Falando de Platão, Sofia diz que a maioria das pessoas está satisfeita com sua vida em meio a reflexos sombreados, acreditando que as sombras são tudo que existe e, portanto, não vêem as sombras como sombras. Sabem o que isso significa? É grave! Como corolário desse teorema, não daria para inferir que, da mesma forma, o corrupto não vê seu ato como corrupção e por isso mesmo a pratica escancaradamente? Ou não seria por essa mesma metáfora que o fariseu não se vê como fingido ou hipócrita? Ou ainda que o sonegador e contrabandista não se vê como tal? Ou também não seria por esse padrão arquetípico que o diretor 'emcimadomurista', mancomunado com o mais profundo do cavernoso, se ache o maioral, o bam-bam-bam do pedaço? E nós, quais sombras não estamos percebendo hoje, aqui e agora? Queremos enxergar além? Desejamos, de fato, sair da caverna, desta caverna atual? Fora de qualquer caverna, é bom que se saiba, não há onde se reclinar a cabeça, já disse o Mestre. Por isso mesmo, as sombras não parecem sombras e a grande maioria decide, inconscientemente, permanecer em sua própria cômoda caverna. Principalmente se lá, além das sombras, houver um bom barranco e água fresca. |