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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->LÁZARO RAMOS, O Seu Jorge do cinema nacional -- 05/08/2003 - 11:39 (Douglas Lara) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

LÁZARO RAMOS, O Seu Jorge do cinema nacional

Sempre que encontra um conhecido que não vê há algum tempo, Lázaro Ramos ouve o mesmo conselho: “Você precisa trabalhar menos”. Baiano de Salvador, Lázaro, de 24 anos, é hoje o ator mais requisitado da retomada do cinema nacional. E um dos mais talentosos. Como protagonista do ótimo e original “O homem que copiava”, de Jorge Furtado, seu excelente trabalho já foi visto por cerca de 500 mil pessoas (e o filme continua em cartaz). Desde sexta-feira, ele está nas telas também em “O homem do ano”, de José Henrique Fonseca. E acabou de filmar seu 11 longa (o terceiro como protagonista), “Cafundó”, estréia de Paulo Betti atrás das câmeras. Parece um Seu Jorge do cinema. Mas fora das telas, Lázaro é na dele. Elogiadíssimo por suas atuações, é discreto, engajado socialmente e muito ligado à família. Veio morar no Rio há três anos e abre um sorriso ao contar que o pai, Ivan, é seu maior fã.
— Ele tem até uma foto minha no carro — diz, rindo, em entrevista em sua casa, em Laranjeiras.
O apartamento fica no térreo de um prédio no alto de uma ladeira e tem uma área externa. Foi por isso que Lázaro mudou-se para lá: queria um lugar que lembrasse uma casa. Em cima de um dos poucos móveis, há um altar com santinhos, velas e fitas de Nosso Senhor do Bonfim. Lázaro conta que herdou o armário espelhado onde fica o altar do cenário de “Madame Satã”, filme de Karim Aïnouz. Graças ao malandro da Lapa, ele ficou conhecido do grande público. Mas ressalta que ator negro protagonista ainda é exceção no Brasil.
— Poucos têm oportunidade, mas a cabeça dos roteiristas e diretores está mudando — acredita, citando a escolha de Taís Araújo para protagonizar a próxima novela das 19h da Rede Globo, “Da cor do pecado”. — Quando um ator negro protagoniza um filme ou uma novela, a dramaturgia ganha um frescor. Quem não vê isso está comendo mosca.
Lázaro é a favor de ações afirmativas, defende a reserva de vagas para negros e pardos nas universidades públicas e vai além. Acha que, temporariamente, o sistema de cotas deveria ser estendido à TV e ao cinema. Não que ele precise disso para conseguir um papel. A atriz Leandra Leal, sua namorada no filme de Jorge Furtado, diz que o ator derrubou um tabu.
— “O homem que copiava” é a prova disso, porque o protagonista não precisava ser um ator negro. O Lazito é um batalhador e um privilegiado, já fez 11 filmes. É um amigo surpreendente, engraçado. Se ele disser que é um excluído, dou na cara — brinca Leandra.
Os dois se conheceram quando Lázaro mudou-se para o Rio. Foram apresentados pelo baiano Wagner Moura, amigão dos dois. Também faz parte da patota outro conterrâneo, Vladimir Brichta. Lázaro, Wagner e Vladimir vieram juntos para o Rio em 2000 para encenar o sucesso “A máquina”, peça de Adriana Falcão dirigida por João Falcão. Vladimir elogia o engajamento de Lázaro:
— Ele é um artista com olhar social apurado, o que encanta e o enobrece ainda mais.
Além de “A máquina”, Vladimir e Lázaro contracenaram ano passado na peça “Mamãe não pode saber”, também dirigida por João Falcão.
— Lázaro sabe ser cômico e dramático e vai de um canto ao outro com graça e dignidade — diz o diretor.
O sucesso de “A máquina” alavancou a carreira de Lázaro. Na TV ele participou apenas da minissérie “Pastores da noite”, da Rede Globo, exibida ano passado. Mas no cinema é um filme atrás do outro. Só este ano, trabalhou em “Nina”, de Heitor Dhalia; em “Quanto vale ou é por quilo?”, de Sergio Bianchi, e em “Cafundó”, cujas filmagens consumiram dois meses em várias cidades do Paraná. Mal chegou do Sul, há dez dias, Lázaro raspou a cabeça. Mas não é para nenhum novo papel.
— É para lembrar como eu era há cinco anos — conta.
Há cinco anos, a mãe de Lázaro morreu. Era empregada doméstica. O pai trabalhava como operador de máquinas num pólo petroquímico, hoje está aposentado. Luis Lázaro Sacramento Ramos começou a fazer teatro aos 10 anos, em Salvador, substituindo o primo numa peça infantil. Depois, foram 14 espetáculos com o Bando Olodum. Entre uma peça e outra, Lázaro passou no vestibular para bioquímica na Universidade Federal da Bahia, mas não foi a uma só aula. Participou de “Cinderela baiana”, filme estrelado por Carla Perez, e conta que isso lhe deu independência financeira: pôde parar de trabalhar como técnico em patologia num hospital de Salvador.
Agora Lázaro diz que só quer saber de descansar e namorar a atriz pernambucana Karina Falcão, com quem está há dois anos. Também vai aproveitar para acabar de ler “Brasil: uma história”, de Eduardo Bueno; ouvir o novo disco do Cordel do Fogo Encantado, “O palhaço do circo sem futuro”, e se divertir em bailes charme com integrantes da equipe técnica de “Cafundó” (“Gosto de conhecer gente que não é ator”, diz). Depois das férias, quer montar o espetáculo tragicômico “É morrendo que se vive”, com direção do amigo Pedro Cardoso e textos de Felipe Pinheiro.
— Vou contracenar com o Lucinho (Lúcio Mauro Filho) em vários esquetes. Num deles nos vestimos de Batman e Robin e discutimos o fim da nossa relação — conta, rindo.
Em “Cafundó”, que não chega às telas antes de meados de 2004, seu personagem, João de Camargo, um ex-escravo que vira líder religioso, realiza pequenos milagres. E se Lázaro pudesse realizar um único milagre, qual seria?
— Sei que é clichê, mas o meu milagre seria promover justiça social. Se o desejo é um só, não dá para pensar em mim e esquecer o coletivo.

Rio, 05 de agosto de 2003 Versão impressa
Bruno Porto
http://oglobo.globo.com/jornal/Suplementos/Megazine/109516622.asp

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