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Cartas-->Você -- 20/10/2002 - 12:18 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Você
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Você.
Que se diz tão só. Sob o manto do aparente anonimato. Deste mundo virtual.
Você. Com o brilho de seus olhos, que imagino. Com o cheiro que percebo, quase sinto. Com o calor que perpassa por suas frases, de amor imaginado. De amor sentido.
Você.
Cujo cheiro imagino. Cuja dor me faz sofrer. Dor que sinto, sem saber. Dor de mim. Dor de você. Suas dores, minhas dores, nossas dores. Dissabores.
Você.
Que me conta sem saber. Que me diz do seu sofrer. Mas esconde seu querer. São enigmas. Criaturas que se cruzam no viver.
Você.
Com saudades de alguém, que não chega, que não vem. Alguém que se foi. Ou que nunca chegou. Mas por certo virá. Se um dia existiu. Se ainda não, existirá.
Você
Que acorda pela noite, a refletir, a imaginar. O amor de corpos. De palavras. Balbuciar. Acalentar. Sonhos e fantasias. Realidades daquele noite. Durante o dia.
Você
Que me manda tantas flores. De tantas cores. Formas e odores. Flores escritas. Versos e rimas. Encantos e desencantos. Que fascinam. Que prendem o olhar de meu pensamento. Sobre o seu imaginário.
Você.
Seu sorriso, como será? Triste, despudorado, contido ou animado? Ou dependerá? Do momento de sorrir? . Do momento de chorar ?
Você
Sua boca. Que contornos terá? Qual o sabor de seus beijos? A quem possa interessar?
Você
De cabelos curtos ou longos. Serão claros ou escuros? Sobre os ombros, à meia altura? Discretos. Soltos ao vento? Embaralhados, secos ou molhados?
Você
Seios fartos, pequeninos, bem contidos, quase ausentes, salientes, preferidos. Ombros torneados. Buliçosos. Femininos. Consistentes. Seus quadris? Torneados? .Enfeitando o seu andar. Seu rebolado. Provocante ou sossegado?
Você
Suas pernas. Alongadas? Passos largos, apressadas? Ou de pequeninas caminhadas? Passos curtos, sem pressa na chegada?
Você
Não importa conhecer. Pois do amor nada se exige. Nada em troca. E só se dar. Sem exigir. Por merecer. Não há retrato para rasgar. Lembranças tristes por apagar. Só alegrias, só fantasias. Mesmo que um dia tudo acabar. Não há prisão. Não há cobranças. Só há perdão. No verbo amar.

Domingos Oliveira Medeiros
20 de outubro de 22002


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