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Ensaios-->HISTÓRIA DAS IDÉIAS RADICAIS NO BRASIL -- 02/08/2005 - 10:12 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
HISTÓRIA DAS IDÉIAS RADICAIS
NO BRASIL*



Mário Ribeiro Martins**


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO).

AS NOTAS REMISSIVAS ESTÃO NO FIM DO TEXTO.

PREFÁCIO

A presente dissertação constitui mais uma contribuição para a História dos Batistas do Brasil, sobretudo no sentido de complemento ao capítulo que trata do radicalismo batista brasileiro. O assunto em pauta, posto que empolgante, apresenta certas dificuldades, porquanto são raras as obras, tanto em português quanto em inglês, que tratam da questão, e quando o fazem, interessam-se mais pela primeira ou segunda fase do movimento.

A grande preocupação, portanto, foi dotar este trabalho de material ainda não explorado e assaz desconhecido, devendo para isto, o interessado no assunto consultar os órgãos batistas nacionais e estaduais relativos ao período. Foram também consultados os arquivos particulares, as atas das convenções nacionais e regionais, revistas e jornais de outras denominações e principalmente o documentário do Arquivo “ANTÔNIO SIMÕES” pertencente ao Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil(1).

Fica registrado aqui o justo agradecimento aos amigos deste e de outros Estados da Federação, que deram a sua colaboração, enviando números históricos de jornais, cartas, relatórios, alem de tantas outras informações úteis, sem as quais seria impossível coordenar esta narrativa.

Um reconhecimento todo especial faz-se necessário ao Professor principal da área de estudo, Dr. Zaqueu Moreira de Oliveira(2) que, além de sugerir o assunto para a dissertação, ofereceu preciosas sugestões, que muito contribuíram para a melhor distribuição deste material.

Evidentemente um trabalho desta natureza não poderia ficar isento de imperfeições, mesmo porque além das limitações do interessado na pesquisa e da vastidão do assunto, há o aspecto da exigüidade do espaço, não devendo o autor ultrapassar a norma estabelecida quanto ao numero de folhas de texto.

É muito provável, no entanto, que se possam colocar de lado todas as limitações do trabalho, procurando descobrir nele os pontos positivos, porventura existentes, independente de qualquer posição sobre a matéria. Se isto acontecer, só resta uma palavra de sincero agradecimento aos estudiosos e o desejo de que os leitores, despertados para a importância do tema, forneçam sugestões para um estudo mais justo e perfeito do radicalismo batista brasileiro.


INTRODUÇÃO

A questão da maioridade e da emancipação denominacional não ocorreu apenas entre os batistas. Cerca de vinte anos antes(1900), a Igreja Presbiteriana do Brasil experimentou as mesmas dificuldades(William R. Read, FERMENTO RELIGIOSO NAS MASSAS DO BRASIL, Campinas, SP: Livraria Cristã Unida, 1967, p.56). Deste modo, quando o sentimento nacionalista atingiu os batistas, coincidiu com a morte do expoente máximo da Igreja Presbiteriana Independente e seu fundador, Rev. Eduardo Carlos Pereira(3).

Não se pode negar que todas as denominações que enfrentaram o problema, tiveram-no, na época correspondente à sua própria maioridade. Assim é que os Congregacionais, embora fossem mais antigos que os batistas no Brasil, somente experimentaram a questão, quando estes já haviam curado o seu mal.

Evidentemente, a Constituição particular dos Batistas contribuiu decisivamente para que as condições e conseqüências do movimento radical entre suas igrejas fossem inteiramente diferentes das demais denominações onde o problema ocorreu.

O estudo do radicalismo não pode omitir as primeiras dificuldades denominacionais havidas entre missionários(estrangeiros) e brasileiros, embora no inicio do trabalho batista no Brasil(Ibid, p. 193). As origens da controvérsia radical, sem as quais seria impossível entender os diversos ângulos da questão, são também acentuadas.

Pela análise das fases da controvérsia verificam-se as alterações sofridas nas instituições, igrejas, jornais, convenções e suas repercussões no exterior. A expansão do problema radical revela a extensão deste sentimento, quais os Estados atingidos e sobretudo as reações de cada um.

O término e balanço da controvérsia apresentam os aspectos positivos e negativos das divergências, em todo o Brasil, alem de mostrar os fatores que contribuíram para a harmonia dentro dos arraiais batistas nacionais.

Na verdade, não se pretende aqui esgotar o assunto, senão reunir e coordenar o material existente sobre as dificuldades ocorridas, dando assim uma idéia mais perfeita e, sobretudo, em ordem cronológica dos acontecimentos que culminaram com o chamado RADICALISMO BATISTA BRASILEIRO.

É preciso acentuar que embora existam importantes documentos a respeito do assunto, eles estão praticamente em arquivos particulares, o que dificulta o trabalho de pesquisa por parte dos interessados no estudo dos problemas denominacionais.

Não se pode dogmatizar sobre este ou aquele fato como sendo o responsável pelo inicio das contendas entre nacionais e estrangeiros. As raízes são várias e complexas. A verdade, porem, é que a incompreensão, a falta de amor cristão e a ausência do espírito de renúncia caracterizaram tanto um quanto o outro lado.

A controvérsia radical compreende dois períodos: A PRIMEIRA FASE DO MOVIMENTO abrange os anos de 1923 a 1938, quando as igrejas radicais voltaram ao seio da Convenção Batista Brasileira, tendo a divisão alcançado cerca de QUINZE ANOS. A SEGUNDA FASE DO PROBLEMA abrange os anos de 1940 até o presente(1972), estando, portanto, com mais de TRINTA ANOS.

Vários outros movimentos de conteúdo radical tem surgido ao longo da história dos batistas do Brasil e até mesmo em nossos dias, porem destituídos de expressão e sem maiores conseqüências para a denominação, que já alcançou considerável estabilidade.

Deste modo, o que se pretende aqui é, usando os depoimentos, as entrevistas pessoais, os jornais, as cartas, os documentos diversos e sobretudo as fontes radicais e construtivas, apresentar as verdadeiras faces do radicalismo, analisando suas causas e conseqüências para o trabalho batista nacional.



PRIMEIRAS DIFICULDADES DENOMINACIONAIS

É inegável que a própria estrutura do trabalho e o sistema adotado pelas MISSÕES haveriam de produzir conflitos nos campos missionários, entre estrangeiros e nacionais. No Brasil, sobretudo, tais choques seriam mais rápidos, em virtude do acelerado crescimento da obra batista.

Alem do fator crescimento, a MISSÃO começou por atingir pessoas mais ou menos esclarecidas e que tinham se libertado da “escravidão católica”, o que significa que haveriam de se situar perante a estrutura da MISSÃO mais cedo ou mais tarde.(A expressão MISSÃO designava o trabalho realizado pela JUNTA DE RICHMOND, no Brasil).

Um destes convertidos foi o ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque(*1), homem esclarecido e que tinha fugido das correntes de Roma. Outro nome é apresentado por Emile G. Léonard: “um dos primeiros brasileiros ilustres convertidos ao protestantismo batista, Wandrejasil de Mello Lins(*2), pertencia a uma das grandes famílias de fazendeiros do Rio Largo(Alagoas)”(Emile G. Léonard, O PROTESTANTISMO BRASILEIRO-ESTUDO DE ECLESIOLOGIA E HISTÓRIA SOCIAL, São Paulo: ASTE, 1963, p. 165).


1. MISSIONÁRIOS E NACIONAIS

Uma das primeiras dificuldades entre obreiros estrangeiros e nacionais, deu-se entre o Pastor Mello Lins e Zacarias C. Taylor(*3). A Primeira Igreja Batista do Recife(04.04.1887) teve como seu primeiro Pastor, o missionário Charles D. Daniel. Este, depois de três meses de trabalho retornou a Bahia em substituição a Zacarias Taylor que tinha viajado para os Estados Unidos.

Mello Lins, até então pastor evangelista, ficou como pastor da igreja e durante dois anos realizou o trabalho a contento, até que as coisas mudaram. O acontecimento que resultou na discórdia entre este obreiro e Zacarias Taylor é narrado por Antonio Neves Mesquita(4): “Um tal Martiniano, casado, queria contrair núpcias pela segunda vez ao que o Pastor(Mello Lins) se opunha. Formam-se grupos e abre-se a luta. Muitos crentes deixam a igreja e o pastor Lins fica quase só. Sabedor desses acontecimentos, o missionário na Bahia, Zacarias Taylor, que já havia voltado de sua terra(Estados Unidos), corta os 100$000 de salário que dava ao pastor Lins, deixando-o em serias aperturas e o trabalho nas mesmas condições. Foi o fim da primeira etapa do trabalho batista em Pernambuco. Debandado o Pastor, debandaram os crentes. Mello Lins, sem recursos para viver, embarca para Maceió, deixando as poucas ovelhas sem governo”.(A. N. Mesquita, HISTÓRIA DOS BAPTISTAS EM PERNAMBUCO, Recife: Typografia do CAB, 1930, p. 15).

O fato é que em 1899 Mello Lins que os havia conhecido catorze anos antes, em 1885, rompeu definitivamente com os missionários, enfrentando desta feita, o missionário W. E. Entzminger(5), o que contribuiu para um desentendimento entre as igrejas de Maceió e Rio Largo, permanecendo respectivamente como grupos nacionalistas e missionários durante muitos anos.(Leonardo, PROTESTANTISMO BRASILEIRO, p.168).

Outras manifestações de conflitos entre missionários e nacionais ocorreram ao longo da historia dos batistas do Brasil, antes mesmo do movimento radical de 1923. Atitude idêntica à de Mello Lins em Maceió foi a do Pastor José Alves, da Igreja Batista de Belo Horizonte, em 1898. O referido obreiro havia deixado a sua denominação primitiva e veio para o meio batista, onde trabalhou com entusiasmo à frente da mencionada igreja que já contava com quarenta membros.

As dificuldades surgidas entre ele e os dois jovens missionários são narradas por Émile G. Leonard: “Desentendeu-se, entretanto, com dois jovens missionários americanos que haviam fundado, na mesma cidade, um colégio batista. A questão terminou, após grandes discussões na comunidade, pela saída dos adversários que, abandonando Belo Horizonte, vieram para São Paulo de onde regressaram aos Estados Unidos, e pela volta de José Alves à sua denominação primitiva.(Ibid, p. 168).

Embora Leonard se refira a dois jovens, na verdade, o conflito ocorreu entre o Pastor e duas missionárias, a saber Wilcox e Stenger. Ao lado destes fatos de pequena monta, ocorreram outros desentendimentos de maior importância e que colocaram o ambiente evangélico e, sobretudo batista, em alerta.

À proporção que o trabalho crescia e aproximava-se a década de 1920, tais fatos entre estrangeiros e nacionais se repetiam. Assim é que em 1900, há um conflito entre a MISSÃO e o Pastor Antonio Ferreira Campos. Ele tinha sido presbiteriano e tornou-se batista. Foi pastor da Igreja Batista de São Fidelis e posteriormente foi para Campos(RJ) trabalhar ao lado de Salomão Ginsburg(6) na direção do jornal AS BOAS NOVAS e também com a igreja local.

Em Campos, aconteceu o conflito que é descrito por Émile G. Leonard: “Em 1900, entretanto, Ginsburg partiu da região de Campos para dirigir o trabalho batista em Recife. E, ao que parece, foi após a sua partida que Antonio Ferreira se desentendeu com a MISSÃO, organizando contra ela a “União Baptista Fluminense” de espírito hostil aos americanos e constituída de comunidades a ele submetidas ou sob sua influencia.(Ibid, p. 169).

A amizade entre Antonio Ferreira e Salomão Ginsburg era tal que quando chegou um novo missionário para Campos, Albert L. Dunston, Antonio Ferreira insistiu na saída deste missionário e na volta de Salomão Ginsburg. Mais tarde, levou a igreja a eliminar o missionário Dunston e seus seguidores.

Sobre o assunto, disse Léonard: “Antonio Ferreira foi entrevistar-se com Ginsburg no Recife e de sua volta declarou pela imprensa local(em 10.09.1900) que a comunidade de que ele era pastor se declarava independente, recusando qualquer auxilio de MISSÃO DE RICHMOND e que não aceitaria qualquer missionário... Antonio Ferreira foi seguido por várias outras igrejas da mesma região e poderia ter ali constituído uma organização batista independente, com grandes possibilidades de êxito, não fosse ele um instável.(Ibid, p. 170).

A década de 1900 marcou um período de dificuldades e de sentimentos contra a atuação dos americanos, em face, principalmente da Guerra de Cuba(1902-1934). A posição tomada pela nação brasileira teve reflexos sobre seus filhos. Houve, portanto, uma onde de anti-americanismo que atingiu até mesmo os evangélicos. As brigas de Eduardo Carlos Pereira com o pessoal das missões e a conseqüente separação da Igreja Presbiteriana do Brasil serviram para entusiasmar os espíritos agitados existentes no meio batista.

Sobre isto acentuou J. B. Lyra: “A partir de 1900, alguns problemas perturbavam sobremaneira a opinião publica da Igreja no Brasil. Alguns elementos de influencia no evangelismo nacional, descontentes com o sistema educativo dos BOARDS(Juntas) americanos, moveram-lhes tremenda campanha demolidora. Ferviam os debates ainda, quando nasceu em alguns corações o desejo de fazer a Igreja inteiramente independente do auxilio e direção de elementos estrangeiros”(Jorge Buarque Lyra(7), A MAÇONARIA E O CRISTIANISMO, Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1953, p.282).

No Rio de Janeiro, foram acentuadas as manifestações hostis aos missionários. A. R. Crabtree(*4) deu conta dos acontecimentos, dizendo: “Passaram as Igrejas do campo nacional por muitas lutas. Continuou a revolta contra a Junta Missionária. Houve uma divisão na Igreja de Engenho de Dentro que perturbou a ordem e o progresso do campo por algum tempo”(A. R. Crabtree, HISTÓRIA DOS BAPTISTAS DO BRASIL, Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista, 1937, p. 282).

O referido historiador denominou o ano de 1905 como “ano de transição”, enquanto o ano de 1906, foi chamado “ano de lutas”. Na verdade, foi mais um ano de conflitos entre missionários e nacionais. As divisões foram intensas por toda parte.

“As Igrejas de Peão e Santa Cruz aderiram aos dissidentes e o cisma diminuiu o numero de batistas que colaboravam com a Junta Missionária, de 701 para 476. As eliminações de missionários e seus defensores tomaram lugar comum, nesta época. Dos oitenta e seis membros da Igreja de Engenho de Dentro, quarenta e três foram excluídos. Cerca de cinqüenta membros foram eliminados da Igreja de Barão de Aquino(Ibid, p. 283).

Em Belo Horizonte, repetiram-se os fatos de 1898, ocorridos com o Pastor José Alves. Como a igreja batista local sofria a crise anti-missionária e estava dispersa, o missionário D. F. Crosland tentou reorganizá-la. Se alguns o acompanharam, a maioria formou um grupo dissidente, sem auxilio da MISSÃO. O fato é que estes movimentos cismáticos duraram muitos anos e só desapareceram em 1910, quando já estavam lançadas as bases para o movimento radical brasileiro que haveria de explodir na década de 1920.


2. PROBLEMA MAÇÔNICO

A questão da maçonaria constituiu, em varias ocasiões, verdadeiro estopim entre missionários e nacionais. Estes, aquecidos pelos preconceitos de Eduardo Carlos Pereira, e aqueles, vindos de uma pátria onde a maçonaria perante as igrejas era apenas um caso de consciência. Se os conflitos já mencionados representavam preceitos ou nacionalismo, o problema da maçonaria era muito mais grave porque tinha conotações doutrinarias e fundamento dogmático.

A campanha anti-maçônica já havia alcançado Pernambuco em 1900. O grupo da referida campanha, no entanto, foi eliminado da Primeira Igreja Batista do Recife, dando por encerrado o caso neste Estado.

A semente lançada por Eduardo Carlos Pereira atingiu o pais de Norte a Sul. Não conseguindo expulsar os missionários do Brasil, voltou-se Carlos Pereira para a maçonaria. Fez dela um pretexto para cobrir seus intentos anti-missionários. Como muitos obreiros americanos simpatizavam com a ORDEM DOS FILHOS DA VIUVA, o caminho melhor para Eduardo C. Pereira foi provocar a divisão nas igrejas em que existiam maçons(Leonard, PROTESTANTISMO BRASILEIRO, p. 150). Relembre-se que Eduardo Carlos Pereira(Caldas, Minas Gerais, 1855-1923) publicou, em 1900, o livro contrário à maçonaria “A MAÇONARIA E A IGREJA CRISTÃ.

Exatamente isto aconteceu em Maceió. Um pastor presbiteriano que veio participar da orgnização de uma Igreja Presbiteriana Independente teceu considerações em seu sermão, sobre a validade da maçonaria para os crentes. Nesta reunião estavam presentes vários grupos denominacionais. Isto foi o suficiente para que as igrejas adotassem a tese de Eduardo C. Pereira e começassem o desfile das eliminações.

Salomão Ginsburg, missionário e maçon convicto, declarou em 1905, conforme a narrativa de A. R. Crabtree: “No Estado de Alagoas, o trabalho estava prosperando de um modo maravilhoso, prometendo para breve, seu sustento próprio. Infelizmente, um pastor presbiteriano, anti-maçônico visitou Maceió, deixando ai plantada a semente do espírito jesuíta e farisaico, de forma que o trabalho foi dividido em dezembro e está sofrendo bastante”(Crabtree, BATISTAS DO BRASIL, p. 239).

Em Maceió, portanto, a igreja batista decidiu excluir os membros maçons. O próprio Pastor da igreja, sendo um deles, teve de ir a Pernambuco para receber a orientação dos missionários. A resposta não poderia ser outra, senão aquela que o Conselho de New York e a Junta de Nashville deram ao SINODO PRESBITERIANO alguns anos antes: “Quanto à questão da maçonaria, a filiação nessa ORDEM é reconhecida por toda a Igreja Protestante na América do Norte como uma questão que deve ser entregue à consciência individual”(Lyra, A MAÇONARIA E O CRISTIANISMO, p. 269). Os missionários foram alem e ameaçaram a Igreja Batista de Maceió de cortar a verba da MISSÃO, caso não suspendesse a interdição contra a Maçonaria. Como existiam na igreja espíritos anti-missionários, a oportunidade foi aproveitada. A igreja rejeitou a proposta dos missionários. Como constituíssem a maioria, os irmãos anti-maçônicos e muitos deles anti-missionários formaram a Igreja Batista Independente, deixando a Igreja da Missão com vinte e três fiéis.

Nas cidades do Estado de Alagoas, onde havia trabalho batista, os anti-maçônicos constituíram igrejas batistas regulares. Assim, ocorreu em Rio Largo, Penedo, Pilar e Atalaia(John Mein(*5), A CAUSA BAPTISTA EM ALAGOAS, Recife: Typografia do CAB, 1929, p. 33). Os missionários evidentemente tomaram uma posição errada, quando ameaçaram a igreja. O fato, porem, é que o sentimento anti-missionario haveria de revelar-se em qualquer ocasião.

A divisão em Alagoas chegou ao fim com a intervenção do Pastor Almeida Sobrinho e o missionário R. E. Petigrew, em 1909. As igrejas revogaram a resolução contra a maçonaria e se uniram. Em Maceió, a Igreja Batista do Calvário que tinha permanecido fiel à MISSÃO recebeu a “Igreja de Cristo Denominada Batista”. Somente a Igreja Batista de Pilar continuou anti-maçonica. Esta, depois de ficar resumida a três membros, desapareceu. As duas igrejas de Penedo fizeram o mesmo que as de Maceió. As duas de Rio Largo se uniram.

A verdade é que os batistas de modo geral não deram tanta importância à causa anti-maçônica. O movimento de Alagoas, de 1905, foi realizado sem convicções e tinha muito mais um caráter de imitação aos presbiterianos. No fundo, havia o sentimento anti-americano, conforme acentuou o próprio A . R. Crabtree: “Não há dúvida, portanto, que o espírito de nacionalismo muito agravou a situação nos arraias baptistas”(Crabtree, BAPTISTAS DO BRASIL, p. 240).

Sobre isto, disse Léonard: “Tal como para os Presbiterianos Independentes, a luta contra a maçonaria significava para os dissidentes uma forma de manifestar suas tendências nacionalistas e sua filiação a uma teologia ortodoxa... A oportunidade para as dissidências, entretanto, tivera para os batistas uma importância considerável – tal como os presbiterianos também sentiam a pureza evangélica, e se os motivos profundos que assim se exprimiram em movimentos dissidentes- o desejo de uma independência eclesiástica , a necessidade de uma teologia mais segura, a reação contra o pragmatismo americano- não tiveram os mesmos resultados vistos entre os presbiterianos, é que não haviam alcançado a mesma força”(Léonard, PROTESTANTISMO BRASILEIRO, p. 172).



ORIGENS DO MOVIMENTO RADICAL

O sentimento anti-americano não surgiu de um momento para o outro. Praticamente começou a desenvolver-se no inicio da segunda década do movimento missionário batista no Brasil. Não há uma razão que se possa dizer ter sido primordial para a origem do radicalismo batista brasileiro. A própria estrutura das MISSÕES estrangeiras em qualquer parte do mundo, oferece motivos para insatisfações por parte daqueles que se vão convertendo e recebendo maiores esclarecimentos sobre a liberdade cristã e suas implicações.

No Brasil, o sistema adotado pela MISSÃO foi o mesmo que em outras partes do mundo. Aliás, este foi um dos argumentos de que os missionários lançaram mão: “Não nos resta a menor opção sobre este plano. É o mesmo que a JUNTA segue por setenta e cinco anos, em dezoito paises na evangelização dos seus novecentos milhões de habitantes”(A. N. Mesquita, HISTÓRIA DOS BAPTISTAS DO BRASIL, p. 164).


1. NACIONALISMO

Além da onde de anti-americanismo que assolou o país, Eduardo Carlos Pereira, nos idos de 1900, abalou os arraiais evangélicos com uma tomada de posição quanto à obra missionária.

O Brasil, nesta época, não olhava com bons olhos o governo americano. Os problemas políticos entre os Estados Unidos e Cuba, como também outros paises da América Central tinham reflexos negativos sobre a nação brasileira. Se o povo como tal não via bem os Americanos do Norte, a comunidade evangélica que fazia parte deste mesmo povo, tinha também seus sentimentos e preconceitos.

