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Ensaios-->Esta linha, é uma frase ou um verso?!... -- 23/07/2005 - 18:51 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Andei 'por aí' pesquisando e, em dada oportunidade, cliquei sobre o nome de Fernando Pessoa. Deparou-se-me 'Desiderata', a título de literatura poética, texto que, de momento, não tenho a certeza se é ou não da autoria de tão proclamado autor.

Se tiverem paciente disponibilidade, ora então leiam, caros Usineiros:

DESIDERATA

Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa,
lembrando-se que há sempre paz no silêncio.

Tanto quanto possível, sem humilhar-se,
mantenha boas relações com todas as pessoas.

Fale a sua verdade mansa e claramente e ouça a dos outros,
mesmo a dos insensatos e ignorantes,
eles também tem sua própria história.

Evite as pessoas escandalosas e agressivas,
elas afligem o nosso espírito.

Se você se comparar com os outros,
se tornará presunçoso e magoado,
porque sempre haverá alguém inferior
e alguém superior a você.

Você é filho do universo,
irmão das estrelas e árvores,
você merece estar aqui.

E mesmo que você não possa perceber,
a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.

Mantenha-se interessado em seu trabalho,
mesmo que humilde,
ele é o que de real existe ao longo do tempo.

Seja prudente nos negócios,
pois o mundo está cheio de astúcias,
mas não se torne um cético,
porque a virtude existirá sempre.

Muita gente luta por altos ideais e
em toda a parte a vida está cheia de heroísmos.

Seja você mesmo.

Principalmente não simule afeição,
nem seja descrente do amor,
porque apesar de tanta aridez e desencanto,
ele é tão perene quanto a relva.

Aceite o conselho dos mais velhos e seja mais
compreensivo aos impulsos inovadores da juventude.

Alimente a força do espírito que
o protegerá no infortúnio inesperado,
mas não se desespere com os perigos imaginários.

Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.

E a despeito de uma disciplina rigorosa,
seja gentil consigo mesmo.

Esteja em paz com Deus,
como quer que você o conceba.

Mantenha-se em paz com a sua própria alma.

Apesar de todas as falsidades,
agruras e desencantos, o mundo ainda é bonito.

Seja prudente, e faça tudo para ser FELIZ!

Agora, pelo menos eu, interrogo-me: aonde está o arroubo poético em todos estes versos? Em 'ele é tão perene quanto a relva'?!... Além desta ínfima baga, se mais algum há, quanto a mim, só poderá estar na ironia entre-linhar que tanto desgastado conselho óbvio me suscita. Isto não é poesia e, muito pelo contrário, ou é prosa ingénua, ou é uma forma de escrever que presume dirigir-se a gente parva. Os parvos não lêem e, mesmo sabendo ler, lêem por ler, não absorvem a mensagem. Se foi Pessoa que escreveu a lengalenga exposta, como leu Kipling de certeza, estava num daqueles dias em que a musa - perdão, o muso - tinha saído com alguém.

Também, porque deve ser o caso, desde já, estou a pensar na minha situação, quando me acoito no café a escrever prosa e chega um daqueles sabidolas-ignorantes que, nada mais tendo para dizer, interpela sem a mínima educação: - 'Então poeta, esses versos estão a sair ou não?'.

Enfim, só para desabafar, questiono:

Esta linha é uma frase ou um verso?...

Pergunto ainda:

Este verso morrerá sem ser frase?...

Ah... Ah... Ah...

António Torre da Guia


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