BRASIL 4 X 1 PARAGUAI
Bonitinho, mas ordinário
Parreira finalmente montou sua seleção dos sonhos.
Ao invés dos 3 zagueiros de Felipão e do 'número um' de Zagallo, um 4-5-1. Resta saber o que falta para que a seleção tenha um futebol digno dos sonhos que desperta no torcedor (o Paraguai, como seus uísques, foi um pseudo-adversário, desprovido de sua referência Cardozo e numa tarde bastante frágil de sua defesa).
Robinho não atuou como atacante, foi deslocado para o meio, na direita, batendo cabeça com Zé Roberto, trocando figurinhas com Ronaldinho Gaúcho. Este último solta faíscas por todos os palmos de grama que encontra - não há estratégias que comportem tamanha improvisação incontida. Robinho se mostrou, como companheiro, ser bem mais que fogo de palha, mas o lado esquerdo do meio-ataque brasileiro se tornou um latifúndio improdutivo. Kaká foi o único do 'quadrado' que virou quinteto capaz de girar e se deslocar por todo o meio de campo, atuando como o catalisador, o grande 'encaixador' de jogadas que se tornou no Milan. Zé Roberto permanece o 'ausente mais presente' da seleção, premiado com buracos do tamanho do Chaco de um Paraguai combalido. Continua produzindo muito calor e pouca luz, bem como Emerson (mas este só está lá para isso mesmo, né?).
Há carência de um jogador pensante no meio-campo brasileiro - alguém capaz não apenas de improvisar (já temos aos montes), mas de planejar jogadas, dando aquela força para a dinâmica tão ausente dos esquemas estáticos que Parreira tanto aprecia. Um Zidane, um Nedved - um técnico dentro de campo. Ricardinho, do Santos (até quando?) se afigura como a melhor alternativa disponível. Ainda por cima, grande volante, bom chutador, e jogador de espírito coletivo.
No mais, a distribuição dos craques é o grande impeditivo para se atingir o futebol de sonhos - coisa que Luxemburgo já descobriu, no Real Madrid. Com Robinho destacado para o lado direito do meio-campo, a seleção 'bate cabeças' na direita, desperdiça a esquerda (ave Roberto Carlos, que supre parcialmente essa deficiência vindo de trás) e seu miolo central se dedica apenas à, digamos, destruição de jogadas a cargo de Emerson.
Há falta de tutano no miolo criativo da seleção. Acorda, Parreira! A Argentina vêm aí... |