Em seu “Manifesto aos Batistas Brasileiros”, de 13.02.1923, a Convenção Baptista Regional acentuou: “Nossos bem amados irmãos missionários não estão convencidos de que sejamos capazes de nos governarmos. Manifesto ao Povo Baptista da Convenção Baptista Regional. Recife, 13.02.1923”(Documentos do Arquivo Antonio Simões. Este arquivo pertence ao Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife). Mais adiante argumentou: “Informai ao povo batista de todo lugar, esforçai-vos por reunir as forças de trabalho e unidos, continuai no nobre e glorioso propósito de evangelizar esta região, com ou sem auxilio da MISSÃO”(Ibid, p.2).

No mesmo manifesto, os nacionais revelaram que a causa que defendiam não era a de D. L. Hamilton, pois esta era apenas uma justificativa, mas o que realmente desejavam era a nacionalização do trabalho batista no Brasil. Daí por que argumentaram: “Sua missão aqui é a de auxiliar-nos a desenvolver o trabalho e não a de dirigi-lo perpetuamente, como se eles não se ocupassem inteligente e sinceramente de desenvolver as forças nacionais, dando-lhes a oportunidade de dirigir e servir(Ibid, p. 2).

O nacionalismo desta época foi tal que os presbiterianos anti-americanos entraram no conflito dos batistas, o que foi duramente condenado por W. C. Taylor(*6): “É interessante notar a alegria com que um ou dois pastores presbiterianos acompanham o movimento para dividir a denominação batista, fazendo discursos nas ocasiões da maior hostilidade anti-americana e anti-missionaria, e prestando seu nome e serviços pedagógicos a escolas estabelecidas com o intuito declarado de fechar as portas do maior Colégio Evangélico do Norte do Brasil”(W. C. Taylor, O RADICALISMO ANTI-MISSIONARIO EM PERNAMBUCO, Correio Doutrinal, Recife, 23.03.1923, p. 5). (Taylor se referia ao Colégio Americano Batista Gilreath, depois Colégio Americano Batista, na Rua Dom Bosco, por onde passou o autor destas notas quando fez o seu curso Clássico, nos idos de 1965).

No órgão presbiteriano, O PURITANO, o Rev. Matatias Gomes dos Santos escreveu, referindo-se ao problema dos batistas: “A ninguém terá escapado a manobra do nacionalismo romano que tem ultimamente agitado a opinião publica, procurando coordená-la contra as Missões Americanas, relacionadas com o movimento de evangelização do Brasil”(W. C. Taylor, LI, Correio Doutrinal, Recife, 06.04.1923, p.16).

O aspecto nacionalista envolveu-se de tal modo que um pastor chegou a anunciar do seu púlpito que os que não cooperassem com o movimento seriam considerados traidores da pátria(Taylor, RADICALISMO, p. 8).

W. C. Taylor teceu considerações sobre o sentimento de nacionalismo que caracterizou os brasileiros dizendo: “Não há preconceito que os leaderes do radicalismo neste campo não invoquem para facilitar a propaganda entre as igrejas- preconceitos de raça, preconceitos de nacionalidade, preconceitos nacionalistas e preconceitos internacionais”(Ibid, p. 4).

O Jornal Católico TRIBUNA publicou um artigo intitulado “Protestantes versus Protestantes” fazendo uma série de considerações sobre o nacionalismo dos batistas. Entre as diversas criticas, destacaram-se: “Consta-nos que na Igreja Batista da Torre(Recife) houve até exibições de armas. Estrangeiros e nacionais não se puderam entender e acabaram adotando o processo mais sumario o do cacete. Os evangélicos nacionais estão muito patriotas”(Ibid, p. 16).

No mesmo artigo, Taylor citou o trecho de um jornal protestante, dizendo: “No ultimo período do publicado protestante, encontra-se o seguinte- reagir contra esses falsos pregadores do Evangelho, esses atrevidos americanos, não é reagir contra a religião evangélica, é sim, um dever de patriotismo. E não foram os católicos que assim falaram”(Ibid, p.17).

O pastor da Igreja Batista do Cordeiro(Recife), num panfleto que foi distribuído entre os católicos e pregado nos postes e lugares públicos, afirmou: “O povo não deve confundir com os evangélicos desta cidade, o grupo de americanos que pretende estabelecer no Zumby(bairro do Recife), uma pseuda Egreja Baptista. Os americanos W. C. Taylor, A. E. Hayes e L.L. Johnson foram expulsos das egrejas baptistas a que estavam filiados. Abusando da proverbial hospitalidade dos brasileiros começaram a tratar os baptistas como se fossem escravos e como estes protestassem contra esse esbulho da sua liberdade, elles ofereceram desesperada resistência”(Ibid, p.18).

O fato é que “uma sociedade nacional de pastores baptistas foi logo organizada para promover esse movimento”(Ibid, p.19). Taylor falando sobre a posição de D. L. Hamilton, acentuou: “Quase sempre há um estrangeiro esperto e explorador atraz dos movimentos radicais e nacionalistas na esfera da religião”(Ibid, p.19).

O nacionalismo constituiu um dos elementos originários do radicalismo batista brasileiro. E não somente foi elemento originário, mas também a alma do movimento e a bandeira hasteada dos radicalistas. Não havia numero do CORREIO DOUTRINAL que não falasse sobre o nacionalismo, o que mostra perfeitamente a importância do sentimento patriótico.

Lauresto argumentou: “E os que se dizem nacionalistas são os que perceguem(sic) estas instituições que só podem trazer benefícios ao Brasil, sob o falso receio(talvez verdadeiro para alguns) de um fantástico e temível imperialismo americano”(Lauresto, NACIONALISMO VERDADEIRO E FALSO, Correio Doutrinal, Recife, 11.05.1923, p. 8).

Taylor, escrevendo sobre o patriotismo dos radicais, disse: “Sahem com fraques e retórica inflamada, dizendo que quem não é por nós não é brasileiro, é anti-patriótico, é traidor, é falsário, é Judas, é Pilatos, é o Kaiser, é o Papa, é digno de todo o escárneo”(W. C. Taylor, QUE PATRIOTAS QUEREIS ACOMPANHAR?, Correio Doutrinal, 25.05.1923, p. 1).

Os nacionalistas chegaram a usar a “Parábola do Filho Pródigo” para pregar e acentuar suas idéias. Assim é que o pródigo que voltou ao lar paterno era comparado ao batista que se tornava anti-missionario e passava para o grupo dos radicais, demonstrando seu nacionalismo e amor à pátria.


2. EDUCAÇÃO VERSUS EVANGELISMO

Os missionários foram acusados constantemente de estarem mais preocupados com o ensino do que com a evangelização. Argumentava-se que as verbas vindas da outra América eram utilizadas na sua maior parte em atividades educacionais.

A questão do ensino tinha sido o pomo da discórdia entre os presbiterianos nos idos de 1900. Eduardo Carlos Pereira chegou mesmo a dizer que a Igreja Presbiteriana do Brasil não teria se dividido “se o Board(Junta) norte-americano não tivesse cometido o erro de manter os planos educativos do Colégio Mackenzie contra as aspirações evangelísticas do Sínodo(Lyra, CRISTIANISMO E MAÇONARIA, p. 284).

Até então os batistas brasileiros tinham dado uma extraordinária ênfase ao trabalho de evangelização e não seria justo acentuar a educação em detrimento do evangelismo. O manifesto dos radicais, perante a Convenção Batista Brasileira, em janeiro de 1925, demonstrou esta preocupação- colocar a evangelização no lugar que tinha sido usurpado pelo ensino.

No referido manifesto se lê: “A educação segue a evangelização e não a evangelização à educação. Ademais, a experiência nos ensina que as grandes quantias desviadas da evangelização e dispendidas na construção de grandes colégios prejudicam a causa e retardam o seu progresso. A pátria brasileira jamais será evangelizada pelos colégios. São excelentes auxiliares da evangelização sempre que não se afastam da simplicidade e do poder do evangelho”(Manifesto aos Baptistas Brasileiros. Apresentado pela maioria das egrejas e pastores baptistas do Norte do Brasil, 1925-Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Mesmo antes de o conflito atingir a massa batista em Pernambuco, ele já existia entre os próprios missionários, evidentemente em termos diferentes. O desentendimento, principalmente, entre D. L. Hamilton e os demais missionários chegou ao auge, quando da mudança de administração do Colégio e Seminário.

Estas instituições e mais ainda a Escola de Obreiras, tinham como Presidente H. H. Muirhead(*7). Até então o Diretor do Colégio tinha sido D. L. Hamilton e o Deão do Seminário e Diretor em potencial, W. C. Taylor. Em 1918, o Colégio e o Seminário foram separados, exigindo mudança na administração. Em 1920, após a volta de D. L. Hamilton dos Estados Unidos, o conflito entre ele e os demais missionários se agravou. É que, na sua ausência, H. H. Muirhead foi escolhido Diretor do Colégio Americano Batista Gilreath(Rua Dom Bosco) e W. C. Taylor foi feito Diretor do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil(Rua Padre Inglês). D. L. Hamilton, diretor do Colégio por vários anos, passou a ser simples professor.

Ainda em 1920, a Convenção Batista Brasileira reuniu-se no Recife, no mês de junho. Sabedores da reorganização administrativa das instituições e do rebaixamento de D. L. Hamilton, os obreiros nacionais que lhe eram íntimos pretenderam mudar a situação. Era necessário, contudo, que o novo Presidente da Convenção Nacional fosse uma pessoa interessada no assunto. Este, por sua vez, nomearia uma comissão de indicações também favorável. Com esta política, a Junta do Colégio seria de elementos interessados em D. L. Hamilton e ele voltaria à direção da instituição. O inesperado aconteceu. O eleito para Presidente da Convenção era um leigo e nada sabia da história. Ao nomear a Comissão de Indicações, o primeiro nome apresentado foi o do missionário H. H. Muirhead. Assim, o Coronel Antonio Ernesto, de São Paulo, colocou abaixo o plano dos nacionais(Léonard, PROTESTANTISMO BRASILEIRO, p. 178).

Os brasileiros não se deram por vencidos e passaram a usar as mais diversas armas contra os missionários. Quando se deu a Convenção Batista Regional, na Igreja Batista de Vila Natam, em março de 1918, o missionário da Bahia acentuou o sustento ministerial por parte das igrejas, argumentando que os pastores nacionais não eram empregados da MISSÃO.

O discurso do missionário era perfeitamente valido. As desconfianças, porem, vieram à tona, porque existiam aqueles que, embora recebendo da Missão, eram por razões várias, contrários a ela. O fato é que o sermão do missionário não foi esquecido e passou a ser motivo de descontentamento e desconfianças entre nacionais e estrangeiros.

Com a separação do Colégio e Seminário, no Recife, Alfredo Freyre(o pai de Gilberto Freyre)(8), foi eleito também professor da instituição teológica, devendo lecionar Latim Eclesiástico, Leitura Expressiva da Biblia e Filosofia da Religião Cristã. Sua eleição resultou em sérias dificuldades porque, embora ele tivesse convicções batistas, não era membro de igreja batista.(Zaqueu Moreira Oliveira e João V. Ramos André, PANORAMA BATISTA EM PERNAMBUCO, Recife, 1964, p. 26).

Na verdade, o problema era muito mais complicado do que a questão não ser membro de igreja. Pululavam sérias acusações ao Dr. Alfredo Freyre no seu relacionamento com Alina Muirhead, esposa do Diretor do Colégio. Eram informações sem fundamento e que resultavam, talvez, do fato de os dois professores terem traduzido juntos, alguns livros, entre os quais, O NOVO MANUAL NORMAL. De qualquer forma, o assunto teve repercussões desagradáveis e contribuiu para o fortalecimento da contenda.

Os nacionais sabiam que, com a volta de D. L. Hamilton à direção do Colégio(Colégio Americano Batista), Alfredo Freyre estaria desclassificado para esta instituição e conseqüentemente para o Seminário(Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil). Tudo isto era utilizado para fazer guerra contra os missionários. As mudanças operadas a partir de 1918 aumentaram as queixas.

À proporção que os nacionais reclamavam, mais as mudanças dos missionários eram drásticas. Os obreiros estrangeiros foram acusados de promover mudanças de pastorado, isto é, de pressionar as igrejas a exonerar seus pastores e convidar outros. Quando o pastor Manuel Tertuliano Cerqueira(9) foi eleito para a Igreja de Vila Natam(hoje Moreno) em lugar de Pedro Falcão, este, acusou os missionários de terem forjado sua mudança.

Em novembro de 1921, quando da Convenção Batista Regional, na Igreja Batista do Cordeiro, o partidarismo tomou conta mais uma vez. Os pastores Orlando Falcão e Adrião Bernardes(10) controlaram a situação, embora D. L. Hamilton já estivesse ao lado dos brasileiros.

Após a Convenção Batista Nacional na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, em 1922, J. F. Love, Secretario da Junta de Richmond, veio ao Recife. Com ele, os missionários e nacionais se reuniram durante um dia e noite. Aparentemente, o assunto ficou resolvido.(Zaqueu e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 26).

Adrião Bernardes e Orlando Falcão(11) que até então estavam ao lado dos missionários, tornaram-se partidários dos nacionais, o que contribuiu para acentuar a contenda, já que se tratava de dois obreiros de renome. Antes da Convenção Batista Regional, que seria realizada em Gravatá, em novembro de 1922, os obreiros nacionais, em numero de quinze, reuniram-se na Primeira Igreja Batista do Recife e decidiram enviar um MEMORIAL aos missionários. Se os considerandos eram significativos, as proposições eram duras e categóricas.

Entre os considerandos e pareceres enviados à MISSÃO, destacavam-se: “Considerando, finalmente, a contraproducência de centralizar a direção desta fase primeira do trabalho batista nos missionários, como tem sido a tendência iniludível até com prejuízo de uma divisão eqüitativa das responsabilidades, são de parecer: Que a direção do trabalho evangelístico fique afeta exclusivamente à Junta Regional. Que tanto os fundos contribuídos pelas igrejas como os contribuídos pela Junta de Richmond para evangelização, sustento pastoral, viagens, etc., sejam entregues à mesma Junta Regional para administrar. Que atendendo à Grande Comissão a qual dá lugar proeminente à evangelização do mundo, nos pedidos de apropriação feitos à Junta de Richmond para o Norte do Brasil, a causa da evangelização nesta região, seja contemplada numa proporção justa com a causa da educação...”(Memorial dos Pastores Baptistas do Campo Regional aos Missionários Baptistas da Região, Recife, 28.10.1922). Documentos do Arquivo Antonio Simões.

Este Memorial que W. C. Taylor denominou de ULTIMATUM foi entregue aos missionários no dia 28.10.1922, com prazo de 38 horas para responder, sob pena de a questão ser encaminhada à Convenção Batista Regional que deveria reunir-se nos dias seguintes. Os missionários em numero de treze se reuniram e enviaram aos pastores o seu manifesto.

Entre outras coisas diziam: “Claro é que a voz que terá de ser ouvida sobre o assunto, não é a voz dos missionários, mas sim a da Junta que os sustenta e dirige... Não nos resta a menor opção sobre este plano. É o mesmo que a Junta segue por setenta e cinco anos, em dezoito paises na evangelização dos seus novecentos milhões de habitantes. Naturalmente este plano não se modifica de um dia para outro”(Aos Pastores Baptistas do Campo Regional, CORREIO DOUTRINAL, Recife, 06.04.1923, p. 10).

A Convenção Batista Regional aprovou o “ULTIMATUM” dos pastores e votou uma Campanha Evangelística, a que os missionários foram contrários, o que veio melindrar ainda mais a situação. O problema que antes estava entre os obreiros, atingia agora as igrejas, instituições, etc.

Uma circular da Junta Regional da Convenção enviada aos missionários dizia: “O gênio da nossa denominação não admite superioridade hierárquica no governo das igrejas, dahi ter recebido com tanto desagrado, em nosso meio Baptista, a interpretação feita recentemente por um irmão missionário neste campo, dando primazia ao missionario e direito divino e único de liderança”(Taylor, RADICALISMO ANTI-MISSIONARIO, p. 6.

A impossibilidade de entendimento entre os grupos fez com que os pastores nacionais se dirigissem à Junta de Richmond que apenas deu conselhos e disse nada poder fazer por ser “serva” das igrejas(Resposta da Junta de Richmond à Junta Regional, CORREIO DOUTRINAL, Recife, 06.04.1923, p.12).

Como as resoluções da Convenção de Gravatá(Pe) não tivessem sido colocadas em prática, os pastores resolveram convocar uma Convenção Extraordinária para o dia treze de fevereiro de 1923, na Primeira Igreja Batista do Recife. A esta reunião, só compareceu A E. Hayes(*8), da parte dos missionários. Adrião Bernardes leu um manifesto que veio trazer algo mais de complicação.

A publicação foi logo votada e nela se lê: “Os missionários demonstraram que não sabem trabalhar sem ter a direção de tudo. Eles nos recusam o direito de dirigir o trabalho, retirando-nos todo o apoio espiritual e financeiro que poderiam dar a esta Convenção, precisamente quando ela decide assumir a direção do trabalho de evangelização. Eles só pagam para mandar, pois, segundo a teoria de um deles, manda quem paga”(MANIFESTO AO POVO BAPTISTA, p. 3).



FASES DO PROBLEMA

O periodo da controvérsia foi caracterizado não somente por lutas, mas também por vitórias. O movimento radicalista do Norte que teve a sua origem numa serie de incompreensões e razões, abrange uma longa extensão. As fases da controvérsia mostram as diversas facetas do problema.

À medida que se passavam os anos, os dissabores iam aumentando, novos elementos surgiam e tudo se complicava. Os conflitos prosseguiram até 1938. Neste período, as dificuldades entre igrejas, instituições, missionários e nacionais foram acentuadas. Cada fase do movimento apresentou uma novidade e uma surpresa. Os jornais, os púlpitos e as convenções foram as armas de ataque e defesa dos dois grupos(W.C.Taylor, A ARBITRARIEDADE NAS IGREJAS, Correio Doutrinal, Recife, 23.03.1923, p.8).

As injustiças, os termos violentos e as explorações ocorreram tanto de um lado quanto do outro. Sérias mudanças ocorreram no seio da família batista nacional. Os estudantes tomaram posição. A indisciplina quis comandar as instituições teológicas do Norte do Brasil. As eliminações de missionários e nacionais foram ponto alto do movimento. Diante do numero de exclusões surgiram novas igrejas, numa demonstração de que em meio às lutas, aconteceram grandes vitórias.


1. RUPTURA DO CAMPO

Após o colérico manifesto de Adrião Bernardes perante a Convenção Extraordinária, em 13.02.1923, a divisão da denominação no campo seria inevitável. Um conflito a mais e a ruptura se tornaria oficial. Os conflitantes passaram a ser conhecidos por “RADICAIS”(nacionais) e “CONSTRUTIVOS”(missionários). Estes, eram os missionários e seus seguidores. Aqueles, os nacionais.

Em 23.03.1923, W. C. Taylor fundou o CORREIO DOUTRINAL, órgão batista “construtivo”. Este jornal tinha a finalidade de defender a posição dos missionários contra as acusações dos nacionais ou radicais que tinham como órgão oficial, o jornal O BAPTISTA REGIONAL.

A situação do Seminário do Norte no inicio de 1923 era periclitante. As verbas recebidas da Junta de Richmond tão somente davam para pagar as dividas contraídas nas administrações anteriores. O pagamento dos professores estava atrasado. Os moços do seminário e da Escola de Obreiras colocaram-se ao lado dos nacionais. No dia 20.02.1923, os rapazes e moças das instituições teológicas deixaram as escolas, indo hospedar-se em casas de famílias crentes.

Embora se anunciasse que os estudantes tinham sido expulsos, o Presidente interino, R. S. Jones, deu uma nota no CORREIO DOUTRINAL fazendo a correção: “Alguns sahiram por sua própria vontade. Outros, influenciados e induzidos pelos lideres revolucionários fora do Colégio”(R. S. Jones, UMA CORREÇÃO, Correio Doutrinal, Recife, 06.04.1923, p.16).

Os radicais tiveram de improvisar uma escola para dar assistência aos estudantes ministeriais. Foi fundado o que seria mais tarde Colégio Batista Brasileiro, no dia 26.02.1923, que passou a funcionar no templo da Primeira Igreja Batista do Recife e posteriormente na Rua Visconde de Goiana, 687.

Nesta ocasião, a Junta do Seminário do Norte fez serias acusações ao seu Diretor, W. C. Taylor, não lhe permitindo estruturar o orçamento anual da instituição. Neste ínterim, os pastores nacionais enviaram o Pastor Antonio Neves Mesquita aos Estados Unidos para se entender com a Junta de Richmond. Quando ele retornou trazendo o documento de Richmond, a Convenção Nacional enviou os termos de paz à MISSÃO. Estes termos não foram aceitos pelos construtivos. Havia má vontade de ambos os lados. Os radicais fizeram exigências que não tinham feito à Junta Americana de Richmond. Os construtivos argumentaram que a MISSÃO tinha treze igrejas e era impossível fazer qualquer acordo, sem ouvi-las.

A esta altura dos acontecimentos, a controvérsia dividia as igrejas. Estas se dividiam e formavam novas congregações. As eliminações eram constantes, não apenas de “construtivos”, mas também de “radicais”(L. L. Johnson, MINHA ELIMINAÇÃO DA IGREJA DA TORRE, Correio Doutrinal, Recife, 22.06.1923, p. 6).

Conforme L. L. Johnson, foram eliminados da Igreja Batista da Torre(Recife), os seguintes “construtivos”: A E. Hayes, L. L. Johnson, J. A Tumblin e mais treze pessoas. Estes organizaram a Igreja Batista de Zumbi, em 22.03.1923, através da Igreja Batista de Olinda(Ibid, p. 6).

Os que foram eliminados da Primeira Igreja Batista do Recife, entre os quais alguns missionários, depois de terem sido recebidos pela Igreja de Olinda, organizaram a Igreja Batista da Capunga, no dia 19.04.1924. Da Igreja Batista da Rua Imperial saíram alguns e formaram a Igreja Batista de Afogados, em 23.05.1923.

O Pastor Orlando Falcão, partidário dos radicalistas, passou para as fileiras dos construtivos e por isto foi eliminado da Primeira Igreja Batista do Recife. Com um grupo de irmãos, o Pastor Orlando Falcão organizou a Igreja Batista da Concórdia, em 08.10.1923. Nesta fase da contenda, outras igrejas apareceram tanto de um lado quanto do outro. Entre elas se pode citar: Várzea, Caruaru, Santo Amaro, Timbaúba, Casa Amarela, Escada e Beberibe.

