Surpresa sempre faz bem à alma. É o inesperado. O nunca visto. Gerando o inaudito.
Atitudes pasmas. Assustadas. Olhos arregalados. Meio sorriso. Que se abre em gargalhada. De prazer. De bem-vindo.
Em que pese o momento. A hora. O instante. Que são sempre ótimos. Apesar de imprevistos.
Arruma uma mexa de cabelo fora de lugar. Puxa a manga da blusa mais para cima. Sobe o cós da calça. Que estava pouco abaixo do esperado.
Melhor seria baixar um pouco mais. Com mais sensualidade. Sexualidade. Malícia...
Um pé calçado. Outro descalço. Rosto natural. Lindo de ver-se. Na simplicidade do ser. Sem pinturas. Retoques. E o que mais.
Olhos que buscam. Que fogem. Abrem-se. Fecham-se. Apertados. Como a vislumbrar contra o sol. Mas vibrantes e confessos. Cheios de malícia. Prazerosa.
“Muito bom teres vindo. Precisava sentir-te”.
Para provar que existimos. Que um dia nos vimos. Encontramo-nos. Sem gestos. Sem palavras. Sem perguntas. Nem respostas. Só presença. Meio distantes. Mais de metro, um do outro. Toque de mãos indeciso. Como por acaso. Fugidio. Sem ousar entrelaçar os dedos. Para sentir o calor um do outro. Meio decepcionante até. Desconfiados. Embora os joelhos se tenham encontrado. Uma vez. Meio que por acaso. Rapidamente. Mas conscientemente.
Mas .. E a culpa? De quem foi? Terá sido minha? Ou da circunstância? Expectativa demais? Sonho? Exagerado projeto de sonho? Perspectivas irreais? Quem sabe? Falácia? Mentira?
Não. Mentira não foi. Sempre existiu verdade. Sinceridade.
É que o sonho muitas vezes desfigura a verdade. A seu modo. Embeleza o real. Demais. E o transfigura. No mais das vezes. Pela ânsia do conhecer. Do sentir. Do poder amar, talvez.
E eu entrei sem bater. Para surpresa minha. De todos. Sem pedir licença. Entrei. E não deixei por menos. Busquei assento destacado. No cantinho precioso da alma. Com direito a simpatia. Ou algo mais.