Pai, como eu queria Ser capaz de te lhe dizer O quanto você é querido E importante para mim. O quanto me orgulho de ser tua filha. Mas não consigo, Por mais que eu tente Escrever-lhe uma poesia. As palavras sobem e morrem na garganta... Engraçado não é? A gente fala sobre tudo. Somos amigos. Às vezes lhe sinto como um irmão, De tanta liberdade Que tenho em abrir a você, Meu coração, Contar-lhe meus sonhos e segredos. Hoje me vieram à lembrança Meus dias de criança, Dias de felicidade... Você me acordava com cócegas Para ir para escola... Sempre sorrindo, sempre brincando... E muitas vezes fazendo arte comigo Escondido da minha mãe. Lembrei-me também Do ano difícil que enfrentamos Quando você, por várias vezes quase nos deixou... Tão doentinho, tão fraquinho... Não achei que ia conseguir ultrapassar Aqueles momentos tão ruins... Como era difícil pra mim lhe ver sentindo dores, Sentindo que as forças que lhe mantinham vivo Escapavam-lhe pelos dedos... Mas você superou... Venceu! E hoje continua superando Todas as expectativas médicas... Fazendo de tudo, até mesmo o que lhe foi proibido, E teimosamente eliminando (como você mesmo diz) Os remédios que precisa tomar... Teimoso até na doença... Hoje, está longe de mim... Viajando, passeando E até se arriscando Entre a poeira e buracos Da Transamazônica. Esse é você meu pai. Corajoso, Valente E carinhoso.