Em fevereiro de 1923, na Igreja Batista do Arruda(Recife), deu-se a primeira agressão física entre membros da igreja e L. L. Johnson foi exonerado do pastorado na sua ausência. No mesmo mês e ano, na Igreja Batista de Areias, os radicalistas fizeram uma sessão ilegal e exoneraram o pastor(W. C. Taylor, TERMINANDO UM ANO DE BOM COMBATE, Correio Doutrinal, Recife, 24.03.1924, p. 10).


2. DIVISÃO DENOMINACIONAL

Vários meios foram utilizados para não permitir a divisão da denominação batista no Brasil. Muitas igrejas e obreiros que estavam neutros na questão trabalhavam denodadamente, como intermediários para evitar a separação. Tudo, porem, foi em vão. As incompatibilidades e acusações eram grandes demais para qualquer reconciliação. Os constantes pedidos dos pastores nacionais, preocupados com o Seminário, dirigidos à Junta de Richmond, constituíam a única chama de esperança em favor da unidade do campo. Tal esperança desapareceu no dia 07.09.1923.

Enquanto os radicais(nacionais) se reuniram na Igreja Batista da Rua Imperial numa Convenção de Escolas Dominicais, os construtivos(missionários e seguidores) estavam reunidos na Igreja Batista de Olinda com a mesma finalidade. Aí foi lançado o manifesto que convocava os batistas construtivos para se organizarem em Convenção. O acontecimento foi descrito por W. C. Taylor: “Gloriosa Convenção das Escolas Dominicais em Olinda, realizando os radicais uma Convenção rival. No dia da animação houve 873 nas escolas construtivas. Na convenção foram representadas 13 igrejas por 54 mensageiros. Adota-se o plano da Convocação e Manifesto da Convenção Batista Pernambucana”(Ibid, p. 11).

Deste modo, nos dias 1 e 2 de novembro de 1923, na Igreja Batista da Capunga, foi organizada a Convenção Batista Pernambucana, cujo primeiro Presidente foi José Paulino Raposo da Câmara. Era o rompimento definitivo das relações eclesiásticas entre as duas facções.

Os radicais começaram logo a pensar numa Editora que substituísse a Casa Publicadora Batista. Uma das metas seria uma edição especial do CANTOR CRISTÃO. A educação teológica em Pernambuco estava quase esfacelada. Boa parte dos alunos ficou com a Convenção Regional e o Seminário Batista Brasileiro não estava funcionando a contento. Os missionários, por outro lado, decidiram voltar ao tipo de Seminário Unido. Como Presidente da instituição ficou H. H. Muirhead, enquanto R. S. Jones tomou a posição de DEÃO. Foi criado também o Colégio da Bíblia.

Assim, em 1924, havia em Pernambuco, pelo lado dos radicais, o Colégio e o Seminário Batista Brasileiro com a orientação de Adrião Bernardes. Por parte dos construtivos existia o Colégio Americano Batista, orientado por H. H. Muirhead e o Seminário Unido. Este seminário foi censurado pelos radicalistas sob a argumentação de terem os missionários desobedecido as resoluções da Convenção Batista Brasileira, que havia separado as instituições em 1918 e não autorizou a fusão delas(Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 31). A presença de dois seminários em Pernambuco trouxe um problema para a Convenção Nacional, isto é, qual seria a sua instituição.

Com a transferência de A E. Hayes para a Paraíba, foi organizada nos dias 24 e 25 de janeiro de 1924, a Convenção Batista Paraibana, que envolvia além da Paraíba, o Ceará e o Rio Grande do Norte. Assim, o Campo Regional que era constituído de igrejas que cooperavam com os missionários ficou limitado a Pernambuco. A denominação continuava dividida no Estado.

As igrejas eliminavam por motivos fúteis. As pressões ocorriam de ambos os lados. Em março de 1924, houve um “esforço para matar um diácono construtivo pelo simples crime de encontrá-lo lendo o CORREIO DOUTRINAL(Taylor, TERMINANDO UM ANO, p. 11). É lamentável que tenha havido ocasião em que a policia teve de agir para evitar maiores conseqüências. Os dois grupos acusavam-se severamente. É possível que tenha havido excessos tanto de um lado quanto do outro.

O Correio Doutrinal acentuou a “necessidade de apelar à policia para evitar que os radicais em algumas partes pratiquem violências que os Jesuítas nunca fizeram, o roubo de propriedades por vários meios(Ibid, p. 11).


3. A INTERFERÊNCIA DO TEXAS

Tão logo A N. Mesquita voltou da outra América, reuniu-se a Junta Executiva da Convenção Regional. Desta reunião deveriam sair os termos em que seriam feitas as pazes com a MISSÃO.

O desfecho do encontro foi descrito por A N. Mesquita: “Na mesma ocasião em que estava reunida a Junta Executiva chega um telegrama da outra América, garantindo por parte da UNIÃO BIBLICA com a interferência de Frank Norris, Pastor da Primeira Igreja Batista de Fort Worth, Texas, auxilio para todo o trabalho da Convenção Regional. Naturalmente, este telegrama muito contribuiu para que o pouco desejo de harmonia fosse ainda diminuído”(Mesquita, BAPTISTAS EM PERNAMBUCO, p. 226).

D. L. Hamilton que fora destituído da Junta de Richmond, por estar ao lado dos radicais e um dos responsáveis diretos pelo mal-estar no campo, escreveu algumas cartas aos nacionais falando sobre a referida ajuda do Texas. A respeito do assunto disse W. C. Taylor: “Nesta ocasião, veio uma carta do ex-missionario implorando que não fizessem a paz, que seria a maior desgraça de sua vida, offerecendo que os leaders nacionalistas seriam nomeados missionários de uma junta oposicionista de lá e assim por diante”(Taylor, TERMINANDO UM ANO, p. 11).

Mesmo separados dos missionários, os pastores nacionais voltaram-se para a única fonte: América do Norte. Como as promessas feitas por D. L. Hamilton não se cumpriam, os radicais decidiram enviar um representante ao Texas. A . N. Mesquita escreveu sobre o assunto: “ Da América continuavam a chegar promessas de auxílio financeiro enviadas por intermédio de D. L. Hamilton, mas o trabalho não podia viver de promessas.” (Mesquita, BAPTISTAS DO BRASIL, p. 171).

O Colégio Batista Brasileiro continuava a funcionar, porém sem muitos resultados. Os aluguéis eram caros e cinqüenta rapazes e moças estavam a padecer necessidades. Os Batistas dos Estados Unidos estavam divididos. Os que saíram da “ Southern Baptist Convention” organizaram a “ Baptist Association of Texas,” que em 1918 sustentou o missionário J. B. Parker em São Luis do Maranhão. (W.C Taylor, “A PROPAGANDA RADICAL EM TEXAS,” Correio Doutrinal, Recife, 21.03.1924, p. 2).

Sobre esta Associação, disse L. L. Johnson: “A Baptist Missionary Association é filha do finado Hayden. Sua influência na vida religiosa do Estado do Texas actualmete é quase imperceptível.”(L. L. Johnson, “B.M.A.,” Correio Doutrinal, Recife, 08.06.1923, P.3).

A. N. Mesquita foi novamente enviado aos Estados Unidos. D.L.Hamilton e o representante brasileiro foram a Dallas tratar do assunto junto a “Baptist Missionary Association.” Por conta desta Missão, A. N. Mesquita permaneceu seis meses viajando pelas igrejas e levantando os recursos necessários para o trabalho no Brasil. Além do que o enviado radical conseguiu, foram enviados imediatamente 500 dólares a Pernambuco para satisfazer as necessidades mais urgentes.

Sobre as relações desta Associação com os seus missionários e particularmente acerca de um obreiro que tinha sido enviado a São Luis do Maranhão, disse L. L. Johnson:

“Nos primeiros anos de sua estada no Brasil, os Parkers sofreram muito, devido à irregularidade com que recebiam o seu sustento da Junta da B. M. A. (Baptist Missionary Association.) Muitas vezes recorriam ao tesoureiro da Missão do Norte do Brasil, para auxilio até a chegada do suprimento dos Estados Unidos. Afinal, desistiram de serem sustentados pela Junta que os enviara para o Brasil e pediram aceitação pela Junta de Richmond.” (Ibid.)

No início de 1926, D. L. Hamilton retornou a Pernambuco como missionário e representante da Missão do Texas. Neste período Adrião Bernardes renunciou a direção do Colégio Batista Brasileiro, ficando apenas como Pastor da Primeira Igreja Batista do Recife. Em junho deste ano, a Associação Batista Brasileira vinculada à “American Baptist Association” reuniu-se na Bahia. Adrião Bernardes pronunciou um discurso no qual se esqueceu não somente da Associação do Texas,, mas também do extraordinário D. L. Hamilton.

Estando o Colégio Batista Brasileiro sem diretor, foi convidado o ex-missionário de Richmond(D.L.Hamilton) que aceitou dar suas últimas forças a favor da instituição. Falando sobre ele, disse Zaqueu Moreira de Oliveira: “Este homem esquisito e muito pouco compreendido, apesar das suas falhas, foi um obreiro de valor, que deu a sua contribuição ao evangelismo brasileiro. (Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 32.)

Na verdade, era difícil compreender D. L. Hamilton. Ele jamais se conformou com a união dos dissidentes. A. N. Mesquita escreveu: “Todavia, não fez guerra a ninguém, limitando-se a lutar para manter o Colégio que dirigia e a classe teológica. Foi nesta luta intensa que ele esgotou o resto das forças físicas, tendo de voltar anos depois à sua terra, para lá morrer.” (Mesquita, BAPTISTAS DO BRASIL, p.287.)


4. A DECEPÇÃO DA CONVENÇÃO NACIONAL

Os mais otimistas alimentavam a esperança de que as futuras resoluções da Convenção Batista Brasileira poderiam fazer voltar a unidade entre os grupos. A Convenção Nacional era vista como um Supremo Tribunal para quem os obreiros nacionais haviam apelado. Existia o problema da Junta do Seminário e era certo que a pretensão dos pastores teria ganho de causa.

A Convenção Brasileira que estava marcada para janeiro de 1924 foi adiada. Sendo assim, os ânimos foram diminuídos. Houve, no entanto, tempo para que se fizesse propaganda da contenda. Adrião Bernardes, líder do movimento, pregou em várias igrejas sobre o assunto(W. C. Taylor, AGITADORES VIANDANTES, Correio Doutrinal, Recife, 13.07.1923, p. 8).

Como os missionários da Bahia resolveram levar o assunto à Convenção Nacional, foi solicitada a presença do representante de Richmond. Os radicais entenderam que os construtivos estavam interessados num entendimento. Em janeiro de 1925, na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, reuniu-se a Convenção Batista Brasileira.

O interesse dos nacionais foi tal que Silas Botelho(*9) chegou a enviar dinheiro para ajudar aqueles que desejassem ir à Convenção. Reunida a assembléia, foi nomeada uma comissão para dar parecer sobre a controvérsia do Norte e as bases de cooperação. Fizeram parte desta comissão representantes dos construtivos e dos radicais, além daqueles que se julgavam neutros: S. L. Watson, A J. Oliveira, Casimiro Oliveira, F. F. Soren, H.H. Muirhead, L. M. Reno, J. Lessa, A N. Mesquita, J. W. Shepard, Abrão Oliveira e J. F. Love, este, emissário da Junta de Richmond(Léonard, PROTESTANTISMO BRASILEIRO, p. 187).

Após dois dias de trabalho, a comissão apresentou seu parecer, assinado por todos os membros. Embora este documento tivesse sido aceito, alguns lideres do Norte acharam que não era completo e apresentaram algumas ponderações. Este grupo tinha se reunido na noite anterior em casa de Antonio Ernesto.

O documento apresentado pelos brasileiros foi entregue à comissão encarregada de dar o parecer. Por unanimidade de votos foram incluídos na referida comissão Djalma Cunha(12) e Salomão Ginsburg. Depois de ter trabalhado durante algum tempo, a comissão apresentou o seu relatório na última noite da Convenção, debaixo de uma expectativa extraordinária. A não aceitação do documento implicaria numa divisão total da denominação, já que a neutralidade havia desaparecido. Assim, o relatório que se intitulava “Bases de Cooperação” foi aceito por unanimidade.

Os representantes dos construtivos e radicais, respectivamente H. H. Muirhead e A. N. Mesquita, chegando a Pernambuco, reuniram as igrejas de ambos os lados na Primeira Igreja Batista do Recife para apresentar as “Bases de Cooperação,” já aceitas pela Convenção Batista Brasileira. No dia 3 de fevereiro de 1925, as igrejas se reuniram para ouvir o documento. Verificou-se imediatamente que tudo iria voltar a zero.

Os pastores que não tinham ido à convenção não concordaram com as bases. Alguns que tinham assinado o documento no Rio de Janeiro retrocederam. Por outro lado, existiam membros de igrejas que não queriam ver os missionários(Ibid.p.188). Após muita discussão foi escolhida uma comissão para redigir um documento que seria enviado às igrejas de ambas as convenções. Tal comissão foi constituída dos seguintes pastores: José Vidal de Freytas, Djalma Cunha, H. H. Muirhead, W. C. Taylor, Orlando Falcão, Manoel da Paz, Manoel Valentim e A. N. Mesquita.

Feito acurado estudo, a comissão enviou o documento às igrejas, juntamente com a recomendação da Convenção Batista Brasileira e solicitando que as igrejas respondessem o mais breve possível, aceitando ou não as bases para a harmonia. Passados alguns dias, a comissão reuniu-se para ouvir os relatórios das igrejas. Quase todas as igrejas pertencentes aos radicais rejeitaram ou fizeram restrições ao documento. Cerca de doze igrejas acharam que os eliminados durante o movimento deveriam reconciliar-se com as igrejas que os tinham eliminado. Como isto era impossível, preferiram fazer restrições à recomendação da Convenção Nacional.

Entre as que rejeitaram a proposta de pacificação total estava a Primeira Igreja Batista do Recife que exerceu grande influência sobre as outras. Cerca de trinta igrejas, a maioria pertencente à Convenção Batista Pernambucana, aceitaram o pedido de confraternização e apoiaram as “Bases de Cooperação” recomendadas pela Convenção Batista Brasileira.

As igrejas da Convenção Regional, desde que não aceitaram as recomendações, separaram-se da Convenção Nacional. Enquanto as igrejas da Convenção Pernambucana abriram suas portas para todas as igrejas do Estado, sem exceção, as igrejas da Regional não tomaram conhecimento da fraternidade.

O Colégio Americano Batista, o Seminário do Norte e a Escola de Obreiras continuaram com a Convenção Nacional. O Colégio e o Seminário Batista Brasileiro dela se desligaram.

Como a Convenção Batista Pernambucana não mais considerou a luta, o Correio Doutrinal que se intitulava “Órgão Baptista Construtivo” apareceu em março de 1925 como “Órgão de Doutrinamento Cristão,” continuando como diretor W. C. Taylor e tendo com corpo administrativo os professores do seminário(Ibid, P.188). O Baptista Regional, órgão da Convenção Regional, foi transformado no Baptista Brasileiro.

As igrejas que se afastaram da Convenção Batista Brasileira reuniram-se na Primeira Igreja Batista do Recife, no dia 20 de junho de 1925 e organizaram a Associação Batista Brasileira. As igrejas representadas foram cinquenta e cinco, sobretudo de Pernambuco e Bahia. Foi eleito presidente Alberto Sales do Nascimento.

Um ano antes, em junho de 1924, deu-se a primeira reunião da Assembléia Batista do Norte, no Colégio Americano Batista. Este movimento foi resultado de uma reunião de obreiros da região, em Alagoas, no mês de setembro de 1923. Naquela ocasião foi deliberado criar um conselho e uma Assembléia que pudessem dar solução a certos problemas e promover o desenvolvimento do Reino. (Oliveira e Ramos André, Panorama Batista, P.31.) Após a Convenção Brasileira de 1925, o Conselho Batista reuniu-se pela segunda vez e deliberou enviar uma circular às igrejas definindo sua posição ao lado da Convenção Nacional. (Ibid, p. 39.)

A luta continuou de tal maneira que a Convenção Regional resolveu não dar cartas demissórias e negar a comunhão a membros de igrejas da Convenção Batista Brasileira. Isto veio acentuar ainda mais a questão e trazer mágoas.

Em 1925, quando Orlando Falcão convocou a Convenção Nacional, como presidente que era, houve vários protestos, porquanto tinha sido eliminado da Primeira Igreja Batista do Recife. Para os radicais, a Convenção foi ilegal, suas deliberações também e por isto não merecia a confiança da Convenção Regional. Este foi também um motivo para que os radicais rejeitassem as recomendações da Convenção Batista Brasileira.



EXPANSÃO DO RADICALISMO

O movimento radicalista do Norte do Brasil, entre os batistas, teve repercussões em todo o país. Como a questão partiu de Pernambuco, foi ali mais intensa e de mais sérias conseqüências. Em algumas regiões, como os defensores dos missionários constituíam a maioria, os nacionais rebelaram-se tornando dissidentes. Tal não aconteceu em Pernambuco. Os pastores nacionais estavam com a maioria, então os estrangeiros se separaram.

Uma questão local, resultante de incompreensões entre os missionários, chegou ao ponto de tornar-se um movimento nacional. O rebaixamento de D. L. Hamilton, de Diretor do Colégio Americano Batista Gilreath para simples professor, foi uma política dos missionários e não tinha nada a ver com o evangelismo nacional. Mas, os brasileiros que há muito já vinham aguardando uma oportunidade, apegaram-se ao acontecimento para manifestar o seu nacionalismo(Taylor, RADICALISMO ANTI-MISSIONÁRIO, p.3).

Como o conflito se verificou entre brasileiros e missionários, surgiram os partidos pelo Brasil a fora. O assunto passou a interessar a todos: Pastores, Missionários, Igrejas, Instituições, chegando ao ponto de interessar a Católicos e Presbiterianos, conforme as denúncias de W. C. Taylor, no Correio Doutrinal(Taylor, “Li”, p. 16).

As bandeiras do movimento foram erguidas em muitos lugares. Houve rebelião de estudantes, agressões físicas, apresentação de armas, expulsões de missionários, exoneração de pastores, assaltos a igrejas, intervenção da policia, tudo isto por conta de construtivos e radicais.

O radicalismo encontrou campo fértil na mente de muitos que se apresentavam como nacionalistas. O termo RADICAL era usado constantemente e por isto os defensores da idéia foram denominados radicais ou radicalistas. A expansão do movimento pelo Brasil batista foi o resultado da solidariedade de classe na denominação. Sobre o assunto, escreveu W. C. Taylor: “A base doutrinária, o principio organizador desse radicalismo é idêntico com o de outros movimentos radicais que assolam a religião e a civilização(Ibid, p. 3).


1. A CONTROVÉRSIA NO NORTE

O movimento que estourou em Pernambuco alcançou outras regiões e foi recebido em circunstancias e modos diferentes:


BAHIA

Era desejo de todos os campos que a questão que começou em Pernambuco, lá mesmo desaparecesse. Com este intuito, a Convenção Batista Interestadual da Bahia, em sua reunião de abril de 1923, através da Junta Executiva, aconselhou às igrejas do campo a não tomarem partido na controvérsia pernambucana(W. C. Taylor, AMOSTRAS DA PROPAGANDA RADICAL, Correio Doutrinal, Recife, 23.03.1923, p. 6). Existiam, no entanto, as relações de amizade entre os obreiros que tinham estudado juntos ou trabalhado no mesmo campo, alem daquele sentimento de solidariedade de classe na denominação.

Para evitar qualquer problema, a Convenção Interestadual que seria realizada em junho de 1923 foi transferida para fevereiro de 1924. Embora a Bahia quisesse ficar fora da controvérsia radical, já na Convenção Regional em Gravatá, Pernambuco, o nome do missionário W. G. White foi citado fora de contexto. Deste modo, a Bahia entrou no movimento contra a vontade.

Era pastor da Primeira Igreja Batista da Bahia, C. Costa Duclerc e logo um grupo se formou espontaneamente ao seu lado e o outro, ao lado dos missionários. Posteriormente, algumas pessoas tiveram de ser eliminadas e juntamente com outros insatisfeitos organizaram a Igreja Batista Dois de Julho, no dia 21.11.1923. O fenômeno divisionista atingiu também a Igreja Batista dos Mares. Algumas pessoas saídas desta igreja fundaram a Igreja Batista de São Salvador, que posteriormente passou a ser chamada de Igreja Batista de Itapagipe.

A Convenção Batista Interestadual que envolvia o campo baiano, sergipano e sertanejo foi dominada pelos radicais. Os que ficaram com os missionários organizaram a antiga Convenção Batista Baiana, entre 5 e 6 de dezembro de 1923. Os “radicais”(nacionais) tinham como órgão oficial O BAPTISTA INTERESTADUAL, enquanto os “construtivos”(missionários) publicavam O BAPTISTA BAIANO.

O campo sergipano colocou-se ao lado dos radicais de tal modo que, um pastor telegrafou à Convenção Regional, em fevereiro, “hipotecando, por sua autoridade, a solidariedade dos irmãos baianos com o radicalismo desta região”(W. C. Taylor, ATITUDE DA CONVENÇÃO BAPTISTA INTERESTADUAL, Correio Doutrinal, Recife, 06.04.1923, p. 11).

A maioria das igrejas, na Bahia, aderiu à causa nacionalista, chegando a Convenção Interestadual a contar com 15 pastores, 9 evangelistas e as seguintes igrejas: Primeira Igreja da Bahia, Igreja dos Mares, Primeira de Aracaju, Santo Antonio de Jesus, Bonfim, Alagoinhas, Juazeiro, Petrolina, Segunda de Aracaju, Castro Alves e mais trinta igrejas de menor porte(Léonard, PROTESTANTISMO BRASILEIRO, p. 184).

Em 1924, a Convenção Batista Baiana reunida em Jaguaquara(Bahia), no mês de outubro, decidiu convidar o secretario da Junta de Richmond, J. F. Love, para participar dos trabalhos da Convenção Batista Brasileira que iria reunir-se no Rio de Janeiro, no inicio de 1925.

Após a Convenção Nacional(a Batista Brasileira), perdidas as esperanças de união, a Convenção Batista Baiana reuniu-se para tomar conhecimento das igrejas que realmente iriam cooperar com ela. Cerca de trinta igrejas ficaram ao lado da referida convenção.


