Sinto retesarem-se as cordas de meu peito. Prontas a receberem vibrante toque de artista.
O mais leve sopro do vento, que perpassa o ambiente, sonoriza-me o dolente coração. Começa o despertar do artista. Que hibernava seus dias na solidão. Como se sufocado fora pela vida. No descompasso de seus sentimentos. Que foram. Mas retornaram. Sem eco. Sem resposta. Sem a melodia esperada.
Talvez dirigidos a objeto inadequado. Por ele passaram. Sem vibrar. Não lhe trazendo o esperado eco.
Mas veio outro sopro de canção. Suave. Delicado. Diferente. Guizos de alegria ternos. Com acordes definidos. No pianíssimo de sua resposta. De quem ouviu um recado indefinido. E o acolheu de coração aberto e cheio de esperança.
E retorna o artista à primavera da vida. Fecha os olhos ao passado. Que não mais constrói. Mas que o fez crescer. E despertar para o amanhã.
Volta ao presente. Cheio de sol e de sombras benfazejas. De água fria e deliciosa a lhe perpassar os pés. Para, em goles ávidos, dessedentar-lhe a secura que lhe invadia a alma. Regando-lhe os sentimentos constrangidos. Fazendo despertá-los para a luz. Do sol e das estrelas.
Eia! É vida nova! Abre os olhos! Eleva o espírito e soergue a alma!
Quem precisa de ti bate à tua porta! Atende! Não o deixes partir sem teu atendimento. Sem tua palavra. Teu olhar. Teu gesto. Teu sorriso.
Se permitido te for, dá-lhe mesmo teu abraço. Com calor. Com sentimento. Com o pouco que tu tens. Que é tudo que tu és! Na generosidade de teu coração.
E as cordas de teu peito voltarão a soar. Na generosa sinfonia do amor.