SIGINIFICADO
Elane Tomich
À sombra, decifro a trama
Da árvore e suas ramas,
Rede entre a terra e o céu,
Quebra-cabeças, suponho.
Que estranho diagrama
A sombra quer me propor?
Que me esconda no seu véu
Ou crie um mosaico de sonhos?
Devo encontrar um nome,
Um novo substantivo
Com brilho de adjetivo,
Na palavra que me some?
Do mosaico junto peças
Até o limite que impeça
A progressão geométrica
De multiplicar a morte,
Enquanto mais vida vivo,
E destinos coleciono,
Embora à deriva da sorte.
É este, da sombra, o sentido?
Um sabiá canta em solo
Semibreve ao pé do ouvido...
Pra que renovar o consolo
Se é aqui que me esfolo,
Em carne viva eu morro
E a morte me presta socorro...
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