Queridos leitores.
Decidi escrever alguma coisa sobre as muralhas, quando estava admirando alguns mapas e
pude perceber a grandiosa muralha da China, que todos dizem ser possível observar da lua,
mas que na realidade não é verdade.
Comecei a pensar em muralhas, em arrimos inimagináveis, em coisas intransponíveis, em desafios importantes, em ojetivos
inalcançaveis, em coisas difíceis e assim por diante, e cresci em devaneios.
Olhamos sempre um muro, ou muralha, como um obstáculo para que alcancemos o outro lado, onde quase sempre,
desconhecemos as planícies, vales, lagos, arquiterura. enfim, qualquer coisa que se passa por lá.
Há quem olhe esse obstáculo como tal, e desista nesse ponto de qualquer tentativa de atravessa-lo,
com o argumento comodista de que, se está alí, é ali que tem de estar. Bom, a esses eu daria o nome, talvez, de acomodados,
para, é claro, não chamar de medíocre, ou quem sabe, preguiçoso mesmo.
Até os animais, a quem chamamos, irracionais, tem seus próprios arrimos, seus próprios desafios.
Outro dia, observando uma ninhada de cachorrinhos, dentro de uma caixa de papelão, percebia o esforço deles em alcançar a borda
para ganhar liberdade.
Lembro bem de um filminho que recebi, a não sei quanto tempo, sobre um peixinho dentro de um aquário.
Sinceramente, não lembro o que falava, mas lembro muito bem da analise que foi feita na época, sobre uma visão
dos limites estabelecidos, sobre as prisões em que vivemos, e por que não dos limites impostos através
dessas muralhas pessoais.
Somos em grande parte da vida, prisioneiros de paradigmas, prisioneiros das leis impostas pela sociedade, pelas leis
dos homens e até mesmo pela lei de Deus, conduzidas pela religião.
Isso tudo deixa claro, o fato de que somos cativos dos outros e de nós mesmos, que dentro desse emaranhado de
regras, estamos sempre nos aprisionando em nossas muralhas pessoais.
Lembro uma vez, quando fiz meus quinze anos, quando repentinamente, surgiu a oportunidade de partir com um tio
para os Estados Unidos para estudar, e é claro, morar com eles por um tempo imprevisto.
Naquele tempo, minha muralha era familiar. Minha mãe não deixou margem para se ponderar sobre o assunto.
Ali eu estava, e ali deveria permanecer, sem a menor possibilidade de fuga. Era menor, sem sustento próprio e diria até
sem vontade própria. Ficou só o sonho, leve, fugaz, uma vontadezinha, apenas.
Em outra oportunidade lembro de ter vivido meu primeiro amor, e é claro que do primeiro amor a gente nunca esquece
e eu não seria a primeira.
Amei e amei mesmo, e o melhor, fui amada como jamais serei, disso eu estou certa. E mesmo dentro desse sentimento tão contundente,
tive minhas muralhas, meus preconceitos, e não tive dúvidas em abrir mão desse amor. Não fui capaz de derruba-la,
foi mais forte que eu, então parti.
Sei bem que todos os dias temos nossas muralhas pessoais, nossos paradigmas, e diante de toda a realidade que vivemos,
nos é permitido quebra-lo, ou não.
Bem, nesse momento de minha vida, tenho à frente, um grande desafio, uma grande muralha pessoal, e estou tão dividida e
confusa quanto poderia alguém que tem uma grande escolha a fazer.
A grande sorte é que para tal, só preciso da razão para conduzir e definir a grande escolha. Possivelmente o que irá definir
minha vida até o fim, ou o que sobra de vida, pela idade que tenho.
É isso que pretendo compartilhar com meus leitores. Nesse momento em que estou no centro do furação e tudo à volta se move
de forma desesperadora, estou aqui, esperando o momento de entrar na ventania, disposta a desarrumar os cabelos, disposta a mover-me
sem medo, desafiando a tudo e a todos, apenas pela intenção de buscar o melhor.
Sempre, e a todos os instantes temos à frente desafios, escolhas,muralhas, com seus prós e contras, cheios de razão e emoção,
que as vezes caminham juntos e as vezes separados.
O que importa realmente, é que tenhamos esses desafios, essas muralhas a serem enfrentadas destemidamente. Isso é a vida!
Caso não os consiga dintiguir, ao invés de ver, enxergue melhor, ele sempre estará em algum ponto esperando por você. |