Não foi má-vontade - peguei o livro com sinceridade. Juro que tentei conter meus polegares achatados. Mas logo nas primeiras páginas constatei que os ceifadores desequilibrados de Olavo de Carvalho jogavam a trama num clichê conservador sem precedentes.
'O Imbecil Coletivo' é tão atraente quanto o cocoruto de Dadá Maravilha . A obra se vale da 'ignorança' do leitor, que só consegue chegar ileso ao final da história se acreditar que a ONU é a vanguarda da revolução satanista-gayzista-narco-marxista mundial.
Mas vamos nos apoquentar numa análise detalhada: os personagens, por exemplo parecem ter saído de um Diogo Mainardi distorcido chegado a um comunista frustrado tramando sua contra-revolução da mesa de carteado.
A história é, do começo ao fim, uma estultice que só um apedeuta místico-picareta poderia eivar de cinismo e hermetismo suficientes para agradar a leitores bovinos - e o desfecho, até para os corações mais bondosos, não passa de sexo dos anjos.
Mesmo quando remete a Debord , o livro o faz de forma medíocre. Olavo de Carvalho faz parecer que uma Glória Kalil escreve. E, ao mesmo tempo, faz Ezra Pound rolar no túmulo.
Não há formas de ser condescendente: a nódoa que a personagem principal exala deixa um perfume néscio em todas as páginas picareteando um muro de obtusidade que macula de forma grotesca qualquer forma de literatura.
Conselho: se você encontrar 'O Imbecil Coletivo' nas prateleiras, não hesite, fuja.