ALAGOAS

O trabalho realizado por John Mein no campo alagoano impediu que a causa radicalista tivesse maior penetração. Referindo-se ao trabalho da Missão do Norte, neste período, disse Emile G. Leonard: “Entretanto, esta foi a única vitória da Missão”, isto é, a não penetração do radicalismo em Alagoas(Ibid).

O fato é que os lideres do movimento só alcançaram este Estado com a sua propaganda quando já era muito tarde. Mesmo assim, no dia 31.03.1923, a Junta Estadual votou que todas as ofertas do campo seriam enviadas para o Colégio Batista Brasileiro, localizado no Recife e de orientação radical. O missionário do campo, John Mein, que era secretário-correspondente, chegou a ser exonerado do cargo.

As igrejas do interior começaram uma forte reação, o que veio contribuir para que o movimento não fosse para a frente. Algumas igrejas manifestaram a sua neutralidade na questão, fazendo declarações publicas através de jornais, como foi o caso da Igreja Batista do Rio Largo.

“A Igreja Baptista em Rio Largo, Alagoas, para melhor conhecimento dos irmãos deste Estado, e das Igrejas da Convenção Regional, faz sua livre e espontânea declaração, que em sessão extraordinária de 10 do corrente, deliberou por unanimidade de votos, não tomar parte de espécie alguma, nem direta ou indiretamente, nas questões levantadas ultimamente em Recife, entre algumas igrejas da aludida Convenção Regional(W. C. Taylor, DECLARAÇAO NECESSARIA, Correio Doutrinal, Recife, 20.04.1923, p. 7).

A única divisão que se deu no campo alagoano foi no fim de 1923. O radicalismo colocou sua semente na Primeira Igreja Batista de Maceió. No dia 17.12.1923, quando da sessão da igreja, trinta pessoas foram excluídas. Uniram-se posteriormente à Igreja Batista do Poço, dando origem à Segunda Igreja Batista de Maceió.

De modo geral, pode-se dizer que os acontecimentos radicais do Norte não tiveram maiores conseqüências no Estado de Alagoas, servindo apenas para alertar as igrejas no sentido de um trabalho mais profícuo, com algo mais de precaução.



RIO GRANDE DO NORTE

O movimento dos nacionais alcançou também as igrejas deste Estado. É interessante notar o método de penetração, se realmente as informações de W. C. Taylor tem razão de ser: “Visitantes em Natal, Estado do Rio Grande do Norte avisam-me de que os exemplares do “Correio Doutrinal” são extraviados nestas duas cidades por pessoas que não querem que os crentes leiam senão um lado da questão.” (W.C.Taylor, “Desviando o Jornal,” Correio Doutrinal, Recife, 22.06.1923, p. 9).

A Igreja Batista de Natal chegou a dividir-se. Porém, os irmãos que se retiraram, não tiveram orientação e dispersaram-se em fins do ano de 1923. (Mesquita, Baptistas do Brasil, II, 293.

No Rio Grande do Norte não havia lugar para o movimento, porquanto o trabalho era fraco demais. Deste modo, a lista de igrejas pertencentes à Convenção Regional comprova não ter havido qualquer igreja do Estado fazendo parte do radicalismo. (Manifesto aos Baptistas Brasileiros,” p. 10). Somente a partir de 1926, sob a orientação do pastor Rodolpho Bentemuler, o campo conseguiu certo desenvolvimento dentro das normas do trabalho missionário.


PARAÍBA

Conforme uma relação das igrejas pertencentes à Convenção Batista Regional, a única igreja radical neste Estado foi a Primeira Igreja Baptista Brasileira da Paraíba (Ibid). Esta igreja foi organizada por um grupo de crentes oriundos da Primeira Igreja Batista local no fim de 1923. Durante toda a controvérsia radical, a Igreja Brasileira foi a única que ergueu exclusivamente o pavilhão nacional. Embora o movimento dos brasileiros não tivesse alcançado maiores proporções no Estado da Paraíba, foi, no entanto, muito visitado pelos radicais. Um leitor escreveu para o Correio Doutrinal, dizendo:

“ Hontem porém assisti a reunião na Primeira Igreja Baptista. O orador teve como tema os misssionários norte-americanos, transmitindo as suas idéias fazendo assim uma defesa própria. O nome do referido orador eu não sei, mas ouvi chamar de ex-professor do Colégio Americano Baptista.” ( W. C. Taylor, “Echos da Saara,” Correio Doutrinal, Recife, 22.06.1923, p. 11).



MARANHÃO, PARÁ E AMAZONAS

O Maranhão foi também atingido pelo movimento radical. A Primeira Igreja Batista de São Luis foi dividida, resultando no aparecimento da Segunda Igreja. Conforme a relação das igrejas pertencentes à Convenção Batista Regional, esta foi a única igreja radical do Estado. “(Manifesto aos Baptistas Brasileiros.” p. 10). Chegou mesmo a eclipsar a Primeira Igreja.

No Pará, a Primeira Igreja Batista de Belém votou completa neutralidade, apesar da visita de A. N. Mesquita. (Taylor, “Situação Baptista,” p. 3).

No Amazonas, a Primeira Igreja Batista também oficializou uma atitude de neutralidade. (Ibid.)

Fazendo um resumo da situação no Norte, embora o seu testemunho, por mais honesto, seja suspeito, acentuou W. C. Taylor: “Assim se verifica que, de aqui para o Norte, há nos sete Estados um pastor radical, dois pastores neutros e três igrejas radicais. O resto da denominação é construtiva.”( Taylor, “ Agitadores,” p.8).


2. CONTROVÉRSIA NO SUL

O radicalismo não foi um produto de Pernambuco, nem tão pouco do Norte. A tendência comum é dizer que o movimento nasceu ali. A bem da verdade, as idéias radicais foram um gênero paulistano, através da instrumentalidade de Silas Botelho com os seus pontos de vista no Baptista Paulistano, antes que estourassem as manifestações do “ Leão do Norte.” O sentimento radical veio para Pernambuco importado da Bahia, através de Adrião Bernardes, que apresentou uma proposta no sentido de que os dois seminários existentes no Brasil fossem unificados e criado um Seminário Unido na Bahia.

Em termos de movimento radical, nada era de Pernambuco. Por ironia, até mesmo os dois líderes dos radicais neste Estado eram Baianos. Um outro de grande proeminência no movimento era sergipano. Mas o fato é que a semente lançada em outras regiões terminou por germinar ali, em virtude do número de pastores nacionais nas igrejas e sobretudo por causas das instituições teológicas, que em Pernambuco, recebiam alunos de todo o Brasil, (Ibid, p. 6.)

O radicalismo que estourou no norte alcançou também o sul. Em outras palavras, o movimento foi devolvido ao seu berço de origem, com outras roupagens e maior motivação. O adiamento da Convenção Batista Brasileira de 1924 para janeiro de 1925, foi providencial. Se tal não ocorresse a causa dos brasileiros do norte teria produzido maiores conseqüências. O intervalo de um ano permitiu às igrejas e pastores observarem as coisas calmamente. Houve, portanto, tempo para meditação. Este adiamento, contudo, também serviu para que os lideres radicais alcançassem o sul com a sua propaganda. Sobre o assunto, escreveu W. C. Taylor: “Nossos irmãos Adrião Bernardes e A N. Mesquita estão viajando, respectivamente, no sul e no extremo norte do paíz espalhando sua propaganda”(Taylor, AGITADORES, p. 8).

Alguns seminaristas deixaram o seminário do Rio para vir ao Seminário Nacional do Recife(Instituição Radical, chamada oficialmente de Seminário Batista Brasileiro). Em São Paulo, o movimento encontrou alguns interpretes, sendo o mais ardoroso defensor, Silas Botelho, que muito antes, já manifestava suas tendências pelo Baptista Paulistano.

Quando da Convenção Batista Brasileira, na Primeira Igreja Batista do Rio de janeiro, em 1925, alguns paulistas fizeram tudo para que houvesse boa representação radicalista do Norte. A. N. Mesquita acentuou: “De São Paulo vieram apelos de Silas Botelho para que fossem todos à Convenção, enviando ele dois contos, mais ou menos para ajudar nas despesas de viagem dos que fossem.” (Mesquita, Baptistas do Brasil, II, 177).

Ainda em 1923, as igrejas envolvidas no movimento começaram a evitar a literatura oriunda da Casa Publicadora Batista. A organização da Empresa Batista Brasileira permitiu que os líderes radicais preparassem suas próprias lições dominicais. Os pastores A. N. Mesquita, Adrião Bernardes e Djalma Cunha foram encarregados de preparar as revistas para o primeiro trimestre de 1924. A idéia de um novo hinário que substituísse o Cantor Cristão foi também ventilada.

A discussão entre construtores do Norte e radicais do Sul foi animada pelos artigos de W. C. Taylor no Correio Doutrinal e de Silas Botelho no Baptista Paulistano. A contenda foi tão intensa que houve até o pensamento de formar uma convenção sulista, independente no Norte. Sobre isto acentuou W. C. Taylor: “ Se o norte tem de suportar o mexerico de agitadores paulistanos eternamente, será melhor que os dois grupos de baptistas se separem.” ( Taylor, “Situação Baptista,” p. 6).

Em dezembro de 1923, W. C. Taylor fez uma análise da situação sulista. Sua profecia de que o movimento no Sul não teria maiores conseqüências, foi cumprida: “Não é provável que o radicalismo divida o Sul,” (Ibid).



ACORDO E INÍCIO DE NOVAS DEVERGÊNCIAS

As esperanças da harmonia e união denominacionais se tornaram por demais remotas. Desde o inicio do movimento, praticamente, os radicais estavam recebendo o apoio moral e financeiro da AMERICAN BAPTIST ASSOCIATION do Texas.

A partir de 1926, os nacionais tiveram a colaboração pessoal do próprio D. L. Hamilton, que voltou ao Brasil como representante daquela Missão. Todos estes fatos somados e pesados mostram até que ponto foi difícil a união orgânica entre construtivos e radicais. Por outro lado, muitos achavam que as instituições nacionalistas já estavam estabelecidas. A verdade, porém, é que o tempo se encarregou de dissolver todos estes problemas(Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 33).


1. FATORES PARA A HARMONIA

As poucas mudanças na estrutura denominacional contribuíram para que diminuísse a controvérsia. As amarguras existentes entre os dois grupos não mais apareceram nos jornais. Em Pernambuco, o quartel general do movimento, cada grupo se preocupou com o seu trabalho, apenas com o espírito de fazer mais e melhor.

Vários fatores foram decisivos para enfraquecer a contenda, tais como: Reuniu-se em 1926, nas dependências do Colégio Americano Batista, a Convenção Batista Brasileira. Foi um acontecimento importante, mesmo porque no ano anterior, as Igrejas da Convenção Regional tinham rejeitado as recomendações da Convenção Nacional, dita também Batista Brasileira. O pioneiro da obra batista no Brasil, W. B. Bagby(*10), pronunciou um discurso de grande significação para o momento histórico que atravessava o Brasil batista.

Após a Convenção Batista Brasileira de 1925, houve mudanças no CORREIO DOUTRINAL. O referido jornal teve aspectos positivos, mas também publicou muita provocação, cartas anônimas e matéria de fundamento duvidoso. A prova disto se tem em artigos como “Cavallos e Fraques, Doutores e Burros”, de W. C. Taylor, in CORREIO DOUTRINAL, Recife, 13.07.1923, p.4, “Egrejas e Ovos, Ninhos e Convenções”, de W. C. Taylor, in CORREIO DOUTRINAL, Recife, 27.07.1923, p.7, “AGITADORES CHORÕES”, de W. C. Taylor, in CORREIO DOUTRINAL, Recife, 22.06.1923, p.5.

Em 1935, a Associação Batista Brasileira recomendou o restabelecimento de cartas demissórias com as Igrejas da Convenção Batista Brasileira, depois de nove anos de separação. Foi também permitido o uso dos púlpitos pelos construtivos. Como se vê, tudo isto foi contribuindo para amortecer os ânimos e destruir as amarguras.

A Convenção Batista Brasileira de 1935 designou uma comissão para traçar ou para atualizar as bases de cooperação com a Junta de Richmond. Nesta ocasião, foi deliberado que os Secretários-Correspondentes não mais podiam fazer parte das Juntas a que servissem. Em 1936, novas medidas foram tomadas.

A Convenção Batista Brasileira mais uma vez se reuniu no Recife, em 1936, depois de dez anos. Desta feita, foram aprovadas as “Novas Bases de Cooperação” com a Junta Americana. A separação entre o Colégio e o Seminário que tinha sido ponto de discórdia foi preconizada. Estas instituições deveriam ter a sua própria Junta e Direção(Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 33). Nesta ocasião, foi também eliminada a percentagem entre americanos e brasileiros na formação das juntas. Este foi o acordo que os nacionais desejaram quinze anos antes.

As comemorações do aniversario do trabalho batista em Pernambuco, em 04.04.1936, foram orientadas por uma comissão constituída de elementos de ambas as convenções, o que serviu de oportunidade para maior congraçamento. Ao findar este ano, os horizontes estavam claros e os motivos da discórdia, praticamente, não mais existiam.


2. ENCERRAMENTO PROVISÓRIO DA QUESTÃO

Tudo apontava para o capitulo final da controvérsia radical. Extra-oficialmente, as relações tinham sido restabelecidas. D. L. Hamilton, já idoso, tinha retornado aos Estados Unidos e não mais existia. Não havia, portanto, o perigo de mata-lo prematuramente. Com o seu falecimento, a atuação da Associação do Texas, no Brasil, praticamente desapareceu. Os lideres do movimento em Pernambuco transferiram-se para outros campos e o crescimento dos construtivos foi extraordinário.

Enquanto a Convenção Batista Brasileira se reunia com representantes de vários Estados, a Associação Batista Brasileira apenas contava com Igrejas de Pernambuco, Bahia, alem de poucas em outros Estados e numero reduzido de mensageiros. Os radicais estavam cansados de lutar e sobretudo perdendo muito terreno(Ibid, p. 34).

Francisco Nascimento foi despertado para tudo isto. Assim, em 1938, quando a Convenção Nacional, dita também Batista Brasileira estava reunida no Rio de Janeiro, ele encaminhou à Assembléia uma sugestão no sentido de que fosse feito um convite aos radicais e suas igrejas para voltarem a cooperar com a Convenção Batista Brasileira. O Presidente da Convenção, João Soren(13), fez o convite com a esperança de que fosse atendido e o formulou em termos de amor cristão.

Ainda em 1938, a Associação Batista Brasileira reuniu-se pela ultima vez na Igreja Batista da Torre, no Recife. Com trinta Igrejas representadas e setenta mensageiros, os radicais resolveram encerrar as atividades desta associação. A maioria das igrejas voltou ao seio da Convenção Batista Pernambucana e conseqüentemente à Convenção Nacional ou Batista Brasileira. Até mesmo a Primeira Igreja Batista Brasileira da Paraíba tomou este ultimo caminho. Algumas igrejas radicais continuaram distanciadas, embora mantendo relações fraternais com as demais igrejas batistas.

Em Pernambuco, no fim de 1938, reuniu-se mais uma vez a Convenção Batista Pernambucana. Desta feita, CONSTRUTIVOS E RADICAIS estiveram juntos. Vindas da Convenção Regional(que era radical), dezenove igrejas se fizeram representar, o que aumentou o numero de mensageiros. Os pastores presentes vindos do radicalismo foram: Natanael Medrado, José Domingues, José Lins, Rosalino da Costa Lima e Adolfo Lira.

Desapareceu assim, em Pernambuco, embora ficando raízes que haveriam de brotar mais tarde, o MOVIMENTO RADICAL DE 1923(Ibid, p.34).


3. FUNDO HISTÓRICO DAS NOVAS DIVERGÊNCIAS

O desaparecimento da Associação Batista Brasileira e consequentemente a volta de algumas igrejas e a filiação de outras à Convenção Nacional(Batista Brasileira), não foram suficientes para convencer alguns espíritos exaltados e sobretudo para eliminar os dissabores e questões pessoais ainda existentes.

As novas divergências surgiram, mesmo antes que desaparecessem as antigas. Assim, quando em 1938, as igrejas voltaram à Convenção Batista Brasileira, já se preconizavam novos dissabores. Os motivos principais que deram origem à primeira fase do RADICALISMO desapareceram quase por completo. Os motivos secundários permaneceram e se tornaram responsáveis pela SEGUNDA ETAPA DO MOVIMENTO.

Os elementos que estiveram à frente na primeira fase foram praticamente os mesmos na segunda fase, com algumas exceções, trocas ou acréscimos(*a). Sobre isto, acentuou o Jornal Batista: “Os elementos que agora agitam os arraiais batistas do Norte, dos quais nos separamos, no que têm de liderança e orientação, são quase todos bem conhecidos e identificados. Velhos elementos militantes, de quase três lustros(15 anos) atrás, que agora, alentados pela suavidade de acordos que os honraram, como se fossem mártires do ideal, irrompem fortemente, com a mesma amargura, mesmo espírito e metodos e o mesmo objetivo contra seus irmãos(OFENSIVA DE PAZ, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 10.10.1940, p. 5).

Apesar das medidas estabelecidas quanto às “Novas Bases de Cooperação” com a Junta Americana(Junta de Richmond), muitos nacionais ainda não ficaram satisfeitos. É verdade que o acordo não solucionou o problema das propriedades e estas permaneceram em nome da Junta de Richmond, embora nelas funcionassem instituições da Convenção Batista Brasileira. O fato é que havia um estado de tensão e desconfiança entre os lideres batistas, de tal modo extraordinário, que qualquer mal entendido poderia provocar novas lutas. Isto, na verdade, não tardou a acontecer.

O movimento radicalista de 1923 ressurgiu com outras roupagens, modalidades diferentes, aspectos novos, e principalmente, com mais experiência. Os objetivos foram os mesmos, trilhando o mesmo caminho e seguindo a mesma orientação. As igrejas foram desrespeitadas em sua autonomia, a democracia sofreu profundos golpes e o sentimento nacionalista foi, muitas vezes, explorado. É quase impossível desvincular este sentimento da segunda fase do movimento radical.

Um articulista da época escreveu: “O grande problema do movimento é a dificuldade entre obreiros brasileiros e missionários...O brasileiro tem competência para levar avante grandes empreendimentos e, para vencer, não precisa lançar mão de embustes, de mistificações, nem de coisas parecidas”(O Povo Brasileiro não emprega golpes suspeitos, O JORNAL BATISTA, Rio de Janeiro, 19.12.1940, p. 3).

A situação entre os batistas brasileiros chegou a tal ponto, que os jornais da época publicavam constantemente votos de solidariedade, moções de apreço e palavras de confiança aos missionários estrangeiros, o que significava a existência de alas insatisfeitas e desconfiadas(Erodice de Queiroz(*11), MOÇÃO DE APREÇO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 02.01.1941, p. 2).

Sobre os acontecimentos entre os batistas, informou Antonio Dorta: “Aqueles que aqui não mourejam, dificilmente poderão compreender o que são os nossos problemas. Uns pensam que são meras divergências administrativas, outros, que são questões pessoais. Muitos acreditam que são problemas locais. E, enfim, alguns acham que não temos problemas e sim mal entendidos. Enganam-se completamente. Temos aqui no Norte questões serias a resolver, tão serias que se não tiverem solução pronta e imediata, certamente que todo o edifício denominacional há de ser abalado profundamente”(Antonio Dorta, O Norte Batista e seus Problemas, O JORNAL BATISTA, Rio de Janeiro, 02.01.1941, p.3).

A SEGUNDA FASE DO MOVIMENTO RADICAL, portanto, teve raízes profundas no passado, inteiramente ligadas a divergências administrativas, questões pessoais, dissabores, sentimentos nacionalistas e mal entendidos. A situação se tornou mais melindrosa, quando algumas igrejas e obreiros, antes radicais, retornaram ao seio da Convenção Batista Brasileira no fim de 1938(Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p.43).


4. INCENTIVO AOS RADICAIS

Somente o futuro seria capaz de revelar à denominação o quanto foi prejudicial para a harmonia da comunidade batista do Brasil, o manifesto de Emilio W. Kerr(*12), lançado em 1939, em São Paulo, antes da Convenção Batista Brasileira. Se os ânimos já estavam preparados para a luta, a mensagem de E. W. Kerr tornou-se um incentivo e foi recebida pelos espíritos radicais como o melhor caminho a seguir.

Em seu MANIFESTO, declarou: “De nossas articulações com os elementos chamados radicais, do Norte, há muito que eles deviam fazer parte da Convenção Nacional(Batista Brasileira), desde a Convenção reunida em Santos, em 1934. Mas a verdade é que, na ultima hora, falharam de modo absoluto e até janeiro de 1938 não se deu a esperada junção. Talvez não estejam capacitados, elles radicais mesmos, do prejuízo que causaram ao trabalho Baptista no Brasil, com essa lamentável demora de quatro anos”(Emilio W. Kerr, MENSAGEM AOS RADICAIS, São Paulo, 1939, p. 1. Documentos do Arquivo Antonio Simões, do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife).

Mais adiante, E. W. Kerr mostrou aos radicais que os missionários eram perigosos às autoridades publicas e aconselhou até que se traçasse entre os brasileiros e os missionários uma linha isolante para evitar o contagio. Ofereceu algumas sugestões aos radicais: “Não haja ingerência de missionários nos negócios nativos. O evangelismo organizado em nossa terra compete aos brasileiros. Os pastorados das Igrejas do Brasil são dos brasileiros natos. Para toda atividade e para qualquer organização brasileira, sempre brasileiros. Os missionários NÃO DEVEM SER MEMBROS DAS IGREJAS BRASILEIRAS. Em nossas Convenções, os missionários não devem votar e nem devem ser votados. Logo, não devem ser membros de Juntas e Comissões convencionais”(Ibid, p. 6).

O fato é que o autor se inspirou em divergências administrativas passadas e que não mais existiam. Sua mensagem, porem, teve extraordinária influencia sobre aqueles que já estavam de armas prontas para as lutas.

Finalmente, Emilio W. Kerr acentuou: “Nossa autonomia precisa definir-se e estabelecer-se o mais claramente possível... Vamos ter agora a chamada nossa Convenção em São Paulo. Não pense alguém que ela vai ser para os batistas brasileiros um outro 7 DE SETEMBRO! A estagnação, porem, de meio século, não emudecerá a voz forte e selvagem do elemento radical. Com ele é que trabalharemos no fortalecimento das nossas hostes até que tenhamos o numero exigido para representar ao Governo e conseguir a promulgação de uma lei constitucional e indispensável delimitação assecuratória daquela autonomia que jamais nos será possível estabelecer por outros meios”(Ibid, p. 8).



