É sabido que a religião é mãe de todas as artes humanas, e assim, procura expressar sentimentos. Provavelmente as passagens mais antigas das Escrituras são fragmentos de cantos primitivos. O maior desenvolvimento de música religiosa cerimonial se deu, sem dúvida, após a fixação dos hebreus na Palestina. O livro dos Salmos, foi o hinário do segundo templo de Jerusalém. Selah é uma palavra que ocorre setenta e uma vezes no saltério. Provavelmente Selah signifique levantar. O principal elemento estrutural da poesia hebraica é o paralelismo, isto é, repetição ou complementação do pensamento na segunda linha de uma parelha de versos. O apostolo Paulo, em sua carta aos Colossenses (3,16) parece fazer diferença entre Salmos, hinos e cânticos espirituais, e os aprova a todos. Os Salmos deveriam ser aqueles do A.T. Os hinos, as composições semelhantes aos cânticos de São Lucas: O Magnificat de Maria (1, 46-55). Os cânticos espirituais deveriam ser composições mais livres e informais que surgiam na comunidade cristã primitiva. Se comparássemos a música sacra evangélica atual, com a música dos tempos bíblicos, veríamos que realmente, a igreja romana conseguiu conservar sua música menos influenciada pelas correntes populares que tem ameaçado o canto religioso. Seu maior impulso ocorreu do século X em diante, com o aparecimento da polifonia. O século XV culminou essa nova técnica e foi chamado de o século áureo da polifonia. É duro admitir o fato, mas nossos ouvidos estão extremamente acostumados ao calor inebriante do romantismo – forte tendência para sonho, devaneio, fantasia, visão e emoção, que desde os fins do século XVIII engolfou todas as artes, e achou seu campo mais fértil na música. A música dos tempos bíblicos era talvez mais falada do que cantada. O compasso musical não existia e o ritmo das melodias não era como o de hoje. Os instrumentos musicais eram todos muito primitivos. Foi por ordem de Deus que a música começou a ser usada no culto (II Cr 29, 25). Durante muitas ocasiões os filhos de Deus cantavam, mas o canto era sem efeitos calculados, como agudos espalhafatosos ou de ambientes teatrais. Além do seu uso no culto, a música foi também usada em outras atividades, no transcorrer da história bíblica: nas vitórias da nação; na instituição de reis; nas festas; como deleite ou divertimento doentio; na adoração de ídolos e nas lamentações e funerais.
Como recomenda a Bíblia que se execute a música de culto e de adoração?
- engrandecendo a Deus;
- com humildade;
- com reverência;
- com decência e ordem;
- exaltando a formosura do santuário e a beleza da santidade;
- não com vozes que se destacam, salientes e exibicionistas;
- com inteligência;
- música interativa, fazendo com que a congregação se sinta motivada e à vontade para louvar, (clima amistoso, notas alcansáveis, músicas congregacionais, ritmos com timbre espiritual e conforme o contexto e lugar do culto)
- com idoneidade e sintonia; (muitas vezes o pastor não compreende que é preciso muito esforço, muito estudo e treino para que um músico seja eficiente; é preciso compatibilidade entre o grupo e o pastor, entre a liturgia, as músicas e a pregação).