É tremendamente desconfortável você passar por dissabores, se você não tem o equilíbrio necessário para rever os acontecimentos. Com a cabeça fria e com o conhecimento próprio, necessários para ver onde se deu a falha. A análise do que aconteceu. Você inserido nos acontecimentos. Onde começou o erro. Se, e até onde você contribuiu para o erro.
Se você tem um pouco de sentimento religioso, a revisão pressupõe a virtude da humildade. Que não é o lançar-se ao chão. Chorar. Desanimar. Julgando-se a mais reles de todas as criaturas. Embora não esteja convencido disto.
Aí está o erro da análise do erro...
Humildade supõe perfeito conhecimento de si mesmo. Dentro da veracidade dos acontecimentos. Qual o meu papel de protagonista. O que sou. O que fui. O porquê da incompreensão. Eu a gerei? Como?
Tendo sido sincero e correto, no que pude ter errado?
Às vezes, são palavras mal usadas. Modo regional de empregá-las. Porque existe isto. Acepção de termos usados no Brasil e em outros países lusófonos. De termos usados no Norte do Brasil e no Sul. Você sabe o que significa guri? Não é o mesmo que moleque? Menino? Garoto? Bichinho? Depende da região brasileira em que você transita. E rapariga? Moça? Garota? Menina?
Sem falar nos diminutivos. No Sul, quase sempre sarcásticos e pejorativos. No Norte, carinhosos e até mimosos de distinguir-se com quem se fala.
Mas o que vale é seu interior. O que você tem construído dentro de você. Que não se deve alterar pelas interpretações externas. Seu caráter. Formação moral. Construção psicológica equilibrada. Sempre atenta e acolhedora. Participativa, mas irrenunciável.
Aí está a base de seu equilíbrio. Que assegura o passar por provações sem quebrantar-se. Como sombra. Que passa pelo desaguadouro imundo sem se sujar.
Quando se é fiel a si mesmo, sofre-se menos. Mesmo na incompreensão passageira ou sem propósito. Porque você se conhece. E sabe onde a veracidade falhou. E corrige-se. Se e no que couber, volta. Escusando-se junto a quem não o compreendeu. Lamentando o ocorrido. E corrigindo o prejuízo. Se houve.
Sendo falseada a interpretação de sua ação, e incompreendida sua justificativa, seja fiel a si mesmo. Levante. Sacuda a poeira. Dê a volta por cima. E continue a agir como sempre o fez.
Não deixe de amar porque o desamor chegou a você. Não deixe de ser fiel, porque a infidelidade o traiu. Não deixe de ser feliz porque a infelicidade tentou derrubá-lo. Não deixe de ser sincero por causa das mentiras com que você é obrigado a conviver. Olhe nos olhos, bem dentro, e fale a única verdade que habita dentro de você.
Jamais você agradará a todos os homens. Mas tenha a certeza de que sua recompensa chegará. Na tranqüilidade interior de sua consciência. E diante do Ser Maior, do qual você provém e para qual é destinado.