CONTROVÉRSIA ADMINISTRATIVA

O movimento radical de 1923 foi acentuado quando da mudança de administração do Seminário do Norte e do Colégio Batista, ambos no Recife.

Desta feita, na SEGUNDA FASE DO MOVIMENTO, o centro das lutas foi apenas a instituição teológica e, por ironia, o problema foi preponderantemente administrativo. Enquanto a Junta do Colégio não teve participação direta na primeira fase do movimento, agora a Junta do Seminário foi inteiramente responsável pela discórdia(A Vilas Boas, RELATORIO DA COMISSÃO DE INVESTIGAÇÃO, Atas e Relatórios, Rio de Janeiro, Casa Publicadora, 1941, p. 24). A divergência que teve inicio nesta instituição estendeu-se rapidamente e refletiu sobre todo o edifício denominacional.


1. QUESTÕES ADMINISTRATIVAS

As “Novas Bases de Cooperação” permitiram a separação entre Colégios e Seminários, passando cada um a ter sua própria Junta e Direção. A nova Junta do Seminário do Norte elegeu como Diretor da instituição, o missionário A E. Hayes, que permaneceu até maio de 1937, quando teve de ir aos Estados Unidos. Na mesma data, Orlando Falcão assumiu interinamente a direção da instituição. Durante a sua administração, o Seminário atingiu a matricula de quarenta e dois alunos e acentuou o sustento através de ofertas especiais das igrejas.

Um dos motivos para os desentendimentos que teriam lugar posteriormente, ocorreu durante a interinidade deste Diretor. Alguns estudantes do Seminário receberam permissão para fazer outro curso em Escolas Superiores do Recife, alem do curso teológico que era oferecido pela instituição. A simultaneidade de cursos não foi muito bem compreendida. Muitos membros da Junta do Seminário passaram a negar o seu apoio a Orlando Falcão, embora tivesse ele feito boa administração como Diretor interino. É que os seminaristas eram sustentados financeiramente pelas igrejas para fazer o curso teológico e exclusivamente ele.

No fim de 1937, A E. Hayes voltou dos Estados Unidos. Esperava-se que ele reassumisse a direção da instituição, o que não aconteceu. Antes, pediu demissão do cargo, obrigando a Junta a eleger um novo Diretor(Livio Lindoso, NOTICIANDO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 24.02.1938, p. 12).

Foi eleito para o cargo de Diretor efetivo, José Munguba Sobrinho(14), por nove votos contra seis, dados a Orlando Falcão. Algumas deliberações foram logo tomadas com relação à vida da instituição. Foi adotado o velho nome de Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, colocando de lado a designação Faculdade Teológica Batista do Norte. O termo Presidente foi mudado para Diretor.


Sobre a simultaneidade de cursos, escreveu Livio Lindoso: “Transcrevemos, na integra, a deliberação unânime da Junta que regula o procedimento do Seminário em face da simultaneidade de matricula de seus estudantes na instituição e noutros educandários... Segue-se o parecer aprovado: A comissão que nomeastes para redigir o artigo 8º do Regimento Interno, apresenta o seguinte- Não se concederá matricula a alunos que pretendam fazer simultaneamente outros cursos: complementar ou superior. Será cancelada a matricula de aluno que se matricular em outro curso complementar ou superior. O documento supra dispensa comentários”(Ibid, p. 12).

A não eleição de Orlando Falcão tornou-se motivo de intrigas. Como diretor interino fez boa administração e teria possibilidade de fazer muito mais, como efetivo. Sobre a sua atuação à frente da instituição, escreveu Livio Lindoso: “O relatório do exercício de 1937, apresentado à Junta pelo ilustrado Dr. Orlando Falcão, esforçado Presidente interino desta egrégia casa de ensino, mereceu de todos os membros o unânime e alegre apoio, tanto pela sua forma, como pelo seu conteúdo”(Ibid, p. 13).

Os admiradores e amigos de Orlando Falcão acharam que ele foi injustiçado, quando a Junta, ao invés de elegê-lo Diretor efetivo, escolheu José Munguba Sobrinho. Desde então, os partidos começaram a se formar, enquanto vinham à tona as questões pessoais e os dissabores de outrora. Este problema da não investidura de Orlando Falcão como Diretor do Seminário, foi mais uma justificativa de alguns espíritos exaltados, desejosos de uma nova contenda. Ele mesmo fez propaganda da instituição e teceu elogios à atuação do novo Diretor.

Falando sobre as dificuldades, acentuou: “Hoje não pode haver mais “radicalismo” no Brasil. Foi chamado “radicalismo” um suposto avanço na direção das instituições sob o controle da Junta de Richmond. Onde a necessidade de tal avanço Hoje?... Graças a Deus, já se dissipou esse perigo de um novo “ radicalismo”(Orlando Falcão, A CONVENÇÃO DE 1938, O Jornal Baptista, Rio de janeiro, 03.03.1938, p.10).

Apesar do otimismo de Orlando Falcão, os grupos já estavam formados e começaram a se movimentar no sentido de nova divisão. As notícias de novas lutas no Norte do Brasil começaram a se espalhar pelo Sul. Alguns artigos confirmavam as informações, enquanto outros desmentiam.

Quando da Convenção Batista Brasileira, em 1939, houve confirmação das dificuldades existentes entre nacionais e estrangeiros no Norte. ( Theodoro R. Teixeira, 25.ª REUNIÃO DA CONVENÇÃO BAPTISTA BRASILEIRA, O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, 09.02.1939, p.4).

Em virtude da controvérsia, foi promovida uma reunião entre os obreiros de Pernambuco para o estabelecimento da harmonia no campo. Deste encontro, resultou o chamado “ Pacto da Paz,” cujo artigo 2.ºafirmou: “Não fazer parte, direta ou indiretamente de conchavos ou cabalas, com o fim de alijar quaisquer irmãos das posições que ocupam nas Instituições”.(Oliveira e Ramos André, Panorama Batista, p.44).

Este pacto, datado de 05.09.1939, foi assinado pelos seguintes obreiros, entre outros: Coriolano Duclerc, Lívio Lindoso, Natanael Medrado, E.G. Wilcox, W.C. Harrison, A. E. Hayes, L. L. Johnson, John Mein, José Albuquerque Lins, Benedito Lira, José Domingues Figueiredo, Adolfo Lira e Antônio Dorta.

Sobre o assunto, escreveu C. Duclerc: “Todos concordaram numas bases locais de fraternidade e cooperação, uma espécie de pacto ou “modus vivendi,” que foi por todos assinado, terminando com todas as divergências e mal estar no trabalho do campo e da denominação. Esse pacto produziu logo o desarmamento de todos os espíritos e restabeleceu a confiança recíproca de todos que se degladiavam. ( C. Costa Duclerc, DE CÁ DE PERNAMBUCO, O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, 21.09.1939, p. 12). Os elementos indicados para a Junta do Seminário do Norte, na Convenção Batista Brasileira, em 1939, foram considerados de tendências radicais.

Sobre isto discorreu Lívio Lindoso: “ João Sorén foi reeleito presidente e contra toda expectativa, deixou a presidência em mãos do Dr. Souza Marques, a quem coube nomear a comissão de indicações. O resultado prático e imediato e destruidor para o Norte, foi a indicação do Dr. Orlando Falcão como relator da Comissão de renovação dos terços das Juntas. Ele, o Dr. Orlando apontou e a Convenção aprovou para a Junta do Seminário – Alfredo Viana, Ebenézer Cavalcanti, José Benedito Lira, Jonas Macedo, Alberto Sales e Alfredo Mignac. Estes seis elementos, junto com os que lá já se acham, dão maioria ao radicalismo absorvente e exclusivista. (Lívio Lindoso, CARTA ABERTA AOS BAPTISTAS, Olinda, 01.04.1939. Documentos do Arquivo Antônio Simões).

Após o “Pacto da Paz,” esperou-se a normalização das atividades no campo. É muito provável, no entanto, que os problemas tivessem voltado à tona durante a Convenção Batista Brasileira, na Bahia, em 1940. Nesta ocasião, foi confirmada a administração das verbas pelos missionários ou organizações locais, o que não agradou a muitos obreiros. (Walfrido Monteiro, 26.ª ASSEMBLÉIA DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 08.02.1940, p.4).

Dois dias após a referida convenção, ou seja no dia 29 de janeiro, os estatutos do Seminário foram reformados. O documento, datilografado em papel timbrado da Igreja Batista dois de Julho, foi assinado por Ebenézer Gomes Cavalcanti, John Bice e Hermes da Cunha e Silva e afirmou no artigo 2º: “Eleger o Diretor anualmente para dirigir o Seminário”. (Ebenézer Cavalcanti et al., REFORMA DOS ESTATUTOS, Salvador, 29.01.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões). A reforma dos estatutos, segundo documentos da época, teve como objetivo substituir o Diretor do Seminário do Norte, José Munguba Sobrinho por Orlando Falcão.

Uma circular às igrejas informou: “A Junta do Seminário do Norte promoveu inesperadamente uma reforma de seus estatutos, resultando na mudança do Diretor do Educandário, num atentado direto contra o PACTO DE COOPERAÇÃO, de 05.09.1939. O procedimento imprudentissimo dessa Junta cuja votação duas vezes empatada, alem de duas abstenções, foi decidida pelo voto Minerva”(Antonio Dorta, ÀS AMADAS IGREJAS DO NORTE DO BRASIL, Recife, 21.02.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

José Munguba Sobrinho foi destituído e Orlando Falcão investido no cargo de Diretor do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. A partir de então, o problema tornou-se mais grave. Os obreiros que assinaram o PACTO DA PAZ viram-no quebrado, porquanto, uma das cláusulas era não participar de qualquer movimento que visasse tirar pessoas de seus cargos. Ocorre que a Comissão que reformou os estatutos da Junta Administrativa do Seminário não havia assinado o referido pacto.

Sobre a eleição de Orlando Falcão, afirmou Firmino Silva: “O Seminário do Norte não está em condições de dar às Igrejas de Deus obreiros como Paulo idealizou. Porque está dirigido por um homem que fez a política mais repugnante para chegar lá. Porque a Junta que o elegeu o fez na absoluta ausência do espírito de Cristo, pois o ato se realizou sob a mais lamentável insinceridade, do que eu e outros membros da mesma Junta somos testemunhas oculares(Firmino Silva, ESTAMOS SEM SEMINARIO NO NORTE. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

O fato é que a luta tornou-se cada vez mais intensa, inclusive com a participação expressiva das igrejas. Um MEMORIAL da parte de 73 igrejas e 36 pastores foi enviado à MISSÃO DO NORTE(subordinada à Junta de Richmond), pedindo a sua intervenção no caso do Seminário.(Missão do Norte, AOS INTERESSADOS ENTRE IRMÃOS BATISTAS BRASILEIROS, Recife, 26.03.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Diante da gravidade do problema, o Diretor José Munguba Sobrinho entregou as chaves dos prédios da instituição teológica ao tesoureiro da Missão. Esta, enviou um memorial à Junta do Seminário, aconselhando a eleição de um Diretor neutro na questão.

A Junta respondeu reafirmando a sua autonomia e esclarecendo: “E uma demonstração eloqüente de que a eleição do novo Diretor não implicou na quebra do pacto foi a de que dos oito votos que reafirmaram a eleição do Dr. Orlando Falcão, na reunião do Recife, cinco não haviam assinado o pacto, por não fazerem parte do Campo Pernambucano. Encerramos o nosso MANIFESTO fazendo uma sumula do que realmente se tem passado desde a reunião da Baia. Dois nomes são apresentados para a direção do Seminário. Um deles é eleito por maioria. Como foi eleito um, podia ser o outro. Nenhuma das partes falou num terceiro candidato. Cada qual defendeu o seu. Só depois que um candidato é eleito, a outra parte vê a necessidade de um terceiro. Só se convenceram de que o seu candidato “não era o homem para o lugar” e que “não tinha capacidade administrativa” quando se encontraram com os seus pénetas, surgindo então a idéia salvadora de nem A nem B(Junta Administrativa do Seminário do Norte, ÀS IGREJAS DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA E AOS DEMAIS INTERESSADOS. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Nesse ínterim, foi criado o cargo de DEÃO e eleito para ocupá-lo, A E. Hayes. Este ficaria com a responsabilidade de administrar a disciplina, o ensino e as finanças. Não aceitando o cargo, a situação tornou-se mais complicada(Ebenezer Cavalcanti, SOBRE AS FUNÇÕES DE DEÃO, Recife, 19.03.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

O Corpo Docente do Seminário, que também opinava pela eleição de um Diretor neutro na questão, recusou reassumir suas atividades, sob a Direção de Orlando Falcão. Embora os estatutos da Junta do Seminário tivessem sido modificados, limitando o tempo de mandato do Diretor para um ano, quando foram publicados no DIARIO OFICIAL, em 08.03.1940, nada diziam sobre a limitação de tempo. Mesmo com o Corpo Docente destituído, as aulas foram iniciadas em 26.03.1940.

Sobre o assunto, escreveu Coriolano Costa Duclerc: “Como alguns professores solicitaram licença por um ano e outros pediram demissão, a Junta do Seminário elegeu professores para substituí-los os irmãos Dr. Vidal de Freitas, Rosalino da Costa Lima e Adolfo Lira, os quais com o próprio Diretor e ainda outros que serão convidados ao mesmo fim, estará o Seminário do Norte apto a funcionar durante este ano.” (C. Costa Duclere, DE CÁ DE PERNAMBUCO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 11.04.1940, p. 13).

A situação, no entanto, tornou-se mais periclitante quando a Missão do Norte resolveu reter as verbas destinadas ao Seminário. A Junta da Instituição escreveu ao presidente e demais membros da Comissão Executiva da Convenção Batista Brasileira, dizendo:

“A Junta Administrativa do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em sessão extraordinária de 20 de março de 1940, resolveu pedir os bons ofícios dessa douta Comissão perante a Junta de Richmond no sentido de conseguir daquela Junta a entrega da apropriação por ela enviada para o Seminário do Norte para o corrente ano, a qual se acha retida pela Missão Baptista do Norte... Outrossim, esta Junta vos solicita a finesa de encaminhardes a Richmond o seu pedido de um missionário professor para tomar o lugar que acaba de ser deixado vago com o infausto falecimento do missionário E.G. Wilcox”. (Fernando Bemvindo, AO PRESIDENTE E DEMAIS MEMBROS DA COMISSÃO EXECUTIVA DA C.B.B, Recife, 20.03.1940. Documentos do Arquivo Antônio Simões).

Diante da falta de condições da instituição, os alunos começaram a sofrer as conseqüências. Alguns conseguiram ultrapassar a tempestade. Outros foram para o Seminário Presbiteriano e muitos outros deixaram definitivamente a instituição. Uma carta de A E. Hayes para José Nigro, Presidente da Convenção Nacional, mostrou como estavam abaladas as relações entre a Missão, o Seminário do Norte e a Convenção Batista Brasileira:

“Preciso explicar que o Dr. Orlando me procurou na Biblioteca, sentou-se numa cadeira e conversou amistosamente comigo durante bem duas horas. Descobri que elle quis cortejar os missionários, afirmando varias vezes e em diversas maneiras que ele os amava e que ele desejava a minha colaboração e influencia para obter a verba lhe negada pela Missão e pelo Dr. Maddry”(CARTA AO DR. JOSÉ NIGRO, Recife, abril de 1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Na mesma carta, afirmou o missivista: “Da minha parte, aproveitei o ensejo para mostrar a impossibilidade de bom êxito da administração atual, eleita por manobra política, desapoiado por muitas Igrejas e pela Missão. Mais de dúzia de vezes apelei ao Dr. Orlando mostrando que a sua renuncia seria honrosa e para o bem da instituição e que daria lugar a escolha de uma terceira pessoa, cuidadosamente escolhida que seria aclamada por todos os elementos do norte e de todas as Igrejas”(Ibid).

Orlando Falcão sabia que sua renuncia seria a solução do problema, mas tinha compromissos que o impediam de fazê-lo. Na mesma correspondência, disse A E. Hayes: “Mas o diretor atual recusou, dizendo que “não posso trair os meus colegas da Junta”, dizendo ainda que já sentira o peso do desapoio quando ele deixou radicalismo em 1923 para voltar a trabalhar com a Missão e que não queria ser acusado mais de ser comprado com dinheiro americano”(Ibid).

Há de se notar, por outro lado, a revolta de A E. Hayes, em virtude das manifestações do Sul: “Não tenho solução com os ânimos elevados, com desconfiança grossa pairando sobre tudo, com o sul intrometido nas questões nortistas, arrastado por elementos interesseiros no Norte, não vejo jeito de sarar as feridas ou curar os males. Uma coisa sei que o Norte e só o Norte vai solucionar problemas dele particular”(Ibid).

Outro aspecto de interesse na referida carta foi a importância dada às “Novas Bases de Cooperação”. Assim disse o missionario: “O Dr. Maddry reconhece o mal de 1936 em por ao lado as Missões confeccionando convenio sem apoio da grande maioria dos missionários mais experimentados e idosos no trabalho. Quase nenhum deles votou pelas “Novas Bases”. Sei porque moro aqui no Norte, que a Missão do Norte tem com quem ela pode, caso seja necessário, confeccionar justas e equitativas bases que serão facilmente observadas e são brasileiros(Ibid).

Não apenas o Seminario, mas também toda a estrutura denominacional do Norte do Brasil estava abalada. Se chegavam cartas de protesto, em virtude dos acontecimentos na ESCOLA DE PROFETAS, surgiram também correspondências de particulares, igrejas e até convenções estaduais apoiando a Junta do Seminário.

Assim expressou a Convenção Batista da Bahia: “A Convenção Baptista Sul Baiana, reunida com a Igreja Batista de Macuco, nos dias 7,8 e 9 do corrente, votou continuar cooperando com o nosso Seminário Batista do Norte e prestigiar a ilustre Junta e o distinto Diretor eleito. O Campo Batista Sul Baiano reconhece a necessidade de prestigiar as deliberações da Convenção Batista Brasileira e suas Juntas e por isso, apressa-se em mandar-vos a sua solidariedade e promessa solene de cooperação”(Alberto Nascimento, À ILUSTRE JUNTA DO SEMINARIO DO NORTE, Itabuna, Bahia, 15.02.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

A situação foi tal no Norte do Brasil que a Junta de Richmond deliberou proibir os seus missionários de prestar qualquer colaboração ao Seminário do Norte, enquanto estivesse sob a orientação de Orlando Falcão.

Sobre isto, escreveu A E. Hayes a José Nigro: “Torna-se especialmente necessária esta advertência em vista de outros cabogramas da Junta de Richmond, prohibindo que sejam dadas quaisquer apropriações financeiras ou que qualquer missionário preste o seu serviço à Junta do Seminário do Norte”(A E Hayes, CARTA A JOSÉ NIGRO, Recife, 10.04.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Ainda nesta carta, o missionario lançou um “Ultimatum” ao Presidente da Convenção Batista Brasileira: “Resta somente ao bom irmão receber um pedido oficial da Missão solicitando o devolvimento do usufruto das propriedades da Missão, que naturalmente será feito dentro em breve, caso a diretoria da Convenção Batista Brasileira e a Comissão Executiva não se interessem em procurar harmonizar a situação intolerável do Norte. Bases de Cooperação não existem mais. Não havendo, a Missão do Norte precisa de todas as instituições por ella fundadas”(Ibid).

Numa correspondência dirigida a A. E. Hayes e demais missionários do Norte do Brasil, José Nigro declarou que “Junto a esta vos remeto uma cópia do appello que os irmãos do Sul dirigem, em nome de Deus, aos irmãos do Norte”. (José Nigro, CARTA AOS IRMÃOS HAYES E DEMAIS MISSIONÁRIOS, Rio de Janeiro, 20.02.1940. Documentos do Arquivo Antônio Simões).

O referido documento, datado de 19.02.1940, foi assinado por missionários como S. L. Watson, W. E. Allen, T. B. Stover, W. W. Enete e Minnie Landrum, além de alguns brasileiros. Nem este e nem outros documentos vindos do Sul foram vistos com bons olhos pelos missionários, porquanto todos eles criticavam a Missão do Norte(Norte-americana).

Uma carta dirigida à Missão acentuou: “Enquanto a Missão do Sul reconhece que as respectivas Juntas teem plena autoridade para agir em nome da Convenção, considerando que as Novas Bases foram confirmadas nesta última Convenção realizada na Baia, a Missão do Norte se apresenta como proprietária do seminário, tendo, portanto, o direito de chamar a si o educandário.(José Benedito Lira, À MISSÃO BATISTA DO NORTE DO BRASIL, Recife, 09.03.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

As mais diversas interpretações foram dadas aos apelos, abaixo assinados e manifestações do Sul em favor da paz no Norte. Escrevendo a José Nigro, disse A. E. Hayes: “Li, com interesse, o relato de como o Dr. Souza Marques não tem muito desejo de ver a paz tornar-se efetiva no Norte, e em face disso, pergunto a mim mesmo, qual a vantagem da vossa viagem ao Norte como “Mensageiro da Paz,” como o mesmo Dr. Souza Marques escreveu à Missão, no dia 14 de março? Em todo o caso, uma coisa boa resultou da viagem: conhecemos melhor o bom irmão”.(Hayes, “Carta a Nigro”).

Enquanto os jornais da época proclamavam que a viagem de José Nigro ao Norte tinha sido um verdadeiro milagre para a solução do problema, os missionários simplesmente viram nela uma única utilidade: conhecer “melhor o bom irmão”. (Ibid).

À proporção que os dias se passaram, a situação do Seminário tornou-se cada vez mais incerta. Estava sem receber a colaboração da Missão e de cerca de 45 igrejas que tinham se constituído em outra Convenção. Diante da existência da nova entidade, a Junta Administrativa do Seminário reformou os seus estatutos, no dia 16 de setembro de 1940 e publicou no Diário Oficial do Estado.

Aos estatutos foi adicionado o artigo 24, com a seguinte redação: “No caso da Convenção Batista Brasileira dividir-se em Convenções Regionais, o Seminário ficará subordinado à Jurisdição da Convenção Batista da Bahia e da Convenção Batista Pernambucana, as quais em conjunto exercerão as funções que cabem pelos mesmos estatutos à Convenção Batista Brasileira. (José Benedito Lira et al,. ATA DA SESSÃO DA JUNTA ADMINISTRATIVA DO SEMINÁRIO DO NORTE EM 16/9/1940, Diário do Estado, Recife, 10.01.1941, p. 16).

