos podem ser utilizados tanto para realizar estratégias de Compensação Positiva quanto Negativa, apenas através da variação do posicionamento dentro da escala de aproximação/ afastamento. Na análise do corpus da pesquisa, identifica-mos os seguintes casos:

1) gerenciamento da dêixis temporal: o uso do tempo presente em oposição ao passado cria, respectivamente, efeitos de apro;ximação/subjetividade e afastamento/objetividade, enquanto ouso do modo subjuntivo em oposição ao indicativo manipula o grau de realidade atribuído à Dissensão e cria um efeito de afastamento;

2) gerenciamento da dêixis pessoal: o uso da primeira pessoa do plural pela primeira ou pela segunda do singular cna um efeito de aproximação/subjetividade, enquanto o uso de man, da voz passiva e de formulações assemelhadas a regras gerais cria efeitos de distanciamento/objetividade;

3) gerenciamento das relações epistêmicas e deônticas: efeitos de aproximação/afastamento são criados através do uso de partículas e verbos modais;

4)negociação do grau de certeza e responsabilidade: uso de hedges, atenuadores e expressões de opinião pessoal relativizani as opiniões apresentadas, aproximando ou afastando falante e interlocutor.

É necessário ter em mente que este estudo representa apenas um primeiro recorte de determinados aspectos do Trabalho da Face realizado quando da expressão de Dissensões. Analisamos aqui apenas as estratégias utilizadas pelo falante para compensar as Faces positiva e negativa de seu interlocutor. Conforme salienta KOHNEN em seu estudo, realmente é necessário contemplar as quatro Faces que estão em jogo durante uma interação: as Faces positiva e negativa do interlocutor e as Faces positiva e negativa do falante. Este últi;mo também sente a necessidade de proteger as suas Faces frente ao interlocutor, o que desencadeia ouso de outras Estratégias de Trabalho da Face que não foram contempladas neste estudo, como, por exemplo, o uso de intensificadores para dar mais peso à própria opinião (cf. HOUSE/KASPER, 1981). O campo do estudo do Trabalho da Face é muito amplo e ainda pouco explorado. Futuros estudos nessa área provavelmente trarão importantes subsídios para um melhor entendimento do uso da linguagem e de seus efeitos em interações intra - e interculturais.

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