Surja azul em rua azul O azul todo em aguarela Estendida como tule Na palavra e com ela De cores verde e amarela A musa sob bandeira Que flutua altaneira Para agasalhar as cores De quem em fé aos amores Entregou a vida inteira.
De azul e branco primeira Namora o verde e o vermelho Onde o mundo por espelho Gira na lusa bandeira Heroína e sementeira De cinco quinas ao peito Que ao provir legou o jeito De ser alma em português Pela língua que fez Trezentos milhões de efeito.
Diz Camões: "Não... Não aceito Que à luz de mágoas fátuas Me enleveis em estátuas Pelo subtil proveito Em desmedida ambição Que vos mina o coração Sob a capa de meu nome Com gente a morrer à fome Como eu morri então".
Oh... Feras de sopetão Sobre o sonho da palavra Do poeta que bem lavra Os versos do coração... Quedai... Parai a inversão E a disforme confusão Que impondes à esperança De cada excelsa criança Que nasça como nascer Tem o direito de ser De si arco e própria lança.
Lêde porque a ler se alcança A descoberta total Desse tão perto local Por onde a cegueira avança De olhos abertos na dança Sem sequer imaginar Onde só pode encontrar O que intenta descobrir E que um mudo sem ouvir Descobriu após cegar.
Levai pois a dealbar O prenúncio do futuro Que tarde ou cedo seguro A bom porto há-de chegar Para enfim predestinar Decisivo o pensamento Que logrará o portento Da plena igualdade Sobre chão de felicidade Ao humano a cem por cento