Diante da situação nacional, o Comitê Inter-Missão reuniu-se no Rio de janeiro de 17 a 20 de setembro de 1940 e entre os vários pareceres, sugeriu: “À vista das perturbações sérias que a denominação em todo o setor do norte tem sofrido a ainda sofre, sugerimos respeitosamente que a Convenção Batista Brasileira faça uma investigação rigorosa das causas das ditas perturbações, visando o restabelecimento da confiança mútua e da paz entre as fileiras batistas. (Comité Inter-Missão, À DENOMINAÇÃO BATISTA NO BRASIL, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 26.09. 1940, p. 12).

Uma carta datada de 15 de outubro de 1940 revelou que a condição do Seminário do Norte era por demais penosa, porquanto se lê que “o irmão José P. Costa foi ao Recife e passando pelo prédio do Seminário Teológico Batista viu escrito em letras grandes “CONSERTAM-SE SAPATOS”, tendo acima do mesmo letreiro o nome Faculdade Teológica Batista,” (Severino Ramos da Costa, PASTORADO INDESEJÁVEL E INFIEL, Comportas, 15.10.1940. Documentos do Arquivo Antônio Simões).

Apesar de todos estes acontecimentos, o Seminário conseguiu chegar ao fim de mais um ano letivo, realizando a solenidade de encerramento e formatura no templo da Igreja Batista do Zumbi.


2. INTERFERÊNCIA DA JUSTIÇA

Quando da visita do Presidente da Convenção Batista Brasileira, José Nigro, ao Recife como “Mensageiro da Paz” foi assinado um acordo entre a Missão do Norte e a Junta do Seminário. Ficou decidido que a Missão devolveria as chaves dos prédios a José Nigro e este, entregaria ao Presidente da Junta. Que os fundos para a construção de novos prédios, bem como para o PRÊMIO EDWARDS fossem conservados na Comissão Predial, não podendo ser retirados para quaisquer outros fins.
E o terceiro item com a seguinte redação: “Que a Biblioteca do Seminário fique aos cuidados exclusivos da Missão do Norte, como depositaria fiel desse patrimônio, continuando, porem, instalada em um dos prédios do Seminário, preferivelmente, no de numero 1553, afim de ficar mais acessível aos estudantes e professores do referido Seminário. Ficando entendido que se no decorrer do tempo for verificado algum inconveniente sério, ao permanecer a referida Biblioteca nesse local, será mudada para outro mais conveniente a critério da Missão”(Missão, AOS INTERESSADOS. Recife, 18.03.1940. Documentos do Arquivo Antônio Simões).
O presente documento datado de 18.03.1940 deveria ter sido assinado pelos representantes da Missão, o que não aconteceu, pois somente o assinaram José Benedito Lira, Hermes da Cunha e Silva, Fernando Bemvindo da Fonseca e José Nigro.
Estando no período de férias e com pouco movimento no Seminário, a Biblioteca poderia perder alguns livros, em virtude da umidade do local. Como tinha ficado aos cuidados exclusivos da Missão, inclusive com a autoridade de retirá-la dali, caso fosse necessário, o missionário A E. Hayes resolveu tirar alguns livros.
O zelo deste obreiro foi expresso numa carta que escreveu a José Nigro: “Como o irmão sabe, tenho, como depositário nomeado e relator da Comissão da Missão, certa responsabilidade pelas propriedades da Missão, bens moveis e imóveis, pelas quais preciso dar conta da minha mordomia. Vendo certas coisas contrárias ao que julgo bom senso, o meu dever é de não calar-me, mas advertir fraternalmente que tal atuação só pode resultar em desapontamento. Sei que o tempo é mau e como diz Amós ‘o prudente se calará naquele tempo’, mas mesmo assim não posso ‘viver sossegado em Sião’ e ver o nosso Seminário afundar-se ainda mais na lama”(Hayes, CARTA A NIGRO. Documentos do Arquivo Antonio Simões).
O fato é que em novembro de 1940, A E. Hayes foi encontrado transferindo livros da Biblioteca para a sua residência. A cena não foi vista com bons olhos e o depositário da Missão foi acusado de esbulhador. Um processo judicial foi lançado contra A E. Hayes e também contra a Missão. Em sua defesa e ajudado por John Mein e Livio Lindoso, o missionário argumentou que estava acostumado a retirar livros para encadernar, evitando a deterioração e que tinha sido este o seu propósito.
Sobre o assunto, acentuou Zaqueu Moreira de Oliveira: “A Junta do Seminário não desejando acordo, interpretou o fato como esbulho e propôs uma ação possessória para reaver os livros. A petição foi a juízo em 27.11.1940 e expediu-se mandado de reintegração de posse em favor dos que demandavam, prosseguindo a causa com a defesa dos acusados”(Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 47).
Orlando Falcão, inicialmente, negou a noticia de que a Missão tivesse sido processada, conforme se conclui de um telegrama de Livio Lindoso e A E. Hayes para Moisés Stover, nos seguintes termos: “Virtude Orlando Falcão questionar noticia Missão processada, reafirmamos telegrama notificando Seminário moveu ação esbulho contra Missão requerendo judicialmente reintegração nossa biblioteca. Atitude Missão simplesmente defesa”(Livio Lindoso e A E. Hayes, TELEGRAMA A MOISÉS STOVER. Documentos do Arquivo Antonio Simões).
O Jornal Batista afirmou que “telegramas diversos do Recife, agora, dão noticia de que foi processada a Missão a entregar ao Seminário a Biblioteca”(PROCESSADA A MISSÃO DO NORTE, O Jornal Batista. Rio de Janeiro, 26.12.1940, p. 2).
No numero seguinte, Orlando Falcão contestou esta noticia, dizendo: “Corrigindo publicação feita pelo O JORNAL BATISTA, informo que a Missão do Norte, pelos seus advogados, entrou com uma petição em juízo contra a Junta do Seminário para tomar a Biblioteca”(Orlando Falcão, TELEGRAMA, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 09.01.1941).
No relatório da Comissão encarregada de examinar a situação batista no norte do Brasil, foi dito o seguinte: “Que para esse processo judicial, foi outorgada uma procuração a advogado, após uma reunião da Junta, a que compareceram apenas cinco membros, a saber: José Benedito Lira, Coriolano C. Duclerc, Fernando Bemvindo, José Tavares e José Ferreira Neves. Há indícios de que, para a outorga do mandato judicial, foi destituído o Vice-Presidente, Hermes da Cunha, cuja assinatura no instrumento era necessária”(Vilas Boas, INVESTIGAÇÕES, p. 24).

A conclusão de numero dois constante do mencionado relatório, acentuou: “Que a Convenção condene, por anti-cristã e exorbitante, a propositura da ação judicial, recomendando à nova Junta do Seminario que providencie com urgência a cessação do litigio”(Ibid).
Vale salientar, contudo, que desde abril, A E. Hayes tinha proclamado que as “Bases do Cooperação não mais existem”(Hayes, CARTA A NIGRO).
Ora, o acordo entre a Missão e a Junta quanto à Biblioteca tinha sido feito segundo o espirito das bases de cooperação. Se estas não mais existiam, o documento perdeu o seu valor e a Missão, conseqüentemente, perdeu a qualidade de fiel depositaria da biblioteca.
No relatório da Junta Administrativa do Seminário foi dito: “As maiores escaramuças da luta em torno desta instituição tiveram por objeto a sua biblioteca. Talvez a preciosidade do patrimônio bibliologico do nosso educandário justifique os espinhos e as tristezas desta luta. O nosso desejo é que seja quem for o VENCEDOR nesta campanha pela posse da biblioteca, a qual ainda não está decidida, a mesma continue a servir à denominação”(José Benedito Lira, RELATORIO DA JUNTA ADMINISTRATIVA, Atas, Relatórios e Pareceres da CBB, Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1941, p. 58).
As esperanças estavam depositadas na Convenção Batista Brasileira, que deveria reunir-se de 20 a 26.01.1941, na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. Sobre isto escreveu Alberto Mazoni(*13): “Logo na primeira sessão, o Pastor Ebenezer Cavalcanti, secretario da Aliança dos Pastores Batistas do Brasil e um dos lideres do Norte, descarregou um pouco a atmosfera, lendo um documento de batistas do Norte do Brasil, em que estes irmãos negavam adotarem posição contrária aos nossos irmãos missionários”(Alberto Mazoni, CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 06.02.1941, p. 1).
Durante os trabalhos da Comissão encarregada de investigar o problema do Norte, Orlando Falcão apresentou sua renuncia do cargo de Diretor do Seminário, enquanto José Benedito Lira e Coriolano C. Duclerc renunciaram a posição de membros da Junta Administrativa.

Diante da necessidade de um novo diretor para a instituição, foi nomeada uma comissão constituída de Manoel Avelino de Souza(15), Antônio da Silva e Alberto Mazoni. Depois de estudar a questão, a comissão indicou o nome de S. L.Watson, que mereceu o sufrágio unânime da Assembléia Convencional. Em 1942, a Convenção Batista Brasileira aprovou a atuação de S.L. Watson, e o missionário John Mein foi eleito diretor efetivo, tendo a Junta do Seminário voltado a ser administrativa.

ASPECTOS DA CONTENDA
Durante as diversas fases e rumos seguidos pelo movimento apareceram novas igrejas, convenções e jornais que serviram, muitas vezes, de trincheira para defesa e ataque dos grupos em litígio. As injustiças, os termos violentos, a indisciplina, as eliminações e principalmente a falta do verdadeiro espírito cristão fizeram-se presentes em ambos os lados. Além das discórdias, contendas e dissabores houve também vitórias que serviram para concretizar os ideais cristãos. Se da um lado os obreiros se manifestaram isoladamente, do outro, tomaram posição as instituições, igrejas, convenções estaduais e lideres denominacionais.

1. EXPECTATIVA DA DENOMINAÇÃO
Os acontecimentos anteriores a 1940, ocorridos no Norte e mais precisamente em Pernambuco, deixaram a denominação batista no Brasil em estado de expectativa. O movimento radical de 1923, que foi importado de outras partes do Brasil, terminou por estourar em Pernambuco. (Taylor, SITUAÇÃO BAPTISTA, p.6).
Embora de caráter nacional, foi na Primeira Igreja Batista do Recife, em 20 de junho de 1925, que surgiu a Associação Batista Brasileira, constituída de igrejas que se afastaram da Convenção Nacional, dita também Batista Brasileira. Foi também na mesma cidade que a referida Associação foi dissolvida, quando se reuniu na Igreja Batista da Torre em 1938. Diante destes fatos e como ocorreram, a Denominação sempre esteve interessada nos acontecimentos nortistas. Qualquer estremecimento do “Leão do Norte” fazia a comunidade batista brasileira ficar em estado de alerta.

Foi debaixo desta expectativa que a denominação começou a receber notícias de um novo movimento radical no Norte, apesar de as igrejas já estarem integradas na Convenção Batista Pernambucana. As informações de que os líderes nortistas estavam pendentes a uma divisão tornaram-se mais intensas, em 1939.
Neste ano, quando da Convenção Nacional em São Paulo, foi lida uma carta enviada à Comissão de Negócios Especiais, pelo pastor Firmino Silva, dizendo: “Reina cá pelo Norte, grande confusão e lamentável discórdia entre os batistas nativos e os irmãos missionários da outra América, em torno da administração da verba, que, procedente da América do Norte, se destina às várias necessidades do trabalho em cada Estado. (Firmino Silva, À COMISSÃO DE NEGÓCIOS ESPECIAIS, Atas, Relatórios e Pareceres da C. B. B.1939. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,1939), p.37).
Passada a Convenção Brasileira, a denominação continuou na expectativa aguardando os futuros acontecimentos, sobretudo em Pernambuco e na Bahia. Falando sobre o momento da denominação no Brasil, Lívio Lindoso argumentou: “O que tem sido gravemente infeliz, até o ponto de suscitar desentendimento, é a maneira de trazer para a prática alguns dos princípios salutares, unanimemente votados em 1936, registrados no documento já aludido. “As Novas Bases de Cooperação” é frase que, à força de tanta e insistente repetição, começa a perder a força de expressão e significação”. (Lívio Lindoso, O MOMENTO DA DENOMINAÇÃO NO BRASIL, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 16.03.1939, p. 6).
Apesar disto, Alfredo Viana escreveu negando a existência de qualquer movimento divisionista: “Assim é que hoje corre o Brasil inteiro e até parte da América do Norte, o boato de que a família batista vai novamente ser dividida. Podemos entretanto afirmar que isto não existe em nosso campo. Se há um propósito entre os obreiros deste campo, é este: não consentir em divisão de espécie alguma”(Alfredo Viana, EM DEFESA DO CAMPO PERNAMBUCANO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 04.05.1939, p. 10).
À proporção que o tempo se passava, a tensão era maior entre os obreiros e os horizontes tornavam-se mais negros para o Norte. Sobre isto, escreveu Coriolano Costa Duclerc: “Após chegarem aqui os mensageiros da Convenção Geral em São Paulo, sem nenhuma razão plausivel espalhou-se entre nós o boato, com aspecto perigoso de alarme, de que se projeta uma nova divisão na Denominação e a expulsão dos irmãos missionários do nosso trabalho no Brasil”(C. Costa Duclerc, DE CÁ DE PERNAMBUCO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 04.05.1935, p. 15).
As noticias continuaram controvertidas até que em 07.09.1935 foi assinado o PACTO DA PAZ entre os obreiros do campo pernambucano. As esperanças de dias melhores foram renovadas.

2. DIVISÃO DO CAMPO

Os acontecimentos que culminaram com a substituição de José Munguba Sobrinho por Orlando Falcão na direção do Seminário foram responsáveis pela presente divisão. Desde que o PACTO DA PAZ fora quebrado, os grupos se formaram.

De um lado, estavam os simpatizantes de Munguba Sobrinho e do outro, os admiradores de Orlando Falcão. Estes, facilmente se colocaram contra a Missão, enquanto aqueles passaram a defender os missionarios. Algumas igrejas e pastores enviaram um MEMORIAL solicitando a intervenção da Missão, o que significava, de qualquer maneira, apoio aos estrangeiros. Esta foi a razão por que A E. Hayes escreveu a José Nigro dizendo que “a Missão do Norte tem com quem ela pode, caso seja necessário, confeccionar justas e eqüitativas bases que serão facilmente observadas e são brasileiros”(Hayes, CARTA A NIGRO). Conforme a própria Junta do Seminário, nenhum memorial lhe foi entregue. Erradamente o documento fora enviado à Missão.

“Todavia a Junta se reuniu plenariamente levando doze dias em sessão para considerar os protestos que a Missão alega terem sido enviados pelas igrejas, pois tanto a Junta como o Seminário são instituições das igrejas. A verdade é que até agora a Junta não recebeu qualquer protesto das Igrejas diretamente”(Junta do Seminário, ÀS IGREJAS. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Nem mesmo a vinda de José Nigro, como MENSAGEIRO DA PAZ, em março de 1940, conseguiu modificar a situação em Pernambuco. Os grupos estavam bem armados, procurando cada um alcançar suas vitórias. Um manifesto enviado por algumas igrejas à Junta Cooperativa da Convenção Batista Pernambucana, argumentou: “Mas, com o vosso plano exclusivista e com a campanha de boicotage que moveis aos nossos obreiros, tendes creado uma situação tal que já existe, indubitavelmente, uma profunda divisão moral entre eles e vós, em face da qual, torna-se impossível uma cooperação leal, sincera e honesta. Observaremos atentamente o efeito desta carta...A maneira como a considerardes determinará a norma do nosso procedimento”(Várias Igrejas, MANIFESTO À JUNTA COOPERATIVA DA CONVENÇÃO BATISTA PERNAMBUCANA. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Este documento não foi apenas uma carta, mas sobretudo um ULTIMATUM à Junta Cooperativa. Entre as Igrejas que o assinaram, destacavam-se: Capunga, Olinda, Concórdia, Tegipió, Imperial, Areias, Estância e Beberibe. No dia 17.05.1940, surgiu em Pernambuco, um novo jornal denominado A MENSAGEM, fundado por Lívio Lindoso.

Sobre o assunto, disse o JORNAL BATISTA: “A MENSAGEM. Este é o titulo de bem feito jornal que acaba de ser publicado em Pernambuco. Como órgão da União de Obreiros Batistas do Norte, tendo como responsável o pastor Lívio Lindoso. Entre a matéria variada, publica um histórico dos acontecimentos que têm perturbado o Norte, com reflexos em quase toda a denominação”(A Mensagem, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 13.06.1940, p. 16).

O referido órgão teria a mesma função de Correio Doutrinal fundado por W. C. Taylor em 1923. Naquela época, o jornal fora organizado por um missionário para a defesa dos obreiros estrangeiros. Agora, foi fundado por um nacional como órgão de apoio aos missionários. Em virtude da matéria de que se ocupou o novo jornal, em seu primeiro número, escreveu Orlando Falcão :

“Lendo o artigo de vosso jornal sob o título “ O Caso do Seminário do Norte,” notei que entre os fatos há duas declarações referente à minha pessoa para as quais eu venho solicitar a devida retificação”(Orlando Falcão, CARTA AO REDATOR D’A MENSAGEM, Recife, 17.05.1940. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Poder-se-ia dizer que A MENSAGEM foi o orgão dos “novos construtivos”, enquanto o BATISTA PERNAMBUCANO serviu aos “novos radicais”. A esta altura dos acontecimentos ninguém podia negar a divisão do trabalho batista em Pernambuco mais uma vez. O grupo favorável à política dos missionários reuniu-se na Igreja Batista da Capunga, no dia 14.06.1940 e organizou a Convenção Batista Evangelizadora de Pernambuco. Fizeram parte da organização 25 igrejas, com 142 mensageiros. A primeira assembléia geral da nova convenção foi marcada para os primeiros dias de novembro do mesmo ano(1940).

Mesmo com a organização desta convenção, as discórdias continuaram entre as igrejas e instituições, sobretudo pela instrumentalidade dos seus órgãos representativos. Sobre o assunto, disse a Junta Administrativa do Seminário: “Quanto às convenções, aconteceu o inesperado. Elas existem para cooperar com as instituições, mas algumas mudando o seu uso natural fizeram o contrário. Uma Convenção chegou a ser organizada em Pernambuco para levar algumas de suas igrejas que estavam cooperando com o Seminário a cortar a cooperação”(José Benedito Lira, RELATORIO DA JUNTA DO SEMINARIO DO NORTE, Atas, Relatórios e Pareceres, Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1941, p. 59).

Em sua primeira assembléia anual, a Convenção Batista Evangelizadora aprovou uma DECLARAÇÃO DE PRINCIPIOS, sendo que no artigo 5º fez lembrar o problema da simultaneidade de cursos no Seminário quando mencionou a “não secularização da cultura ministerial”(Declaração de Princípios, ATAS DA CONVENÇÃO EVANGELIZADORA DE PERNAMBUCO, Recife, Typografia Diário da Manhã, 1940, p.2). Nos mesmos dias em que se reuniu a nova Convenção, também a Convenção Batista Pernambucana realizou os seus trabalhos na Primeira Igreja Batista do Recife.

As deliberações tomadas pela Convenção Batista Brasileira, em 1941, serviram para que os grupos se acomodassem em seus respectivos lugares. Conforme as palavras de Livio Lindoso, na organização da Convenção Batista Evangelizadora, as igrejas da nova entidade continuariam “em relações fraternais com as igrejas do Estado, quanto ao respeito à disciplina, à troca de cartas demissorias, de púlpitos, à Ceia do Senhor, etc”(Rubem Carneiro Leão, ATA DA ORGANIZAÇÃO DA CONVENÇÃO EVANGELIZADORA, Recife, Typografia Diário da Manhã, 1940, p. 1).

Com os ânimos praticamente serenados, as duas convenções prosseguiram os seus trabalhos. Em virtude de uma declaração da Junta Evangelizadora, no artigo 3º, parágrafo 3, dos seus estatutos que afirmava ser aceitável a colaboração de qualquer igreja batista do Estado e dos Estados vizinhos, a referida entidade foi apelidada de Junta Catequizadora(Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 48).

Os motivos e propósitos da nova organização foram expressos por Livio Lindoso: “Para trabalhar em paz e harmonia, visando as Missões Estaduais, Nacionais e Estrangeiras. A beneficência e a educação teológica, em virtude de se haver demonstrado ser impossível continuar sem contenda no seio da Convenção existente, por motivo do espírito e orientação manifestos por esta, do passado ao presente”(Leão, ATA DE ORGANIZAÇÃO DA EVANGELIZADORA, p. 1).

A partir de então a Convenção Batista Evangelizadora intensificou o seu trabalho de um lado e a Convenção Batista Pernambucana do outro, surgindo aqui e ali amarguras e dissabores que brotavam das velhas contendas, porem sem maiores conseqüências.



3. NOVO DESCONTENTAMENTO


Quando tudo pareceu normalizado no campo pernambucano, depois das escaramuças de 1940, surgiu uma nova dificuldade que veio relembrar fatos passados. Em 1947, solicitou matricula no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife, o pastor José Leitão de Albuquerque. Em virtude de seu comportamento perante a Instituição e o Campo, não lhe foi concedida a entrada.

O fato, porem, de ser o referido obreiro da Convenção Batista Pernambucana resultou em sérios atritos. José Leitão havia estudado no Seminário nos anos de 1936, 1937 e 1939. Quando pediu ingresso em 1947, recebeu do Diretor a comunicação de que “o Corpo Docente decidiu indeferir seu pedido, devido sua caracterizada atitude para com a Instituição e a sua atuação no Campo”(John Mein, CARTA AO PASTOR JOSÉ LEITÃO, Recife, 04.02.1947. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Este acontecimento foi interpretado como havendo má vontade por parte do Seminário do Norte em receber membros de igrejas da Convenção Batista Pernambucana. O ocorrido deu motivos para muita inquietação entre os obreiros da referida Convenção e, principalmente para que se sentisse a necessidade da formação de um novo Seminário. Em 1949, portanto, foi organizado o Seminário Batista Brasileiro que começou a funcionar no dia 15.03, nas salas da Primeira Igreja Batista do Recife.

A nova Instituição manteve, inicialmente, o curso noturno, oferecendo o grau de Licenciado. Apresentando a historia desta ESCOLA DE PROFETAS, informou Jônatas Braga(16): “No inicio de sua vida, ele teve de enfrentar uma séria oposição da parte daqueles que não acreditavam que a obra prosseguisse, supondo que o Seminário Batista Brasileiro houvesse surgido para fazer concorrência ao Seminario Teológico Batista do Norte. Manter uma obra como esta é simplesmente pelo ideal dos nossos professores que dão seu tempo gratuitamente(Jônatas Braga, O SEMINARIO BATISTA BRASILEIRO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 29.01.1953, p.7).

Após os dissabores ocorridos entre 1947 e 1949, poucos atritos surgiram entre os dois grupos nos últimos tempos. Nos anos de 1951 e 1952, contudo, O Batista Pernambucano publicou uma série de artigos assinados por Severino Belo em que muitas acusações foram feitas aos missionários. (Oliveira e Ramos André, Panorama Batista, p. 50). Em 1954, um outro articulista, usando as colunas do referido jornal, teceu considerações acusatórias ao programa de trabalho da Junta de Richmond. A partir de então não houve quaisquer outras dificuldades entre as duas convenções, acentuando-se apenas o espírito de compreensão cada vez mais crescente.



DILATAÇÃO E OCASO DA CONTROVÉRSIA

A segunda fase do radicalismo batista brasileiro não teve as mesmas conseqüências e não atingiu as proporções do movimento de 1923. Naquela época, além da interferência imediata da “Baptist Association of Texas,” um grupo de igrejas dissidentes organizou, em 1925, a Associação Batista Brasileira, de caráter nacional. O movimento de 1940, no entanto, poderia ter resultado em mais graves conseqüências não fosse a sabia orientação da Convenção Batista Brasileira realizada em 1941. De qualquer modo, a controvérsia teve repercussão em todo o Brasil, porquanto nela estava envolvida a Convenção Nacional. (Comitê Inter-Missão, À DENOMINAÇÃO, p.39. Documentos do Arquivo Antonio Simões).


1. REPERCUSSÃO NO NORTE

O movimento de 1923 partiu de tal forma de Pernambuco que conseguiu imediatamente a adesão dos demais Estados, provocando em cada um deles a formação de nova convenções ou, pelo menos, núcleos de igrejas radicais. O mesmo não aconteceu com a contenda de 1940, porquanto somente em Pernambuco e na Bahia foram organizadas outras convenções imediatamente, sem a fundação de uma entidade nacional.

O terreno, contudo, ficou preparado para o futuro, de tal maneira que alguns anos depois, várias igrejas, em poucos Estados levantaram-se contra a Convenção Nacional. Este estudo abrange, portanto, não somente os núcleos radicais intimamente ligados ao movimento de 1940, mas também aqueles que, tendo sido fermentados, surgiram posteriormente.


PERNAMBUCO

O estabelecimento da obra missionária no Brasil, por parte da North American Baptist Association (NABA), em 1952, permitiu a vinda de um dos três missionários até então existentes neste país, para trabalhar com a Convenção Batista Pernambucana. A NABA era um movimento de tendências radicais dos Estados Unidos.

Falando sobre esta organização, informou E. M. Treadwell: “Infelizmente a única novidade dela é o mesmo, o Radicalismo puro do passado, às mãos do que a Convenção Brasileira tem sofrido bastante, também às mãos do qual muitas igrejas foram divididas e foram cheias de incriminações, e de ódio contra os missionários e contra a Convenção Brasileira e contra a Junta de Richmond, composta das Igrejas Batistas da América do Norte”(E. M. Treadwell, SOBRE A N.A.B.A, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 03.12.1958, p. 8).

Mais adiante, disse o articulista: “Alguns brasileiros de espíritos insatisfeitos e decepcionados estão sendo utilizados pelos Radicais Americanos afim de lutarem contra o seu próprio povo. Também se diz que a NABA é a salvação do povo batista do Brasil, que vem para socorrer e livrar o povo batista do jugo da Junta de Richmond e dos Americanos Imperialistas”(Ibid, p. 9).

O sentimento radical que caracterizava a NABA estava perfeitamente de acordo com o pensamento de muitos nacionais. Albert W. Luper, falando sobre esta entidade, acentuou: “Oferecem gratuitamente- pastores, órgãos, alto-falantes, novos templos, colegios, etc, etc, para poderem infiltrar-se nas Igrejas e induzi-las a se unirem com eles. No Brasil, há três casais... Entre missionarios, figuram o Dr. Harold Morris, R. Arthur e Graham Harvey. Entre pastores, destacam-se Ebenézer Cavalcanti, Emilio Kerr, Coriolano Duclerc, Josias Castro e outros”(Albert W. Luper, ÀS IGREJAS DA CONVENÇÃO BATISTA MINEIRA, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 26.11.1953, p. 2).

A presença do missionário norte-americano da NABA, atuando na Convenção Batista Pernambucana, contribuiu para que esta Convenção tomasse uma nova posição quanto ao seu destino. Em janeiro de 1953, a referida entidade resolveu mudar o seu nome para Associação Batista Pernambucana e votou filiar-se à Associação Batista do Brasil, que seria organizada dentro de alguns meses, conforme declaração de Ebenézer Cavalcanti: “Realmente será organizada nos dias 27 a 29 de julho de 1953, na Bahia, a Associação Batista do Brasil, com a presença dos irmãos W. J. Burgess e T. O Tollett, respectivamente, secretário tesoureiro da Comissão Missionária da NABA e secretario de publicações da referida organização. Para a organização da Associação Batista Brasileira já contamos com apreciável numero de Igrejas na Bahia, em Pernambuco, em São Paulo e noutros Estados”(Ebenézer Cavalcanti, O S.N.A E A ASSOCIAÇÃO BATISTA DO BRASIL, O Jornal Batista. Rio de Janeiro, 23.01.1953, p.3).

O “Serviço Noticioso Atlas”(S.N.A), informando sobre a Associação Batista do Brasil, acentuou: “Essa será uma organização em protesto contra a Convenção Batista Brasileira e está convidando as Igrejas Batistas do Brasil a transferirem a sua cooperação da Convenção Nacional para aquela Associação. A organização em pauta está sendo patrocinada pela North American Baptist Association(NABA)”(S.N.A, UMA NOVA CONVENÇÃO..., O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 11.06.1953, p.8).

A cooperação da Associação Batista Pernambucana com a NABA não deu os resultados esperados, porquanto os acordos feitos anteriormente não foram cumpridos. Em janeiro de 1958, portanto, ocorreu a última reunião da Associação Batista do Brasil, a que os representantes pernambucanos estiveram presentes. Algumas igrejas, no entanto, orientadas pelo Pastor Elias Félix permaneceram fieis à NABA, tendo esta entidade norte-americana não mais do que uma dúzia de igrejas em Pernambuco. Em virtude de seu afastamento da NABA, a Associação Batista Pernambucana voltou a ser Convenção Batista Pernambucana, depois de ter funcionado cinco anos como Associação.

Com o advento da Campanha Nacional de Evangelização, em 1964, as relações entre Convenção Evangelizadora e Convenção Pernambucana estreitaram-se de modo admirável, e principalmente cristão.

Em Pernambuco, portanto, a divisão provocada pelo segundo movimento já alcançou cerca de trinta e dois(32) anos. Em julho de 1971, a Ordem dos Ministros Batistas do Estado enviou à Junta Executiva da Convenção Batista Pernambucana, um convite extensivo a todos os seus obreiros, para uma reunião conjunta, quando foram estudadas as possibilidades de unificação do trabalho batista. Se isto acontecer, o ano de 1973 poderá marcar o encerramento da divisão provocada pelo movimento de 1940 e também uma nova era para a denominação batista no Brasil.


BAHIA

O Comitê Inter-Missão, depois de considerar as dificuldades do Norte, dirigiu-se à Denominação acentuando sobremodo as incompreensões em Pernambuco e na Bahia. O movimento radical de 1940 estourou tão forte neste Estado, como também em Pernambuco, embora as instituições educacionais baianas não estivessem vinculadas à Convenção Batista Brasileira.

Aliás, os baianos foram mais apressados, porque enquanto os pernambucanos organizaram-se em Convenção no dia 14.06.1940, dois dias antes, a Convenção Bahiana expulsou do seu seio cerca de vinte e uma(21) igrejas, depois de ter estipulado uma verba para cada uma e não ter sido atendida. A estipulação desta verba foi compreendida por alguns como uma pressão da Convenção Bahiana para evitar que algumas igrejas contribuíssem para o Seminário do Norte.

Sobre o assunto, disse José Benedito Lira: “Uma Convenção chegou a ser organizada em Pernambuco para levar algumas de suas igrejas que estavam cooperando com o Seminário a cortar a cooperação. OUTRA NA BAHIA chegou a EXPULSAR do seu seio elementos ponderáveis afim de IMPEDIR a cooperação de suas igrejas com o Seminário”(Lira, RELATORIO DA JUNTA ADMINISTRATIVA, p. 59). Tanto de um lado quanto do outro foram praticadas certas arbitrariedades.

Belmiro Sampaio explicando a sua posição, disse: “Ora, pode parecer a qualquer irmão que saiba da noticia da divisão do trabalho baiano, que todas as igrejas excluídas do Rol da Convenção Bahiana se tornaram tão nocivas à mesma Convenção que ela se viu na contingência de as excluir. E como nós, de Juazeiro, fomos atingidos pela medida segregadora... Jamais tivermos o desejo de nos separar da Convenção, e se agora estamos de fora, é porque fomos excluídos”(Belmiro Sampaio, EXPLICANDO UMA POSIÇÃO. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 17.10.1940, p. 4).

Sendo já público e notório que o trabalho batista na Bahia estava dividido desde 12.06.1940, as igrejas partiram para a organização de uma nova convenção. De 23 a 26 de outubro, as igrejas interessadas se reuniram no templo da Igreja Batista de Itabuna e organizaram a Convenção Batista da Bahia constituída de trinta e três(33) igrejas, sendo vinte e uma(21) saídas da Convenção Baiana e doze(12) do antigo campo Sul Baiano.

Assim permaneceu o trabalho batista, até que em 1953, a Convenção Batista da Bahia desvinculou-se da Convenção Nacional para filiar-se à Associação Batista do Brasil, em cooperação com a NABA. Nos dias 27 a 29 de julho de 1953, no templo da Igreja Batista Dois de Julho e com a participação da Associação Batista Pernambucana, da Associação Batista de São Paulo e da Convenção Batista da Bahia foi organizada a Associação Batista do Brasil.

Falando sobre esta entidade, informou Ebenézer Cavalcanti: “Daí o trabalho metódico e sistemático de informação e doutrinamento que temos desenvolvido. Entre o IMPERIALISMO de Richmond e o espírito neo-testamentário, tipicamente batista da NABA, as Igrejas saberão escolher...Queremos a cooperação de Igrejas livres e de obreiros e irmãos conscientes”.(Ebenézer, O S.N.A, p.3).

O não cumprimento de certos acordos por parte da NABA e sobretudo, algumas exigências quanto aos relatórios das Associações Estaduais provocou grande desconfiança e resultou no afastamento de igrejas e obreiros do seio desta organização, chefiados por Ebenézer Cavalcanti(17). Um convite formulado em termos altamente cristãos foi feito pela Convenção Batista Bahiana às igrejas da Convenção Batista da Bahia para a fusão do trabalho cooperativo no Estado.

O convite foi formulado nos seguintes termos: “Esta Convenção reunida em Assembléia Geral, na cidade de Ubatã, neste Estado, considerando existir entre os batistas do Estado da Bahia, o louvável propósito de harmonizar o trabalho, restabelecendo o clima de compreensão e concórdia...resolveu unanimemente porpor às igrejas que cooperam com essa Associação, a fusão do trabalho cooperativo neste rincão da Pátria.”(M.G. White, CONVITE ÀS IGREJAS DA ASSOCIAÇÃO BATISTA DA BAHIA, O Batista Bahiano, 01.12.1956, p, 1).

Diante deste convite, e reunida no templo da Igreja Batista de Jequiezinho, em 30.10.1956, a Associação recomendou: “Que se faça um veemente apelo a todas as Igrejas Batistas na Bahia e no Brasil no sentido do desarmamento dos espíritos, a fim de que haja paz, união construtiva e mais intensa cooperação com a grande obra da Convenção Batista Brasileira. Que se recomende às Igrejas reservarem uma parte no programa do culto de vigília para orar em favor da crescente e efetiva pacificação e unificação do trabalho batista na Bahia e em todos os Estados do Brasil”(Ebenézer Cavalcanti, RESPOSTA À CONVENÇÃO BATISTA BAHIANA, O Batista Bahiano, 01.12.1956, p. 1).

A festa da paz foi realizada no templo da Igreja Batista Dois de Julho, de Salvador, no dia 21.11.1956, onde três anos antes foi organizada a Associação Batista do Brasil.

Descrevendo o acontecimento, afirmou Ebenézer: “No plano cooperativo vamos viver nova vida com a pacificação do trabalho batista na Bahia e no Brasil, vinculada outra vez nossa amada igreja ao velho tronco histórico da obra batista da Junta de Richmond no Brasil, da Convenção Batista Brasileira e da Convenção Batista Bahiana”(Ibid).

Poder-se-ia dizer, portanto, que as lutas de quase dezessete(17) anos(1939-1956) resultaram em grandes lições para a comunidade batista baiana e na formação de um espírito de cortesia e tolerância. Nem todas as igrejas, porem, aceitaram o convite da Convenção Bahiana. Uma delas foi a Segunda Igreja Batista de Vitória da Conquista, cujo pastor(Valdomiro de Oliveira) foi escolhido posteriormente para aperfeiçoar os seus estudos teológicos em Jackson Ville College, por conta da NABA, por volta de 1957.

Vale salientar que três anos depois ou seja em 1959, novos dissabores contribuíram para a formação da Associação Evangelizadora Batista da Bahia, liderada por Alfredo Mignac e dita de orientação exclusivamente nacional.

Sobre o assunto, disse ele: “Pedimos ao Secretario Executivo que faça nas Atas da Convenção Batista Brasileira constar isso separadamente da secção CAMPO BAHIANO, criando um titulo a que fazemos juz- ASSOCIAÇÃO EVANGELIZADORA BATISTA DA BAHIA. Somos um trabalho à parte no Estado.”(Alfredo Mignac, MISSÕES NACIONAIS, Tribuna Batista, Salvador, 01.03.1965, p. 3).

Em seu jornal, a TRIBUNA BATISTA, acentuou Mignac: “De orientação exclusivamente nacional, marcha acelerada, a organização da Associação Batista do Brasil, sem que ninguém a possa deter, porque é da vontade de Deus. Já há quatro Associações Batistas organizadas no Brasil- Recife, Piauí, Bahia e Espírito Santo. O povo vai se cansando de trabalhar com a Junta Americana”(Alfredo Mignac, NOTICIAS DE ULTIMA HORA, Tribuna Batista, Salvador, 01.03.1965, p. 1).

Se em outros Estados a Campanha Nacional de Evangelização serviu de elo para a harmonia, na Bahia deu motivos a novos dissabores. Após os acertos de Rubens Lopes com Alfredo Mignac de que a Associação Evangelizadora e a Convenção Bahiana trabalhariam juntas, houve protestos por parte de elementos desta ultima.

Sobre o assunto, disse a TRIBUNA BATISTA: “Mas logo que ficaram ausentes o Presidente Rubens Lopes e o Secretário Regional, o MISSIONÁRIO levou à Junta Geral da Convenção Batista na Bahia um documento em que PROTESTAVA contra o trabalho em consonância (ele não empregou o termo, que deve ignorar). É de estarrecer que muitos o assinaram, especialmente os que obedecem incondicionalmente ao “CHEFÃO”. Mas os livres falaram com desassombro repelindo o atentado à palavra empenhada, todavia em nada adiantou, a vaca de Richmond Board” TEM TESTAS ABUDANTES”.(Editorial LIDERANÇA E PERSONALIDADE, Tribuna Batista, Salvador, 01.03.1965, p. 2).

Até o presente, a família batista na Bahia continua dividida, sem perspectiva de união, estando de um lado a Associação Evangelizadora Batista da Bahia e do outro, a Convenção Batista Bahiana, além de outros grupos menores.


MARANHÃO

A controvérsia de 1940 não exerceu influência imediata no Maranhão, exceto no preparo do terreno para futuras dissidências. Em 1963, sérias dificuldades administrativas no campo, oriundas de incompatibilidade entre o pastor Capitulino Amorim e os missionários, resultaram na formação de uma nova Convenção. A gravidade do problema exigiu a realização de uma Convenção extraordinária no dia 11.01.1963, no templo da Primeira Igreja Batista de São Luís.

Nesta ocasião foi demonstrado pelo missionário W. Parker a impossibilidade de a Missão Batista Equatorial continuar o seu trabalho em cooperação com o pastor Capitulino Amorim pelo que a melhor solução seria a divisão . Diante da decisão irrevogável da Missão de não trabalhar ao lado do referido obreiro, a Convenção Batista Maranhense hipotecou sua solidariedade à Missão Batista Equatorial. Sendo assim, Capitulino Amorim, que já tinha rompido com a Missão na década de 1940, resolveu organizar uma outra Convenção. Surgiu, portanto, a Convenção Batista do Maranhão constituída de nove igrejas, número que foi logo aumentado, em virtude da adesão e organização de novas igrejas.(Waldomiro Luis de Souza, “O Trabalho Batista no Maranhão” (Material não publicado, Seminário Batista do Norte, 1967), p.12).

Em 1971, o trabalho batista no Maranhão foi unificado, tendo sido orador da ocasião o pastor João Falcão Sobrinho. Vários Estados atingidos pela controvérsia de 1923, tais como Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba não foram abalados pelo movimento radical de 1940 e também não sofreram maiores preocupações com a NABA. Pela instrumentalidade desta entidade, o radicalismo alcançou também Sergipe, tendo deixado como resultado a Igreja Batista Brasileira.


2. REPERCUSSÃO NO SUL

O movimento de 1940 não teve tanta repercussão no Sul do país, como se esperou. As medidas adotadas pela Convenção Batista Brasileira contribuíram para isto. Exceto o manifesto de Emílio W. Kerr, convocando nortistas e sulistas para a luta contra os missionários, todas as manifestações do Sul foram de compreensão ao Norte, desejando sempre a paz denominacional. Como resultado das lutas no Norte, a semente radical foi espalhada e seus frutos surgiram posteriormente.


SÃO PAULO

Se o sentimento radical de 1923 não exerceu grande influência neste Estado, muito menos o de 1940. Certos desafios, no entanto, partiram de São Paulo e as idéias de separação foram lançadas.

E. W. Kerr, membro da Igreja Batista da Penha e um dos mensageiros à Convenção Nacional de 1939, afirmou: “Vamos ter agora a chamada nossa Convenção em São Paulo...Não nos iludamos!...Os próprios radicais não virão em numero bastante para amparo das votações, se vierem. OS DE SÃO PAULO...NÃO GOSTAM MAIS DE BRADOS RETUMBANTES ÀS MARGENS PLÁCIDAS”(Kerr, MENSAGEM, p.7).

O fato é que esta convenção foi tachada de radical. Sobre isto, escreveu Livio Lindoso: “Como muito bem sabeis, a Convenção Nacional realizou-se com a Primeira Igreja Batista de São Paulo... Depois de vários dias de ansiedade, começaram a chegar algumas noticias fragmentarias, mas inquietantes... Penso que é inevitável uma divisão dos Batistas do Brasil. O Radicalismo mais rubro e destruidor que eu tenho conhecido dominou irritantemente a Convenção”(Lindoso, CARTA ABERTA, p. 1. Documentos do Arquivo Antonio Simões. Este arquivo pertence ao Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife).

Apesar de tudo, a obra batista em São Paulo não sofreu maiores conseqüências, senão no sentido de que a semente ficou plantada. Em 1952, alguns artigos do BATISTA PAULISTANO chamaram atenção dos lideres denominacionais para a infiltração da NABA em algumas Igrejas e apresentando a dita organização como o radicalismo da outra América.

Sobre o assunto, acentuou Gene H. Wise: “As Igrejas Batistas do Brasil estão sendo convidadas a abandonarem a sua Convenção. O convite vem dos missionários da North American Baptist Association(NABA), os quais contam com o apoio de alguns brasileiros, como o sr. Emilio W. Kerr de São Paulo e o sr. Ebenézer Cavalcanti da Bahia”(Gene H. Wise, DEVEMOS ABANDONAR A NOSSA CONVENÇÃO? O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 25.06.1953, p. 4).

Um dos missionários da NABA, no Brasil, foi Harold Morris, que se fixou em Campinas, SP, em virtude da Escola de Línguas. Chegou com a incumbência de abrir o trabalho desta Sociedade Missionária em terras brasileiras. Mais tarde, o referido obreiro filiou-se à Igreja Batista da Guanabara, em Campinas. Com a exoneração de Lester C. Bell do pastorado desta igreja, Harold Morris foi eleito seu pastor. Diante disto, a Igreja dividiu-se, ficando a maioria com o missionário e conseqüentemente com a NABA.

Ebenézer Cavalcanti, falando de uma visita a São Paulo, informou: “Visitei Santos e fui a Campinas. Nesta cidade, fui conferenciar com o missionário Harold Morris da NABA. Seu trabalho sinceramente fundamentalista promete grande êxito em São Paulo, apesar das incompreensões do momento”(Ebenézer Cavalcanti, UMA VISITA AOS BATISTAS DE SÃO PAULO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 05.06.1952, p. 7).

Os obreiros paulistas, através da Junta Executiva, distribuíram a seguinte nota: “A Junta Executiva do Campo Batista Paulistano comunica às Igrejas que com ela cooperam que desaprova o trabalho que o Dr. Harold Morris está fazendo entre elas, porque a orientação deste obreiro difere bastante da nossa e esse irmão não pertence à instituição que estabeleceu o trabalho entre nós, antes procura desacreditar a obra já feita”(Alberto Augusto, DECLARAÇÃO, O Jornal Batista, Rio de Janeiro, 06.08.1952, p.2).

Em maio de 1952, Enéias Tognini publicou um artigo no jornal O BATISTA PAULISTANO, tecendo considerações sobre a NABA e seu trabalho em São Paulo e falou de cinco(5) igrejas no campo paulistano já influenciadas pela referida entidade(Enéas Tognini, A N.A.B.A. EM SÃO PAULO, O Batista Paulistano, 01.05.1952, p.2).

Quando da organização da Associação Batista do Brasil, em 29.06.1953, três(3) Estados já possuíam associações, a saber: Pernambuco(Associação Batista Pernambucana), Bahia(Associação Batista da Bahia, São Paulo(Associação Batista de São Paulo).

Em 1955, na cidade de Campinas(SP), foi realizada a Terceira Assembléia Anual da Associação Batista do Brasil. Naquela oportunidade, cooperavam com a mencionada entidade, cerca de noventa(90) igrejas, das quais cinco eram de São Paulo, a saber: Guanabara, Indaiatuba, Americana, Salto e Vitória(na capital). Os órgãos das Associações Estaduais eram impressos em Campinas, sendo quatro(4) os jornais relacionados com a NABA: O BATISTA DO BRASIL(Órgão Oficial), A VOZ BATISTA(Bahia), O BATISTA PERNAMBUCANO(Pernambuco) e O MISSIONÁRIO BATISTA(São Paulo).

O trabalho da NABA em São Paulo alcançou outras igrejas, como Campos Elíseos, São Bernardo e tres outras na capital, alem de Vitória. Hoje(1972), seu trabalho em todo o Brasil é muito mais missionário do que divisionista, abrindo novos campos e lançando a semente. Com a chegada da NABA ao Brasil, em 1952, o movimento radical estendeu-se aos Estados de Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, com outras roupagens e novas motivações.


3. MOTIVOS PARA A PAZ

Por mais forte e divisionista que seja um movimento, o passar do tempo e o surgimento de novas gerações contribuem decisivamente para apagar as amarguras e, principalmente, para formar um sentimento de maior compreensão. Evidentemente vários motivos contribuíram para que a harmonia fosse restabelecida entre os grupos conflitantes, devendo-se mencionar, entre outros, os seguintes:

a)Quando da Convenção Batista Brasileira realizada na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, em 1941, uma DECLARAÇÃO DOS BATISTAS DO NORTE, foi apresentada por Ebenézer Cavalcanti que descarregou a atmosfera, porquanto manifestava solidariedade aos missionários(Ebenézer Cavalcanti, DECLARAÇÃO DOS BATISTAS DO NORTE, Atas, Relatórios e Pareceres da CBB, Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1941, p. 5).

b)Foi também significativa a renúncia de Orlando Falcão, da direção do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, bem como dos membros da Junta Administrativa(José Benedito Lira, Coriolano Costa Duclerc, Hermes Silva e Ebenézer Cavalcanti), além de Oséias Dias, do cargo de Professor.

c)De grande importância para a promoção da paz, foi a posição recomendada pela Comissão de Investigações no Norte à Convenção Nacional no sentido de que fosse nomeado para Diretor do Seminário “um elemento do Sul, alheio às correntes locais e capaz de obter a cooperação de todas as igrejas do Norte, sem indagação das Convenções Regionais a que pertencessem”(Vilas Boas, INVESTIGAÇÕES, p. 25).

d)A indicação do novo Diretor do Seminário, na pessoa de S. L. Watson, a quem a Convenção Batista Brasileira delegou poderes para tomar todas as medidas cabíveis, inclusive fechar temporariamente o Seminário, caso fosse necessário, tranqüilizou a família batista do Norte(Manoel Avelino de Souza(10), NOVO DIRETOR DO SEMINARIO DO NORTE, Atas, Pareceres e Relatórios da CBB, Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1941, p. 32).

e)Também foi medida oportuna, a aprovação do item 8, do Manifesto de Minas Gerais, pela Convenção Nacional, concernente à demissão dos diretores, com a seguinte redação: “Nós nos declaramos por uma orientação conservadora no tocante às instituições nacionais. Não é possível que elas possam funcionar com eficiência e êxito se ficarem sujeitas a constantes mudanças de direção. Os diretores e outros detentores de cargos de responsabilidade só devem ser removidos ou substituídos nas seguintes condições: 1) Pedido voluntário de demissão. 2) Incapacidade moral ou doutrinária. 3) Provada ineficiência no exercício do cargo. A este principio se devem ajustar as normas que as diferentes juntas hajam adotado para a sua orientação no passado”(A. Vilas Boas, MANIFESTO À CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, Atas, Pareceres e Relatórios da CBB, Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1941, p.45).

f)Teve também grande repercussão a norma estabelecida por S. L. Watson, quando depois de constituir o novo corpo docente do Seminário, acertou que todos se considerariam demitidos de suas funções no fim do ano. Escrevendo às igrejas, disse: “Todos estes amados cooperadores se comprometeram a renunciar os cargos e mandatos que vinham desempenhando em várias organizações estaduais de caráter denominacional e convencional, bem como abster-se de discussões sobre assuntos administrativos da presente hora denominacional”(S. L. Watson, CARTA ÀS IGREJAS, Recife, 22.04.1941. Documentos do Arquivo Antonio Simões).

Apesar dos méritos da administração de S. L. Watson, houve aspectos negativos. Na lista das igrejas que cooperaram com o Seminário em 1941, não houve uma só igreja da Convenção Pernambucana, o que significou decepção em termos de “missão pacificadora”(Livio Lindoso, RELATORIO DO SEMINARIO DO NORTE, Atas, Pareceres e Relatórios da CBB, Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1942, p. 50).

Alem disto, os elementos utilizados para o funcionamento do Seminário eram ideologicamente ligados à Convenção Batista Evangelizadora, o que fugiu ao espírito da Convenção Nacional que recomendou “obter a cooperação de todas as igrejas do Norte, sem indagação das Convenções Regionais a que pertencessem”(Vilas Boas, INVESTIGAÇÕES, p. 25).

Exerceu também influência na pacificação do Norte, a eleição do missionário John Mein para Diretor efetivo do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife. Tal acontecimento ocorreu em 1942, durante a Convenção Batista Brasileira realizada em Belo Horizonte. Nesta ocasião a Junta do Seminário que tinha sido, no ano anterior, meramente consultiva, voltou a ser administrativa.

Exceto alguns fatos sem maior importância, as lutas denominacionais praticamente desapareceram, porquanto tudo contribuiu para amortecer os ânimos e destruir os sentimentos de amargura. Em 1958, a Convenção Batista Pernambucana que tinha cooperado durante cinco(5) anos com a NABA e Associação Batista Brasileira retornou à Convenção Nacional ou Convenção Batista Brasileira disposta a lutar pela harmonia denominacional.

Com o advento da Campanha Nacional de Evangelização, em 1964, mais um passo importante foi dado para a pacificação. Nesta ocasião, o Pastor Boyd O´Neal, Secretário Regional da Campanha visitou as duas Convenções em Pernambuco, solicitando a união de todos os batistas do Estado para o grande movimento de evangelização(Oliveira e Ramos André, PANORAMA BATISTA, p. 60). As comissões e sub-comissões da Campanha Estadual foram constituídas de elementos de ambas as convenções, o que permitiu maior entrosamento entre eles e, sobretudo, a certeza de que havia disposição para um melhor entendimento.

Em abril de 1964, no templo da Primeira Igreja Batista do Recife, reuniram os batistas para dar posse à Diretoria Estadual da Campanha Nacional de Evangelização. Com este movimento, um novo período foi iniciado na historia da denominação batista do Brasil. Novas esperanças surgiram para a total harmonia da comunidade batista, não apenas em Pernambuco, mas também em outros Estados.



CONCLUSÃO


A controvérsia de 1923 atingiu grande número de Estados e se estendeu até 1938, quando a convite da Convenção Batista Brasileira, as igrejas retornaram a esta entidade e também às convenções estaduais, resultando na unificação denominacional em torno de um só tronco. A divisão provocada pelo primeiro movimento durou cerca de quinze(15) anos, contando-se de 1923 a 1938, excetuando aquelas igrejas radicais que permaneceram distanciadas das convenções estaduais, somente voltando posteriormente.

O mesmo não aconteceu com o movimento de 1940. Este, apesar de ter atingido direta e imediatamente apenas Pernambuco e Bahia, teve maior duração, porquanto só em 1973 chegou ao fim no “Leão do Norte”(Pernambuco). A separação resultante deste segundo movimento alcançou cerca de trinta e três(33) anos, contando-se de 1940 a 1973, o que significa o dobro de duração da primeira controvérsia(Oliveira, FACTORS CONTRIBUTING TO BAPTIST GROWTH, p. 74).

Embora o movimento anti-missionário tenha sido caracterizado por brigas, calúnias e divisões, deixou uma historia cuja significação não pode ser negada. Os órgãos de divulgação que surgiram na época são testemunhas incontestáveis. Houve uma preocupação com os aspectos doutrinários que levou os membros das igrejas mais humildes a tomarem certas posições.

Foi acentuado o interesse pela leitura e os jornais percorreram as maiores distancias ao encontro de seus ávidos leitores. A própria natureza das sociedades missionárias, o seu sistema e estrutura provocaram insatisfações. Quando os missionários responderam ao manifesto dos pastores, argumentaram que aquele sistema era “o mesmo que a Junta seguia por setenta e cinco(75) anos, em dezoito(18) paises”(Mesquita, BAPTISTAS EM PERNAMBUCO, p. 217).

Ora, era preciso mudar os métodos antes que se completasse um século. Na verdade, foi isto que aconteceu. A Junta de Richmond, embora já tivesse ocorrido a CISÃO, começou a fazer pequenas concessões. O movimento nacionalista, portanto, serviu para que a Junta Administrativa reconsiderasse os seus métodos de trabalho, de campo para campo.

Ponto alto da controvérsia foi o progresso que houve entre os batistas, principalmente em Pernambuco, pelo espírito de competição. Tanto “construtivos”(missionários e seguidores) quanto “radicais”(nacionais) procuraram fazer mais e melhor. Ao findar o primeiro ano de conflito havia o Colégio Batista Brasileiro, o Seminário e a Empresa Batista Brasileira de Publicações. Estas entidades foram criadas para competir respectivamente com o Colégio Americano Batista(Recife), Seminário Batista do Norte(Recife) e Casa Publicadora Batista(Rio de Janeiro).

Como fruto do movimento anti-missionário, surgiram em Pernambuco, as seguintes igrejas: Concórdia, Zumbi, Beberibe, Capunga, Tegipió, Coqueiral, Casa Amarela, Segunda de Goiana, Santo Amaro, Várzea, Fundão, Afogados e outras de menor importância. Na Bahia, como fruto direto da controvérsia, foram organizadas: Dois de Julho, Itapagipe e Casca, entre outras. Nos demais Estados participantes do conflito surgiram também novas igrejas(Léonard, PROTESTANTISMO BRASILEIRO, p. 184).

Tanto os obreiros nacionais quanto os missionários foram obrigados a mudar, em muitos aspectos, os seus métodos de trabalho. O surgimento da Assembléia Batista, em 1925, que passou a reunir-se anualmente, trouxe para as igrejas o espírito de confraternização, alem de fazê-las voltar ao seu campo de atividades com mais entusiasmo.

Ao lado dos aspectos negativos oriundos das controvérsias, existiram pontos positivos que contribuíram decisivamente para a formação e engrandecimento do trabalho batista do Brasil, e principalmente para mostrar que a obra cristã cresce, apesar dos erros e lutas de cada igreja.

A segunda fase do radicalismo lançou raízes muito mais profundas, inclusive se estendendo alem de Pernambuco e Bahia, ainda que só alcançasse outros Estados posteriormente. O desejo de fazer mais e melhor foi um ponto alto dos grupos conflitantes, tanto na primeira quanto na segunda fase do movimento, surgindo daí novos jornais estaduais e até mesmo nacionais, novos colégios, seminários e igrejas.

Alem destes dois grandes movimentos radicais estourados em 1923 e 1940, na vida batista brasileira, outras manifestações anti-missionarias, posto que de pequeno porte, surgiram em outros Estados do pais, sem maiores conseqüências e com repercussão muito reduzida. A controvérsia radical foi o resultado de uma época e das mutações por que passou o mundo em termos políticos e sociais.

Dando o seu relatório à Junta de Richmond, escreveu H. H. Muirhead: “Quando a historia dos batistas brasileiros for escrita, será revelado que no ano de 1923, algumas tempestades ocorreram que quase afundou o velho barco... Um dos resultados da recente guerra foi o DESPERTAMENTO DO ESPIRITO DE NACIONALISMO no mundo... O BRASIL NÃO É UMA EXCEÇÃO À REGRA”(H. H. Muirhead, SEVENTY-NINTH ANNUAL REPORT OF THE FOREIGN MISSION BOARD-NORTH BRAZIL MISSION, Annual of the Southern Baptist Convention, Nashville, Tenn: Marshall & Bruce Company, 1924, p. 200).

Este sentimento levou os nacionais a um avanço na direção das instituições fundadas e mantidas pela Junta de Richmond.

W. C. Taylor, apresentando o relatório da Missão do Norte, disse: “No ano passado, houve um movimento nacionalista entre os pastores de Pernambuco com o objetivo de administrar os recursos das Missões Estrangeiras pelo campo local. O movimento não foi geral nos Estados do Norte e a Missão recusou este pedido”(W. C. Taylor, SEVENTY-EIGHTH ANNUAL REPORT OF THE FOREIGN MISSION BOARD-NORTH BRAZIL MISSION, Annual of the Southern Baptist Convention, Nashville, Tenn: Marshall & Bruce Company, 1924, p. 37).

Alem desta justificativa, outros motives contribuiram para a contenda, conforme acentuou Erasmo Braga(18): “Fora os vários pretextos apresentados, a causa fundamental da divisão foi o ressentimento da parte de um grupo de nacionais que alegavam dominação das igrejas por parte dos missionários”(Erasmo Braga & Kenneth G. Grubb, THE REPUBLIC OF BRAZIL- A SURVEY OF THE RELIGIOUS SITUATION, London: World Dominion Press, 1932, p. 87).

O sentimento anti-missionario jamais desapareceu totalmente da família batista brasileira. Daí a razão por que em todos os Estados da Federação há grupos insatisfeitos, geralmente representados por igrejas, instituições e outras entidades. Alguns completamente isolados, embora subordinados aos padrões batistas e outros grupos dentro da própria Convenção Batista Brasileira. O anti-missionismo destes é manifestado pelas restrições à JUERP e a outras organizações e entidades que recebem ajuda da Junta de Richmond.

Os focos radicais ainda existentes na denominação batista do Brasil não alcançaram certa maturidade e, às vezes, expressam o seu radicalismo sob formas e títulos diferentes(19).


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White, M. G. A PACIFICAÇÃO BAPTISTA. Rio de Janeiro: O Jornal Baptista, 19. 02. 1925, p. 4.

Wise, Gene H. DEVEMOS ABANDONAR A NOSSA CONVENÇÃO? Rio de Janeiro: O Jornal Batista, 25. 06. 1953, p. 4.


CARTAS E MANIFESTOS

Bemvindo, Fernando. AO PRESIDENTE E DEMAIS MEMBROS DA COMISSÃO EXECUTIVA DA C.B.B. Recife, 20.03.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Costa, Severino Ramos. PASTORADO INDESEJÁVEL E INFIEL. Comportas(Pe), 15.10.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Dorta, Antonio. ÀS AMADAS IGREJAS DO NORTE DO BRASIL. Recife, 21.02.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Falcão, Orlando do Rego. CARTA AO REDATOR D`A MENSAGEM. Recife, 17.05.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Hayes, A. E. CARTA AO DR. JOSÉ NIGRO. Recife, 10.04.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Kerr, Emilio W. MENSAGEM AOS RADICAES. São Paulo, 08.09.1939(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Lindoso, Livio. CARTA ABERTA AOS BAPTISTAS. Olinda(Pe), 02.04.1939(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Manifesto aos Baptistas Brasileiros apresentado pela maioria das egrejas e pastores baptistas do Norte à Convenção Baptista Brasileira de 1925(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Memorial dos Pastores Baptistas do Campo Regional aos Missionários Baptistas da Região. Recife, 28.10.1922(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Mein, John. CARTA AO PASTOR JOSÉ LEITÃO. Recife, 04.02.1947(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Missão do Norte. AOS INTERESSADOS ENTRE IRMÃOS BATISTAS BRASILEIROS. Recife, 26.03.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Nascimento, Alberto. À ILUSTRE JUNTA ADMINISTRATIVA DO SEMINARIO DO NORTE. Itabuna(Ba), 15.02.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Nigro, José. CARTA AOS IRMÃOS HAYES E DEMAIS MISSIONARIOS. Rio de Janeiro, 20.02.1940(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Silva, Firmino. ESTAMOS SEM SEMINARIO NO NORTE. Recife, 20.04.1939(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).

Watson, S. L. ÀS IGREJAS DO NORTE DO BRASIL. Recife, 01.04.1941(Documentos Do Arquivo Antonio Simões).


MATERIAL NÃO PUBLICADO

Lima, Genésio. HISTORIA DOS BATISTAS DO MARANHÃO. Trabalho apresentado ao Departamento de Historia, do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Recife, 1971.

Mein, David. THE CONTRIBUTIONS OF BAPTISTS TO THE LIFE OF BRAZIL. Tese de Doutorado, no Southern Baptist Theological Seminary, 1945.

Oliveira, Zaqueu Moreira de. FACTORS CONTRIBUTING TO BAPTIST GROWTH IN PERNAMBUCO. Tese de Mestrado(Th.M), no Southwestern Baptist Theological Seminary, Fort Worth, Texas, 1968.

__________. THE PERSECUTION OF BRAZILIAN BAPTISTS AND ITS INFLUENCE ON THEIR DEVELOPMENT. Tese de Doutorado(Ph.D), no Southwestern Baptist Theological Seminary, Fort Worth, Texas, 1971.

Rego, Jasiel Vila Nova. A NABA NO BRASIL. Trabalho apresentado ao Departamento de Historia, do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Recife, 1967.

Souza, Waldomiro Luis. O TRABALHO BATISTA NO MARANHÃO. Monografia apresentada ao Departamento de Historia, do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Recife, 1968.

Taylor, W. C. A BRIEF SURVEY OF THE HISTORY OF BRAZILIAN BAPTIST DOCTRINE. Tese de Doutorado(Ph.D), no Southwestern Baptist Theological Seminary, Fort Worth, Texas, 1955.


NOTAS SOBRE O TEXTO:

(1)- Este Seminário se localiza na Rua Padre Inglês, 243, Boa Vista, Recife, onde este autor se formou e foi Professor no inicio de 1970. Quanto ao Arquivo ANTÔNIO SIMÕES, trata-se de uma homenagem ao seminarista português que, em 1922, sendo aluno do Seminário, foi tomar banho na Praia de Boa Viagem, no Recife, sendo morto pelas águas.

(2)- Dr. Zaqueu Moreira de Oliveira, além de Professor e Escritor, já foi Reitor do Seminário do Norte, bem como do Seminário Equatorial, em Belém. Leia mais sobre ele no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(3)- Sobre Eduardo Carlos Pereira, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(4)- Sobre Antonio Neves Mesquita, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(5)- Sobre W. E. Entzminger, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(6)- Sobre Salomão Ginsburg, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(7)- Sobre Jorge Buarque Lyra, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(8)- Sobre o assunto, leia mais QUEM FOI ALFREDO FREYRE? no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(9)- Sobre Manoel Tertuliano Cerqueira, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(10)- Sobre Adrião Bernardes, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br


(11)- Sobre Orlando Falcão, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(12)- Sobre Djalma Cunha, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(13)- Sobre João Soren, leia mais no DICIONÁRIO, no site: www.mariomartins.com.br

(14)- Sobre Munguba Sobrinho, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(15)- Sobre Manoel Avelino de Sousa, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(16)- Jônathas Braga foi membro da Igreja Batista de Tegipió quando o autor destas notas foi seu Pastor nos idos de 1969. Leia mais sobre ele no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(17)- Sobre Ebenézer Gomes Cavalcanti, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(18)- Sobre Erasmo Braga, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(19)- Esta tese foi elaborada em 1972, antes do autor viajar para a Espanha, no ano seguinte. De lá para cá(2005), já se passaram mais de trinta(30) anos e os batistas brasileiros tiveram outras turbulências, com o aparecimento das Igrejas Batistas da Renovação Espiritual, desvinculadas da Convenção Batista Brasileira e dezenas de outras igrejas batistas completamente diferentes daquelas que se instalaram no Brasil, em 1885.

(*a)-José dos Reis Pereira, em seu livro HISTÓRIA DOS BATISTAS NO BRASIL(Rio, Juerp,2001), página 203, contestou esta informação, ao dizer: “Diz Zaqueu de Oliveira, repetido Mário R. Martins, que os líderes do neo-radicalismo eram os mesmos do Movimento de 1923. A observação não é exata: dos líderes de 1923, Antonio Neves de Mesquita estava no Rio e ligado aos missionários. Adrião Bernardes tinha se afastado das atividades batistas. Orlando Falcão estava sendo levado pelos acontecimentos. Djalma Cunha era Diretor do Seminário do Rio. Silas Botelho tinha simpatia pelos missionários. Assim, o neo-radicalismo foi liderado por pastores novos, como Ebenézer Cavalcanti, Alfredo Viana, José Benedito Lira, Fernando Benvindo e Oséias Dias”.

(*1)- Sobre Antônio Teixeira de Albuquerque, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*2)- Sobre Wandrejasil de Melo Lins, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*3)- Sobre Zacarias C. Taylor, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*4)- Sobre A. R. Crabtreee, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*5)- Sobre John Mein, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*6)- Sobre W. C. Taylor, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*7)- Sobre H. H. Muirhead, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*8)- Sobre A. E Hayes, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*9)- Sobre Silas Botelho, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*10)- Sobre W. B. Bagby, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*11)- Sobre Erodice de Queiroz, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*12)- Sobre Emílio Kerr, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br

(*13). Sobre Alberto Mazoni, leia mais no DICIONÁRIO, site: www.mariomartins.com.br


*Este trabalho que tem o titulo original de O RADICALISMO BATISTA BRASILEIRO foi apresentado como Tese de Mestrado, em novembro de 1972, para obtenção do título de MESTRE EM TEOLOGIA(Th.M), junto ao Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, no Recife, tendo como Orientador, o Dr. Zaqueu Moreira de Oliveira. Posteriormente foi transformado em livro com o título de HISTÓRIA DAS IDÉIAS RADICAIS NO BRASIL(Entre os Batistas), Recife: Acácia Publicações, 1974.

**MárioRibeiroMartins
é Procurador de Justiça e escritor
(mariormartins@hotmail.com)
Home Page: www.genetic.com.br/~mario
Fones:(063)32154496Celular:(062) 9977 93 11.
Caixa Postal, 90, Palmas,
Tocantins,77001-970
SITE: www.mariomartins.com.br













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